Paris,
21 out (Lusa) - A Amnistia Internacional (AI) pede a libertação imediata e
"sem nenhuma condição" dos 15 ativistas angolanos detidos desde
junho, disse à Lusa, em Paris, Mariana Abreu, a coordenadora de campanhas
lusófonas da organização.
"Consideramos
o grupo todo como prisioneiros de consciência. Significa que é um grupo
pacífico e que está preso unicamente por causa das suas opiniões. Não cometeram
crime nenhum e a nossa posição é que eles devem ser imediatamente soltos sem
nenhuma condição porque qualquer acusação feita contra eles tem de ser
retirada", declarou a responsável por campanhas em Angola que trabalha
para a delegação da África Austral.
Mariana
Abreu explicou que está em curso "uma petição direcionada ao ministro da
Justiça e Direitos Humanos e também ao procurador-geral de Angola demandando
que os 15 sejam imediatamente e incondicionalmente soltos por serem
prisioneiros de consciência", sublinhando que a petição está disponível em
português, italiano, árabe e inglês e que já recolheu mais de 31 mil
assinaturas.
A
responsável disse que a Amnistia Internacional está a acompanhar "de
perto, não só o caso do Luaty [Beirão] como o caso dos 15", sublinhando
que "a situação de saúde dele [Luaty] é crítica porque há 31 dias que está
em greve de fome" e alertando, também, para a saúde "realmente
debilitada" do ativista Albano Bingobingo, que terminou uma greve de fome
de 12 dias na terça-feira.
"Além
do Luaty também nos preocupa a situação do Albano Bingobingo que é um outro
ativista que estava há doze dias em greve de fome, mas ontem interrompeu. Ele
continua no hospital prisão de São Paulo e ele precisa urgentemente de
tratamentos médicos por mais que tenha terminado a greve de fome ontem. A sua
saúde está realmente debilitada e ele precisa de atendimento médico o mais
breve possível", continuou.
O
ativista angolano Luaty Beirão entrou, esta quarta-feira, no 31º dia de greve
de fome, exigindo aguardar julgamento em liberdade. Luaty Beirão é um dos 15
ativistas em prisão preventiva desde junho de 2015, formalmente acusados, desde
16 de setembro, de prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente
angolano, um crime que admite liberdade condicional até serem julgados.
Mariana
Abreu disse, ainda, que "há relatos" de maus tratos dos ativistas que
teriam sido agredidos por polícias, na prisão, "com bastões de
choque", insistindo que já passaram quatro meses desde a detenção dos
jovens e que eles devem aguardar, em liberdade, o julgamento que arranca a 16
de novembro, no Tribunal Provincial de Luanda.
Em
causa está uma operação policial desencadeada a 20 de junho de 2015, quando a
maior parte dos jovens foram detidos, em Luanda, durante uma reunião semanal na
qual estavam a estudar o livro "Da Ditadura à Democracia" do escritor
Gene Sharp.
"Para
nós, isso mostra o que o Governo está disposto a fazer para calar aqueles que
ousam ler livros que os auxiliariam a criticar e a realizar demonstrações
pacíficas", acrescentou Mariana Abreu, destacando que quando "o
Governo entra numa casa sem mandado de prisão e prende pessoas que estavam ali
reunidas por simplesmente lerem um livro" isso mostra até onde "o
Governo está disposto a ir para reprimir a dissidência".
CAYB
// VM - imagem Central Angola 7311
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