O
secretário-geral do PS, António Costa, defendeu na quinta-feira o regresso a
uma "trajetória de normalidade constitucional", considerando que só
existirá crise política em Portugal se alguém a criar.
Na
sessão de abertura de um encontro com militantes no Porto, António Costa fez um
discurso muito crítico sobre a "irresponsabilidade" e
"imprudência" do primeiro-ministro e demais políticos com funções de
alta responsabilidade "andarem a assustar os portugueses sobre as condições
de estabilidade".
"Estão
criadas todas as condições para que, tão rapidamente quanto o queiram, podermos
ter um novo Governo que possa ser viabilizado na Assembleia da República, que
ponha termo a este período de incerteza, de intranquilidade e que devolva
estabilidade ao país", sustentou.
Costa
pediu para não serem criadas crises artificiais, de modo caminhar para o que
chamou um "reencontro com a Constituição".
"É
por isso tempo de não se criar uma crise política artificial. Em Portugal, não
há crise politica se não a criarem. Em Portugal, o que se verificou esta semana
foi o normal funcionamento do regime democrático, no estrito cumprimento da
Constituição e, eu até diria mais, do reencontro com a Constituição",
afirmou, apelando à necessidade de se retomar "a trajetória de normalidade
constitucional".
O
secretário-geral socialista disse nunca imaginar ver políticos dos quais o PS
diverge, "mas que exercem funções de alta responsabilidade no Estado
português" - um deles sendo ainda primeiro-ministro, outro sendo ainda
ministro dos Negócios Estrangeiros, outra sendo ministra das Finanças - a
permitirem-se terem "a imprudência de andarem a assustar os portugueses
sobre as condições de estabilidade", e foi perentório: "mas que
irresponsabilidade esta atuação".
"Onde
é preciso chegar para termos que ver que temos mais a agradecer a mensagem de
tranquilidade e serenidade que transmite o ministro das Finanças alemão por
contraste pelo que diz o Governo português aos mercados e à Europa",
ironizou.
Mas
o discurso endureceu também em relação ao CDS e a propósito das diferenças
entre os partidos à esquerda - que estes não querem nem precisam de disfarçar -
Costa atirou: "nós não precisamos de fazer como fez PP, que transformou-se
de CDS em PP para combater a integração europeia, a eliminação do escudo e a
adesão ao Euro e que, para poder ter participação no Governo, enterrou a sua
campanha contra o euro e agora até parecem ser os campeões da integração
europeia".
"Aqui
não se trata de trocar convicções por lugares no Governo, não se trata de
tornar o que é irrevogável em revogável, para se passar de ministro a
vice-primeiro-ministro, para dois anos até oferecer gentilmente o lugar de
primeiro-ministro para ver se ao menos de mantém ministro. Não, isto não é
assim", disse, apontando diretamente a Paulo Portas.
O
secretário-geral socialista garantiu que "ninguém está discutir a fusão
dos partidos nem a identidade de cada um" de um dos partidos e deixou a
pergunta: "será que é necessário pensarmos o mesmo sobre a NATO para nos
entendermos sobre a urgência da atualização do salário mínimo nacional?".
António
Costa explicou que, apesar de o grau de acordo existente entre os partidos da
esquerda não ser suficiente para estarem todos as forças no Governo, um
executivo socialista será viabilizado maioritariamente pela Assembleia da
República e o PS "pode governar com condições de estabilidade".
Apesar
de ver muita gente a falar de acordos, na opinião de António Costa, não se está
a pôr o essencial em cima da mesa, uma vez que isso passa pelo programa de
Governo, que "é absolutamente compatível com todos os compromissos
internacionais do estado português".
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