Autoridades
não fornecem qualquer detalhe sobre o processo desde 3 de Abril
Ramos Miguel – Voz da
América
O
assassinato do constitucionalista franco-moçambicano Gilles Cistac a 5 de Março
em Maputo, onde residia, continua por desvendar-se.
Cinco
meses após a prisão de dois suspeitos pela Polícia, muitos questionam se são
apenas meros suspeitos ou há provas substanciais contra eles, numa altura em
que começa a esgotar-se o prazo de prisão preventiva.
Arnaldo
Chefo, do comando da polícia ao nível da cidade de Maputo, disse a 3 de Abril
passado, que os suspeitos, Lúcio Manuel e Arsénio Nhampossa, foram apresentados
ao tribunal, mas não adiantou pormenores.
O
jurista Abdul Carimo, que chegou a ocupar o cargo de vice-presidente da
Assembleia da República e de director da Unidade Técnica de Reforma Legal-UTREL
, entre outras funções públicas, lamenta que esta seja a última informação
oficial relativamente à morte de Cistac.
Segundo
o magistrado, "desde o tempo que as autoridades policiais anunciaram a
detenção de dois indiciados até este momento, eu presumo que o prazo de prisão
preventiva dessas pessoas, se não está esgotado, certamente, está a ser
esgotado".
Carimo
realçou que o que não se sabe é se essas pessoas são, de facto, indiciadas,
sobre as quais caem provas substanciais, ou se são apenas meros suspeitos.
"Nunca
mais se falou do assunto, e isso é que me surpreende, que não tenha havido uma
continuidade relativamente a este caso e ás pessoas que foram detidas como
suspeitas", disse.
Para
a presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, Alice Mabota, " há
muitos processos de assassinatos que não estão a andar, e os criminosos
passeiam a sua classe porque sabem que são impunes".
Por
seu lado, o activista dos direitos humanos e cidadania Armando Nenane também
diz-se preocupado com o facto de os crimes violentos não estarem a ser
devidamente investigados.
Há
quem considere que Cistac foi morto por causa do seu posicionamento em relação
à pretensão da Renamo de criar regiões autónomas nas províncias onde diz ter
ganho nas eleições gerais do ano passado.
Outras
vozes também dizem que pode tratar-se de crime organizado.
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