O
líder da Renamo, Afonso Dhlakama, devolveu um convite do presidente moçambicano
para discutir a paz no país, alegando falta de pontos de agenda, mas Filipe
Nyusi insistiu e já tornou públicos os assuntos que pretende abordar.
“Eu
disse 'muito obrigado pelo convite, lamento que não tenha colocado pontos de
conversa, a agenda'", afirmou hoje o presidente da Renamo (Resistência
Nacional Moçambicana) junto de apoiantes do principal partido de oposição em
Quelimane, reproduzindo os termos que disse ter usado na resposta ao convite
endereçado na segunda-feira pelo chefe de Estado.
Para
Dhlakama, não basta um convite para discutir genericamente a situação da paz em
Moçambique, reivindicando a inscrição de uma agenda prévia concreta, "para
evitar um encontro que venha a dececionar o povo deste país como tem
acontecido".
O
Governo moçambicano respondeu já hoje à devolução do convite, através do
porta-voz do Conselho de Ministros, insistindo na urgência de uma reunião com o
líder da oposição e propondo três pontos: análise do Acordo de Cessação de
Hostilidades, avaliação do decurso do diálogo de longo-prazo entre as duas
partes em Maputo e assuntos diversos, "podendo e querendo a Renamo agendar
ou listar outros assuntos".
O
porta-voz do Conselho de Ministro afirmou que Nyusi evitou, no primeiro
convite, propor uma agenda específica, para "permitir uma análise mais
vasta sobre o assunto e para que não houvesse uma interrupção por simples
formalidades de palavras".
O
Presidente moçambicano, disse ainda, "aguarda com elevada esperança o
acolhimento da Renamo, de forma a discutir de forma prioritária o assunto da
paz em Moçambique".
Filipe
Nyusi anunciou no domingo, durante uma conversa com crentes da Igreja Universal
do Reino de Deus (IURD), em Maputo, que ia convidar o presidente da Renamo para
um encontro, salientando que as diferenças políticas não se devem sobrepor à
aspiração do povo pela manutenção da paz.
"O
povo não está de um lado, está de todos os lados. O povo é este e é também
aquele que segue o líder da Renamo. É o mesmo povo que se junta e forma o povo
moçambicano e esse povo quer paz e desenvolvimento", frisou.
Paralelamente,
o porta-voz da Renamo adiantou à Lusa que o partido suspendeu a sua
participação no diálogo de longo-prazo que mantém com o Governo em Maputo,
devido à alegada falta de seriedade por parte do executivo moçambicano.
Na
semana passada, as duas partes realizaram a 114.ª ronda do processo negocial,
entrando no ponto sobre "questões económicas", o quarto da agenda,
sem terem conseguido acordo em relação ao tema mais importante das negociações,
que tem a ver com o desarmamento do braço armado da Renamo.
No
âmbito das negociações, iniciadas em abril de 2013, as duas partes chegaram a
acordo sobre a aprovação de um novo pacote eleitoral, assinaram há um ano o
entendimento sobre o fim das hostilidades militares e aprovaram um acordo sobre
a despartidarização do Estado.
A
Renamo não reconhece os resultados das últimas eleições gerais, ganhas
oficialmente pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), e exige
governar nas províncias onde reivindica vitória, sob ameaça reiterada de tomar
o poder pela força.
Nas
últimas semanas, as partes têm estado envolvidas em confrontos na província de
Tete, os últimos dos quais, segundo a Polícia da República de Moçambique, no
sábado, com cinco emboscadas atribuídas a homens armados da Renamo contra uma
unidade policial.
Num
encontro com desmobilizados da Renamo na sexta-feira em Quelimane, Zambézia, o
partido de oposição anunciou que ia criar um novo quartel para o seu braço
armado nesta província e insistiu na intenção de criar a sua própria polícia.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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