Jornal de Angola, editorial
Todos
somos livres de exprimir as nossas opiniões, mas todos temos de ser
suficientemente responsáveis para as assumir.
Em
reacção à detenção pelas autoridades do grupo de indivíduos acusados do crime
de subversão contra o regime democrático, alguns artistas, jornalistas e
escritores difundiram um vídeo na Internet com apelos à sua libertação. A
eurodeputada socialista portuguesa Ana Gomes veio a correr a Angola numa visita
feita de mentiras.
Entre Ana Gomes e o grupo do vídeo há a coincidência de ambos considerarem que os indivíduos detidos são presos políticos. Ambos negam os indícios avançados pela Procuradoria-Geral da República para a medida de prisão preventiva. Portanto, o grupo de artistas deve estar em posse de dados que o Ministério Público não tem para vir desmentir uma investigação tão séria como aquela que foi levada a cabo.
O escritor José Eduardo Agualusa surge a liderar o grupo que pede “liberdade já” para os autodenominados revolucionários angolanos. Entre ele e Ana Gomes poucas coisas há em comum, a não ser que a eurodeputada surge agora na mesma barricada. A antiga militante de extrema-esquerda veio juntar-se a João Soares no apoio aos novos planos de desestabilização em Angola financiados pela Open Society, mas Agualusa é um opositor antigo.
As derivas anti-democráticas de Agualusa vêm de longe. Agualusa é o que resta dos antigos servidores do “lobby” savimbista em Portugal e foi um dos promotores da continuação da guerra
Os favores de Agualusa ao apartheid evidenciam-se no final da década de 80 no jornal “Público”, o diário que sustentava a linha savimbista
No “Público”, Agualusa assinava textos sobre música e literatura angolana e acabou por integrar o núcleo duro do savimbismo no “Público”, chefiado por Adelino Gomes. Apoiados
Sendo quem foi no prolongamento criminoso da guerra em Angola, de José Eduardo Agualusa espera-se que continue a manter o seu comportamento face ao regime democrático de Angola, acusando-o de ditadura, e deleitando-se em ofender personalidades angolanas que até mostram por ele alguma compaixão. No fundo, o que ele faz é esconder o seu passado. A sua ligação à Jamba colocou-o, objectivamente, como alguém que trabalhou para satisfazer a ambição de um homem que traiu o seu próprio povo e os povos africanos. Fê-lo, também, por razões ideológicas, como faz agora em relação ao MPLA e aos seus dirigentes, mesmo sabendo que está a ser um intelectual inflexível, intolerante e injusto para com aqueles que se abriram à reconciliação, e a prejudicar Angola.
O vídeo do grupo “liberdade já” é próprio dos métodos modernos da “agitprop” que era praticada na Jamba, mas ficou muito aquém das expectativas pretendidas pelos cérebros da operação. Mesmo com o “empurrão” de comentadores portugueses, o número de visualizações na Internet foi reduzidíssimo e a manifestação que o complementava um rotundo fracasso. Se alguma novidade tem o vídeo é que ao lado do antigo servidor do apartheid, surgem nas imagens outros artistas. A maior parte deles são indivíduos que conseguiram ganhar alguma visibilidade em Portugal e receberam prémios de valor pouco mais que simbólicos. Os prémios em Portugal não são mais do que isso, simbólicos, mas os portugueses adoram receber e oferecer prémios e há quem adore distraí-los com isso.
O valor do trabalho artístico do grupo “liberdade já” é questionável, mas eles estão convencidos do contrário. Ninguém os impede de pensarem livremente e terem a intervenção que lhes vier à cabeça. Mas a sua obra não pode deixar de passar pela crítica da opinião pública. Com o seu gesto, o que acabaram por fazer esses artistas foi tentar condicionar a actuação da justiça, e sabem que isso é inadmissível. Mais grave do que isso, deram uma pequena machadada na imagem de Angola, que tudo precisa neste momento menos que destruam o edifício de credibilidade nacional que tanto custou a erguer. Esses artistas ajudaram, com o seu gesto, a trazer novos medos ao país. Neste aspecto, o seu comportamento foi mau para o país. Um dia destes, até podem receber um “Grammy”, mas à memória de todos virá sempre essa sua posição política desastrosa.
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