Leandro Vasconcelos, Maputo
O drama em Moçambique reacendeu-se. A Renamo não aceita mais conversações para um entendimento para a paz. Quer manter o seu grupo de guerrilheiros e também um grupo que terá o epíteto de polícia, tudo inconstitucionalmente, à revelia das leis e da ordem moçambicanas, em confronto e desrespeito pelo legislado no Parlamento de Moçambique, parlamento de que o grupo da Renamo faz parte com a sua quotaparte de deputados...
Dito isto diga lá o que deste parágrafo não entendeu?
Pois é. Na realidade não se entende o que quer a Renamo, a não ser que é um grupo (partido?) obstinado em ser marginal e ao mesmo tempo ter as regalias e direitos democráticos reconhecidos pela Constituição moçambicana. Mas nem por isso deixa de ser terrorista.
A última versão foi a de uma alegada emboscada operada contra a caravana do deprimente líder renamista que dá pelo nome de Afonso Dhlakama. Não sabemos pela certa se foi verdade ou é mais uma encenação de Dhlakama - uma vez que ele é profícuo nas encenações - mas mesmo não sendo encenação, sendo realidade que o Estado (o governo) moçambicano reagiu à sua marginalidade e o emboscou não devemos admirar-nos. Que governo, que país, aceitará que uns quantos marginais se agrupem e pretendam ter um exército mercenário paralelo e ilegal ao inscrito na Constituição, e também uma auto-denominada polícia?
Só se for na República das Bananas!
Dlhakama, a Renamo, tem de prosseguir no diálogo com o governo legítimo de Moçambique. As rondas de conversações de paz têm de prosseguir. É esse o desejo da esmagadora maioria dos moçambicanos. Maioria que escolheu em eleições reconhecidamente livres que queria no governo e como PR a Frelimo. A Renamo, Dhlakama, têm de aceitar democráticamente a vontade dos moçambicanos. Ou então devem ser tratados como marginais, como bandidos, como terroristas. E depois não se admirem por serem emboscados e até mortos. É que acabam por estar a mais em Moçambique. Ali, assim, sem diálogo, preferindo ser um foco de desordem, de guerra, com um Estado e governo dispostos ao diálogo. O que quer afinal Dhlakama? Quer continuar a ser o senhor da guerra a fazer-se de vítima?
Segue a atualização de notícias sobre o "caso". (LV/PG)
Dhlakama
atribui "emboscada planificada" à Frelimo
O
líder da Renamo, Afonso Dhlakama, atribuiu à Frelimo, partido no poder em
Moçambique, a "emboscada planificada" de que foi alvo no sábado,
afirmando que, para ele, é "como se não tivesse acontecido nada".
"Sou
general e militar, aquilo foi uma emboscada planificada", afirmou em
conferência de imprensa o presidente da Renamo (Resistência Nacional
Moçambicana) sobre o ataque ocorrido ao início da noite de sábado na província
de Manica.
"Foi
a Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique]", declarou Dhlakama aos
jornalistas na cidade de Chimoio, capital de Manica, onde chegou mais de quatro
horas após o ataque, que resultou em pelo menos sete feridos, três da Renamo,
um dos quais grave, e quatro entre os presumíveis atacantes.
O
presidente da Renamo estabeleceu uma relação entre o momento do ataque e a
circunstância de ter passado um quilómetro antes por agentes policiais,
sugerindo que foram estes que deram o aviso para a passagem da coluna do
partido de oposição.
Na
conferência de imprensa, Dhlakama disse que a noite cerrada não o permitiu ver
com clareza os atacantes, apesar de, no local dos confrontos, à semelhança de
militares do seu partido, ter atribuído a autoria da emboscada a homens da
Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e de jornalistas terem observado os feridos
com uniformes desta força de elite moçambicana.
Para
o presidente da Renamo, este incidente "é como se não tivesse acontecido
nada", referindo que o diálogo com o Governo pode continuar e que não teme
a morte.
"Quem
estava mais preocupado eram os meus próprios homens da guarda, todos nervosos,
eu a rir, a rir, porque, pronto, eu cresci e é quase comida essa
confrontação", afirmou, avisando a Frelimo de que a sua execução poderia
virar-se contra ela.
"Se
eu tivesse apanhado os tiros e morresse, vocês [jornalistas] participariam num
enterro e entraria um malandro pior do que Dhlakama", declarou o líder da
oposição, que sublinhou a ascensão no seu partido de pessoas preparadas para a
sua substituição.
Relacionando
a eliminação de opositores com "o pensamento dos comunistas da década de
70", o dirigente político lembrou que o primeiro presidente da Renamo foi
abatido em 1979 e que "apareceu um Dhlakama mais perigoso do que o [André]
Matsangaíssa".
"Se
calhar, a estratégia é péssima para a própria Frelimo", considerou,
definindo-se como alguém que "negoceia, perdoa e tolera", em vez de
"entrar um que pode atacar a Frelimo em 24 horas, partir tudo, e aí perdem
todos".
Afonso
Dhlakama recordou que já foi alvo de ataques anteriormente, o último dos quais
em 2013 em Santungira, Gorongosa, e que não foi isso que o impediu de negociar.
"[O
diálogo] não vai parar", afirmou, desde que não sejam, observou, as
conversações de longo-prazo há muito bloqueadas entre as duas partes em Maputo
ou apenas "para apertar a mão [ao Presidente da República] para dizer que
há estabilidade em Moçambique".
Segundo
o presidente da Renamo, a disponibilidade para negociar depende de "falar
sobre o futuro em Moçambique enquanto moçambicanos" sobre coisas concretas
e não "brincar com a Frelimo".
Uma
caravana de automóveis em que seguia o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama,
foi atacada ao início da noite de sábado na província de Manica, mas o líder da
oposição saiu ileso.
O
ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio
Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e
se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.
Após
o ataque, e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que
comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feita
uma escolta da sua caravana a pé para os restantes 15 quilómetros para Chimoio.
Moçambique
vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os
resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias
onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Polícia
moçambicana nega autoria de ataque contra líder da Renamo
A
polícia moçambicana negou hoje a autoria da emboscada no sábado contra a
caravana do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, atribuindo o ataque a um grupo de
desconhecidos.
"Quem
disparou não consigo descortinar", afirmou, em declarações à Lusa, Armando
Mude, comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, sobre o
ataque contra a coluna de viaturas onde seguia o líder da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, no centro do país.
"A
informação que tenho é da existência às 19:30 de um tiroteio, um pouco depois
do cruzamento de Tete. Eu não consigo chegar lá, porque trata-se de uma
caravana de homens armados [da Renamo], com um efetivo de cerca de 40 a 50
homens", declarou Armando Mude.
Uma
caravana de automóveis em que seguia o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama,
foi atacada ao início da noite de sábado na província de Manica, centro de
Moçambique, havendo sete feridos, três da Renamo, um dos quais grave, e quatro
presumíveis atacantes, mas o líder da oposição saiu ileso.
O
ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio
Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e
se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.
A
guarda da Renamo respondeu aos tiros e entrou no mato em perseguição dos
atacantes, que jornalistas, militares da Renamo e o próprio Dhlakama no local
identificaram como elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) das forças
de defesa e segurança moçambicanas.
Os
mesmos militares disseram estar na posse de quatro elementos feridos da UIR,
que seguiram para Chimoio, transportados por elementos da Renamo antes do resto
da comitiva.
"Não
sabemos quem disparou", insistiu à Lusa o comandante provincial da PRM,
alegando que "ou a Renamo entrou na emboscada ou fez a emboscada" e
que ainda tinha poucas informações, pela circunstância de ser noite e de se
tratar de uma ocorrência envolvendo um partido com uma força armada.
Quase
vinte minutos depois da emboscada, repelida a tiros pela guarda da Renamo, uma
viatura da UIR, lotada de agentes desta força, passou no local, fazendo sinais
de emergência, observou a Lusa.
Meia
hora depois uma ambulância cruzou também o local em direção a Chimoio.
Após
o ataque, e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que
comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feito
uma escolta da sua caravana a pé para os restantes 15 quilómetros para Chimoio
e que demoraram quatro hora a percorrer.
A
viatura em que seguia o líder da Renamo foi alvejada com um tiro na porta
esquerda, sem feridos. Já o carro em que seguia a segurança privada de Dhlakama
ficou com o párabrisa quebrado, e um terceiro veículo ficou imobilizado, com os
pneus furados por balas.
Afonso
Dhlakama, regressava do distrito de Macossa, onde orientou um comício popular,
na sua viagem por Manica, onde revelou a nomeação, na próxima semana, de um
administrador do partido para esta região e a instalação de um terceiro quartel
a juntar aos já anunciados na Zambézia.
Moçambique
vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os
resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias
onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.
O
líder da Renamo anunciou a instalação de um quartel em Morrumbala, província da
Zambézia, e a criação de uma polícia própria do partido, ao mesmo tempo que se
recusa a encontrar-se com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, alegando que
só o fará quando forem cumpridos integralmente o Acordo Geral de Paz, assinado
em Roma em 1992, e o Acordo de Cessação de Hostilidades Militares, em setembro
de 2014.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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