quarta-feira, 22 de abril de 2015

VIIª CIMEIRA DAS AMÉRICAS: “A INSURGÊNCIA NO HEMISFÉRIO CRISTÃO OCIDENTAL!” – II



Martinho Júnior, Luanda 

5 – A VIIª Cimeira das Américas envolvendo o reaparecimento com “plenos poderes” da revolução cubana, em pé de igualdade institucional, face a face e cumprindo com uma estrita igualdade, precisamente no mesmo patamar de todos os outros estados componentes das Américas, Estados Unidos e Canadá incluídos, ocorreu praticamente na altura em que Cuba festeja o 54º aniversário da vitória em Girón.

Ciosa de sua história de resistência e revolução, Cuba, 54 anos depois de Girón, assume clarividente esta outra vitória, pois a sua presença na Organização de Estados Americanos, dá-se após décadas de forçada ausência, que incluem a ausência em todas as Cimeiras anteriores!

O discurso de Raul de Castro em grande parte sintetiza o histórico da revolução cubana desde 1961 e ao mesmo tempo quanto se tornaram inspiradoras todas as experiências acumuladas, mesmo as que pareciam mais negativas para Cuba, experiências que afinal estão colocadas ao serviço da identidade comum das Américas, muito para lá de sua identidade para com o povo cubano, ou para com os estados e povos mais progressistas da região.

Ciosa de sua história, Cuba e sua revolução, não abdicaram da legitimidade imensa gerada por via das experiências que se foram desenrolando desde o triunfo da revolução e desde Praia Girón, algumas delas experiências intensamente traumatizantes, mas iniciou um novo ciclo prestigiante para a vanguarda: procurou motivar a administração de Barack Hussein Obama a começar a demarcação em relação à aristocracia financeira mundial, seus falcões e “tea parties”, estendendo a possibilidade do enorme potencial da solidariedade latino americana e afrodescendente, tendo em conta as características que se vão agora tornando dominantes nas culturas onde se inscreve o eleitorado norte-americano, algo que corresponde a uma autêntica “insurgência no hemisfério cristão ocidental”!

Entre uma hegemonia unipolar cujo carácter se identifica com o nazismo e o fascismo, por que serve ao domínio de 1% sobre o resto da humanidade, (que só pela força, pela constante manipulação, pela ingerência, pelo embuste e quantas vezes pelo crime se pode impor), é a vanguarda cubana e com ela a América Latina que começa a estender a mão no sentido dos Estados Unidos e do Canadá, os únicos estados da América membros da NATO, poderem assumir um lugar digno no âmbito da multipolaridade e darem uma contribuição útil, ética e moralmente recomendável, em benefício de toda a humanidade!

A partir de agora, mantendo-se a tendência, nenhuma administração mais que venha a ocupar o poder nos Estados Unidos ou no Canadá, poderá deixar de contar com essa mão de solidariedade estendida, por que todos podem caber na multipolaridade e na emergência que conduz a um amplo renascimento de toda a humanidade… bastará cumprir com responsabilidade um papel construtivo e respeitador de outros estados e povos.

Se é certo que os Estados Unidos mantêm mais de 50 bases militares espalhadas na região (só 5 países não as têm em seu território), é cada vez mais evidente a sua inutilidade e o desperdício que elas representam, num perverso processo que ancora o Estados Unidos ao passado.

Tudo isso se encaixa perfeitamente nas alterações que se estão a vitalizar por dentro das religiões cristãs, bem na superestrutura ideológica dos estados, que cobrem todo o espectro geográfico e humano “ocidental” (em especial nas Américas, na Europa e em África) e também no próprio Vaticano onde Papas pan-europeus de origem alemã, ou polaca, vinculados ao prolongamento da guerra psicológica por inércia da Guerra Fria e de tendências ultraconservadoras de acordo com formatação de “think tanks” ao nível dum “Bilderberg”, dum “Le Cercle”, duma “Heritadge Foundation”, ou duma “Fundação Konrad Adenauer”, deram lugar a um Papa de origem e vivência latino americana, humilde mas lúcido e sensível para com os pobres, capaz de abrir uma janela de entendimento sobre as razões profundas da Teologia de Libertação e do facto dessa doutrina ter surgido e ganho persistência precisamente na América Latina e ter a força de não se circunscrever só aí!

Entre a corrupção dos Bancos Ambrosiano e do Vaticano, assim como os escândalos de tantos padres pedófilos espalhados pelo mundo, tudo isso resultado do beco sem saída em que o Vaticano ultraconservador caiu, o Papa Francisco procura identificar-se com os pobres e, a partir deles, contribuir para encontrar melhores opções em benefício de toda a humanidade, o que está em sintonia com a afirmação de independência, de soberania, de integração, de solidariedade, de emergência, da América Latina.

6 – Não foi pois de estranhar que os discursos dos outros Chefes de Estado Latino Americanos presentes no Panamá dessem corpo e substância em torno da assumida vanguarda da revolução cubana, ela própria partilhando com todos (Estados Unidos e Canadá incluídos), suas experiências históricas, até por que para trás estão iniciativas integradoras de suporte, desde o Mercosul, ao Celac, passando pelo Unasul, pela Alba, pelo Petrocaribe!...

Todos os Latino Americanos insistiram na necessidade de se pôr fim ao bloqueio a Cuba, fizeram coro no que diz respeito à necessidade de Cuba ser retirada da lista de “países terroristas” em vigor nos Estados Unidos, assim como foram unânimes em considerar que a Venezuela não pode ser alguma vez considerada uma ameaça aos Estados Unidos, até por causa das políticas de paz com que se tem regido a região, por via de algumas organizações próprias, entre elas a Celac!

Às tensões, conflitos e guerras estimulados pelos falcões doutrinária e ideologicamente ultra conservadores, verdadeiros “fundamentalistas cristãos” aliados tácitos dos “fundamentalistas islâmicos”, a América Latina propõe a busca construtiva e constante da paz, pela cultura do diálogo, edificação de equilíbrios com possibilidades de neutralizar as assimetrias, busca de consensos que conduzam a relacionamentos integradores e capazes de respeitarem amplamente os direitos humanos de acordo com toda a abrangência sócio-cultural do termo.

Nesse quadro o discurso de Maduro em nome da Venezuela Bolivariana, foi oportuno e sensível, ressaltando para além do facto da Venezuela jamais poder ser uma ameaça aos Estados Unidos (contrariando assim o Decreto do Presidente Barack Hussein Obama), estar toda a América Latina empenhada, desde 2005, em prol de avanços que só se puderam alcançar pondo cobro ao neo liberalismo, assumindo uma maior democratização vocacionada à participação popular, contrariando o espectro da pobreza dando luta às desigualdades, possibilitando uma maior distribuição da riqueza e inibindo o manancial doutrinário e ideológico ultraconservador com que se haviam antes municiado e barricado as oligarquias latino americanas, tendo como referência a sua “representatividade” no que ao exercício de poder diz respeito.

O discurso contundente da Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, focou a ocupação das Malvinas e das políticas sincronizadas de Obama e Cameron em conformidade, ou seja no sentido de potenciar divisões no espaço latino-americano, incluindo por via de processos de desestabilização e derrube de governos eleitos em processos democráticos.

A América Latina luta também contra os resquícios coloniais do império!

Esta ênfase foi reiterada pelos Presidentes de Cuba, da Venezuela, da Bolívia e do Equador que se referiram ainda às ingerências de carácter económico, bem como à apropriação de recursos estratégicos, no rescaldo da ALCA que foi tentada entre 1994 e 2005, na sequência da implosão Soviética, do desaparecimento dos países socialistas da Europa e do derrube do muro de Berlim.

A Mensagem do Para Francisco à VIIª Cimeira traduz a opção pelos povos; no seu conteúdo o Papa adianta:

“El mayor reto que tiene el mundo hoy es el de globalizar la fraternidad y la solidaridad, no la discriminación y la indiferencia. Sin la distribución equitativa de la riqueza no pueden resolverse los males de la sociedad”…

“Aún muchos pobres recogen las migajas que caen de la mesa de los ricos. Los convoco a realizar acciones directas en pos de las más desfavorecidos, a que la atención en el seno de las familias sea prioritaria para los gobernantes”…

“Los esfuerzos por tender puentes y buscar entendimiento nunca son vanos”…
  
7 – A Pátria Grande foi assumida e os latino-americanos podem começar a afirmar com justeza que “temos Pátria Grande”, ou que “Pátria Grande somos todos nós”!

A plataforma de “Pátria Grande” foi estendida para além da Cimeira de Chefes de Estado, com a realização de fóruns sociais, de direitos humanos, de direitos dos povos indígenas, onde muitos assuntos relacionados com as múltiplas identidades, com a libertação dos povos, com a riqueza dos processos de independência, soberania e de integração foram discutidos, avaliados e projectados.

As administrações dos Estados Unidos e do Canadá retiraram-se antes dos discursos de muitos dignitários latino-americanos, impedindo assim um Relatório final da VIIª Cimeira, ao mesmo tempo que ONGs vinculadas aos respectivos sistemas de inteligência, contrastaram no seu labor, com a plataforma da Pátria Grande, procurando desvirtuá-la, confundi-la, ou subvertê-la nos propósitos inerentes à sua essência.

Quer Cuba, quer a Venezuela denunciaram as partes de sua competência e de forma a salvaguardar a expressão efectiva da Pátria Grande, algo que vale a pena abordar em sequência, mas importa desde já realçar que nem as bases militares, nem a artificiosa “sociedade civil” presa aos tentáculos da USAID e da NED, cada vez mais identificadas na sua manobra perante os povos, são já suficientes para quebrar o ânimo eu todos estão a depositar na Pátria Grande!

“A insurgência no hemisfério cristão ocidental”, vigorosa nesta VIIª Cimeira das Américas, por via da substância integradora que vai dando fulgor à construção da Pátria Grande, está em dialéctica contradição com a doutrina cristã ultraconservadora que se propõe à iniciativa de dividir e dividir, para que 1% melhor possa reinar e, apesar da ausência dos Estados Unidos e do Canadá em relação a parte dos discursos de alguns dignitários das Américas, nem mesmo isso poderá levar a que os dois representantes máximos desses países em muitos assuntos de interesse comum tenham que efectivamente que optar pelo interesse comum.

Um sinal evidente nesse sentido, apesar da permanência de mais de 50 bases militares norte-americanas espalhadas por todo o espaço latino-americano, é a insistência para a construção da paz na Colômbia, sob mediação cubana.

Com o sistema de agentes do império remetidos para uma defensiva porfiada, a geometria variável das tensões, conflitos e guerras que ainda perduram nas Américas estão e um nível de guerra psicológica de média-baixa intensidade, incluindo por dentro das complexas e multifacetadas sociedades estadunidenses e canadiana, que não estão imunes a tal.

A partir desta VIIª Cimeira das Américas, “a insurgência no hemisfério cristão ocidental” tem pernas para que muito do que diz respeito ao passado não se volte mais a repetir nos termos do que se fez sentir nesse passado.

Não será essa uma razão suficiente da oportuna visita do Papa Francisco aos Estados Unidos, passando previamente por Cuba?

Foto: frente a frente entre Delegações de Cuba e dos Estados Unidos, chefiadas respectivamente por Raul de Castro e Barack Hussein Obama.

A consultar: 
. En la Cumbre de Panamá se fortaleció el bloque histórico de América Latina – http://www.correodelorinoco.gob.ve/politica/cumbre-panama-se-fortalecio-bloque-historico-america-latina/ 
. A pior campanha terrorista é a que está a ser orquestrada em Washington – http://pt.euronews.com/2015/04/17/noam-chomsky-a-pior-campanha-terrorista-e-a-que-esta-a-ser-orquestrada-em/ 
. Vinimos a cumplir el mandato de Martí con la libertad conquistada con nuestras propias manos –http://www.granma.cu/cumbre-de-las-americas/2015-04-11/raul-vinimos-a-cumplir-el-mandato-de-marti-con-la-libertad-conquistada-con-nuestras-propias-manos 
. Maduro: Los problemas de los venezolanos los resolvemos de acuerdo a nuestra Constitución –http://www.granma.cu/cumbre-de-las-americas/2015-04-11/maduro-los-problemas-de-los-venezolanos-los-resolvemos-de-acuerdo-a-nuestra-constitucion 
. Cristina Fernández llamó a la sinceridad para discutir los problemas de la región – http://www.granma.cu/cumbre-de-las-americas/2015-04-11/cristina-fernandez-llamo-a-la-sinceridad-para-discutir-los-problemas-de-la-region 
. Correa: La paz no es ausencia de guerra, ya es hora de la segunda independencia – http://www.granma.cu/cumbre-de-las-americas/2015-04-11/correa-la-paz-no-es-ausencia-de-guerra-ya-es-hora-de-la-segunda-independencia 
. Varela espera que la visita del papa a EEUU ayude a levantar embargo a Cuba – http://www.correodelorinoco.gob.ve/multipolaridad/varela-espera-que-visita-papa-a-eeuu-ayude-a-levantar-embargo-a-cuba/

Angola. O BANDITISMO E A RELIGIÃO



José Ribeiro - Jornal de Angola, opinião, em A Palavra do Diretor

A paz e a estabilidade que Angola desfruta há 13 anos permitiram várias conquistas e avanços em todo o país e em várias áreas, particularmente no que ao exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais diz respeito.

O exercício da liberdade de culto e de crença religiosa tem sido uma realidade em Angola há muitos anos, facto que permitiu, sem exagero, o florescimento e reconhecimento de várias denominações religiosas. 

A proliferação de seitas religiosas ilegais constitui entretanto um problema, porque, além de contrariar as leis angolanas, tende sempre a provocar situações imprevisíveis e muitas vezes lesivas dos interesses das comunidades. 

Em Angola há, nos termos da Constituição, garantias de exercício da liberdade de consciência, de crença religiosa, e valores como a tolerância e o respeito pela diferença fazem morada no país. Não podemos permitir que grupos movidos por extremismo religioso coloquem em causa a paz e a estabilidade duramente conquistadas. A ordem e a tranquilidade públicas devem ser protegidas, não devendo haver espaço para actuação de grupos que violam as leis e os usos e costumes do povo angolano.  

O fenómeno da proliferação de seitas religiosas é um problema complexo que tem merecido a atenção das autoridades, que têm procurado, à luz do disposto nas leis angolanas, inviabilizar actividades religiosas não reconhecidas. Os últimos acontecimentos no país, que envolveram a seita denominada “A Luz do Mundo”, devem servir para profundas reflexões sobre o exercício ilegal da liberdade de culto e crença religiosa e sobre a adesão a grupos religiosos que atentam contra as instituições do Estado. Todos devemos retirar as lições que se impõem daqueles acontecimentos.

Sabemos todos da complexidade que existe em lidar com questões ligadas à fé, sobretudo quando exercida à revelia das leis e levadas ao extremo por parte dos seus praticantes. As leis angolanas determinam que as instituições religiosas apenas devem abrir as suas portas aos fiéis depois de as autoridades procederem ao seu reconhecimento. Não é permitido que igrejas ou seitas religiosas, muito menos as suas dissidências, funcionem ilegalmente, arregimentando homens e meios para confrontar as instituições do Estado. O artigo 10º, nº 2, da Lei Fundamental é claro: “O Estado reconhece e respeita as diferentes confissões religiosas, as quais são livres na sua organização e no exercício das suas actividades, desde que as mesmas se conformem com a Constituição e com as leis da República de Angola.”  

As famílias são igualmente chamadas a prestar maior atenção a certas práticas religiosas, evitando aderir a denominações religiosas sem que muitas vezes conheçam os seus dogmas de fé, doutrinas, objectivos e responsabilidade social. As seitas proliferam ali onde há baixo nível de escolaridade e muita pobreza, razão pela qual importa acelerar os esforços para promoção do desenvolvimento económico e social.  Embora a liberdade de consciência, de crença religiosa e de culto seja inviolável, não se podem interpretar as garantias legais do exercício das liberdades religiosas como uma espécie de carta branca para práticas proibidas pelas leis do país. Não é aceitável que, em nome de uma suposta fé e crença, se rejeite a assistência médica e medicamentosa e o acesso ao ensino por parte das crianças.

É importante continuar a investir em esclarecimentos junto das comunidades, estender os ganhos da paz às zonas mais recônditas de Angola, elevar os níveis de escolaridade e evitar que famílias inteiras sejam levadas a praticar actos anti-sociais em nome de uma pretensa fé.

Não devemos permitir que a tolerância, a paz, a estabilidade e os esforços de desenvolvimento sejam perturbados por grupos que praticam actos de banditismo puro, a coberto da religião. Porque estivemos directa ou indirectamente afectados por uma longa guerra, que causou muitas mortes, sabemos do valor da paz e da estabilidade. Num Estado democrático de direito há mecanismos apropriados para as pessoas expressarem as suas opiniões e convicções. Todos os cidadãos têm direitos, mas estão sujeitos aos deveres estabelecidos na Constituição e na lei.

O que aconteceu na Caála, mais precisamente na serra de Sumé, com a seita “A Luz do Mundo”, alerta-nos para a potencialidade de grupos religiosos ilegais praticarem actos contra a vida humana, devendo tomar-se medidas céleres para que preventivamente se evitem acções contrárias às leis.

Angola - Huambo. Seguidores de Kalupeteka voltam a insurgir-se contra a Polícia




Huambo - Um grupo de cidadãos pertencentes à seita religiosa Adventista do Sétimo Dia Luz do Mundo, liderada por José Julino Kalupeteka, atacou na madrugada de hoje, quarta-feira, o posto policial da comuna da Catata, município da Caála, 106 quilómetros a sul da cidade do Huambo.

Em comunicado enviado à Angop, o comando da Polícia Nacional na província informa que os mesmos, em número não determinado, estavam munidos de objectos contundentes e armas de arremesso.

Diante da resposta pronta policial, lê-se na nota, assinada pelo comissário Elias Dumbo Livulo, comandante provincial, foi frustrada a tentativa dos seguidores da seita de Kalupeteka, tendo sido detidos três indivíduos, por resistência às autoridades policiais.

A Polícia Nacional também informa que se registou, segunda-feira, na comuna da Catabola, município do Longonjo, 96 quilómetros a sudoeste da cidade do Huambo, uma outra acção praticada por seguidores desta seita contra agentes da corporação.

A mesma foi consubstanciada no envolvimento de quatro polícias, na povoação de Meke, por 138 seguidores de Kalupeteka, oriundos da localidade de Cusse, município da Caconda, província da Huíla.

Findo o cumprimento da operação de resgate dos polícias que estavam cercados, conclui o comunicado, os líderes do grupo voltaram a incitar a população para atacar com catanas os polícias presentes no local do incidente.

O Comando da Polícia Nacional na província do Huambo garante que a situação está controlada, mas apela à população a estar calma e a denunciar qualquer movimentação dos seguidores da seita religiosa, cujo objecto central implantar o coas e o terror nas comunidades.

Angop

Angola. POLÍCIA NACIONAL À CAÇA DA SEITA “A LUZ DO MUNDO”




Ambrósio de Lemos pretende encontrar-se com membros da seita refugiados no Lubango

Teodoro Albano – Voz da América

O comandante-geral da Polícia Nacional garantiu no Lubango hoje, 22, um combate sem tréguas à seita religiosa A Luz do Mundo.O comissário-geral Ambrósio de Lemos disse que a grande prioridade da corporação é desmantelar a seita e libertar as populações por ela detidas.

Ambrósio de Lemos reafirmou no Lubango, a detenção de sete a oito dirigentes da seita, inclusive o líder, José Julino Kalupeteca.- Voz da América

“Nós não vamos dar tréguas a estes elementos. Os cabeças em todos os locais, onde estiverem os cabeças vão ser apanhados para serem entregues à justiça e a população liberta”, garantiu Lemos, que não confirma as informações que apontam para a morte de 700 pessoas da seita A Luz do Mundo pelas mãos da polícia.

“Não, não confirmo não há qualquer realidade sobre isto”, reiterou categoricamente.

Durante a sua visita de dois dias ao Lubango, para além de orientar um encontro dos membros do Conselho Consultivo do Ministério do Interior local, Ambrósio Lemos  tem prevista uma reunião com comunidades da seita A Luz do Mundo concentradas num lar de acolhimento na cidade.

Angola. ATIVISTAS PROMETEM PROCESSAR A GOVERNADORA DE CABINDA



Manuel José – Voz da América

Um grupo de activistas cívicos de Cabinda pretende abrir um processo crime contra a governadora Aldina da Lomba Catembo, por alegados atropelos na sua governação. Segundo os activistas, a governadora é a mentora da prisão dos activistas José Marcos Mavungo e Arão Tempo.

Cabinda, Alexandre Cuanga, a governadora tem se feito valer do cargo, para exercer abuso de poder contra os activistas por isso ponderam abrir um processo crime contra Aldina da Lomba Catembo.

"As nossas manifestações cumprem os pressupostos legais de acordo com a Constituição, mas quem tem impedido é a governadora Aldina da Lomba, vamos processá-la, estamos a estudar os trâmites e vamos avançar com um processo crime contra a governadora", garantiu.

Alexandre Cuanga revelou que o estado de saúde dos dois activistas cívicos presos está a agravar-se: "O estado de saúde de Marcos Mavungo e Arao Tempo é precária, Mavungo está com problemas cardiovasculares, estava no hospital nem cumpriu o tratamento e voltou à cadeia, o Dr. Arão Tempo está com problemas de tensão alta".

Cuanga que também esteve preso durante seis dias e contou que as condições da cela da Direcção de Investigação Criminal são desumanas. “Os presos comem e fazem as suas necessidades fisiológicas no mesmo lugar, uma situação vergonhosa", concluiu.

Angola. UNITA fala em "chacina" no confronto entre polícia e seguidores de seita




O secretário-geral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) classificou hoje como uma "chacina" os recentes confrontos entre membros de uma seita religiosa e efetivos da polícia, no Huambo, com várias mortes de ambas as partes

A posição foi assumida por Vitorino Nhany, em conferência de imprensa realizada em Luanda, convocada para abordar os acontecimentos à volta de seita religiosa "A Luz do Mundo", também conhecida por Kalupeteca, nome do seu líder.

Uma delegação de deputados da UNITA, o maior partido da oposição em Angola, está desde hoje naquela província, para confrontar as famílias enlutadas com as informações oficiais.

Em causa está a morte de nove polícias e de 13 elementos da seita religiosa, a 16 de abril, no município da Caála. Os agentes, na versão policial, entraram em confronto na tentativa de capturar Julino Kalupeteca, líder da seita, ilegal e que advoga o fim do mundo em 2015.

"O que se passa na província do Huambo é um autêntico terror, uma chacina, um genocídio, o que é condenável a todos os títulos", referiu Vitorino Nhany, comentando informações da população local que apontam para a alegada morte de mais de 700 pessoas, versão negada pela polícia.

"Só uma investigação séria e isenta poderá determinar os factos que realmente terão ocorrido na Serra do Sumi na passada semana", disse ainda o político.

Em comunicado, o Governo Provincial do Huambo acusou terça-feira a UNITA de ter orquestrado um plano político para ser executado pela seita "A Luz do Mundo".

No documento, as autoridades provinciais referem que o plano "com muitos traços que identificam a atuação política da UNITA" tinha como objetivo levar as populações a abandonarem as suas residências, para se fixarem nas matas, sobretudo nas ex-bases militares daquela força política.

O governo do Huambo afirma ainda que no âmbito do mandado de captura, emitido pela Procuradoria-Geral da República, as autoridades encontraram no morro do Sumé - local do acampamento da seita - "muito material de propaganda da UNITA, incluindo cartões de membros dessa organização, recentemente emitidos e assinados pelo seu secretário provincial, Liberty Chiyaka".

Declarações anteriores de alguns dirigentes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, e a divulgação de imagens de material de propaganda daquele partido no acampamento da seita, levaram a UNITA a negar, em comunicado, qualquer envolvimento nos confrontos.

A direção do partido liderado por Isaías Samakuva manifestou mesmo "revolta pelas tentativas de envolvimento do nome da UNITA numa situação que nada tem a ver com ela", considerando-as "irresponsáveis, descontextualizadas e imbuídas de má-fé".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Angola. DECRETEM O FIM DA UNITA!




O Governo Provincial do Huambo, liderado por Kundy Paihama, o influente político do regime que sempre disse que no país existiam dois tipos de pessoas – os angolanos e os kwachas, acusou a UNITA de ter orquestrado um plano político para ser executado pela seita “Sétimo Dia a Luz do Mundo”.

Orlando Castro

Nem nisto o MPLA conseguiu ir além do que se previa e que aqui foi denunciado. É, aliás, uma estratégia que faz parte do ADN do regime. O plano consistia em levar as populações a abandonarem as suas residências, para se fixarem nas matas, sobretudo nas ex-bases militares da UNITA.

Estaria a UNITA, presume a brilhante (de)mente de Kundy Paihama e seus sipaios, a preparar um exército de cerca de quatro mil pessoas (incluindo mulheres e crianças), tantos são os simpatizantes da seita, também conhecida por “Kalupeteca”.

Num comunicado enviado à Angop, o governo provincial explica que a referida seita, aproveitando-se da fé dos seus seguidores, meteu em marcha um plano político bem orquestrado e orientado, com muitos traços que identificam a actuação política da UNITA.
Kundy Paihama, embora continue a honrar a boçalidade que sempre o caracterizou, já não é o que era. Nos seus bons tempos teria com certeza dito que os seguidores da “Kalupeteca” acreditam que Jonas Savimbi está vivo.

Lembra o regime que no âmbito da execução do mandato de captura, emitido pela Procuradoria-Geral da República, as autoridades policiais encontraram no morro do Sumé muito material de propaganda da UNITA, incluindo cartões de membros dessa organização, recentemente emitidos e assinados pelo seu secretário provincial, Liberty Chiayaka.

Convenhamos que, como é regra de ouro da democracia norte-coreana que vigora no nosso país, ter cartão de membro da UNITA é só por si um crime contra a segurança do Estado e, é claro, um inequívoco indício de terrorismo.

“Paradoxalmente, a UNITA leva a cabo uma propaganda hipócrita, enganosa e mentirosa de que foi o Governo quem deixou e plantou o material de propaganda, através de um helicóptero, quando, de facto, este aparelho só se deslocou ao Sumé dois dias depois do sucedido”, lê-se no documento.

E, convenhamos também, alguma vez o regime era capaz de uma coisa dessas? Claro que não. Citando de novo Kundy Paihama, todos sabemos que, por exemplo, as armas em posse dos militantes do MPLA “são para caçar”, “o mesmo não se podendo dizer das que estão nas mãos dos adeptos da UNITA”.

A UNITA, prossegue o comunicado do regime, é que protagoniza, de facto, acções de intolerância política, muitas delas de carácter subversivo, acusando o Governo das responsabilidades dos seus próprios actos.

O Governo da Província do Huambo afirma que, no âmbito das suas responsabilidades e diante dos acontecimentos, priorizou as exéquias dos agentes da autoridade, devidamente identificados, deixando para posterior a identificação e o enterro dos elementos que se envolveram nas acções contra a polícia, de que resultou na morte de treze deles.

Assim, comunica a todas as pessoas que eventualmente tenham algum membro da sua família envolvido na troca de tiros, que vitimou mortalmente efectivos da polícia, no sentido de dirigirem-se à casa mortuária do Hospital Geral do Huambo, para possível identificação dos cadáveres recolhidos no local até as 12 horas do dia 23 deste mês, para a realização dos funerais.

Conclui alertando, mais uma vez, a população e os religiosos, em particular, para a vigilância e obediência aos órgãos de Defesa e Segurança, devendo denunciar oportunamente quaisquer intentos contra a ordem pública, a paz e unidade nacional.

Entretanto, o líder da bancada parlamentar da UNITA revelou que mais de 700 pessoas terão morrido em conflitos na passada quinta-feira, dia 16, entre a polícia e seguidos da “Kalupeteca”.

Mas como é que isso é possível, se a Polícia Nacional (do MPLA) fala em apenas 13 civis mortos? Provavelmente o método de contagem é o mesmo que o MPLA adoptou no 27 de Maio de 1977. Enquanto uns falam em cerca de 80 mil, a versão oficial aponta para poucos milhares, havendo mesmo quem diga que esse massacre nunca existiu.

Folha 8 (ao)

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JACOB ZUMA E O GOVERNO DA ÁFRICA DO SUL TRAEM NELSON MANDELA




Corre em notícia separada deste compacto que diz: ÁFRICA DO SUL MOBILIZA EXÉRCITO CONTRA VIOLÊNCIA XENÓFOBA. Tardiamente o presidente Zuma e o governo chegaram à conclusão de que era necessário recorrer ao exército para conter os xenófonos que vergonhosamente traíram a conduta e os ensinamentos de Mandela. A demora da mobilização do exército custou a vida a pelo menos quatro moçambicanos e o terror e estabilidade de milhares de africanos de diversos países que fizeram da África do Sul a sua segunda Pátria naquilo que julgavam ser a paz de Mandela.

O presidente Zuma e o governo sul-africano têm toda a responsabilidade nas mortes e na fuga aterrorizada dos africanos que tiveram de regressar aos seus países e que ali agora vão ter de refazer a sua vida com todas as dificuldades inerentes. Presidente e governo devem desculpas e indemnizações aos escorraçados da África do Sul. Devem explicações a todos os cidadãos sul-africanos que reprovaram a onda de xenofobia, às vítimas, às nações de África cujos cidadãos foram vitimados, a explicação por que tão tardiamente tomaram as medidas adequadas para conter a onda xenófoba. Devem igualmente a apresentação de desculpas a todos.

Não se compreende a lentidão que presidente e governo demonstraram para controlar os xenófobos acontecimentos. Logo nas primeiras horas se percebeu que a polícia não ia conseguir conter devidamente o terror nem os assassinatos ocorridos. Nada disto aconteceria com Mandela no cargo de Zuma, nem o governo ficaria a dormir as sestas enquanto imigrantes era assassinados, casas e lojas pilhadas com o terror à solta. O que o governo e Zuma fizeram foi trair, como os xenófobos, os ideais, a conduta e os ensinamentos de Mandela. O próprio ANC não sai impune de toda esta onda terrível e horrível que envergonhou e envergonha o país e a maioria dos cidadãos sul-africanos.

Redação PG

SEISCENTAS VÍTIMAS DE VOLTA

Fernando Fazenda, embaixador moçambicano na África do Sul, disse esta terça-feira ao
Notícias que as vítimas, por sinal o segundo grupo, constituem o número mais alargado a ser repatriado, numa operação coordenada pelas autoridades moçambicanas.

O referido grupo deixara ainda esta terça-feira aquele país e já em solo pátrio será encaminhado ao centro provisório de acolhimento aberto em Boane, na província de Maputo, sul de Moçambique.

O primeiro grupo de repatriados foi de 107 moçambicanos que já foram encaminhados às suas zonas de origem.

Continuamos a apelar às pessoas a voltarem ao país porque a situação mantem-se tensa, embora haja sinais de abrandamento dos ataques. Não podemos tirar conclusões precipitadas de que a situação está calma, isto após a cerimónia dirigida pelo rei zulu, Goodwill Zwelithini, na qual declarou guerra à xenofobia, disse o embaixador. Embora a situação seja diferente da das primeiras semanas, vamos esperar para ver o que é que isto vai dar. Enquanto isso prosseguimos com as nossas acções de ajuda aos nossos concidadãos no sentido de voltarem para casa, porque essa é a melhor opção sublinhou o diplomata.

A onda de violência xenófoba na África do Sul, que teve como epicentro a cidade de Durban, obrigou milhares de moçambicanos a refugiarem-se em três centros, tendo algumas centenas preferido regressar a Moçambique. Três moçambicanos foram mortos por sul-africanos xenófobos.


(AIM) FF

DETIDO QUARTO SUSPEITO NO ASSASSINATO DE SITHOLE

Damasco Mate, cônsul moçambicano em Joanesburgo, que confirmou a informação ao
Notícias, precisa que o quarteto foi esta terca-feira encaminhado a um juiz no Tribunal de Alexandra para os primeiros interrogatórios.

A detenção dos supostos assassinos aconteceu depois que a Polícia sul-africana anunciou uma recompensa de até R100.000,00 para quem fornecesse informações relevantes que pudessem levar à prisão e condenação dos autores da bárbara morte do moçambicano.

Emmanuel Sithole, de 35 anos, perdeu a vida pouco tempo depois de ser esfaqueado por quatro protagonistas de actos xenófobos que viram a sua identificação e detenção facilitada pelas imagens captadas pelo fotógrafo do
Sunday Times James Oatway, que reportou toda a cena, antes de socorrer a vítima para o hospital, onde viria a perder a vida.

Quanto ao funeral da vítima Mate disse que os familiares prontificaram-se a assumir as despesas da transladação do corpo para a sua terra natal Múxunguè, província de Sofala, centro de Moçambique. No entanto, nenhuma decisão definitiva foi ainda tomada pelos parentes sobre a vontade de realizar o funeral do finado em território sul-africano.

Eles aguardam pelos resultados da primeira audição em tribunal para tomar uma posição definitiva. Contudo, mesmo o nosso apoio estando disponível, eles manifestam capacidade financeira para transladar o corpo disse.

Num outro desenvolvimento, Mate referiu que a situação na zona de Joanesburgo tende a melhorar, isto depois dos apelos do rei zulu para que os sul-africanos cessem os ataques contra os estrangeiros.

A situação está de volta à normalidade. Mais do que parar com os ataques aos cidadãos estrangeiros, a RAS (República da África do Sul) precisa refazer a sua imagem, daí que todo o esforço neste momento está centrado em reverter a situação que durante três semanas semeou terror nas pessoas disse.

(AIM) FF

MAIS DE 1.500 MOÇAMBICANOS JÁ REGRESSARAM AO PAÍS


Maputo, 21 Abr (AIM)
Mais de 1.500 cidadãos moçambicanos, vítimas da onda de xenofobia na vizinha África do Sul, já regressaram ao país com recurso a meios próprios.

Acresce a este número outras 107 pessoas que regressaram a 18 de Abril corrente através de meios disponibilizados pelo governo.

A informação foi fornecida hoje pelo porta-voz do governo, Mouzinho Saíde, durante o habitual briefing à imprensa no término da 12ª sessão do Conselho de Ministros, que teve lugar em Maputo.

Entre
hoje e amanhã (quarta-feira) esperamos mais 400 cidadãos que devem regressar ao país e estão criadas todas as condições para os receber condignamente e depois encaminha-los aos seus locais de origem
, revelou o porta-voz.

Segundo Saíde, o governo, através das suas missões diplomáticas e consulares na África do Sul, está a monitorar a situação e assistir os afectados nos centros de acomodação, bem como repatriar todos aqueles que desejam regressar ao país.

Aliás, o governo enviou o vice-ministro do Interior, José Coimbra, à África do Sul onde teve a oportunidade de dialogar e verificar as condições em que estão a ser acomodadas os concidadãos.

O Conselho de Ministros orientou os governos provinciais e o Instituto de Gestão das Calamidades (INGC) para garantir o devido seguimento e criar condições para a rápida integração e também apela à calma e serenidade dos moçambicanos, conscientes da gravidade da situação que estão a passar na RAS, porque o ciclo de violência não vai ajudar, pois, violência gera violência, sublinhou.

Nesta sessão, o governo também teve a oportunidade de acompanhar o curso do diálogo politico com a Renamo, o maior partido da oposição em Mocambique, que esta segunda-feira realizou a 102ª ronda. O governo reiterou a sua confiança nos mediadores nacionais
pelas suas iniciativas em prol da consolidação da paz.

O governo encorajou também os peritos militares no sentido de priorizarem a preparação para o enquadramento das forças residuais da Renamo nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e na Polícia. A próxima ronda está marcada para 27 de Abril corrente.

Ainda na sessão desta terça-feira, o Conselho de Ministros recebeu informação sobre os preparativos das festividades do 1 de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores. As festividades serão lançadas no próximo dia 23 de Abril e as cerimónias centrais terão lugar em Maputo.

Na ocasião, foram também apresentadas informações sobre o processo de reassentamento das cerca de seis mil pessoas residentes no interior do parque Nacional do Limpopo e sobre o estado de saúde do antigo chefe de Estado moçambicano, Joaquim Chissano, que se encontra internado no hospital Militar de Pretória desde 13 de Abril corrente, padecendo de uma infecção gastro-intestinal.

O porta-voz garantiu que o estado de saúde de Chissano
é satisfatório, desmentindo informações postas a circular, via mensagens SMS, alegando que o antigo presidente moçambicano estaria gravemente doente.

(AIM) DT/sg

AMEAÇA DE RETORNO A GUERRA AFASTA CAMPONESES DAS MACHAMBAS EM TSANGANO




MAPUTO, 21 ABR. (AIM) Camponeses do distrito de Tsangano, na província central de Tete, justificam a sua fraca participação da presente campanha agrícola alegando que o discurso do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que indicia a eventualidade de retorno à guerra e a movimentação de homens armados afastaram-lhes das machambas.

Os camponeses advertem sobre o risco de uma crise alimentar, devido à fraca participação das pessoas na presente campanha agrícola, situação que poderá ser agravada pelas constantes deslocações das pessoas à procura de zonas mais seguras nos próximos tempos, caso os homens da Renamo não sejam desarmados.

Estamos inseguros e muitos de nós preferimos não ir a machamba, ficar em casa, porque tememos cruzar com os homens da Renamo, que já queimaram casas e raptaram alguns líderes comunitários na localidade de Chibaene, disse um camponês, citado na edição de hoje do jornal Noticias.

Falando num comício orientado pelo governador de Tete, Paulo Auade, os populares disseram que os homens da Renamo, para além de se apoderarem indevidamente de produtos alimentares dos camponeses, surripiam também dinheiro e electrodomésticos, principalmente aparelhos sonoros, nas comunidades por onde passam.

Segundo os populares, aquando da sua recente passagem por Tsangano, o líder da Renamo ameaçou
escorraçar a administradora e os membros do Governo distrital, e tomar o poder.

Estas ameaças, segundo a fonte, obrigam a população a equacionar a possibilidade de abandonar a região e refugiar-se no vizinho Malawi, à semelhança do que aconteceu na guerra de desestabilização dos 16 anos, em que muitos aldeões da zona passaram a maior parte da sua vida naquele país vizinho.

A movimentação permanente de homens armados da Renamo nas povoações do distrito sinaliza preparativos do eventual retorno à guerra, disseram.

O Governador Paulo Auade sossegou os cidadãos presentes afirmando que o Governo central está a envidar esforços para trazer uma paz definitiva para o país, tendo em vista o rápido desenvolvimento socioeconómico nacional.

Não fiquem com medo, essas ameaças (de Dhlakama e seu partido) um dia vão terminar. Continuem a trabalhar nas vossas machambas. Circulem à vontade e procurem sempre na medida do possível conhecer bem as visitas que escalam as vossas comunidades, apelou o governante.

Devido as ameaças de retorno a guerra a governadora da província de Gaza, Stella Pinto Zeca, trabalhou sexta-feira nas aldeias de Maimane e Nhamboze, no posto administrativo de Nalaze, no distrito de Guijá, onde apelou às cerca de 50 famílias ali refugiadas para regressarem às suas comunidades, pelo facto de finalmente se ter restabelecido a paz e tranquilidade na zona.

Os aldeões abandonaram as suas casas na sequência dos ataques perpetrados por homens armados da Renamo contra posições das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) estacionadas no local.

Segundo a Stella Zeca, uma vez restabelecida a tranquilidade, o Governo vai assumir e cumprir as suas obrigações de garantir as necessárias condições para que os camponeses possam rapidamente retomar as suas actividades normais, designadamente a produção agrícola e pecuária.

Quando a população se encontra numa situação de insegurança, nós, temos de garantir a sua segurança e protecção para que ela possa trabalhar num ambiente sereno e tranquilo, sem nenhuma perturbação, disse a governadora de Gaza.

Cerca de 300 crianças do posto administrativo de Nalaze foram obrigadas a abandonar as aulas por causa da presença dos homens armados da Renamo na zona.

Na ocasião, Stella Pinto Zeca disse ter ido a Guijá para estudar com as autoridades locais as melhores formas para garantir o retorno voluntário, porém, organizado da população deslocada, para que possa retomar paulatinamente as suas actividades nos seus locais de origem.

(AIM) MAD/SG

NYUSI QUER POPULAÇÃO FOCADA NO DESENVOLVIMENTO E NÃO NA DIVISÃO DO PAÍS



Anacleto Mercedes, da AIM

Magude (Moçambique), 21 Abr (AIM)
O Chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, exortou hoje, aos cidadãos a não perderem tempo discutindo a divisão do país, ganho e conquistado com muito sacrifício, mas sim devem ganhar este mesmo tempo discutindo como produzir mais comida, construir mais escolas, mais estradas e desenvolver o país.

Nyusi dirigia-se à população do distrito de Magude, província meridional de Maputo, num comício bastante concorrido, por ocasião da visita de trabalho de quatro dias.

O povo quer comida. O povo quer medicamentos. O povo quer água. O povo quer energia. É nisto que temos que investir o tempo para trabalharmos para o nosso povo e tirar o povo da miséria. É isso que nós devemos fazer. Agora, perder tempo sentado e reunir todos os dias como dividir Moçambique não deve ser agenda dos moçambicanos, disse o Presidente.

Explicando sobre a sua escalada ao distrito, em particular, e à província, em geral, o mais alto magistrado da nação disse que ia agradecer pelo facto de a população lhe ter escolhido e ao seu partido (Frelimo) para a vitória nas eleições de Outubro de 2014.

Outro objectivo foi de levar consigo uma mensagem
muito simples, que se resume apenas em paz, unidade (nacional) e o desenvolvimento.

É esta mensagem, de esperança, que trago para a população de Magude. Com estas três palavras, resolveremos o problema dos moçambicanos. Então, pedimos para que nos dêem tempo para concentrarmo-nos e resolvermos estes problemas, do que discutir parcelar uma nação. É isto que nós queremos fazer, sublinhou.

Em relação à paz, o estadista destacou a pertinência de sua preservação, visto que sem a mesma nada se pode fazer: não se pode produzir comida, não se podem construir infra-estruturas sociais, entre outros aspectos de interesse comum.

Explicando o sentido da paz, ele disse não se tratar apenas de não disparar contra outra pessoa, mas também harmonia, amizade e um convívio entre os homens.

Assim, os povos moçambicanos têm que estar sempre em paz, com uma vida sempre em paz, comunhão e harmonia entre cada um dos cidadãos.

Isto que está a acontecer, agora, na África do Sul, de andar a perseguir irmãos doutros países é falta de paz. É falta de paz também quando vamos dormir e não sabemos se o nosso gado, que está no curral, quando acordarmos estará ali, ou haverá alguém que virá roubar. Quando rouba e intranquiliza-nos, não estamos em paz, referiu.

Nyusi explicou que não se está em paz também quando se discute por causa da terra, porque esta pertence a todos os moçambicanos, é um bem comum.

Por isso, aproveitou a oportunidade e apelou a todos a protegerem a paz, alimentando-a.

E, no seu entender, a paz alimenta-se conversando, sorrindo, entendendo, perdoando e tolerando.

No concernente à unidade nacional, o Presidente destacou igualmente a necessidade da sua continuidade, pois, da mesma maneira que, unido, o povo moçambicano libertou o país do jugo colonial português, unido, este mesmo povo pode continuar a desenvolver o país.

Sobre o desenvolvimento, o terceiro aspecto na sua mensagem, Nyusi preferiu deixar ao critério dos presentes, para que estes, através das suas contribuições, pudessem dizer como é que o governo deve agir e que acções deve levar a cabo para o progresso do país, rumo ao bem-estar de todos.

Esta população, que, mesmo debaixo de chuva que se fazia sentir em Magude, acorreu ao local do comício, pediu para que o governo de Nyusi tomasse em conta as suas preocupações, pois, elegeu-o na esperança de ver os seus problemas resolvidos, nomeadamente a expansão do abastecimento de água potável, rede eléctrica e de telefonia móvel, melhoramento do sistema de transportes, serviços de saúde, educação, entre outros.

Temos fome aqui. Não nos pergunte por que tanta fome, enquanto somos um dos maiores criadores de gado, pois, nem todos somos criadores de gado. Se digo que temos fome, refiro-me aos pobres, disse Afonso Manhique.

Hortência Matias começou por agradecer ao governo pelo desenvolvimento que a província tem vindo a registar, em particular o distrito de Magude. Aqui, Matias enalteceu o facto de o distrito ter água, energia, estrada, e outros bens comuns.

Também pediu ao governo para melhorar a qualidade do sinal de televisão. Não obstante haver água, em Magude, a fonte disse não estar totalmente satisfeita, porque a mesma é salobre.

Assim, Matias pediu ao Presidente para ajudar a criar condições para a construção de uma represa, visando abastecer o distrito em água potável com melhor qualidade.

Jonas Baloi reconheceu que o governo local não dispõe de meios para responder a todos os desafios. Assim, pediu ao governo central para que crie melhores condições para o ensino das crianças, uma vez que algumas delas estudam debaixo das árvores e sentadas no chão.

Baloi lembrou que enquanto candidato, o Presidente prometeu construir uma ponte sobre o rio Incomáti. E, por isso, pediu para que esta promessa seja cumprida.

Em resposta a estas questões, tal como disse primeiramente, Nyusi prometeu resolver os problemas, mas disse precisar de tempo para concentrar-se de forma a resolvê-los.

Nesta deslocação à província de Maputo, o Chefe do Estado moçambicano, faz-se acompanhar pela sua esposa, Isaura Nyusi; ministros da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita Namashulua; do Interior, Jaime Basílio Monteiro; Indústria e Comércio, Ernesto Tonela; e pelos Vice - Ministros da Juventude e Desportos, Ana Flávia de Azinheira; Agricultura e Segurança Alimentar, Luísa Meque e quadros da Presidência da República.

Durante a visita, o Presidente deverá escalar ainda os distritos de Manhiça, Marracuene, Namaacha e cidade da Matola.


(AIM) ALM/

Carnificina rodoviária casou mais 29 óbitos na semana passada em Moçambique



Intasse Sitoe  - Verdade (mz

os condutores não habilitados para se fazerem ao volante, na sua maioria jovens, continuam a causar mortes e alguns deles não prestam assistência às vítimas, algumas das quais têm sido abandonadas à sua sorte, segundo as autoridades policiais, que afirmam terem registado, na semana finda, 29 óbitos, 81 feridos, entre graves e ligeiros, em consequência de 39 acidentes de viação.

Segundo 18 indivíduos foram presos por condução ilegal. O número 17 do artigo 127 do Código da Estrada diz que este crime é punido com “pena de prisão de três dias a seis meses e multa de cinco mil meticais”.

Na semana anterior a que nos referimos, a sinistralidade rodoviária mantou pelo menos 34 cidadãos e feriu outros 85, entre graves e ligeiros, num total de 44 acidentes.

Pedro Cossa, porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), disse à Imprensa, em Maputo, a indisciplina dos automobilistas continua preocupante, facto consubstanciado pela ocorrência de 20 atropelamentos, 11 choques entre carros, seis despistes e capotamento e três casos de má travessia de peões, para além do habitual excesso de velocidade e condução sob o efeito de álcool, que levou à detenção de 143 pessoas.

Para além deste grupo de automobilistas, há aqueles que constantemente transformam algumas vias das estradas em pistas para a prática de manobras perigosas idênticas às da Fórmula 1.

No âmbito do combate a infracções, a Polícia de Trânsito (PT) fiscalizou 33.973 veículos, dos quais apreendeu 54 por diversas irregularidades.

ÁFRICA DO SUL MOBILIZA EXÉRCITO CONTRA VIOLÊNCIA XENÓFOBA




Ministra da Defesa sul-africana diz que militares vão ser destacados para manter a ordem em Alexandra, no subúrbio de Johanesburgo. Nas últimas semanas, ataques causaram sete mortes e a fuga de milhares de estrangeiros.

O governo sul-africano anunciou nesta terça-feira (21/04) que vai mobilizar o Exército para combater a onda de violência xenófoba, que atinge as regiões de Johanesburgo e Durban há 15 dias, já deixou pelo menos sete mortos e forçou milhares a deixarem suas casas.

"O Exército é a última linha de defesa e será utilizado como força de dissuasão contra a criminalidade", afirmou a ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, durante visita a Alexandra.

A cidade de Alexandra, nos arredores de Johanesburgo, é um dos principais locais afetados pela onda de violência contra imigrantes, sobretudo os provenientes de outros países do africanos.

Inicialmente, os soldados deverão ficar apenas em Alexandra, mas poderão ser enviados para outras áreas, como a província de KwaZulu-Natal. A região, que tem Durban como capital, é desde março palco de atos de xenofobia.

No sábado, um moçambicano foi morto em Alexandra e na madrugada desta terça-feira um casal do Zimbábue foi atacado na cidade. Nas últimas semanas, imigrantes foram apedrejados e queimados vivos.

A África do Sul tem uma população de cerca de 52 milhões de pessoas, sendo cerca de 5 milhões de imigrantes, em sua maioria de outros países do continente africano.

Apesar de uma economia relativamente bem sucedida, o país sofre com desemprego de 25%, e críticos da imigração afirmam que os trabalhadores estrangeiros tiram o emprego e as oportunidades dos nativos.

FC/afp/rtr/lusa – Deutsche Welle

ABUSOS NA INDÚSTRIA DO BANGLADESH CONTINUAM, ONG




Quase dois anos após o desabamento do complexo têxtil Rana Plaza, condições de trabalho no setor de vestuário permanecem precárias e degradantes no país, mostra relatório da Human Rights Watch.

O desabamento do complexo têxtil Rana Plaza, em 24 de abril de 2013, chamou atenção internacional para as condições de trabalho precárias e degradantes na indústria de vestuário em Bangladesh. Quase dois anos após a tragédia, a situação pouco mudou, segundo mostra um relatório da Human Rights Watch apresentado nesta quarta-feira (22/04), em Daca.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos, os trabalhadores do setor sofrem abusos como agressões verbais, intimidações, assédio sexual e horas extras forçadas. Além disso, têm direitos como licença maternidade negados e convivem com salários atrasados ou pagos parcialmente. A maioria dos empregados dessas fábricas são mulheres, enquanto os gerentes são homens.

O documento de 78 páginas foi baseado em entrevistas com mais de 160 trabalhadores em 44 fábricas no país do sul da Ásia. Muitas são fornecedoras de vestuário para marcas famosas na América do Norte, Europa e Austrália.

Bangladesh sob pressão

Phil Robertson, vice-diretor da seção da Human Rights Watch na Ásia, pediu ao governo de Bangladesh e a varejistas estrangeiros que assegurem que proprietários e administradores das fábricas respeitem os direitos trabalhistas.

O governo de Bangladesh está sob pressão para melhorar as condições trabalhistas de sua indústria de vestuário desde que o setor viveu seu pior desastre, no desabamento do complexo têxtil Rana Plaza. O prédio havia sido construído ilegalmente nos arredores de Daca, capital de Bangladesh, e abrigava cinco fábricas de vestuário. O desastre matou 1.127 pessoas e deixou aproximadamente 2.500 feridos.

Bangladesh tem 5 mil fábricas de vestuário que empregam 4 milhões de pessoas e cujo faturamento com exportação, principalmente para EUA e Europa, ultrapassa os 20 bilhões de dólares por ano.

MD/ap/dpa - Deutsche Welle

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