domingo, 13 de setembro de 2015

Patrice Trovoada apela a que Guiné-Bissau "entenda a utilidade da paz"




O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, apelou hoje às autoridades da Guiné-Bissau para que tomem decisões baseadas na Constituição da República e a "entenderem a importância da paz".

"Há agora um impasse desnecessário, espera-se que as autoridades guineenses entendam a utilidade da paz, para não fragilizarem ainda mais o esforço da comunidade internacional na credibilização do país", disse Patrice Trovoada, em declarações aos jornalistas.

Na sua primeira reação à situação na Guiné-Bissau e depois da decisão do Tribunal Constitucional deste país sobre a nomeação do primeiro-ministro Baciro Djá, o chefe do executivo são-tomense considerou que resta agora ao Presidente José Mário Vaz "conformar-se com a decisão do tribunal".

"Não quero pensar que isso significa uma vitória para a democracia, mas um mecanismo legal, constitucional foi acionado, nesse caso o tribunal constitucional, que tomou uma decisão, trouxe quer a classe política guineense, quer a comunidade internacional à sua leitura quanto aos factos e como é que à luz da Constituição as coisas deviam funcionar", considerou.

O primeiro-ministro são-tomense disse esperar que "rapidamente a Guiné-Bissau volte à normalidade institucional" e que "o Presidente da República, o PAIGC e o futuro Governo possam melhorar o relacionamento e a concertação política, para não fragilizarem ainda mais essa recuperação melindrosa da Guiné-Bissau".

Patrice Trovoada considera que comunidade internacional disponibilizou-se em financiar o desenvolvimento e crescimento da Guiné-Bissau, mas "o pacote político é da responsabilidade dos políticos".

O chefe do Governo aconselhou a que não sejam tomadas "decisões antecipadas e precipitadas" que inviabilizem o processo de desenvolvimento e lembrou que é preciso aproveitar a "abertura global para vencer os obstáculos".

"Apelamos ao Presidente da República e o partido vencedor das eleições, o PAIGC, para que depois de mais um episódio, façam tudo para que a Guiné-Bissau ganhe mais estabilidade, respeitando escrupulosamente a Constituição e as leis", sublinhou o governante.

Patrice Trovoada referiu-se ainda à necessidade de as partes se envolverem numa "maior disponibilidade ao diálogo, concertação e ouvindo um pouco mais os amigos da Guiné-Bissau, nomeadamente a CPLP, com vista a "definitivamente se estabilizar esse país para o bem dos guineenses, da CPLP e para o bem da África".

A 12 de agosto, o Presidente guineense, José Mário Vaz, demitiu o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, justificando-se com dificuldade em relacionar-se com o primeiro-ministro.

O chefe de Estado nomeou depois Baciro Djá para o cargo, mas esta decisão foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal de Justiça por desrespeito à norma que obriga o Presidente a indicar o primeiro-ministro a partir dos resultados eleitorais.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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