Clara
Ferreira Alves, que já foi de tudo e de todos, santanete mal-agradecida, viúva
socratina, apoiante do PSD e do PS, promessa de escritora, modelo de
futilidades e de um provincianismo cosmopolita desesperado
Artur
Pereira – jornal i, opinião
Dia
10 de Novembro de 2015 passa para a história da vida política portuguesa, não
só pelas consequências que o acordo à esquerda irá provocar nas opções das
políticas futuras, mas principalmente pelo modo como se pode utilizar um
partido, enquanto força política organizada, para influenciar a realidade,
gerir os tempos e exercer o poder.
Em democracia, é natural função dos partidos moldarem e transformarem as circunstâncias em activos políticos que lhes permitem alcançar os objectivos a que se propõem.
Esta
foi a ocasião em que a forma suplantou o conteúdo, o controlo político do tempo
e do modo condicionou a estratégia, e a capacidade de estabelecer a percepção
de que a força de uma ideia era a ideia de uma força mais se impôs.
Se
Cavaco Silva indigitar António Costa para formar governo, o que teremos será um
governo PS com apoio parlamentar do PCP, dos Verdes e do BE. Se teremos um
governo PS com uma efectiva política de esquerda sustentada nos acordos
assinados, veremos.
São
tempos apaixonantes e desafiadores. Porém, para a caprichosa pluma Clara F.
Alves, profissional de bitaites, “(…) caminhamos para a mais grave crise do
regime depois do 25 de Abril”, isto em texto bisnau em que nos avisa,
espevitada de orgulho, como se soletrasse quadras em dia da raça, que é
anticomunista.
Temos, então, que a Joana d’Arc da Artilharia 1 é um soldadinho aprumado na guerra contra a razão, especialista em propaganda em que o método é a inversão dos factores, a inversão de todos os valores no âmbito da qual não existe mentira que não mereça a pena ser difundida.
O
anticomunismo de que Clara se reclama é uma ideologia da negação que falsifica
os dados e recorre à mentira. Também faz parte deste método difamar e
qualificar de ingénuos e imbecis os que pensam de outra forma, algo que
Ferreira Alves pratica com militante afinco.
Clara
Ferreira Alves, que já foi de tudo e de todos, santanete mal-agradecida, viúva
socratina, apoiante do PSD e do PS, promessa de escritora, modelo de
futilidades e de um provincianismo cosmopolita desesperado, escrevinhadora no
“Correio da Manhã”, o que pode explicar muito, que teve um primo clandestino
comunista, diz ela, o que pode explicar outras tantas coisas, é boçal-chique e,
principalmente, ignorante.
Optou
há muito por trocar pensamentos por colagens de propaganda – dá menos trabalho
e tem clientela assegurada. O texto em questão está polvilhado de mentiras,
suspeições, fantasias, preconceitos e de uma atrevida ignorância.
Começa que o anticomunismo da Clara é, na realidade, anti-PCP. Não existe nela qualquer ideia que mereça debate; o que existe é crendice.
Todo
o texto é uma peça contra o PCP, tentando deixar a ideia de que os comunistas
são responsáveis por todos os males e, neste caso, pelo sufoco da cultura
portuguesa desde os anos 60 do século passado.
E como é que a pobre chega a esta conclusão? Está tudo na Tate Modern em Londres, numa exposição, afirma tal Colombo.
É
uma snobe, para quem o fascismo, que arruma numa linha de texto, “foi um regime
totalitário que não percebeu a história”, fim de citação.
Falar
do pintor Dias Coelho, assassinado na rua a tiro, ou das torturas infligidas ao
escritor Urbano Tavares Rodrigues, ou das prisões do compositor Lopes Graça, ou
do assalto e destruição da Sociedade Portuguesa de Autores em Maio de 65 pela
PIDE e por elementos fascistas do Jovem Portugal e dos “Centuriões”, e da
prisão de João Gaspar Simões, Augusto Abelaira, Fernanda Botelho, Manuel da
Fonseca, Alexandre Pinheiro Torres, entre outros.
Lembrar
a morte, tortura e exílio de milhares de comunistas, homens e mulheres simples
e anónimos, que com o seu sacrifício ganharam a nossa liberdade, nunca
reclamando nem esperando nada, é recordar-lhe, minha senhora a sua pequenez.
O
seu insulto grotesco, dirigido a homens e mulheres de coragem que seria incapaz
de encarar nos olhos, prova a sua mediocridade orgânica, carente de alarve
aplauso.
Já
agora, e porque não faz tese, só refere achaques temperamentais para a doença
de que padece, em que classificação coloca o seu anticomunismo?
Na
da beata de Beirais? Na do verdugo da PIDE? Na do nazi ou na do racista? Na do
Salazar ou na do Caetano? Na do maccarthismo ou na do Ricardo Salgado?
A
senhora é anticomunista porque é o seu espaço vazio que gere os fantasmas da
sua incultura. Amarga e sem referências, soma clichés em panfletos e, tal como
diz, “vende opiniões sujeita ao rating das audiências e comentários online”.
Ou
seja, tem a pluma à disposição, à venda, e ser anticomunista é mais fácil e tem
dado para a vidinha.
Afirma que é assim por “razões históricas e profundamente temperamentais”. Não se iluda, é fundamentalmente por ignorância.
Consultor
de comunicação - Escreve às quintas-feiras
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