Portugal
vai ter cada vez menos pessoas em idade para trabalhar. Se juntarmos
desempregados, crianças, estudantes, reformados e outros inativos, já hoje
perto de 55% dos portugueses não contribuem para a economia
Os
especialistas dizem que será o maior problema social e económico do país nas
próximas décadas. A última pergunta da TSF para os partidos nesta campanha
centra-se nas previsões que dizem que Portugal vai ter cada vez menos pessoas
em idade ativa. Em 2060, 1,3 milhões de portugueses terão mais de 80 anos.
Portugal
vai ter cada vez menos pessoas em idade para trabalhar. Se juntarmos
desempregados, crianças, estudantes, reformados e outros inativos, já hoje
perto de 55% dos portugueses não contribuem para a economia. Não é muito
diferente do que acontece noutros países europeus, mas o problema é que deve
aumentar bastante nas próximas décadas com o envelhecimento da população.
Durante
a campanha eleitoral, a TSF selecionou 10 perguntas para o próximo governo.
Hoje, a última questão para os partidos procura saber como é que o país pode
ser sustentável com cada vez menos pessoas em idade para trabalhar?
As
últimas previsões da União Europeia apontam para um envelhecimento acelerado da
população portuguesa. Os responsáveis da Ordem dos Economistas e da Associação
Portuguesa de Demografia admitem que será o maior desafio de Portugal nas
próximas décadas.
Os
portugueses com mais de 65 anos rondam atualmente os 20% da população. Já é um
dos números mais elevados no Continente europeu, mas em 2060 chegará aos 35%.
Se nada mudar, seremos nessa altura o país mais envelhecido da Europa com 1,3
milhões de pessoas a terem mais de 80 anos (um em cada seis portugueses).
O
envelhecimento da... Amadora
Quando
pensamos em envelhecimento, o normal, até há alguns anos, era olhar para os
centros de Lisboa e do Porto ou para concelhos desertificados do Interior.
Contudo, os problemas associados à elevada proporção de idosos já chegaram a
zonas menos previsíveis.
A
Amadora está longe de ser o concelho mais envelhecido do país. 'Apenas' 20% dos
habitantes têm mais de 65 anos, mas a presidente da câmara conta que nos
últimos 5 anos começaram a detetar muitos problemas a envolver idosos, com uma
crescente procura de equipamentos sociais ou centros de dia.
Carla
Tavares admite que o envelhecimento do concelho foi mais rápido do que se
previa: muitas casas novas estão vazias há anos, sem compradores; e uma escola
prevista já foi cancelada por falta de crianças. A autarca acrescenta que
várias freguesias são hoje "zonas de avós".
O
envelhecimento da Amadora é especialmente visível todos os dias no Parque
Central da cidade onde nove mesas por baixo de um toldo gigante estão
constantemente ocupadas por dezenas ou mesmo uma centena de idosos a falar e a
jogar às cartas.
Aquilo
que acontece neste jardim da Amadora é apenas um exemplo. A presidente da Associação
Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes, avisa que o país tem de se
preparar para uma população ativa cada vez menor. Para evitar consequências
muito negativas, vamos ter de ser mais produtivos e trabalhar até mais tarde.
A
especialista pede por isso medidas ao nível da saúde para garantir que os
portugueses vivem não apenas muito tempo, mas mais saudáveis de forma a
ajudarem, também, no crescimento da economia.
Um
grave problema económico
O
bastonário da Ordem dos Economistas admite que a demografia é o maior problema
que Portugal vai ter de enfrentar. E como a curto e médio prazo os estímulos à
natalidade, se funcionarem, não vão mitigar o problema, é preciso apostar em
algo que não tem saído do papel: o envelhecimento ativo.
Rui
Leão Martinho afirma que teremos, contudo, de mudar as mentalidades das
empresas e dos empresários. Se tiver condições físicas e mentais, um idoso que
queira continuar a trabalhar deve poder fazê-lo.
O
bastonário dos economistas acrescenta que o desequilíbrio entre gerações é
"um problema económico profundo que tem de preocupar os portugueses e quem
nos governa pois é algo que determina tudo".
Nuno
Guedes – TSF texto e foto
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