Pela
15ª vez, Obama se viu forçado a se pronunciar sobre tragédia como a que matou
nove em faculdade do Oregon. Apelo foi veemente por um controle maior de armas,
mas lobby armamentista só se fortalece entre americanos.
O
massacre desta quinta-feira (01/10) numa faculdade na cidade de Roseburg, no
estado americano do Oregon, voltou a trazer à tona o debate sobre a necessidade
de controle de armas nos Estados Unidos, com declarações veementes do
presidente Barack Obama em defesa de uma mudança nas leis.
O
ataque aconteceu numa faculdade comunitária, frequentada por cerca de 13 mil
estudantes. O atirador, inicialmente descrito como um homem de 26 anos, invadiu
uma sala de aula e abriu fogo, matando nove pessoas e ferindo outras sete,
antes de ser morto pela polícia.
A
imprensa americana o identificou como Chris Harper M., nascido no Reino Unido e
radicado nos EUA desde criança. Segundo testemunhas, da porta da sala de aula,
ele pedia que os alunos se levantassem e dissessem sua religião. Os que se
diziam cristãos eram executados.
Segundo
a rede CNN, o atirador estava vestido com um colete a prova de balas e levava
consigo três pistolas e um fuzil AR15. Vizinhos dele na cidade de Winchester
contam que todos os dias ele usava a mesma roupa – coturno, calças verdes
camufladas e uma camisa branca – e era bastante recluso.
Obama:
"Isso se tornou rotina"
Os
assassinatos coletivos têm alimentado as demandas por um controle maior sobre
armas, que é protegido pela segunda emenda à Constituição e já é tema da
corrida presidencial à Casa Branca. Obama conclamou a população a eleger
políticos que desafiem a indústria armamentista do país, a qual exerce grande
influência na política americana.
Em
seu sétimo ano com presidente, esta foi a 15ª vez que Obama se pronunciou após
episódios semelhantes ocorridos em cinemas, bases
militares , em
uma igreja e até durante uma
transmissão ao vivo de televisão.
"De
algum modo, isso se tornou rotina", afirmou o presidente. "Esse tipo
de notícia é rotina, minha resposta aqui nesse pódio acaba sendo rotina. Nos
tornamos insensíveis a isso."
Obama
fez severas críticas ao lobby da indústria de armas e aos legisladores que a
apoiam. "Posso imaginar agora comunicados de imprensa sendo preparados.
'Precisamos de mais armas', vão dizer. 'Menos regulamentações de segurança'.
Alguém realmente acredita nisso?", indagou.
Segundo
ele, a maioria dos proprietários de armas dos EUA apoia regras de segurança
mais rígidas para as armas de fogo.
"Há,
aproximadamente, uma arma para cada homem, mulher e criança nos Estados Unidos.
Então como pode alguém argumentar, de cara limpa, que mais armas nos deixarão
mais seguros?", questionou.
O
pré-candidato republicano à presidência Mike Huckabee, um dos ferrenhos
defensores do direito ao porte de armas nos EUA, afirmou que Obama tenta
explorar a tragédia para fazer avançar sua "agenda antiarmas".
Segundo ele, o "pronunciamento político" de Obama é "na melhor
das hipóteses, prematuro e na pior, ignorantemente inflamatório".
Em
um evento de campanha, a pré-candidata democrata Hillary Clinton afirmou que
não consegue entender por que "esses massacres estão acontecendo, vez após
vez", e disse que os EUA precisam de "vontade política para fazer
todo o possível para manter as pessoas seguras".
"Sei
que há um meio de estabelecer medidas sensíveis de controle de armas que ajudem
a prevenir a violência, evitando que as armas cheguem às mãos erradas e
salvando vidas", afirmou Hillary.
294
incidentes em 274 dias
O
ataque inflamou as exigências por um maior controle sobre as armas no país.
Entretanto, a Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês), o maior
lobby armamentista dos EUA, defende a presença de guardas armados para prevenir
tiroteios como o que matou 26 pessoas, das quais 20 crianças, em uma escola
primária em Newtown (Connecticut) e 32 na universidade Virginia Tech, em 2007.
Após
o massacre de Newtown, as doações públicas à NRA, que combate as restrições ao
uso de armas em todo o país, aumentaram 11%.
Segundo
as estatísticas, nos 274 dias do ano até agora, já houve 294 incidentes em que
quatro ou mais pessoas morreram por armas de fogo.
RC/rtr/afp/dpa/ap/ots
– Deutsche Welle
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