Qual
bom dia? Com o mete-nojo que ocupa Belém não há modo de se ter um dia bom. Muito
menos um bom dia. Acha o mete-nojo que quando os portugueses vão votar estão a
lembrar-se da NATO e da UE. O gajo não percebe é nada disto. Temos visto que não.
Mas ele lá cumpre a função para agradar aos patrões da banca e de todas as
ilhargas deste regime falido.
Está aqui a seguir um Bernardo, do Expresso, com um Curto com pinta a Diário da Manhã e Época dos de antigamente. Está bem. Mas não vai ser sempre
assim. Aproveitem enquanto não se realiza o Rali Pandur, em substituição do
Rali Chaimite.
Por cá continuamos com fome. Mas o paspalho só é presidente de alguns, dos mais ricos. Curtam.
Redação
PG
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Bernardo
Ferrão - Expresso
Não
somos a Grécia, mas podemos ser como a Suécia ou a Alemanha?
Bom
dia.
Passada
a ressaca dos números, é tempo de pegar nos resultados e dar-lhes corpo. Corpo
de Governo. E de um entendimento alargado. Foi o que Cavaco Silva pediu a
Passos Coelho: chegou a “hora do compromisso”. Exigindo garantias que BE e
PCP não preenchem (NATO e UE), o chefe de Estado pediu à coligação e ao PS que “revelem
abertura”, “cultura de diálogo e de negociação”. Ou seja, um acordo.
Sim, é verdade, o Presidente está farto de o repetir, só que agora, sem
maioria absoluta no Parlamento, a realidade veio dar-lhe razão. E para Belém,
mais do que as palavras, são os exemplos concretos por essa Europa fora que
devem servir de inspiração aos nossos políticos. Duas horas antes da declaração
presidencial, o Expresso Online divulgava um texto importante de dois conselheiros da Presidência
da República, que são também docentes universitários, que explicam: 13
países da União Europeia são governados por coligações de três ou mais partidos e
que muitas das negociações demoraram mais de 60 dias (na Alemanha foram
precisos 86 dias). E recordam o caso sueco, em que seis partidos firmaram
um acordo válido até 2022 - sim, leu bem, até 2022 - que garante
estabilidade a governos minoritários.
Leia aqui seis casos em que as “coligações negativas” e alianças de outro tipo garantiram executivos estáveis.
Isto é tudo muito bonito mas… Será que em Portugal é possível? Teremos partidos políticos suficientemente maduros e dispostos a trocar as trincheiras por um lugar na mesa das negociações? É verdade que há bons exemplos: Marcelo Rebelo de Sousa, presidente do PSD, aprovou os Orçamentos de Guterres numa altura em que o país preparava a sua entrada no euro, mas o passado de guerrilha constante (veja-se a campanha) tem sido a regra, e na cabeça de todos está o compromisso de salvação nacional que, em 2013, Cavaco (por culpa do PS de Seguro) não conseguiu alcançar.
Leia aqui seis casos em que as “coligações negativas” e alianças de outro tipo garantiram executivos estáveis.
Isto é tudo muito bonito mas… Será que em Portugal é possível? Teremos partidos políticos suficientemente maduros e dispostos a trocar as trincheiras por um lugar na mesa das negociações? É verdade que há bons exemplos: Marcelo Rebelo de Sousa, presidente do PSD, aprovou os Orçamentos de Guterres numa altura em que o país preparava a sua entrada no euro, mas o passado de guerrilha constante (veja-se a campanha) tem sido a regra, e na cabeça de todos está o compromisso de salvação nacional que, em 2013, Cavaco (por culpa do PS de Seguro) não conseguiu alcançar.
Mas
olhemos para o presente pós eleições, e para os sinais (até agora positivos?)
que chegam dos dois lados da barricada. A noite foi longa no Largo do Rato, e o PS deu a António
Costa luz verde para negociar: "O mandato que temos é para falar
com o conjunto das forças políticas. Neste quadro parlamentar que é novo e
que exige de todos um grande sentido de responsabilidade para o país,
vamos avaliar e tentar encontrar boas soluções programáticaspara o
país", disse o líder depois da reunião da Comissão Política ao mesmo tempo que
criticava Cavaco pela chamada “atípica” de Passos a Belém. Costa também deixou claro
que não quer um Bloco Central por considerar "pouco
saudável" essa fórmula de Governo para a democracia portuguesa,
"salvo em situações de emergência, como uma invasão de marcianos". E
confirmou que ainda não houve “conversa nenhuma” com outros partidos.
Na
coligação - que assina esta manhã o programa de Governo -, e tal como Expresso
Diário noticiava esta terça-feira, Passos e Portas afastam a ideia de um governo a prazo – ou seja, não
alinham (por agora?) em crises políticas para antecipar eleições. Defendem que
“governar em maioria relativa e sem troika é mais fácil do que governar com
maioria absoluta e com troika”. E que negociar com António Costa não será
muito pior do que foi com os técnicos internacionais. Notícia importante: Passos
quer falar com António Costa antes mesmo de formar Governo e fechar o
Programa. A ideia é perceber que pontos em comum ou negociáveis podem ser
encontrados com os socialistas - o Económico já diz que o PSD pode
oferecer ao PS a escolha do presidente da AR. Nos projetos da coligação pode
haver dois cenários: 1) A existirem acordos de incidência parlamentar
com o PS, com abertura para o OE e para grandes reformas como a da Segurança
Social e a do Estado, era importante que fossem firmados com um grau mínimo de
formalismo. Com um documento conjunto? Ou quem sabe… com uma selfie como
fizerem Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga depois do acordo para o OE de
2011. 2) Existir abertura, no governo que Passos e Portas irão
formar, para incluir gente que não sendo do PS tenha maior facilidade em criar
pontes de entendimento com o largo do Rato – o discurso de Fernando Medina,
muito próximo de Costa, no 5 de outubro foi música para os ouvidos da direita.
É claro que tudo isto tem um significado político. Ao afirmarem-se tão
abertamente pelo compromisso, PSD e CDS atiram o ónus da instabilidade para
a sede socialista. A coligação sabe que quem partir a corda será muito
provavelmente penalizado nas urnas.
E
nestas contas já entram as Presidenciais. Passos Coelho parece ter-se
rendido a Marcelo Rebelo de Sousa: “As Presidenciais são para ganhar”,
disse o líder laranja numa reunião do partido, o que foi entendido como um
apoio ao professor/comentador que é o melhor colocado para vencer as eleições.
Na proposta de acordo de Governo, a coligação em vez de um nome comum,
fala em “posição comum” sobre a corrida a Belém o que indicia que seja dada
liberdade de voto: para que não haja partidarização da campanha. O que seria
uma má notícia para Rui Rio. No PS, está decidido, haverá liberdade de
voto na primeira volta. A vida complica-se para Sampaio da Nóvoa –
que tal como escrevemos no Expresso Diário já pondera até retirar a
candidatura – e fica mais fácil para Maria de Belém.
FRASES
“A
vida para a coligação irá alterar-se radicalmente. Perderam a maioria absoluta.
O papel de Passos Coelho complicou-se muito. É muito difícil que a próxima
legislatura dure 4 anos.”, Fernando Medina, autarca de Lisboa, na TVI.
“Acho
que é impossível haver uma coligação com o PS”, António Vitorino, na SIC
Notícias.
“Não
temos de fixar datas, temos é de chegar a acordo em políticas. Vai dar muito
trabalho mas ‘é vida!’ como diria o engenheiro Guterres”, Pedro Santana
Lopes, na SIC Notícias.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Mais uma tragédia no mar. As buscas para encontrar os quatro
desaparecidos no naufrágio de um arrastão à entrada do Porto da Figueira da Foz recomeçaram
esta madrugada. Até ao momento, estão confirmados uma vítima mortal, os quatro
desaparecidos e dois sobreviventes, que estavam numa balsa e foram salvos por
uma moto de água.
No
escândalo “dieselgate”, António Chora, o coordenador da Comissão de
Trabalhadores da Autoeuropa reconhece na TSF: "há uma forte possibilidade de, no
passado, termos sido brindados com alguns motores vigarizados". O Negócios assume-o como uma certeza:“Carros da
Autoeuropa apanhados na fraude”. O grupo Volkswagen deve comunicar hoje ao
Governo português a solução para corrigir a situação dos 117 mil veículos
“viciados” existentes em Portugal. A notícia está explicada no Expresso Diário.
“Foi um erro”. Os Estados Unidos, pela voz do responsável
militar no Afeganistão, assumiram a responsabilidade pelo bombardeamento ao
hospital dos Médicos Sem Fronteiras em Kunduz, decidido pela cadeia de comando
norte-americana. O ataque fez 22 mortos, incluindo três crianças. O The Guardian escreve que esta é a quarta vez, em
quatro dias, que os EUA alteram a versão dos acontecimentos.
No
capítulo Síria, a BBC cita uma alta patente da NATO que diz que a
incursão militar russa no espaço aéreo da Turquia, este fim-de-semana, “não
parece ter sido um incidente”. A Rússia alegou que a passagem dos caças
foi breve e por causa do mau tempo, mas a NATO assegura que não houve uma
explicação cabal e que a violação foi longa e inaceitável.
11 de janeiro. É a data do início do julgamento (que foi
conhecida nas últimas horas) da irmã do rei de Espanha, Cristina, e
do marido. É a primeira vez que na História da monarquia espanhola um membro da
família real é acusado num processo judicial. Trata-se do caso de corrupção
Nóos.
Parece história de filme mas não é. Uma empresária
brasileira morreu baleada numa favela do Rio de Janeiro após a aplicação
móvel GPS ter indicado mal o percurso. A confusão entre uma avenida e uma rua
transformaram um encontro familiar num inferno. Um grupo de 20 indivíduos
armados disparou várias vezes contra o carro. A mulher foi atingida mortalmente
por uma bala.
O QUE ANDO A LER
O QUE ANDO A LER
Nunca
como nestas eleições fomos tão inundados por sondagens. Diárias (as
tracking polls), semanais, por telefone fixo, voto em urna, com amostras
maiores ou menores. E todas elas mostravam uma tendência: o crescimento da
coligação e a perda de votos do PS. Depois dos resultados de domingo, o Pedro
Magalhães, um especialista em estudos de opinião, apresenta-nos várias
conclusões. No seu blog “Margens de Erro” – que recomendo a leitura - traça
uma análise com textos e gráficos muitos esclarecedores:
“Há
duas teorias: uma é que as sondagens mediram corretamente as intenções de voto
e que os resultados o refletem; outra é que as mediram incorretamente e que
foram os resultados que as sondagens deram que "manufaturaram" os
resultados. A pergunta que se segue é: que evidência empírica existe para cada
teoria? A resposta é que, para a segunda, essa evidência é, lamento, nula. Dito
isto, não quer dizer que não tenham existido efeitos. Uma coisa quase certa é
que, até meados de Setembro, a maioria dos portugueses pensava que o PS ia
ganhar, e que a partir daí passou a haver uma maioria dos portugueses a pensar
que a coligação ia ganhar. Parece impossível que essa mudança de perceção
tivesse ocorrido sem as sondagens. Logo, a possibilidade de que essa perceção tenha
mudado intenções e comportamentos, que tenha afetado a capacidade de
mobilização e a coesão dos partidos e/ou que tenha modificado a cobertura da
campanha não pode de todo ser descartada. Mas é preciso investigar em que
direções esses efeitos terão ocorrido, e se houve uma direção predominante. Vai
ser difícil. Mas palpites não chegam.”
Ainda
no universo da política deixem-me recomendar-vos o livro “Os Bastidores do Poder”, escrito por Vasco Ribeiro,
docente e investigador da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e
ex-assessor de imprensa do eurodeputado Francisco Assis. O trabalho sobre “como
os spin doctors, políticos e jornalistas moldam a opinião pública” faz
uma análise cuidada sobre a situação portuguesa. E refere-se a esses spin
doctors – “o terceiro elemento que se imiscui na tradicional tensão entre
política e jornalismo” – como “assessores/consultores com um perfil político
muito vincado e que recorrem a técnicas de indução de notícias bem mais
sofisticadas” cuja ação é de “tal forma sibilina e manipuladora que, não raras
vezes, roça a amoralidade e até a ilegalidade”. Trata-se de um olhar
importante e que ajuda interpretar melhor muitas das notícias políticas que
lemos todos os dias.
Boas
leituras
Não se esqueça que às 18h00 temos Expresso Diário e que ao longo de todo o dia estamos no Expresso Online. Amanhã o Expresso Curto terá a mestria do Nicolau Santos.
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