quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Portugal. PASSOS COELHO VAI FORMAR GOVERNO - AS REAÇÕES



O Presidente considerou que "a alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas" teria consequências "muito mais graves".

"Se o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a estabilidade política de que o país precisa, considero serem muito mais graves as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, na comunicação ao país, onde anunciou que tinha indigitado o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, para o cargo de primeiro-ministro.

Sublinhando que é ao Presidente da República que cabe "de forma inteiramente livre" fazer um juízo sobre as soluções políticas com vista à nomeação do primeiro-ministro, Cavaco Silva disse ser "significativo" que não tenham sido apresentadas por PS, BE, PCP e PEV "garantias de uma solução alternativa estável, duradoura e credível".

Cavaco sublinhou ainda que se regeu pela "regra que sempre vigorou na nossa democracia: quem ganha as eleições é chamado a formar governo pelo Presidente da República" e garantiu que fora da União Europeia, o futuro de Portugal "seria catastrófico".

Nas eleições de 04 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) perdeu a maioria absoluta e obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP). O PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.

TSF com Lusa

Partidos divididos entre uma "perda de tempo" e uma decisão "corajosa"

Nas reações à escolha de Pedro Passos Coelho para primeiro-ministro, a direita congratula-se, mas os partidos à esquerda falam em "perda de tempo" e dizem que o Governo vai ser derrubado no Parlamento.

Pelo Partido Socialista reagiu João Soares. O deputado "lamenta e estranha esta decisão do Presidente da República". A escolha é lamentada porque faz o país "perder tempo" já que "inevitavelmente" Passos Coelho vai ser derrubado no parlamento. João Soares afirma ainda que o PS "estranha a decisão porque está em contradição com o que o Presidente da República tem dito: que não daria posse a um PM que não desse garantias de um governo estável e duradouro".

PSD, por Marco António Costa já se veio congratular com a decisão de Cavaco Silva. Dizendo que agora se "abre um novo tempo" para a Assembleia da República saber dar "estabilidade" ao novo Governo. "É o tempo da responsabilidade do Parlamento", disse Marco António Costa. O vice-presidente do Partido Social Democrata diz que esta escolha representa o "respeito pelo resultado eleitoral das eleições de 4 de outubro". Marco António Costa garantiu aos portugueses que "não viraremos as costas a qualquer dificuldade com o objectivo de garantir que a recuperaçao da economia e dos emprego continuem".

Pelo Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares reiterou que "tudo faremos para rejeitar o Governo aqui na Assembleia da República". "O país precisava de um Presidente responsável que não fizesse o país perder tempo e não se comportasse como se estivesse dependente da sua costela de direita, particularmente de apoio a PSD/CDS", afirmou Pedro Filipe Soares, no parlamento. Interrogado pelos jornalistas, Pedro Filipe Soares não quis dizer como têm evoluido as negociações com o PS.

PCP - Cavaco Silva "terá de assumir todas as consequencias da instabilidade" que aí vem, considera o deputado comunista João Oliveira, que lembrou que o PCP vai também apresentar um moção de rejeição ao Governo. "Esta decisão é inaceitável, revela absoluto desprezo pela vontade expressa pelo povo português nas eleições de 04 de outubro e total ausência de imparcialidade", declarou João Oliveira, nos Passos Perdidos do parlamento. Segundo o deputado comunista, Cavaco Silva colocou-se "totalmente ao serviço do PSD e do CDS, cuja ação governativa os portugueses quiseram ver interrompida".

CDS - Foi dos discursos mais "importantes, claros e corajosos de todos os mandatos de Cavaco Silva" diz Nuno Melo do CDS. A decisão que Cavaco tomou foi a normal, afirmou o deputado, "optar por quem perdeu as eleições é que seria estranho". Segundo o centrista - que recordou que Cavaco Silva fez aquilo que todos os Presidentes da República fizeram nos últimos 40 anos - a decisão e a responsabilidade cabe agora aos deputados, sendo de esperar que os parlamentares façam o que tenha que ser feito, escusando-se a antecipar cenários. (TSF)

CGTP diz que decisão de Cavaco é "um atentado à democracia"

O secretário-geral da CGTP acusa o Presidente da República de ter feito o jogo da coligação de direita indo contra a vontade dos eleitores portugueses.

"O Presidente da República (PR) não devia tomar partido, mas tomou, a favor dos partidos que têm estado no Governo", disse Arménio Carlos à agência Lusa. Para o sindicalista, "a declaração do PR é um atentado à democracia e à vontade dos eleitores".

À TSF, o líder da Intersindical lamentou que Cavaco Silva não tivesse tido em conta "a expressão do voto da maioria do povo português que foi inequívoco ao retirar a maioria absoluta ao PSD/CDS" nas eleições de 04 de outubro passado.

O sindicalista considerou ainda que o PR, com os argumentos que apresentou para justificar a sua decisão, "procurou espalhar o terror e discriminou os restantes partidos".

Arménio Carlos manifestou esperança de que os partidos de esquerda sejam coerentes e rejeitem o programa de Governo da coligação PSD/CDS-PP.

TSF

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