sábado, 31 de outubro de 2015

BLOQUEIO A DIREITOS HUMANOS




1 – A aristocracia financeira mundial, constituída com a acumulação capitalista desde o berço da revolução industrial, enferma de processos mentais e de lógicas geradas e desenvolvidas com os ambientes próprios duma competição feroz, que em muitos sectores foi inibindo concorrências, sublimando-se em cartéis, poderosos bancos e multinacionais, agregados a clãs que procuram a todo o transe o domínio, de forma a melhor fazer prevalecer suas próprias estratégias e vontades.

Essa aristocracia, ferozmente egocêntrica, fora dos núcleos duros financeiros estabelecem alguma elasticidade nas suas articulações, de forma a tornarem-se adequadamente reitoras dos destinos da humanidade, o que é particularmente sensível em “barómetros” que se constituíram em “lobbies”que filtram os interesses e as vontades para dentro dos sistemas sócio-políticos de conveniência histórica.

As “democracias representativas” surgidas nesse artifício, aprestam-se a esse tipo de ambientes por que a “representação” reflecte e desenvolve mecanismos de interconexão entre os interesses constituídos, as vontades dominantes e o espectro sócio-político, quer em aberto, quer “behind the scenes”, submetendo sistemas e aparelhos, instrumentalizando-os para depois, quando se passa à execução, estabelecer a geometria variável e a plasticidade da maior ou menor persuasão na acção.

O que se passa com os “média de referência” é esclarecedor e vulnerável a quaisquer investigações de estudiosos na matéria, em especial em circuitos nacionais das pequenas nações subjacentes, como acontece com evidência em espaços como os da Europa e América Latina: esses “média” são instrumentalizados pelas oligarquias com expressão nacional ou regional, elas próprias integradas nos tentáculos estimulados pelos interesses da aristocracia financeira mundial, disponíveis em função duma globalização que passa a ser um complexo exercício de domínio, escalonado e em patamares, inerente à formação das multinacionais e dos cartéis e sensíveis ao seu respectivo raio de acção.

As oligarquias desempenham uma função intermédia na cadeia de transmissão da vontade e dos interesses da aristocracia financeira mundial e por isso os “media” a elas agregados fazem parte integrante do seu carácter, da sua vocação, da complexa teia de interesses e vontades que anima os ambientes em que elas se movem, assim como nos seus desempenhos.
  
2 – O processo revolucionário cubano gerado a partir da história de relacionamentos do povo cubano com os complexos plasmas sócio-políticos e culturais dos Estados Unidos, é um resultado também da reflexão e consciência crítica sobre os fenómenos da acumulação de capitais que afectaram a vida do gigante a norte, no âmbito da transição da ocupação do território em direcção oeste para a fase de formação do carácter do império em vias de sublimar processos de globalização dominantes, que conduzem os expedientes em direcção ao exercício da hegemonia unipolar.

Esse processo é profundamente dialéctico e complexo, a ponto de jogar com o carácter dos ambientes culturais e históricos: a hegemonia serve-se particularmente da amplitude anglo-saxónia (matriz da revolução industrial, articulada por via do império britânico) e Cuba sobretudo da amálgama de culturas ameríndias, hispânicas e africanas, que emanam do diversificado plasma das expressões latino-americanas, o que é aproveitado intramuros, no espaço nacional da maior ilha do Caribe, assim como nos vínculos que se distendem em função dos seus relacionamentos internacionais.

É dessa forma que o norte dominante entendeu usar a insularidade do fulcro revolucionário implantado historicamente em Cuba para se decidir pelo bloqueio e a revolução cubana, emanação história do seu próprio povo, com ele identificada e identificada com as culturas ameríndias, hispânicas e africanas, se estabelecer em resistência com caboucos firmes.

A revolução cubana é nos seus alvores um acto profundamente crítico, em termos de conhecimento, consciência e rebeldia em relação ao “diktat” do norte, um historicamente fortalecido acto de resistência, profundamente dialéctico e ao mesmo tempo dinâmico, também animado com uma elevada carga emocional que possibilita criatividade, imaginação e a concentração do enorme potencial de energia nas projecções elaboradas a partir dela própria, sem ferir (antes pelo contrário, empolgando-se) a sua conexão humana que é fundamentalmente o povo cubano.

A revolução cubana impõe-se desse modo, como um longo processo de luta, resgatando direitos humanos para quem nunca os teve, quando a norte há tantas tendências no sentido dominante do termo, que são utilizadas e manipuladas para que Cuba e tantos outros não consigam realizar por completo esse legítimo resgate e desígnio!

3 – É a partir da revolução cubana e por via do internacionalismo, da solidariedade e dos vínculos substantivos assim criados, que a energia da resistência surge a nível internacional, num perfeito contraste com os processos dominantes, identificando-se com os substratos sociais alvos da opressão e do domínio e por isso assumindo em bastantes processos um papel antagónico.

A percepção com os olhos de África desse internacionalismo e dessa solidariedade, é essa e por isso os combatentes do Movimento de Libertação em África, um projecto que tal como a Revolução Cubana traduz também a aspiração de levar por diante resgates inadiáveis sobre direitos humano que não eram reconhecidos a África, reconhecem pois que a cultura gerada em Cuba no âmbito da revolução cubana é muito mais que resistência, é um farol energético refinado e substantivo que possibilita irradiações a qualquer distância, por sua intrínseca qualidade e capacidade humana de mobilização e vontade de empenho…

 4 – Há assim um argumento contrastante entre os que advogam os direitos humanos reflectindo o carácter do norte e os que advogam os direitos humanos surgidos nos processos revolucionários e das Lutas de Libertação a sul, desde os processos da Indochina, até aos processos latino-americanos, passando pelos africanos e tudo isso é parte integrante da expressão e do carácter não-alinhado.

O entendimento sobre os direitos humanos a sul estão oxigenados e podem-se articular com qualquer tipo de culturas, pois as maiorias oprimidas e exploradas assumem o fulcro da consciência que se pode considerar colectiva e ampla.

O entendimento dos direitos humanos do norte estão azotados, é egocêntrico, concentracionário, excludente, serve-se do exercício do poder dominante que foi desembocando no eixo da globalização em termos de instauração dos processos vinculativos à hegemonia unipolar!

A norte exclui-se, a sul integra-se!

5 – Um barómetro anual dessa situação, desde 1992, reflecte-se na tomada das medidas de bloqueio por parte da aristocracia financeira mundial em relação a Cuba, instrumentalizando as poderosas administrações federais e estaduais norte-americanas, independentemente da geometria variável que ela esteja a decidir.

O contraste, em cada ano que passa é esclarecedor na votação da Assembleia Geral da ONU em relação ao bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba, inscreve-se nessa retrospectiva profundamente dialéctica e, ao mesmo tempo, é um indicador de quanto a humanidade está ávida duma nova lógica que integre e não exclua, está ávida de lógica com sentido e vida, está ávida de direitos humanos conformes à Revolução Cubana e ao Movimento de Libertação em África e não no egocentrismo atroz das interpretações do norte!

Com os olhos de Angola e na presente conjuntura, aqueles fanáticos que neste momento não respeitam a história do Movimento de Libertação em África, não respeitam a plataforma alcançada com o estado democrático e de direito em que Angola se encontra, não respeitam as Instituições angolanas, avaliando o que o norte impõe, em nome duma liberdade dos 1% sobre o resto, através de comportamentos, atitudes e ideologias como as professadas por Gene Sharp, excluem, não integram e são prova do mais doentio egocentrismo, a ponto de empurrarem jovens instrumentalizados, doutrinados, manipulados e por fim detidos em função de sua comprovada vocação para a exclusão como para soluções radicais e não consensuais em direcção à morte, quando a vida está garantida por lei e para todos em Angola!

Quem segue doutrinas, em Cuba como em Angola, como as de Gene Sharp, exclui, impõe o desespero e não a esperança e leva os fanatizados por via de suas próprias lógicas, nesse sentido da morte, ainda que com isso procurem efeitos de propaganda e contra propaganda que classificam aberrantemente de “vitoriosos”!

Esperemos que nos Estados Unidos, as opções mais recentes dos Democratas com Barack Hussein Obama, estejam iluminadas dessa questão essencial também para o próprio povo norte-americano e sua tão complexa sociedade!

A leitura da votação deste ano, na Assembleia Geralda ONU, ocorrida há dias: Cuba 191, Estados Unidos 2…

**Quadro que em 2014 reflectia o resultado anual das votações contra o bloqueio por parte da Assembleia Anual da ONUe a favor dum exercício em prol dos direitos humanos efectivamente globais.

A consultar (Martinho Júnior) 
- O bloqueio a Cuba é também um afronta a África – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/o-bloqueio-cuba-e-tambem-uma-afronta.html

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