Politólogo
acusa o chefe de Estado de mudar a sua opinião consoante mais lhe convém
“As
tomadas do Presidente […] são de uma enorme gravidade na história democrática
do país e revelam incoerência, paroquialismo e falta da cultura política
democrática”.
A
opinião é de André Freire, que na crónica que assina esta quarta-feira no
Público lembra que, no verão, Cavaco “advogava as virtudes dos governos com
apoio maioritário na AR”, mas que agora afirma que “não se deveria aceitar que
o BC e o PCP/PEV tenham uma participação plena nos governos de Portugal”.
A
opinião de Cavaco mudou com as eleições de 4 de outubro, dia em que se
verificaram três casos inéditos: a direita coligada ganhou as eleições mas só
com maioria relativa; “as esquerdas todas juntas têm uma maioria absoluta” e,
pela primeira vez, estão dispostas “a converter essa dominância numérica numa
maioria de governo”.
Ou
seja, “os socialistas governaram sempre apoiados na direita” e “ a direita
perdia as eleições mas ficava sempre a influenciar os governos do PS”, mas
“isso agora pode mudar” e pode “inaugurar uma nova era”, atira o politólogo.
Mas
há um problema: o Presidente “que antes dizia prezar acima de tudo a
estabilidade e as soluções de governo com apoio maioritário, [mas que] agora já
parece preferir mais governos de minoria”. Isso representa, segundo o
professor, “uma total incoerência e ainda por cima ideológica e partidariamente
conveniente”.
Por
isso, não hesita em afirmar: “Se há alguma força que tem sido prejudicada pelo
sistema de alianças vigente a 4 de outubro, essa força é o PS”.
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