sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Portugal. SE NADA MUDAR VAMOS SER O PAÍS MAIS ENVELHECIDO DA EUROPA



Portugal vai ter cada vez menos pessoas em idade para trabalhar. Se juntarmos desempregados, crianças, estudantes, reformados e outros inativos, já hoje perto de 55% dos portugueses não contribuem para a economia

Os especialistas dizem que será o maior problema social e económico do país nas próximas décadas. A última pergunta da TSF para os partidos nesta campanha centra-se nas previsões que dizem que Portugal vai ter cada vez menos pessoas em idade ativa. Em 2060, 1,3 milhões de portugueses terão mais de 80 anos.

Portugal vai ter cada vez menos pessoas em idade para trabalhar. Se juntarmos desempregados, crianças, estudantes, reformados e outros inativos, já hoje perto de 55% dos portugueses não contribuem para a economia. Não é muito diferente do que acontece noutros países europeus, mas o problema é que deve aumentar bastante nas próximas décadas com o envelhecimento da população.

Durante a campanha eleitoral, a TSF selecionou 10 perguntas para o próximo governo. Hoje, a última questão para os partidos procura saber como é que o país pode ser sustentável com cada vez menos pessoas em idade para trabalhar?

As últimas previsões da União Europeia apontam para um envelhecimento acelerado da população portuguesa. Os responsáveis da Ordem dos Economistas e da Associação Portuguesa de Demografia admitem que será o maior desafio de Portugal nas próximas décadas.

Os portugueses com mais de 65 anos rondam atualmente os 20% da população. Já é um dos números mais elevados no Continente europeu, mas em 2060 chegará aos 35%. Se nada mudar, seremos nessa altura o país mais envelhecido da Europa com 1,3 milhões de pessoas a terem mais de 80 anos (um em cada seis portugueses).

O envelhecimento da... Amadora

Quando pensamos em envelhecimento, o normal, até há alguns anos, era olhar para os centros de Lisboa e do Porto ou para concelhos desertificados do Interior. Contudo, os problemas associados à elevada proporção de idosos já chegaram a zonas menos previsíveis.

A Amadora está longe de ser o concelho mais envelhecido do país. 'Apenas' 20% dos habitantes têm mais de 65 anos, mas a presidente da câmara conta que nos últimos 5 anos começaram a detetar muitos problemas a envolver idosos, com uma crescente procura de equipamentos sociais ou centros de dia.

Carla Tavares admite que o envelhecimento do concelho foi mais rápido do que se previa: muitas casas novas estão vazias há anos, sem compradores; e uma escola prevista já foi cancelada por falta de crianças. A autarca acrescenta que várias freguesias são hoje "zonas de avós".

O envelhecimento da Amadora é especialmente visível todos os dias no Parque Central da cidade onde nove mesas por baixo de um toldo gigante estão constantemente ocupadas por dezenas ou mesmo uma centena de idosos a falar e a jogar às cartas.

Aquilo que acontece neste jardim da Amadora é apenas um exemplo. A presidente da Associação Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes, avisa que o país tem de se preparar para uma população ativa cada vez menor. Para evitar consequências muito negativas, vamos ter de ser mais produtivos e trabalhar até mais tarde.

A especialista pede por isso medidas ao nível da saúde para garantir que os portugueses vivem não apenas muito tempo, mas mais saudáveis de forma a ajudarem, também, no crescimento da economia.

Um grave problema económico

O bastonário da Ordem dos Economistas admite que a demografia é o maior problema que Portugal vai ter de enfrentar. E como a curto e médio prazo os estímulos à natalidade, se funcionarem, não vão mitigar o problema, é preciso apostar em algo que não tem saído do papel: o envelhecimento ativo.

Rui Leão Martinho afirma que teremos, contudo, de mudar as mentalidades das empresas e dos empresários. Se tiver condições físicas e mentais, um idoso que queira continuar a trabalhar deve poder fazê-lo.

O bastonário dos economistas acrescenta que o desequilíbrio entre gerações é "um problema económico profundo que tem de preocupar os portugueses e quem nos governa pois é algo que determina tudo".

Nuno Guedes – TSF texto e foto

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