Dhlakama
encontra-se no mato, segundo ele, desde que “escapou a um ataque” no
dia 25 de Setembro último, na província central de Manica, no qual há relatos
de que 22 guardas seus e um civil perderam a vida.
Para
o efeito, Dhlakama garantiu à STV, estação privada de televisão, que há
negociações em curso com o governo para ele sair das matas, onde se encontra
escondido.
O
pronunciamento de Dhlakama surgiu no mesmo dia em que o Presidente da
Republica, Filipe Nyusi, disse ter esperança que o governo e a Renamo voltarão
em “muito pouco tempo” a dialogar, concretizando-se, desta forma, o
desejo dos moçambicanos de se dialogar em prol da manutenção da paz no país.
Numa
entrevista telefónica concedida aquela estacao televisiva, o líder da Renamo
disse que 'não há guerra em Moçambique, mas, tambem, não há paz, porque a paz
não significa apenas o calar das armas'.
Afirmou
que volta ao convívio normal e vai continuar a ser 'o mesmo Dhlakama, porque
Moçambique precisa de continuar a contar com um homem como ele'.
“Dentro
em breve, estarei na cidade para continuarmos o nosso trabalho. Quero-lhe
garantir que eu, entanto que Dhlakama, embora seja líder da rebeliao
moçambicana e de tudo, não me vou vingar com a guerra, mas sim a luta pacífica
com discursos, comicios, diálogo, palestras e tudo, entanto que um líder”,
asseverou.
Comentando
a respeito do 23/o aniversário da assinatura do Acordo Geral de Roma, em
Itália, entre a Renamo e o Governo, assinalado ainda neste domingo, Dhlakama
disse sentir-se muito emocionado, porque a paz trouxe a liberdade de um povo.
Nesta
mesma senda, o líder da oposição destacou ainda a existência de um parlamento a
funcionar, investimentos, economia de mercado, partidos políticos novos, a pena
de morte abolida, aldeias comunais extinguidas, guias de marcha, campos de
reeducação e tudo acabado.
“Esta
democracia dependeu da luta e de sacrifício. Pelo menos há um bocado de
liberdade de imprensa. Portanto, não tenho intenção de me vingar desses
ataques. É claro que tenho de ser prudente: sou um ser humano, tenho família,
tenho filhos. Os meus filhos, por eu estar no mato, ligam todos os dias a
chorar”, disse.
A
respeito dos preparativos do seu regresso a Maputo, Dhlakama disse ter sido
criado um grupo, na capital moçambicana, o qual faz parte o chefe do seu
gabinete, Mateus Augusto.
Este
grupo está, segundo ele, a manter contactos com o governo e mediadores do
diálogo político com o governo, que vinha decorrendo desde Abril de 2013, e que
já estava na sua 114/a ronda, entre os quais Dom Dinis Sengulane, o académico
Lourenço do Rosário e o padre Filipe Couto.
Foi
o próprio lider da Renamo, que anunciou, em finais de Agosto, a suspensão do
diálogo político com o governo, nao obstante o mesmo ter surgido a pedido da própria
Renamo e com uma agenda elaborada por ela mesma.
Apesar
de ter “escapado a um ataque”, Dhlakama garante que está bem e no mato e,
pelo, que irá também convidar alguns jornalistas para testemunharem a sua saída
das matas.
“Estou
bem e preparado a continuar a trabalhar. É a missão que eu tenho. Deixem as
pessoas falar, outras pessoas ouvirem a minha voz, que é o Dhlakama que está a
falar e disposto como sempre. Não estou no mato a fazer a guerra. Isto, podem
tirar mesmo da cabeça, tirar mesmo, não, não. Se eu quisesse, Moçambique já
estaria a arder. Não há interesse para isso”, sublinhou.
Não
obstando a avanços que o país registou durante estes 23 anos da paz, Dhlakama
lamentou a existência ainda de níveis elevados de desemprego e do que chamou de “má
governação, a política de exclusão social, injustiça, falta de transparência,
tudo arrogância”.
Todavia,
deixou uma “mensagem de tranquilidade”, afirmando que os melhores dias
virão, sobretudo para a juventude.“Isto vai mudar. Dhlakama vai continuar a
trabalhar e pacificamente. O diálogo, quando digo diálogo, diálogo com pontos
concretos”, concluiu.
(AIM) Anacleto Mercedes (ALM)/FF
Sem comentários:
Enviar um comentário