quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Portugal. HÁ 100 CRIANÇAS A DORMIR NAS RUAS DO PORTO




Também há menores entre os sem-abrigo do Porto. Há famílias inteiras a viver nas ruas da cidade e quem acompanha esta realidade aponta para casos cada vez mais dramáticos. O número de pessoas sem casa aumenta a olhos vistos.

Não existe propriamente um levantamento oficial, mas dados recolhidos pelo movimento Uma Vida como a Arte revelam uma realidade dramática. Há, pelo menos, 100 crianças entre os 1.500 sem-abrigo referenciados na cidade do Porto.

Os números não são oficiais porque foram variando a um ritmo assustadoramente elevado à medida que os últimos anos avançaram e podem, dizem os técnicos ao P24, estar desatualizados. O único dado adquirido é que a “crise provocou o aumento substancial” de sem-abrigo nas ruas do Porto.

Há os estrangeiros que perderam o trabalho e não têm como regressar ao país de origem, os velhos cujas reformas deixaram de cobrir as despesas básicas, os que ainda há poucos anos integravam a chamada classe média e que o desemprego atirou entretanto para a rua. Entre outros, muitos outros, a quem vicissitudes várias levaram a um desfecho comum: a rua como único ponto de abrigo. E há os menores, crianças e jovens até aos 18 anos, que são obrigados a viver ao relento.

“Há famílias com filhos que não têm outra alternativa que não a rua. Têm sido sinalizados cada vez mais casos desses. Neste momento tudo aponta [para] que sejam cerca de 100”, revelou ao P24 o movimento Uma Vida como a Arte, com base em dados recolhidos pelo seu pessoal.

Por calcorrearem as ruas da cidade com frequência praticamente diária e conhecerem de bem perto um cenário que eles próprios viveram na pele, ou ainda vivem, os elementos do Uma Vida como a Arte apontam uma estimativa que deverá andar muito próxima da realidade. “Há entre 1.000 e 1.500 pessoas que não têm teto na cidade”, calculam.

Nesta cifra, estão incluídos indivíduos que dormem literalmente na rua. E outros que, “mesmo tendo um teto, não têm condições para o manter permanentemente e estão dependentes do Estado para não voltarem a dormir ao relento”.

Entre estes 1.500 cidadãos, está quem literalmente dorme na rua, quem é obrigado a ocupar casas devolutas ou abandonadas porque não tem mais para onde ir e quem tem quarto de pensão pago pelo Estado mas apenas lá está autorizado a passar a noite. E, neste milhar e meio, não estão contabilizados os que recorrem a ajuda alimentar mesmo possuindo telhado permanente. “Há cada vez mais casos de miséria permanente, é muito assustador”, revolta-se La Salete Santos, do movimento Uma Vida como a Arte.

É vê-los nas filas para as refeições que várias instituições e associações entregam diariamente na cidade – no Porto, o fenómeno é uma realidade bem visível, enquanto nos concelhos limitrofes de Matosinhos, Gaia e Gondomar não se conhecem assim tantas ‘sopas dos pobres’.

Foto: Miguel Oliveira Sem-abrigo


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