Paula
Santos – Expresso, opinião
A
pouco mais de uma semana das eleições legislativas agudiza-se a bipolarização
em torno de duas candidaturas – PS e a Coligação PSD/CDS-PP - como se os
portugueses estivessem condenados a optar entre estes dois e não houvesse
outras forças políticas. A realização diária de sondagens não é inocente e
serve bem este propósito.
O
cenário de empate técnico entre PS e a Coligação PSD/CDS-PP amplamente
divulgado nos órgãos de comunicação social constituem mais um elemento do
fenómeno de bipolarização, criando as condições para o apelo ao dito voto útil.
Importa
no entanto refletir sobre o voto útil e a utilidade do voto. Se à direita o
voto útil surge para reunir as forças de direita e conservadoras para
procurarem evitar a maior derrota eleitoral de PSD e CDS-PP, já no PS o apelo
ao voto útil surge com o papão da direita.
Mas
o PS apela ao voto útil para executar que política? Afirma que quer derrotar o
PSD e o CDS-PP, mas para quê? Assume que quer romper com esta política que tem
vindo a ser imposta? Claro que não. Então para que serve este voto útil? Só tem
um objetivo - salvar e continuar a política de direita que tem sido prosseguida
nas últimas décadas, dos PEC e do Pacto de Agressão das troicas, da
responsabilidade de PS, PSD e CDS-PP.
Surge
então a questão sobre a utilidade do voto. Qual é a utilidade de um voto que no
essencial visa manter o rumo de empobrecimento, de desemprego, de emigração e
de desigualdades? Qual é a utilidade de um voto que depois de 4 de outubro só
contribui para novos cortes nos salários, nas pensões, nas prestações sociais,
nas funções sociais do Estado, como a saúde e a educação, como propõem PS, PSD
e CDS-PP?
Quando
os trabalhadores, os reformados e a generalidade do povo português estão fartos
de continuarem a ser roubados, enquanto uma pequena minoria enriquece à custa
do seu empobrecimento, o voto útil é aquele que contribui para um rutura com a
política de direita e que defende uma verdadeira política alternativa,
patriótica e de esquerda.
O
voto útil é aquele que não é traído, que não tem duas caras e que não diz uma
coisa para fazer outra.
O
voto útil é aquele que após o dia 4 de outubro defende a reposição dos salários
e das pensões roubadas, que defende a garantia do direito à saúde, à educação,
ao apoio social, à habitação e à cultura.
É
por isso que nestas eleições é preciso que ninguém se deixe enganar para que
tudo fique na mesma.
A
realidade já demonstrou que a alternância entre PS e PSD com ou sem a
participação do CDS não só não é solução, como agravou os problemas das populações
e do país.
É
preciso ter presente que as propostas que PS, PSD e CDS-PP apresentam no essencial
prosseguem a mesma orientação política, mas também não podemos esquecer o que
foi a prática política destes três partidos. Não basta mudar somente as caras,
é preciso uma mudança efetiva de política.
Um
Portugal com futuro, como a CDU propõe.
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