segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Moçambique. DHLAKAMA GARANTE RETORNAR BREVEMENTE À VIDA NORMAL



Dhlakama encontra-se no mato, segundo ele, desde que “escapou a um ataque” no dia 25 de Setembro último, na província central de Manica, no qual há relatos de que 22 guardas seus e um civil perderam a vida.

Para o efeito, Dhlakama garantiu à STV, estação privada de televisão, que há negociações em curso com o governo para ele sair das matas, onde se encontra escondido.

O pronunciamento de Dhlakama surgiu no mesmo dia em que o Presidente da Republica, Filipe Nyusi, disse ter esperança que o governo e a Renamo voltarão em “muito pouco tempo” a dialogar, concretizando-se, desta forma, o desejo dos moçambicanos de se dialogar em prol da manutenção da paz no país.

Numa entrevista telefónica concedida aquela estacao televisiva, o líder da Renamo disse que 'não há guerra em Moçambique, mas, tambem, não há paz, porque a paz não significa apenas o calar das armas'.

Afirmou que volta ao convívio normal e vai continuar a ser 'o mesmo Dhlakama, porque Moçambique precisa de continuar a contar com um homem como ele'.

“Dentro em breve, estarei na cidade para continuarmos o nosso trabalho. Quero-lhe garantir que eu, entanto que Dhlakama, embora seja líder da rebeliao moçambicana e de tudo, não me vou vingar com a guerra, mas sim a luta pacífica com discursos, comicios, diálogo, palestras e tudo, entanto que um líder”, asseverou.

Comentando a respeito do 23/o aniversário da assinatura do Acordo Geral de Roma, em Itália, entre a Renamo e o Governo, assinalado ainda neste domingo, Dhlakama disse sentir-se muito emocionado, porque a paz trouxe a liberdade de um povo.

Nesta mesma senda, o líder da oposição destacou ainda a existência de um parlamento a funcionar, investimentos, economia de mercado, partidos políticos novos, a pena de morte abolida, aldeias comunais extinguidas, guias de marcha, campos de reeducação e tudo acabado.

“Esta democracia dependeu da luta e de sacrifício. Pelo menos há um bocado de liberdade de imprensa. Portanto, não tenho intenção de me vingar desses ataques. É claro que tenho de ser prudente: sou um ser humano, tenho família, tenho filhos. Os meus filhos, por eu estar no mato, ligam todos os dias a chorar”, disse.

A respeito dos preparativos do seu regresso a Maputo, Dhlakama disse ter sido criado um grupo, na capital moçambicana, o qual faz parte o chefe do seu gabinete, Mateus Augusto.

Este grupo está, segundo ele, a manter contactos com o governo e mediadores do diálogo político com o governo, que vinha decorrendo desde Abril de 2013, e que já estava na sua 114/a ronda, entre os quais Dom Dinis Sengulane, o académico Lourenço do Rosário e o padre Filipe Couto.

Foi o próprio lider da Renamo, que anunciou, em finais de Agosto, a suspensão do diálogo político com o governo, nao obstante o mesmo ter surgido a pedido da própria Renamo e com uma agenda elaborada por ela mesma.

Apesar de ter “escapado a um ataque”, Dhlakama garante que está bem e no mato e, pelo, que irá também convidar alguns jornalistas para testemunharem a sua saída das matas.

“Estou bem e preparado a continuar a trabalhar. É a missão que eu tenho. Deixem as pessoas falar, outras pessoas ouvirem a minha voz, que é o Dhlakama que está a falar e disposto como sempre. Não estou no mato a fazer a guerra. Isto, podem tirar mesmo da cabeça, tirar mesmo, não, não. Se eu quisesse, Moçambique já estaria a arder. Não há interesse para isso”, sublinhou.

Não obstando a avanços que o país registou durante estes 23 anos da paz, Dhlakama lamentou a existência ainda de níveis elevados de desemprego e do que chamou de “má governação, a política de exclusão social, injustiça, falta de transparência, tudo arrogância”.

Todavia, deixou uma “mensagem de tranquilidade”, afirmando que os melhores dias virão, sobretudo para a juventude.“Isto vai mudar. Dhlakama vai continuar a trabalhar e pacificamente. O diálogo, quando digo diálogo, diálogo com pontos concretos”, concluiu.

(AIM) Anacleto Mercedes (ALM)/FF

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