Uma
detenção breve, um agredido ligeiramente ferido e diplomatas retirados da sala
marcam as primeiras horas.
O
julgamento dos 17 activistas, 15 dos quais detidos desde Junho, sob acusação de
rebelião e tentativa de golpe de Estado, que teve início ontem, prossegue esta
manhã, sem a presença da imprensa (os jornalistas só serão autorizados a entrar
na sala nas alegações finais) e com repressões por parte de agentes da polícia
do lado de fora.
Neste
momento, dezenas de familiares e amigos que não conseguiram entrar, estão
concentrados próximos à 14.ª secção do Tribunal Provincial de Luanda,
no Benfica. A equipa do Rede Angola encontra-se no local e
constata a presença de forte aparato da Polícia Nacional e de agentes da
fiscalização, que estão a impedir as pessoas de permanecerem em frente ao
prédio.
Há
informações de que o activista Jorge Cande chegou a ser detido, tendo
entretanto sido libertado. Outro activista, Inocêncio de Oliveira, foi agredido
por agentes da polícia, mas sem ferimentos graves.
Cerca
de uma hora após terem entrado no edifício para acompanharem o julgamento,
membros do corpo diplomático da União Europeia, Portugal, Reino Unido e Estados
Unidos da América, foram retirados da sala, mas não quiseram prestar
declarações à imprensa, tendo apenas se identificado.
O
grupo de jovens, que ontem apareceu junto ao tribunal vestindo t-shirts com
a frase “Justiça sem Pressão”, hoje voltou a passar em dois autocarros da TCUL,
mas não chegaram a descer. Um grupo de 15 pessoas que se identificaram como
membros do MPLA também se encontram no local.
Ontem,
o primeiro dia de julgamento, que deve estender-se até sexta-feira, foi marcado
pelas leituras dos despachos e pela audiência individual a Nito Alves.
Os
17 acusados (15 deles detidos desde há cinco meses) estão indiciados, entre
outros crimes menores, da co-autoria material de um crime de actos
preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o presidente, no
âmbito de um curso de formação semanal que decorria desde Maio deste ano.
São
eles: Domingos da Cruz, Afonso Matias “Mbanza Hamza”, José Gomes Hata,
Hitler Jessia Chiconda “Samussuku”, Luaty Beirão, Inocêncio Brito, Sedrick de
Carvalho, Fernando Tomás Nicola, Nelson Dibango, Arante Kivuvu, Nuno Álvaro
Dala, Benedito Jeremias, Osvaldo Caholo, Manuel Baptista Chivonde “Nito Alves”
e Albano Evaristo Bingo.
A
responder pelas mesmas acusações do grupo de 15 activistas encontram-se também,
mas em liberdade, Laurinda Alves e Rosa Conde -, constituídas arguidas do mesmo
processo a 31 de Agosto.
O
julgamento arrancou ontem de manhã sem os advogados de Defesa terem acesso
ao processo, um mês depois do despacho de pronúncia, o qual terá “mais de 1.500
páginas”, escutas e vídeos.
Apesar
das críticas à desorganização do tribunal e às subjectividades do processo, os
advogados consideraram o primeiro dia “razoável”.
Fizeram-se
presentes na mesa de juízes, entre outros, Domingos Januário (juiz da Causa)
e Pedro de Carvalho (representante do Ministério Público).
Rede
Angola - Familiares, activistas e amigos em frente ao a sala do tribunal[ Ampe
Rogério/RA ]
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