terça-feira, 29 de setembro de 2015

Portugal. MAIS DE 100 MIL JOVENS CONTINUAM DESEMPREGADOS



A caminho das eleições, nas semanas de campanha eleitoral, a TSF selecionou 10 perguntas para o futuro governo. Hoje a questão centra-se na falta de trabalho: A primeira medida que apresentam para combater o desemprego jovem?

As estatísticas oficiais dizem que o desemprego tem descido bastante. As estimativas provisórias do INE dizem que em julho chegou aos 12,1%, atingindo 604 mil pessoas. Nos jovens a taxa também tem diminuído, mas continua nos 31%: perto de 110 mil desempregados com idades entre os 15 e os 24 anos.

Os concelho com mais desemprego

Para perceber melhor o fenómeno, a TSF procurou os municípios com mais e menos desemprego. Aqueles que têm menos trabalho ficam quase todos no Interior do país e com frequência próximo da fronteira.

As contas feitas incluem os concelhos do Continente e foram realizadas com base nos desempregados registados em julho no IEFP face à população que se estima ativa nesse mesmo município (com base na taxa de atividade da região). Contudo, nem todos os desempregados estão inscritos no IEFP pelo que os resultados que se seguem ficam, certamente, abaixo da realidade.

Além de permitirem estimar o desemprego por concelho, os números do IEFP revelam os municípios que terão mais desemprego jovem (dos 15 aos 24 anos): no topo surgem Barrancos, Mourão e Monforte, todos municípios alentejanos do Interior. Na população dos 25 aos 34 anos os concelhos com mais desemprego aparecem na mesma região: Mourão, Moura e Monforte.

Se formos além dos jovens e procurarmos os municípios com mais desempregados inscritos nos centros de emprego, destacam-se, de novo, aqueles que ficam no Interior: Mourão (22,5%), Moura (19,7%), Mesão Frio (19,5%) e Barrancos (18,8%).

Do outro lado, nos concelhos com menos desempregados, a lista é liderada por Vila do Bispo (3,2%), no Algarve, que em julho é beneficiada pelo turismo, seguida de Vila Velha de Ródão (3,7%).

O segredo para ter pouco desemprego

Vila Velha de Ródão é um município com características raras no Interior. A Sul de Castelo Branco, a capital de distrito, o concelho tem uma taxa de desemprego baixíssima que contrasta com o que acontece em várias outras zonas perto da fronteira.

O presidente da câmara não fica surpreendido. Carlos Pereira recorda o trabalho para atrair, em 2008, uma segunda grande fábrica para o território. O principal segredo foi especializarem-se no setor do papel.

No mapa do desemprego, o concelho de Freixo de Espada a Cinta destaca-se por ser o que tem maior proporção de desempregados de longa duração inscritos no centro de emprego.

Ana Brito vive em Ligares, uma aldeia de Freixo de Espada a Cinta, e é uma das pessoas inscritas há mais de um ano no IEFP. Emigrar está fora de hipótese pois acredita que não é só Portugal que está mal. Além disso, precisava de alguma espécie de orientação no estrangeiro.

Fábio Pereira, 23 anos, também tem procurado trabalho. Fez um curso técnico de turismo e estagiou no posto de turismo da vila, mas nunca mais arranjou emprego. Já pensou migrar para o Litoral, mas os salários são tão baixos que não compensa. O dia-a-dia é passado a fazer "nada".

Edmar Bento, o presidente da junta de freguesia de Ligares, explica que estamos num concelho rural, com poucos empregos e muito trabalho precário. Sem indústrias, é difícil prender à terra os poucos jovens que querem continuar em Freixo de Espada à Cinta.

Reformado à força

Caetano Rodrigues é um caso diferente. Com mais idade do que os desempregados anteriores, nasceu no Minho mas veio jovem para Lisboa. Agora, aos 60 anos, foi 'obrigado' a reformar-se.

Cozinheiro, Caetano ficou desempregado há três anos e meio. Procurou trabalho, mas diziam-lhe sempre que era velho. Contrariado, sem alternativa, em janeiro, teve mesmo de meter os papeis para a reforma.

Nuno Guedes com Afonso de Sousa - TSF, com reportagens audio na página TSF

Sem comentários:

Mais lidas da semana