Mediadores
internacionais lamentam que, ainda que a ETA esteja disponível para cumprir os
compromissos que assumiu e proceder ao desarmamento do grupo, o Governo
espanhol “não só não tenha vindo a colaborar como coloque milhares de
obstáculos".
Há
cinco anos atrás, a britânica BBC abria os seus noticiários com um vídeo
histórico no qual três membros da ETA anunciavam
que a organização tinha decidido acabar com as suas "acções armadas
ofensivas", iniciando assim o caminho que culminaria no fim da
violência.
Contudo,
e apesar da disponibilidade da ETA para honrar os seus compromissos e proceder
ao desarmamento do grupo, os mediadores internacionais sublinham que o governo
de Mariano Rajoy tem colocado inúmeros entraves, segundo avançam fontes muito
próximas ao processo basco, citadas pelo Público espanhol.
Espanha
será mesmo "o único país do mundo" onde um grupo armado se quer
desarmar e o governo opta por "dificultar o processo ao
máximo".
"Os
mediadores internacionais, alguns dos quais começaram como facilitadores deste
processo em 2008, costumam comentar a estranheza que resulta do caso de
Espanha: em nenhum lugar tinham estado perante uma situação em que uma
organização armada que decidiu acabar com a sua atividade e entregar as suas
armas ou destruí-las não encontre nenhum tipo de colaboração por parte do
Governo", apontaram as fontes citadas.
As
organizações internacionais que seguem de perto o processo, como a Fundação
Nelson Mandela, o Concilation Resources da Grã-Bretanha ou a Fundação Desmond
Tutu, entre outras, "não só não encontram colaboração do governo espanhol,
como têm sido confrontadas com milhares de obstáculos", sublinharam ainda
as fontes consultadas pelo Público espanhol.
O
facto de, em fevereiro de 2014, os membros da Comissão Internacional de
Verificação (CIV) - um grupo independente de especialistas de vários países que
segue o desarmamento da ETA – terem sido citados a prestar declarações junto da
Audiência Nacional por terem gravado um vídeo no qual certificavam que a
organização armada entregava uma parte do seu arsenal preocupou os observadores
internacionais.
Antes
disso, já o governo do PP tinha pressionado o governo norueguês, em meados de
fevereiro de 2013, para expulsar do seu território três destacados membros da
ETA que estavam no país desde finais de 2011 e tinham mantido contactos com
membros da CIV para começar a operacionalizar o processo de desarmamento.
"Depois
de pressionar a Noruega para que os expulsasse, o governo do PP enviou um claro
aviso a todas as organizações que trabalham no âmbito da resolução de
conflitos: Espanha ia recusar qualquer tentativa de diálogo", recorda um
observador.
Esquerda
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