Rui
Sá – Jornal de Notícias, opinião
Sempre
defendi a tese de que Rui Rio, mais do que detestar Menezes, não queria que
este lhe sucedesse, dado que isso significaria a saída permanente para a
opinião pública de notícias sobre os "podres" da sua gestão
autárquica.
De
facto, para quem tinha (e tem) ambições políticas como as de Rio é fundamental
preservar uma imagem pública meticulosamente construída e baseada no
"rigor". Logo, sabendo que essa sua gestão está cheia de decisões
muito pouco "rigorosas", era fundamental assegurar que quem lhe sucedesse
guardasse reserva sobre esses aspetos. Daí a aposta em Rui Moreira (por quem
não morria de amores), e com quem, creio, há um acordo tácito para manter
discrição sobre esses "podres" - bem como para manter na estrutura
municipal os lugares de um conjunto de boys e girls com que Rio presenteou
muitos dos seus apaniguados.
Lembrei-me
disto quando, lendo o texto do Acordo subscrito recentemente por Rui Moreira e
Passos Coelho, constato que o Município do Porto reconhece uma dívida de 910
mil euros pela retirada dos carris do elétrico do viaduto do Parque da Cidade
(condição necessária para a realização do circuito da Boavista). A que acresce
uma dívida à Metro do Porto, no valor de 3,69 milhões de euros, por obras
feitas na parte ocidental da Av. da Boavista (também na zona do circuito). É
que Rio várias vezes disse que não reconhecia estas dívidas...
Entretanto,
soubemos que a auditoria ao processo do bairro do Aleixo (cujo investidor
principal era um correligionário político seu, associado de Duarte Lima!)
detetou um conjunto significativo de ilegalidades. E uma outra auditoria (cujo
relatório final mereceu de Rio o "veto de gaveta"...) pôs a nu as
irregularidades cometidas nos processos de compras públicas, com abuso no
recurso a ajustes diretos...
Some-se
a isto, entre outras, a vergonha do processo do Bolhão (em que se associou a
uma empresa pouco credível). Ou as dívidas que La Féria , com a benevolência de
Rio, deixou no Rivoli. Ou o caso dos contratos SWAP da Metro do Porto - em que Rio procurou assobiar
para o lado, apesar de ser administrador da empresa e principescamente pago por
essas funções.
Rio
gostava de adjetivar as ações dos seus adversários dizendo que eram uma "bandalheira"!
O que dizer de alguns aspetos da sua gestão?
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