A
caminho das eleições, nas semanas de campanha eleitoral, a TSF selecionou 10
perguntas para o futuro governo. Hoje a questão centra-se na falta de trabalho: A
primeira medida que apresentam para combater o desemprego jovem?
As
estatísticas oficiais dizem que o desemprego tem descido bastante. As
estimativas provisórias do INE dizem que em julho chegou aos 12,1%, atingindo
604 mil pessoas. Nos jovens a taxa também tem diminuído, mas continua nos 31%:
perto de 110 mil desempregados com idades entre os 15 e os 24 anos.
Os
concelho com mais desemprego
Para
perceber melhor o fenómeno, a TSF procurou os municípios com mais e menos
desemprego. Aqueles que têm menos trabalho ficam quase todos no Interior do
país e com frequência próximo da fronteira.
As
contas feitas incluem os concelhos do Continente e foram realizadas com base
nos desempregados registados em julho no IEFP face à população que se estima
ativa nesse mesmo município (com base na taxa de atividade da região). Contudo,
nem todos os desempregados estão inscritos no IEFP pelo que os resultados que
se seguem ficam, certamente, abaixo da realidade.
Além
de permitirem estimar o desemprego por concelho, os números do IEFP revelam os
municípios que terão mais desemprego jovem (dos 15 aos 24 anos): no topo surgem
Barrancos, Mourão e Monforte, todos municípios alentejanos do Interior. Na
população dos 25 aos 34 anos os concelhos com mais desemprego aparecem na mesma
região: Mourão, Moura e Monforte.
Se
formos além dos jovens e procurarmos os municípios com mais desempregados
inscritos nos centros de emprego, destacam-se, de novo, aqueles que ficam no
Interior: Mourão (22,5%), Moura (19,7%), Mesão Frio (19,5%) e Barrancos
(18,8%).
Do
outro lado, nos concelhos com menos desempregados, a lista é liderada por Vila
do Bispo (3,2%), no Algarve, que em julho é beneficiada pelo turismo, seguida
de Vila Velha de Ródão (3,7%).
O
segredo para ter pouco desemprego
Vila
Velha de Ródão é um município com características raras no Interior. A Sul de
Castelo Branco, a capital de distrito, o concelho tem uma taxa de desemprego
baixíssima que contrasta com o que acontece em várias outras zonas perto da
fronteira.
O
presidente da câmara não fica surpreendido. Carlos Pereira recorda o trabalho
para atrair, em 2008, uma segunda grande fábrica para o território. O principal
segredo foi especializarem-se no setor do papel.
No
mapa do desemprego, o concelho de Freixo de Espada a Cinta destaca-se por ser o
que tem maior proporção de desempregados de longa duração inscritos no centro
de emprego.
Ana
Brito vive em Ligares, uma aldeia de Freixo de Espada a Cinta, e é uma das
pessoas inscritas há mais de um ano no IEFP. Emigrar está fora de hipótese pois
acredita que não é só Portugal que está mal. Além disso, precisava de alguma
espécie de orientação no estrangeiro.
Fábio
Pereira, 23 anos, também tem procurado trabalho. Fez um curso técnico de
turismo e estagiou no posto de turismo da vila, mas nunca mais arranjou
emprego. Já pensou migrar para o Litoral, mas os salários são tão baixos que
não compensa. O dia-a-dia é passado a fazer "nada".
Edmar
Bento, o presidente da junta de freguesia de Ligares, explica que estamos num
concelho rural, com poucos empregos e muito trabalho precário. Sem indústrias,
é difícil prender à terra os poucos jovens que querem continuar em Freixo de
Espada à Cinta.
Reformado
à força
Caetano
Rodrigues é um caso diferente. Com mais idade do que os desempregados
anteriores, nasceu no Minho mas veio jovem para Lisboa. Agora, aos 60 anos, foi
'obrigado' a reformar-se.
Cozinheiro,
Caetano ficou desempregado há três anos e meio. Procurou trabalho, mas
diziam-lhe sempre que era velho. Contrariado, sem alternativa, em janeiro, teve
mesmo de meter os papeis para a reforma.
Nuno
Guedes com Afonso de Sousa - TSF, com reportagens audio na página TSF
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