A
Economist Intelligence Unit (EIU) considera que a produção significativa de gás
em Moçambique antes de meados da próxima década é "altamente
improvável" devido às dificuldades do país e às condições do mercado.
Numa
análise ao mercado do gás natural em Moçambique, e na Tanzânia, com o título
"Choque de Realidade", e a que a Lusa teve acesso, os peritos da
unidade de análise da revista britânica The Economist afirmam que "com o
mercado completamente abastecido até meados da década de 2020, parece ser
improvável que o gás da África Oriental entre no mercado em quantidades
significativas até lá".
O
Governo e as empresas petrolíferas presentes na região esperam começar a
exportar gás em grandes quantidades a partir de 2020 e 2021, o que contrasta
com a visão da EIU, que aponta para 2025 como o ano em que a exportação de gás
será feita em quantidades significativas para responder às expectativas da
população.
Assim,
dizem, "o gás natural não deverá transformar as perspetivas de curto prazo
destes países", até porque "o excesso de oferta e a crescente
competição no mercado global de gás, bem como as dificuldades regulatórias
internas e as enormemente desadequadas infraestruturas, levantaram uma
incerteza significativa sobre o futuro do gás nesta região".
Admitindo
que "a África Oriental tem o potencial para ser um 'player' globalmente
importante na exportação de gás da região, com reservas de 100 biliões de pés
cúbicos na costa de Moçambique e 55 biliões na da Tanzânia", os peritos
dizem esperar "que os projetos de gás na região continuem a andar para a
frente, mas uma produção com nível significativo antes do final da década é
agora altamente improvável".
No
relatório que compara os dois países e identifica quatro fraquezas comuns -
constrangimentos comerciais, financeiros, técnicos e regulatórios -, os peritos
exemplificam que a italiana ENI, que será a empresa com o primeiro projeto em
pleno funcionamento, "mesmo que consiga apresentar uma Decisão Final de
Investimento em 2016, conforme planeado, a produção antes da década de 2020
continua improvável, dadas as dificuldades contínuas no setor da regulação em
Moçambique".
Os
projetos em terra, acrescentam, "continuam sujeitos a uma incerteza ainda
maior", porque mesmo que as dificuldades técnicas e regulatórias consigam
ser ultrapassadas, ainda que com algum atraso, "é improvável que o gás da
África Oriental seja exportado em quantidades significativas antes de meados de
2020, porque o mercado já está completamente abastecido até lá".
MBA
// EL - Lusa
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