Pedro
Araújo – Dinheiro Vivo
Um
inquérito a 757 empresas portuguesas mostra que 72% utiliza a estratégia de não
renovação de contratos a termo, rescisões e despedimentos individuais ou
coletivos ("redução de trabalhadores") como expediente preferencial
para conseguir uma redução dos seus custos com salários.
As
empresas grandes (mais de 100 trabalhadores) são as que mais recorrem a
contratações com salários mais baixos face às remunerações dos funcionários
recentemente dispensados (35%), comparativamente às PME (28%). Por outro lado,
o simples congelamento dos salários base reduz em 21% a probabilidade de
ocorrerem despedimentos.
As
conclusões resultaram de um estudo sob o título "Estratégias de redução de custos salariais: evidência
microeconómica com informação qualitativa", trabalho publicado no
Boletim Económico de Verão 2012 do Banco de Portugal e que foi realizado por
investigadores da instituição e da Universidade de Illinois, nos EUA.
Quase
metade das empresas inquiridas (45%), usa como segunda estratégia o
"ataque" às "margens flexíveis", isto é, a redução ou
eliminação de benefícios não monetários e o congelamento ou abrandamento do
ritmo de promoções. A contratação de trabalhadores com salários mais baixos do
que os auferidos pelos trabalhadores entretanto dispensados surge em terceiro
lugar, com 30% das empresas a afirmarem que já recorreram a este expediente. Em
Portugal, 65% dos trabalhadores ganham menos de 900 euros líquidos por mês, uma
faixa remuneratória que aumentou 1,2% entre o primeiro trimestre deste ano e
igual período do ano passado, de acordo com o INE.
Numa
análise por atividade económica, os autores (Daniel Dias, Carlos Robalo Marques
e Fernando Martins) salientaram o facto de o setor da energia utilizar menos o
congelamento dos salários base (19%) por comparação com a média geral (25,8%),
preferindo antes a contratação com salários mais baixos (33% contra 45,4% na
média geral) e redução de trabalhadores (85,7% contra 71,5% na média geral). Na
construção, as empresas recorrem com maior frequência à redução de trabalhadores
(80,3%) em relação à média dos setores (71,5%).
Sem comentários:
Enviar um comentário