No
lugar do corte no Programa Bolsa Família, ação social instituída no
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidenta Dilma Rousseff
deveria pensar em uma carga tributária mais pesada para as grandes fortunas. A
sugestão foi do próprio Lula, na noite passada, durante pronunciamento na 5º
Conferência Nacional do Conselho de Segurança Alimentar (Consea). Lula
convocou a militância a apoiar o governo Dilma e rejeitou a hipótese de um impeachment.
Lula
apontou para a tentativa orquestrada por setores à direita, no Congresso e na
sociedade brasileira, de minar “um projeto de sucesso” e reafirmou a intenção
de ser candidato, em 2018, caso os adversários apresentem um “projeto
conservador”.
—
A dificuldade não é da Dilma, é nossa, é do Brasil, é do mundo. Temos que
ajudar. Porque quando tudo está bem, não se precisa de ajuda. Aí ficam dizendo:
‘a Dilma acabou. Agora vamos acabar com Lula’ — afirmou.
O
ex-presidente, agora, percebeu que “querem desgastar” a sua sucessora, para
chegar ao Planalto sem o voto popular.
—
Na verdade, o que eles (da direita) querem derrotar é um projeto que teve
sucesso neste país. Não é possível que essa gente da periferia, que essa gente
só sabia bater palma pra nós há 20 anos atrás, agora esteja governando com mais
sabedoria do que nós. Então, é possível desgastar a presidenta Dilma, é
possível desgastar. E vocês se lembram que eu perdi três eleições, eu perdi em
89, 94 e 98. E, todas as vezes que eu perdi, eu respeitei o resultado e fui me
preparar para ganhar a primeira, depois ganhar a segunda — acrescentou.
Para
o ex-presidente, o protesto da parcela conservadora é válido, mas a mudança na
Presidência da República somente é admitida com o voto dos eleitores.
—
Vocês sabem que na frente do Congresso tem um acampamento da turma que quer o impeachment.
Temos que dizer que eles têm direito. Agora, que se eles querem ter um
presidente, aprendam a exercitar a democracia e ganhem as eleições. Não vamos
admitir o impeachment da presidente Dilma. Não vamos admitir. A hora
não é de ficar de cabeça baixa — conclamou.
Concluído
o período da presidenta Dilma, Lula cogita se candidatar para um terceiro
mandato:
—
Nem que eu tenha apenas um minuto de vida em 2018, se estiver concorrendo contra
nós um projeto conservador, que tenha como objetivo acabar com as coisas que
fizemos, podem estar certos que estarei na campanha — garantiu Lula, aplaudido
de pé e aos gritos de “um, dois, três, Lula outra vez”.
Sobre
as investigações da Polícia Federal aos seus familiares, o ex-presidente alega
ser “alvo de ataques” por parte daqueles que tentam derrubar as conquistas
sociais promovidas ao longo dos últimos 12 anos.
—
Vocês sabem que os ataques que estou sofrendo não é a toa. Não vou mais admitir
que corrupto nos chamem de corrupto. Todos esses que ficam nos acusando, se
colocar um do lado do outro não dá 10% da minha honestidade — desabafou.
Nesta
quarta-feira, o filho de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, prestou depoimento à
Polícia Federal (PF), em Brasília. Três empresas das quais Luís Cláudio é sócio
são investigadas na Operação Zelotes e foram alvo de busca e apreensão no final
de outubro. A PF investiga fraudes em julgamentos no Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda. Entre outros
envolvidos no escândalo estão os sócios das Organizações Globo e
proprietários da RBS, a retransmissora da Globo na Região Sul, e os
principais bancos do país, entre eles o Safra S/A e o Bradesco S/A.
Bolsa
Família
Os
programas Bolsa Família e Luz Para Todos também foram
lembrado, no discurso do ex-presidente, como exemplo de um governo preocupado
com os mais pobres.
—
Para quem tem de sobra, isso não vale nada. Mas para quem tem nada, foi quase
um milagre nesse país — lembrou.
Sobre
a conferência, Lula disse que “incomoda muita gente um governo que tem um
projeto que convida as pessoas para participar da “definição das políticas
publicas”.
Lula
também lembrou que “Incomoda muita gente saber que esse foi o governo que mais
fez universidades nesse país, que permitiu que o pobre estudasse”.
Correio
do Brasil, Brasília
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