Rui
Sá – Jornal de Notícias, opinião
Rui
Rio decidiu, esta semana, repisar o seu discurso de sempre relativamente à
Comunicação Social e às suas responsabilidades na degradação do regime
democrático.
Os
diversos órgãos de Comunicação Social fizeram eco da sua intervenção (que não
se pode desligar da necessidade que sente de se manter na ribalta, agora que
foi forçado a adiar para depois das legislativas o eventual anúncio da sua
candidatura presidencial): "há demasiadas notícias deturpadas, sem
verdade, rigor, isenção e independência", "vão todos atrás da palha
que [os políticos mais experientes] lhes põem em cima da mesa" ou "a
Comunicação Social tem um fraco sentido de Estado" foram frases
publicadas.
Confesso
que estou de acordo com Rio numa visão crítica sobre o papel da Comunicação
Social. Mas esta concordância é naturalmente questionada pela prática. É que
Rio, enquanto presidente da Câmara, montou um verdadeiro império
comunicacional, que incluía uma luxuosa revista, um site, um canal de televisão
e painéis eletrónicos espalhados pela cidade (que passavam mensagens
políticas). Alimentado por uma equipa que incluía o seu chefe de Gabinete
(administrador de um grupo de Comunicação Social), diversos jornalistas
profissionais e muito dinheiro público. Esperava-se que Rio, como chefe deste grupo
de Comunicação Social, fosse coerente com o que diz defender. Mas tal não
aconteceu. Rio serviu-se de dinheiros públicos para atacar os seus adversários
políticos (alguns dos quais eleitos municipais e a quem não dava o direito de
livremente defenderem os seus pontos de vista), deturpava e/ou truncava as
opiniões dos seus opositores, dava cobertura a meiasverdades e, muitas vezes,
mentia deliberadamente.
Dir-me-ão,
alguns, que esta minha opinião é suspeita. Nem de propósito, Rui Moreira, o seu
sucessor, suspendeu a revista que Rio editava e apresentou, também esta semana,
o novo jornal municipal. Ainda não o li, mas retenho algumas ideias: todos os
partidos da Oposição têm direito a um espaço livre, apenas surge uma foto do
presidente (ao contrário do que acontecia com Rio), não há "textos
laudatórios" da atividade municipal...
Mais
claro não podia ser. Quanto a Rio, e como diz o povo, "olha para o que eu
digo, não olhes para o que eu faço"...
*Engenheiro
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