domingo, 13 de setembro de 2015

Moçambique. AFONSO DHLAKAMA, O SENHOR DA GUERRA FAZ-SE VÍTIMA



Bocas do Inferno

Leandro Vasconcelos, Maputo

O drama em Moçambique reacendeu-se. A Renamo não aceita mais conversações para um entendimento para a paz. Quer manter o seu grupo de guerrilheiros e também um grupo que terá o epíteto de polícia, tudo inconstitucionalmente, à revelia das leis e da ordem moçambicanas, em confronto e desrespeito pelo legislado no Parlamento de Moçambique, parlamento de que o grupo da Renamo faz parte com a sua quotaparte de deputados... 

Dito isto diga lá o que deste parágrafo não entendeu?

Pois é. Na realidade não se entende o que quer a Renamo, a não ser que é um grupo (partido?) obstinado em ser marginal e ao mesmo tempo ter as regalias e direitos democráticos reconhecidos pela Constituição moçambicana. Mas nem por isso deixa de ser terrorista.

A última versão foi a de uma alegada emboscada operada contra a caravana do deprimente líder renamista que dá pelo nome de Afonso Dhlakama. Não sabemos pela certa se foi verdade ou é mais uma encenação de Dhlakama - uma vez que ele é profícuo nas encenações - mas mesmo não sendo encenação, sendo realidade que o Estado (o governo) moçambicano reagiu à sua marginalidade e o emboscou não devemos admirar-nos. Que governo, que país, aceitará que uns quantos marginais se agrupem e pretendam ter um exército mercenário paralelo e ilegal ao inscrito na Constituição, e também uma auto-denominada polícia?

Só se for na República das Bananas!

Dlhakama, a Renamo, tem de prosseguir no diálogo com o governo legítimo de Moçambique. As rondas de conversações de paz têm de prosseguir. É esse o desejo da esmagadora maioria dos moçambicanos. Maioria que escolheu em eleições reconhecidamente livres que queria no governo e como PR a Frelimo. A Renamo, Dhlakama, têm de aceitar democráticamente a vontade dos moçambicanos. Ou então devem ser tratados como marginais, como bandidos, como terroristas. E depois não se admirem por serem emboscados e até mortos. É que acabam por estar a mais em Moçambique. Ali, assim, sem diálogo, preferindo ser um foco de desordem, de guerra, com um Estado e governo dispostos ao diálogo. O que quer afinal Dhlakama? Quer continuar a ser o senhor da guerra a fazer-se de vítima?

Segue a atualização de notícias sobre o "caso". (LV/PG)

Dhlakama atribui "emboscada planificada" à Frelimo

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, atribuiu à Frelimo, partido no poder em Moçambique, a "emboscada planificada" de que foi alvo no sábado, afirmando que, para ele, é "como se não tivesse acontecido nada".

"Sou general e militar, aquilo foi uma emboscada planificada", afirmou em conferência de imprensa o presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) sobre o ataque ocorrido ao início da noite de sábado na província de Manica.

"Foi a Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique]", declarou Dhlakama aos jornalistas na cidade de Chimoio, capital de Manica, onde chegou mais de quatro horas após o ataque, que resultou em pelo menos sete feridos, três da Renamo, um dos quais grave, e quatro entre os presumíveis atacantes.

O presidente da Renamo estabeleceu uma relação entre o momento do ataque e a circunstância de ter passado um quilómetro antes por agentes policiais, sugerindo que foram estes que deram o aviso para a passagem da coluna do partido de oposição.

Na conferência de imprensa, Dhlakama disse que a noite cerrada não o permitiu ver com clareza os atacantes, apesar de, no local dos confrontos, à semelhança de militares do seu partido, ter atribuído a autoria da emboscada a homens da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e de jornalistas terem observado os feridos com uniformes desta força de elite moçambicana.

Para o presidente da Renamo, este incidente "é como se não tivesse acontecido nada", referindo que o diálogo com o Governo pode continuar e que não teme a morte.

"Quem estava mais preocupado eram os meus próprios homens da guarda, todos nervosos, eu a rir, a rir, porque, pronto, eu cresci e é quase comida essa confrontação", afirmou, avisando a Frelimo de que a sua execução poderia virar-se contra ela.

"Se eu tivesse apanhado os tiros e morresse, vocês [jornalistas] participariam num enterro e entraria um malandro pior do que Dhlakama", declarou o líder da oposição, que sublinhou a ascensão no seu partido de pessoas preparadas para a sua substituição.

Relacionando a eliminação de opositores com "o pensamento dos comunistas da década de 70", o dirigente político lembrou que o primeiro presidente da Renamo foi abatido em 1979 e que "apareceu um Dhlakama mais perigoso do que o [André] Matsangaíssa".

"Se calhar, a estratégia é péssima para a própria Frelimo", considerou, definindo-se como alguém que "negoceia, perdoa e tolera", em vez de "entrar um que pode atacar a Frelimo em 24 horas, partir tudo, e aí perdem todos".

Afonso Dhlakama recordou que já foi alvo de ataques anteriormente, o último dos quais em 2013 em Santungira, Gorongosa, e que não foi isso que o impediu de negociar.

"[O diálogo] não vai parar", afirmou, desde que não sejam, observou, as conversações de longo-prazo há muito bloqueadas entre as duas partes em Maputo ou apenas "para apertar a mão [ao Presidente da República] para dizer que há estabilidade em Moçambique".

Segundo o presidente da Renamo, a disponibilidade para negociar depende de "falar sobre o futuro em Moçambique enquanto moçambicanos" sobre coisas concretas e não "brincar com a Frelimo".

Uma caravana de automóveis em que seguia o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, foi atacada ao início da noite de sábado na província de Manica, mas o líder da oposição saiu ileso.

O ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.

Após o ataque, e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feita uma escolta da sua caravana a pé para os restantes 15 quilómetros para Chimoio.

Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Polícia moçambicana nega autoria de ataque contra líder da Renamo

A polícia moçambicana negou hoje a autoria da emboscada no sábado contra a caravana do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, atribuindo o ataque a um grupo de desconhecidos.

"Quem disparou não consigo descortinar", afirmou, em declarações à Lusa, Armando Mude, comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, sobre o ataque contra a coluna de viaturas onde seguia o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, no centro do país.

"A informação que tenho é da existência às 19:30 de um tiroteio, um pouco depois do cruzamento de Tete. Eu não consigo chegar lá, porque trata-se de uma caravana de homens armados [da Renamo], com um efetivo de cerca de 40 a 50 homens", declarou Armando Mude.

Uma caravana de automóveis em que seguia o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, foi atacada ao início da noite de sábado na província de Manica, centro de Moçambique, havendo sete feridos, três da Renamo, um dos quais grave, e quatro presumíveis atacantes, mas o líder da oposição saiu ileso.

O ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.

A guarda da Renamo respondeu aos tiros e entrou no mato em perseguição dos atacantes, que jornalistas, militares da Renamo e o próprio Dhlakama no local identificaram como elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) das forças de defesa e segurança moçambicanas.

Os mesmos militares disseram estar na posse de quatro elementos feridos da UIR, que seguiram para Chimoio, transportados por elementos da Renamo antes do resto da comitiva.

"Não sabemos quem disparou", insistiu à Lusa o comandante provincial da PRM, alegando que "ou a Renamo entrou na emboscada ou fez a emboscada" e que ainda tinha poucas informações, pela circunstância de ser noite e de se tratar de uma ocorrência envolvendo um partido com uma força armada.

Quase vinte minutos depois da emboscada, repelida a tiros pela guarda da Renamo, uma viatura da UIR, lotada de agentes desta força, passou no local, fazendo sinais de emergência, observou a Lusa.

Meia hora depois uma ambulância cruzou também o local em direção a Chimoio.

Após o ataque, e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feito uma escolta da sua caravana a pé para os restantes 15 quilómetros para Chimoio e que demoraram quatro hora a percorrer.

A viatura em que seguia o líder da Renamo foi alvejada com um tiro na porta esquerda, sem feridos. Já o carro em que seguia a segurança privada de Dhlakama ficou com o párabrisa quebrado, e um terceiro veículo ficou imobilizado, com os pneus furados por balas.

Afonso Dhlakama, regressava do distrito de Macossa, onde orientou um comício popular, na sua viagem por Manica, onde revelou a nomeação, na próxima semana, de um administrador do partido para esta região e a instalação de um terceiro quartel a juntar aos já anunciados na Zambézia.

Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

O líder da Renamo anunciou a instalação de um quartel em Morrumbala, província da Zambézia, e a criação de uma polícia própria do partido, ao mesmo tempo que se recusa a encontrar-se com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, alegando que só o fará quando forem cumpridos integralmente o Acordo Geral de Paz, assinado em Roma em 1992, e o Acordo de Cessação de Hostilidades Militares, em setembro de 2014.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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