quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Portugal. O VOTO ÚTIL E A UTILIDADE DO VOTO



Paula Santos – Expresso, opinião

A pouco mais de uma semana das eleições legislativas agudiza-se a bipolarização em torno de duas candidaturas – PS e a Coligação PSD/CDS-PP - como se os portugueses estivessem condenados a optar entre estes dois e não houvesse outras forças políticas. A realização diária de sondagens não é inocente e serve bem este propósito.

O cenário de empate técnico entre PS e a Coligação PSD/CDS-PP amplamente divulgado nos órgãos de comunicação social constituem mais um elemento do fenómeno de bipolarização, criando as condições para o apelo ao dito voto útil.

Importa no entanto refletir sobre o voto útil e a utilidade do voto. Se à direita o voto útil surge para reunir as forças de direita e conservadoras para procurarem evitar a maior derrota eleitoral de PSD e CDS-PP, já no PS o apelo ao voto útil surge com o papão da direita.

Mas o PS apela ao voto útil para executar que política? Afirma que quer derrotar o PSD e o CDS-PP, mas para quê? Assume que quer romper com esta política que tem vindo a ser imposta? Claro que não. Então para que serve este voto útil? Só tem um objetivo - salvar e continuar a política de direita que tem sido prosseguida nas últimas décadas, dos PEC e do Pacto de Agressão das troicas, da responsabilidade de PS, PSD e CDS-PP.

Surge então a questão sobre a utilidade do voto. Qual é a utilidade de um voto que no essencial visa manter o rumo de empobrecimento, de desemprego, de emigração e de desigualdades? Qual é a utilidade de um voto que depois de 4 de outubro só contribui para novos cortes nos salários, nas pensões, nas prestações sociais, nas funções sociais do Estado, como a saúde e a educação, como propõem PS, PSD e CDS-PP?

Quando os trabalhadores, os reformados e a generalidade do povo português estão fartos de continuarem a ser roubados, enquanto uma pequena minoria enriquece à custa do seu empobrecimento, o voto útil é aquele que contribui para um rutura com a política de direita e que defende uma verdadeira política alternativa, patriótica e de esquerda.

O voto útil é aquele que não é traído, que não tem duas caras e que não diz uma coisa para fazer outra.

O voto útil é aquele que após o dia 4 de outubro defende a reposição dos salários e das pensões roubadas, que defende a garantia do direito à saúde, à educação, ao apoio social, à habitação e à cultura.

É por isso que nestas eleições é preciso que ninguém se deixe enganar para que tudo fique na mesma.

A realidade já demonstrou que a alternância entre PS e PSD com ou sem a participação do CDS não só não é solução, como agravou os problemas das populações e do país.

É preciso ter presente que as propostas que PS, PSD e CDS-PP apresentam no essencial prosseguem a mesma orientação política, mas também não podemos esquecer o que foi a prática política destes três partidos. Não basta mudar somente as caras, é preciso uma mudança efetiva de política.

Um Portugal com futuro, como a CDU propõe.

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