terça-feira, 25 de agosto de 2015

Portugal. BANDALHEIRA



Rui Sá – Jornal de Notícias, opinião

Sempre defendi a tese de que Rui Rio, mais do que detestar Menezes, não queria que este lhe sucedesse, dado que isso significaria a saída permanente para a opinião pública de notícias sobre os "podres" da sua gestão autárquica.

De facto, para quem tinha (e tem) ambições políticas como as de Rio é fundamental preservar uma imagem pública meticulosamente construída e baseada no "rigor". Logo, sabendo que essa sua gestão está cheia de decisões muito pouco "rigorosas", era fundamental assegurar que quem lhe sucedesse guardasse reserva sobre esses aspetos. Daí a aposta em Rui Moreira (por quem não morria de amores), e com quem, creio, há um acordo tácito para manter discrição sobre esses "podres" - bem como para manter na estrutura municipal os lugares de um conjunto de boys e girls com que Rio presenteou muitos dos seus apaniguados.

Lembrei-me disto quando, lendo o texto do Acordo subscrito recentemente por Rui Moreira e Passos Coelho, constato que o Município do Porto reconhece uma dívida de 910 mil euros pela retirada dos carris do elétrico do viaduto do Parque da Cidade (condição necessária para a realização do circuito da Boavista). A que acresce uma dívida à Metro do Porto, no valor de 3,69 milhões de euros, por obras feitas na parte ocidental da Av. da Boavista (também na zona do circuito). É que Rio várias vezes disse que não reconhecia estas dívidas...

Entretanto, soubemos que a auditoria ao processo do bairro do Aleixo (cujo investidor principal era um correligionário político seu, associado de Duarte Lima!) detetou um conjunto significativo de ilegalidades. E uma outra auditoria (cujo relatório final mereceu de Rio o "veto de gaveta"...) pôs a nu as irregularidades cometidas nos processos de compras públicas, com abuso no recurso a ajustes diretos...

Some-se a isto, entre outras, a vergonha do processo do Bolhão (em que se associou a uma empresa pouco credível). Ou as dívidas que La Féria, com a benevolência de Rio, deixou no Rivoli. Ou o caso dos contratos SWAP da Metro do Porto - em que Rio procurou assobiar para o lado, apesar de ser administrador da empresa e principescamente pago por essas funções.

Rio gostava de adjetivar as ações dos seus adversários dizendo que eram uma "bandalheira"! O que dizer de alguns aspetos da sua gestão?

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