segunda-feira, 22 de junho de 2015

PARLAMENTO GREGO VAI DISCUTIR SUSPENSÃO DO PAGAMENTO DA DÍVIDA




49 deputados do Syriza assinam uma carta dirigida à presidente do Parlamento grego a propor que o plenário debata as conclusões da Comissão de Auditoria e Verdade sobre a Dívida Grega e tome as medidas adequadas para a anulação de boa parte da dívida grega.

O grupo de deputados que constitui um terço da bancada do Syriza propõe a Zoe Konstantopoulou que todos os deputados possam discutir o relatório preliminar da auditoria à dívida apresentado esta semana. O relatório dirigido por Eric Toussaint recomenda a suspensão do pagamento e o repúdio de boa parte da dívida contraída na última década, por se tratar de dívida ilegal, ilegítima, odiosa e insustentável.

Nas conclusões do relatório, é dito que a forma como a Grécia foi obrigada a contrair dívida violou não apenas a Constituição do país, como as leis europeias e internacionais e até os próprios estatutos do FMI.

InfoGrécia

TIMOR-LESTE PRECISA DE SETOR DE JUSTIÇA “CREDÍVEL” E DE CONFIANÇA - PM




Díli, 22 jun (Lusa) - O primeiro-ministro timorense disse hoje que as reformas no setor da justiça de Timor-Leste são necessárias para o tornar "credível" e capaz de transmitir confiança, exigindo-se um renovado esforço, com apoio internacional, na formação de quadros judiciais.

"Precisamos de um setor da Justiça credível e que a todos transmita confiança. Necessitamos de proceder a uma reforma capaz de reforçar este setor e consolidar a paz e a estabilidade", afirmou Rui Maria de Araújo.

"É fundamental ter um sistema judicial forte que garanta e proteja os direitos dos cidadãos e permita um desenvolvimento sustentado", disse em Díli.

Rui Maria de Araújo falava na sessão de abertura da XIV Conferência de ministros da Justiça da CPLP, que decorre até terça-feira no salão nobre do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Díli sob o tema da "propriedade da terra como fator de desenvolvimento".

Perante representantes de oito dos Estados membros da CPLP - a Guiné Equatorial não esteve presente - o chefe do Governo timorense reiterou o empenho do seu Governo em avançar com reformas no setor judicial e com o processo de harmonização e uniformização do quadro legislativo.

Medidas, disse, que pretendem garantir "a agilização das questões processuais no âmbito das políticas jurídicas" e uma "justiça mais eficiente e célere" e com mais acesso dos cidadãos.

Além dos anfitriões timorenses, no encontro de hoje estão os ministros da justiça de Cabo Verde, José Carlos Lopes, Moçambique, Abdurremane Lino de Almeida, e de São Tomé e Príncipe, Roberto Pedro Raposo, os secretários de Estado da Justiça de Portugal, António Manuel da Costa Moura, e de Direitos Humanos de Angola, António Bento Bembe e representantes dos outros estados membros da CPLP.

A nível bilateral, os encontros de Díli deverão permitir a Timor-Leste analisar o fortalecimento da cooperação para o setor da justiça com vários países lusófonos, estando em estudo acordos de cooperação com Cabo Verde, Moçambique e Brasil e o renovar da cooperação com Portugal.

"É uma oportunidade para promover o desenvolvimento das relações de cooperação", disse Rui Araújo, com especial destaque para a cooperação bilateral com Portugal.

"Aproveito para agradecer a Portugal os seus esforços na área da justiça, que acredito assumirá, a breve trecho, uma nova fase mais madura", considerou.

Em Lisboa, na semana passada, a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz disse que Portugal e Timor-Leste já estão a trabalhar num projeto de protocolo na área da Justiça que tem como objetivo restabelecer a cooperação entre os dois países.

Rui Araújo destacou, no processo de fortalecimento da justiça, a importância da formação e qualificação, especialmente através do Centro de Formação Jurídica sendo que Timor-Leste, entre estagiários e profissionais de carreira, conta com 34 magistrados judicias, 30 defensores públicos e 132 advogados.

A estes juntam-se ainda sete notários/conservadores e 78 elementos da Polícia Cientifica de Investigação Criminal (PCIC), números "animadores mas ainda não suficientes" o que coloca "grandes desafios" aos Estado timorense.

"O setor da justiça é um pilar crucial e transversal para o desenvolvimento do país a vários níveis. Não nos podemos esquecer que a atuação da justiça e os trâmites dos processos constituem um forte contributo para a perceção da justiça em Timor-Leste", recordou.

"É preciso que impere o bom senso e nunca se perca de vista o todo, ou seja, o interesse nacional", considerou.

ASP // FV.

PM timorense considera essencial resolver problemas da terra para atrair investimento




Díli, 22 jun (Lusa) - Resolver os problemas das propriedades em Timor-Leste é essencial para criar condições de segurança e minimizar o risco para investidores nacionais e internacionais e, por isso, elemento central para o desenvolvimento do país, disse hoje o primeiro-ministro.

"Esta é uma questão crucial para garantir o pleno, equilibrado e duradouro desenvolvimento económico de Timor-Leste, na medida em que incentiva o investimento económico nacional e estrangeiro e o uso sustentável dos recursos naturais, assegurando os interesses do povo timorense e da nação", afirmou Rui Maria de Araújo.

O primeiro-ministro falava na sessão de abertura da XIV Conferência de ministros da Justiça da CPLP, que decorre até terça-feira no salão nobre do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Díli sob o tema da "propriedade da terra como fator de desenvolvimento".

O chefe do Governo aproveitou para reiterar os objetivos da presidência timorense da CPLP, e a ambição de fortalecer o seu cariz global nomeadamente para fortalecer o desenvolvimento económico do bloco lusófono.

A CPLP, disse, deve aproveitar Timor-Leste e a sua posição geoestratégica privilegiada" como plataforma para "potenciar a competitividade da comunidade e abrir as portas à globalização económica".

"Temos que saber aproveitar a nossa comunidade mas também as organizações regionais onde estamos inseridos para atrair investimento. Não teremos empresários interessados em apostar no nosso país, se não garantirmos condições mínimas que assegurem esses investimentos, que trazem crescimento e criam emprego", disse ainda.

Destacando o "potencial económico e gerador de rendimento" da terra e "fator de saída da pobreza", Rui Araújo disse que quer seja utilizada para fins privados ou projetos de interesse nacional, a terra influencia direta ou indiretamente a sociedade no seu todo.

Rui Araújo recordou que, em muitos dos Estados membros da CPLP se tem sentido dificuldades no registo de propriedades, pertença dos antepassados, mas "cuja transferência e apropriação não foi formalmente regularizada".

No tempo colonial, relembrou, houve atribuição direta de muitas terras e, no caso timorense, por exemplo, durante a ocupação "muitos viram as suas terras tomadas e redistribuídas" pretendendo hoje, com o país independente, reclamar os seus direitos.

Situações complexas afetadas por processos como reformas agrárias, expropriações para projetos de desenvolvimento nacional, compensações ou a reversão para o Estado de terrenos que não são reivindicados.

No caso timorense, especificamente, desafios como terrenos agrícolas baseados em direito consuetudinário, terrenos urbanos sem mapeamento e divisão e inequívocos direitos de propriedade" e terrenos que podem ser usados para projetos investimento.

Daí que o Governo esteja a trabalhar em legislação para "regularizar a propriedade da terra", avançando no projeto do Sistema Nacional de Cadastro (SNC), para promover o registo da titularidade e propriedade da terra.

Desenvolvido por um consórcio luso-timorense da ARM-Apprize e GMN-H para a Direção Nacional de Terras e Propriedades do Ministério da Justiça, o SNC está a recolher e a congregar numa base de dados única a identificação das parcelas do país.

"Recolhemos assim os dados para efeitos de identificação de parcelas de terras, resolução de disputas e posterior registo dos títulos assim como tributação do património", referiu.

Até agora o SNC já recolheu informação cadastral completa de 30.500 parcelas em todos os municípios timorenses, devendo atingir as 65.000 parcelas até final do ano, a que se somam cerca de 50 mil migradas de outros sistemas de registo anteriores.

ASP // FV.

TRIBUNAL INDONÉSIO REJEITA RECURSO DE FRANCÊS NO CORREDOR DA MORTE




Jacarta, 22 jun (Lusa) -- Um tribunal indonésio rejeitou hoje o recurso apresentado por um homem francês, condenado à morte por crimes de droga, numa altura em que os advogados de defesa ponderam novos procedimentos.

"Rejeitamos o recurso do requerente", disse o juiz presidente Ujang Abdullah no Tribunal Administrativo estatal, em Jacarta, sobre o recurso apresentado por Serge Atlaoui.

O advogado do homem de 51 anos contestou a recusa de clemência do Presidente indonésio, Joko Widodo, argumentando que o chefe de Estado não tinha analisado de forma apropriada o caso de Atlaoui.

O francês deveria ter sido executado há dois meses com os outros sete estrangeiros, incluindo um brasileiros, também condenados por crimes de droga, mas conseguiu um adiamento temporário na sequência de pressão por parte de Paris, com as autoridades a permitirem que o recurso fosse apresentado.

A execução, em abril, de um brasileiro, dois australianos e quatro nigerianos gerou uma onda de indignação global, mas Widodo mantém a sua política de que os traficantes de droga devem ser duramente punidos, argumentando que a Indonésia enfrenta uma crise profunda devido ao consumo de droga.

ISG // FV.

ONG ALERTA PARA “AGRESSÕES ESCONDIDAS” CONTRA IDOSOS EM MACAU




Macau, China, 22 jun (Lusa) -- A Coligação Anti-Violência Doméstica de Macau manifestou-se hoje preocupada com a agressão contra idosos, dizendo que muitos casos não são denunciados, após um vídeo, em que se vê uma filha bater na mãe, ter alertado as autoridades.

Para Cecilia Ho, que lidera a coligação, o mais importante é perceber os motivos por detrás destas agressões: "Não há serviços de apoio suficientes para os cuidadores como esta filha, que está sob uma grande pressão. Na maioria dos casos, são as mulheres que arcam com estas situações".

Por outro lado, a ativista salientou que "a maioria dos casos não são reportados, são agressões escondidas", já que os cuidadores "não sabem como pedir ajuda" e a comunidade em geral desconhece que estas agressões são crime público e podem ser reportadas à polícia.

No domingo, um vídeo publicado no Facebook mostrava uma mulher de meia-idade a gritar e bater na mãe idosa, que estava numa cadeira de rodas.

Alertada pelo vídeo, que rapidamente se tornou viral em Macau, a PSP conseguiu identificar a mulher e contactá-la, avisando, ao mesmo tempo, o Instituto de Ação Social (IAS).

Hoje, em conferência de imprensa, o IAS explicou que a idosa -- cuja idade não foi especificada -- foi, esta manhã, admitida num lar, que será pago pela entidade pública.

O IAS explicou ainda que a agressora tem também a seu cargo o pai doente e um irmão com deficiência mental, tendo sido obrigada a deixar o emprego para cuidar deles, considerando, assim, que a mulher estava "sob imensa pressão psicológica para apoiar a família" e que foi "por isso que maltratou a mãe", segundo Au Chi Keung, chefe do Departamento de Família e Comunidade.

Apesar de o IAS só ter registado sete casos semelhantes a este desde 2012, de agressão contra idosos, Cecilia Ho garante que são situações "muito comuns", até porque a maioria dos idosos está ao cuidado da família.

"Muitos voluntários da coligação têm tido conhecimento de abusos contra idosos, a maioria com doenças crónicas. Temos de apoiar mais os cuidadores, financeira e psicologicamente, e a comunidade tem de saber que pode ir à polícia", conclui.

ISG // PJA

Antigos combatentes moçambicanos nas forças coloniais sentem-se esquecidos por Portugal




Beira, Moçambique, 22 jun (Lusa) - Ex-combatentes moçambicanos que serviram nas forças coloniais defendem que o Governo português devia ter vergonha da sua desgraça e regularizar com urgência as pensões de reformas que reclamam 40 anos após a independência de Moçambique.

Em declarações à Lusa na cidade da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique, um grupo de antigos combatentes alega que o Estado português os deixou desamparados, argumentando que deram a juventude ao serviço do exército português durante a guerra colonial.

"Acho que o povo português devia ter vergonha, principalmente os dirigentes portugueses, sabendo de antemão que nós estávamos aqui numa única luta. Todos éramos portugueses", afirmou Raimundo Rafael, que serviu o exército em Moçambique durante quatro anos, até um mês antes do 25 de Abril de 1974.

Os ex-combatentes moçambicanos que lutaram do lado de Portugal continuam a reivindicar o pagamento das pensões desde 2004, mas é improvável que sejam elegíveis perante os critérios estabelecidos na legislação em vigor.

A lei 09/2202, de 11 de fevereiro, a que se seguiram regulamentações posteriores, não prevê pensões mas suplementos de reforma para os militares que serviram as forças armadas portuguesas entre 1961 e 1975 nos três teatros da guerra colonial em África, bem como para os que estiveram na Índia entre 1961 e 1962 e ainda em Timor-Leste entre 1974 e 1975.

"Este é um critério que todos cumprem", observa José Pacheco, adido de defesa da Embaixada de Portugal em Maputo, alertando porém para o segundo critério que "quase ninguém cumpre", em que se exige que os candidatos tenham descontado para um sistema de segurança social em Portugal e possam beneficiar do respetivo suplemento.

"Podem sentir-se magoados e marginalizados por a lei não os abranger, mas é a lei e temos que a cumprir", prossegue o adido de defesa.

Mais de uma década sobre a criação da lei e que provocou à época enchentes de antigos combatentes na embaixada portuguesa em Maputo e no consulado da Beira, Raimundo Rafael afirma que o "desespero aumenta" entre cerca de 200 ex-militares na segunda maior cidade moçambicana e acusa os dois governos de falta de patriotismo para resolver o processo das pensões.

Disse ainda que o Governo português, além da reintegração dos ex-combatentes na vida civil após a independência de Moçambique, em 1975, fez várias promessas para cumprir com o pagamento de pensões de sangue e invalidez, mas mais uma vez as suas reivindicações estão condicionadas pela lei, que exige a prova de um nexo causal entre o serviço militar e a deficiência adquirida.

"Até este momento não sabemos qual é a nossa vida, pois de Portugal não se fala mais, aqui a mesma coisa. Não se fala das nossas pensões, não sabemos para onde vamos", disse João Chôa, outro moçambicano e ex-combatente colonial, que serviu o no exército português três anos até à independência de Moçambique, a 25 de junho de 1975.

Chôa classificou "lastimável" a posição do Governo português sobre a sua situação, adiantando que ex-combatentes de Tete, Manica, Zambézia e de alguns distritos de Sofala endividaram-se para se deslocar ao consulado português na Beira, para tratar dos requerimentos para aceder às pensões, confiantes nos pagamentos.

O recenseamento dos ex-combatentes decorreu em 2002. Os processos e os respetivos títulos foram enviados para a Caixa Geral de Aposentações (CGA) que, em coordenação com o Arquivo Geral do Exército em Lisboa, onde está centralizada a gestão dos ex-combatentes, iniciariam o pagamento das pensões em janeiro de 2004.

"No nosso caso fomos atirados para o lixo, para servir de tapete, porque isso não faz sentido", disse João Chôa, adiantando que o Governo português se "esquivou" das suas responsabilidades ao solicitar apenas ex-combatentes que descontavam para a segurança social no exército, o que nunca lhe foi pedido naquele tempo, sustentando que "em nenhuma parte do mundo um militar desconta para efeitos de reconciliação".

O antigo combatente disse já terem pedido intervenção de entidades internacionais de direitos humanos, para exigir a Lisboa o pagamento da pensão.

"Eu gostava de ver resolvido essa questão da pensão, porque é um direito que nos assiste. Porque eles [o Governo] estão a pagar lá aos portugueses. Se estão a pagar os portugueses, nós também fomos portugueses até 24 de junho de 1975 e também temos direitos", concluiu Raimundo Rafael.

AYAC/HB // PJA

Deputado de Hong Kong demite-se em cisão com pró-democratas que chumbaram reforma política




Hong Kong, China, 22 jun (Lusa) -- O deputado pró-democracia de Hong Kong, Ronny Tong Ka-wah anunciou hoje que vai abandonar o Conselho Legislativo, na sequência do chumbo de um pacote de reforma política, na quinta-feira.

O projeto de reforma do sistema de eleição do chefe do Executivo da Região Administrativa Especial chinesa foi chumbado com 28 votos contra, incluindo o de Ronny Tong Ka-wah, e apenas oito votos a favor, de deputados pró-governo.

"Gostava de aproveitar esta oportunidade para pedir desculpa às pessoas que me apoiaram. Não consegui quase nada, apesar de ter empenhado todos os meus esforços nos últimos 11 anos", disse o deputado, citado pelo jornal South China Morning Post.

"Entreguei a minha carta de demissão ao presidente do LegCo [Conselho Legislativo] Jasper Tsang Yok-sing às 08:30. A minha demissão terá efeito a 01 de outubro", declarou.
Tong disse considerar inapropriado manter o seu assento no órgão legislativo local já que foi eleito como membro do Partido Cívico, de que foi cofundador mas com o qual entrou em conflito e que também vai abandonar.

"Espero que haja um partido político em Hong Kong que represente a visão das pessoas do meio-termo. Adotar uma abordagem de meio-termo não significa que se desistiu da luta pela democracia ou que se está a ser subserviente ao Governo central (chinês)", disse.

"Após o fracasso da reforma política, devemos aceitar que o diálogo com o Governo central é a única forma de conseguir sufrágio universal. Não podemos persuadir o Governo central [a aceitar a introdução de sufrágio universal] se não comunicarmos com ele", defendeu, frisando, no entanto que rejeita "o rótulo de político pró-sistema".

No debate da semana passada sobre a reforma política, no Conselho Legislativo, Ronny Tong Ka-wah criticou os pró-democratas por não terem apresentado uma proposta razoável que convencesse Pequim.

Na passada quinta-feira, o Conselho Legislativo de Hong Kong chumbou o plano de reforma política para a eleição do chefe do Executivo proposto por Pequim.

A proposta de lei previa a introdução do sufrágio universal nas eleições para o chefe do Governo em 2017, mas só depois de uma pré-seleção de dois a três candidatos, que ficaria a cabo de um comité composto por 1.200 membros, num processo descrito pela ala democrata como uma "triagem".

Este diploma surgiu após a decisão, no final de agosto de 2014, do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma política, e esteve na origem de um forte movimento de contestação, que levou à ocupação de ruas em Hong Kong durante 79 dias.
ISG (FV) // JMR

Moçambique. CIP DENUNCIA IRREGULARIDADES NAS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS




Em entrevista à DW África, Borges Nhambire, do Centro de Integridade Pública de Moçambique, denuncia irregularidades presentes nas parcerias público-privadas, e acusa a empresa Whasintelec de falta de transparência.

Em Moçambique, o Centro de Integridade Pública (CIP) denuncia uma das muitas irregularidades presentes nas parcerias público-privadas (PPP). Trata-se da empresa Whasintelec, detida pelos grupos das famílias Guebuza e Machel, e pela empresa alemã Siervers. Esta sociedade dedica-se ao fornecimento e distribuição de chapas de matrículas para viaturas, mas a única empresa que possuiknow-how na área é a alemã.

A DW África entrevistou Borges Nhamire, autor do estudo do CIP intitulado "Como as PPP são usadas para beneficiar elites e prejudicar o Estado", que começa por responder a essa mesma questão.

Borges Nhamire (BN): Nós chegamos à conclusão de que (a Whasintelec) prejudica o Estado porque não está a cumprir com os termos do contrato. O incumprimento mais evidente é que não está a construir uma fábrica de produção de chapas de matrícula, como diz no contrato e também no caderno de encargos que devia ser construída para que as chapas de matrícula fossem produzidas em Moçambique. Isso iria permitir criar postos de trabalho e gerar todos os benefícios que uma indústria gera num país. As chapas de matrícula são importadas da Alemanha, onde está sediada a outra empresa que faz parte do consórcio.

DW África: A Whasintelec, empresa que ganhou o concurso público, só foi criada depois da prorrogação do concurso público. Essa prorrogação foi feita para beneficiar esta empresa?

BN: É a ligação que se pode fazer, porque não houve nenhuma justificação quanto ao prorrogamento do concurso. Entretanto, se o concurso tivesse terminado no primeiro prazo, a Whasintelec ainda não existia, pois não teria concorrido. Assim sendo, o único beneficiário da prorrogação foi a Whasintelec. O concurso foi prorrogado, a Whasintelec foi criada, e depois o concurso encerrou e a empresa foi declarada a vencedora. E nós questionamos: como é que uma empresa comparticipada pelos chefes de Estado concorre a um concurso lançado pelo mesmo Governo? E o júri que foi constituído para avaliar as propostas é um júri que não tem nenhuma independência, está subordinado ao Ministério dos Transportes e das Comunicações, que por sua vez está subordinado ao Presidente da República.

DW África: Amanhã vai ser assinada publicamente a declaração de princípios relativamente à despartidarização do Estado. Em que medida espera que este novo instrumento contribua para o fim de situações como esta?

BN: Não quero ser pessimista, mas eu penso que não é isso que vai mudar o modus operandi das nossas elites políticas. Moçambique tem um conjunto de leis muito positivas nessa questão de proteção e conflito de interesses, e podemos também falar na lei de propriedade pública, que é recente. Mas para o caso específico das parcerias público-privadas, Moçambique tem uma lei desde 2011. Essa lei diz claramente quais são os objetivos das parcerias público-privadas, e uma das coisas que exige é a transparência e a publicação dos contratos. Está claramente escrito na lei que para a atribuição das concessões deve haver concurso público, mas o que acontece é que há manipulação dos concursos, como vemos neste caso, e os contratos simplesmente não são publicados. Não há nenhum contrato das parcerias público-privadas que seja público. Eu penso que a questão dos negócios que as elites políticas estão a fazer com o Estado, que é a forma que eles encontram para a acumulação de riqueza, não tem a ver com a falta de instrumentos legais. Para se eliminar isso é preciso que tenhamos um Ministério Público atuante que responsabilize as pessoas pelas diversas infrações que cometem.

DW África: E qual é o papel da empresa alemã Siervers neste caso?

BN: Essa empresa alemã é a única empresa que tem conhecimento, que tem o know-how de produzir chapas. O que acontece é que quando uma empresa estrangeira vem para Moçambique, e temos de reconhecer que não temos muitas empresas especializadas, a condição para fazer negócio é aliar-se com políticos que não têm nenhum conhecimento na área. E o que é que os político dão? Dão a cobertura em termos de influência e a empresa fica a fazer os negócios. É isso que está a acontecer agora na Whasintelec. A empresa alemã vai fazendo o trabalho, vai importando as chapas, e a parte política garante proteção a essa empresa, para que não seja responsabilizada no incumprimento do contrato. A empresa não está a fazer aquilo que se comprometeu a fazer: produzir as chapas em Moçambique, e não há nenhuma responsabilização, exatamente porque tem essa proteção. O que está a acontecer é que empresas que são íntegras no Ocidente, como esta empresa, que pode ser íntegra na Alemanha, quando chegam aqui encontram terreno fértil para subverterem o espírito de negócios transparentes, e começam a fazer este tipo de negócios que prejudicam a sociedade, para benefício próprio e de alguns aliados que são as elites políticas.

Nádia Issufo – Deutsche Welle

Moçambique. Cidade da Beira recusa-se a dar como perdida luta contra avanço do mar




A Beira recusa subjugar-se às frequentes invasões das águas do mar e, segundo o presidente do município da segunda maior cidade moçambicana, "a guerra não está perdida", prometendo não baixar a guarda nesta luta titânica e constante.

"Nós temos a consciência de que é um trabalho duro, mas temos feito o possível e, graças a esse trabalho, é que de facto a nossa cidade continua a salvo", declarou à Lusa Daviz Simango, edil da Beira e que já viu o pátio do seu gabinete alagado por várias vezes.

A cidade da Beira trava há vários anos uma luta contra a invasão das águas do mar, que atinge bairros de caniço e também dezenas de luxuosas moradias, desalojando famílias, que várias vezes foram forçadas a refugiar-se em telhados de casa ou em prédios vizinhos.

Ondas de grande dimensão associadas à subida da maré projetam uma enorme quantidade de água do mar para os bairros da Praia Nova e Chaimite B, uma área habitacional de caniço com problemas de ocupação desordenada e grave défice de saneamento, onde as latrinas disputam espaços com os poços tradicionais para água de consumo, e parte da Ponta-Gêa, uma zona residencial de elite.

"Desde 2013 vivemos afogados", descreve Custódio Cláudio, 41 anos, um morador de Chaimite B, enquanto mostra pratos, cadeiras e um balde com alimentos junto ao teto de uma casa de caniço de três metros quadrados, cercada por água salgada.

"Quando a maré enche fugimos e regressamos quando vaza", conta à Lusa Custódio Cláudio, que continua a surpreender-se com o rápido avanço das águas do mar para as zonas habitadas.

A cidade viu o seu mangal, que servia de barreira natural de proteção contra a invasão das águas, totalmente destruído por populares, que cortaram as plantas para a construção de habitações e para lenha e, desde então, a entrada do mar nos bairros mais vulneráveis passou a ser uma rotina.

"Há três dias que as águas invadem as casas todas as manhãs e todas as tardes", diz Luísa Evaristo, que, tal como a vizinha Cecília Manuel, receiam uma catástrofe num dia em que as "águas invadam as casas à noite, enquanto as pessoas dormem".

Com os pés "rasgados" pela filária e envolvida pelo mau cheiro que se apoderou do bairro, Cecília Manuel apela para uma intervenção do Conselho Municipal, para reassentar as vítimas em zonas de expansão da cidade da Beira, um assunto que divide o município por causa do aparecimento de eventuais oportunistas.

A cidade da Beira foi construída sobre um pântano, na confluência dos rios Púnguè e Búzi, e abaixo da cota do nível do mar, estando agora a enfrentar uma luta sobre o avanço das águas do mar, provocado, além da destruição dos mangais, pela obstrução dos canais e esporões.

"Parte do mangal foi destruído e deu lugar a estas habitações cujos proprietários reclamam hoje pela invasão das águas", declara Susana Tiago, acrescentando que há 15 anos "era impensável que a água fosse chegar ao prédio Cooperativa", na altura a quase 600 metros da praia.

Para o arquiteto Marcelo Amaro, os próximos cinco anos são cruciais para a recuperação da Beira, com projetos concretos para descongestionar a zona de invasão das águas do mar, com a reabilitação de canais de respiração e esporões da cidade, além da construção de estruturas de defesa.

Em 2013, a construtora portuguesa Teixeira Duarte iniciou um ambicioso projeto de construção de esporões de pedras, após o primeiro plano, que construiu cinco quilómetros de murro de alvenaria, mostrar-se insustentável para mitigar o problema.

Contudo Daviz Simango reconheceu que a escassez de fundos tem travado várias iniciativas para desenvolver a luta, estando em curso contactos com parceiros, e evitar que a sua cidade ceda ao oceano.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Angola. Processo de jovens ativistas detidos em Luanda remetido ao Ministério Público




O ministro do Interior de Angola, disse em Luanda, que os processos envolvendo a detenção de jovens ativistas suspeitos de promoverem alteração à ordem e segurança pública, foram já entregues ao Ministério Público.

Os cerca de 20 ativistas angolanos detidos no último sábado (20.06), em Luanda, por agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal em colaboração com os Serviços de Inteligência e Segurança do Estado, realizavam na altura um seminário sob o tema "As 180 técnicas pacíficas para derrubar um ditador" que tem como base as técnicas apresentadas no livro do jornalista Domingos da Cruz ''Ferramentas Para Destruir o Ditador e Evitar uma Nova Ditadura''.

A polícia não revela o número exato de detidos, mas de acordo com dados não oficias estão entre os envolvidos: Luaty Beirão, Manuel Nito Alves, Nuno Álvaro Dala, Mbanza Hanza e o jornalista e ativista cívico Sedrik de Carvalho.

As detenções aconteceram na residência do político António Alberto Neto, sobrinho do primeiro Presidente de Angola e líder histórico do partido MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).

Emílio Catumbela, um dos ativistas que se encontrava no local e que escapou à detenção contou à DW África que não foi detido porque se escondeu numa das dependências da casa e não foi visto. Entretanto, informações ainda não confirmadas dão conta que o jornalista Domingos da Cruz teria sido igualmente detido numa das províncias do interior.

Detidos sem contato com familiares

A DW África procurou - durante toda tarde desta segunda-feira (22.06) - entrar em contato com o jornalista e ativista dos direitos humanos, mas sem sucesso. Contudo, um dia depois da detenção dos ativistas em Luanda, Domingos da Cruz falou de um desespero em que se encontra o regime angolano, tendo, por outro lado, denunciado um conjunto de ''ações do regime que visam calar todas as vozes contestárias à governação de José Eduardo dos Santos''.

"Deter os jovens só porque estão a discutir um livro mostra que afinal a oposição está com o controle da situação e o governo com medo de perder algo", acredita Domingos da Cruz.
No entanto, todos os contatos efetuados pela DW África para ouvir a versão das autoridades não foram bem sucedidos. Em declaração à estação pública Rádio Nacional de Angola, o ministro do interior Ângelo Tavares revelou que os ativistas foram detidos por "procurarem alterar a ordem estabelecida", sem nunca referir sobre o quê exatamente, alegando o segredo de justiça.

Três dias após terem sido detidos, as autoridades ainda não permitiram o contato das famílias com os jovens presos. Salvador Freire, presidente da Associação Mãos Livres, adiantou à DW África que a organização está profundamente preocupada com a situação e que a qualquer momento irá tomar uma posição.

Nelson Sul d'Angola, de Benguela – Deutsche Welle

Angola. ATIVISTAS DENUNCIAM PERSEGUIÇÕES EM BENGUELA




Na província angolana de Benguela, vários ativistas do "Movimento Revolucionário" dizem ser alvo de perseguições e ameaças de morte. Tudo terá começado depois de uma manifestação anti-governamental, a 27 de maio.

Vários ativistas ligados ao denominado "Movimento Revolucionário" na província de Benguela queixam-se de uma constante perseguição das autoridades governamentais e sobretudo dos Serviços de Inteligência do Estado. Manuel Mateus, um dos membros do movimento, diz que a alegada perseguição está relacionada com a manifestação que realizaram a 27 de maio, em memória dos massacres de 1977 e em que exigiam o fim das perseguições e assassinatos políticos no país.

Segundo Manuel Mateus, recentemente, durante uma reunião, dois indivíduos armados tentaram raptar um dos seus companheiros.

"[Esse indivíduos] não se identificaram, só disseram que eram 'a autoridade' e, por isso, não podíamos fazer perguntas", afirma o ativista, mais conhecido por Max. "Houve uma troca de palavras. Os colegas foram ligando para outros indivíduos, para denunciar o caso. Eles depois sentiram-se um bocadinho envergonhados, foram recuando e puseram-se em fuga."

Ameaças de morte

Mateus revela ainda que tem sido alvo de ameaças de morte por parte de indivíduos supostamente pertencentes aos serviços secretos. Por mais de uma vez bateram à porta de sua casa, deixando recados intimidatórios à sua família e vizinhança.

Ainda assim, o jovem ativista mostra-se destemido: "A própria Constituição garante-nos este direito [de protestar]. Como diziam Cassule e Kamulingue, 'liberdade ou morte'. Isso também está connosco."

Detenções previstas?

Além disso, Manuel Mateus, residente no Lobito, conta que recentemente teria havido uma reunião do partido no poder na província, onde o responsável municipal do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Julião de Almeida, terá vaticinado a detenção de todos os integrantes do Movimento Revolucionário – antes de, pelo menos, 13 ativistas do grupo serem detidos no sábado (20.06), suspeitos de prepararem atos contra a ordem pública.

"Ele disse que tinha os nomes e que, em 2016 e 2017, teriam de ser apanhados e depois desaparecer, porque podiam trazer confusão para as eleições", diz o ativista.

As detenções, no período pré-eleitoral, serviriam para acautelar a adesão da população à causa do grupo de jovens que realizam manifestações anti-governamentais desde 2011.

Contactado pela DW África, o secretário do comité provincial do MPLA em Benguela, David Nahenda, recusou comentar o assunto.

Nelson Sul D'Angola (Benguela) – Deutsche Welle

Eventual queda do Governo guineense. Os planos do Presidente da República e seus riscos




As divergências que se registam entre os titulares dos órgãos da soberania continuam a ganhar proporções cada vez mais inquietantes. As últimas trocas de mimos através de discursos cruzados entre o Presidente da República, José Mário Vaz e o presidente de Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, demostram claramente a existência de um profundo mal-estar reinante no cimeiro do xadrez político da Guiné-Bissau. Fontes bem colocadas e atentas à crise institucional vigente no país, acreditam que o impasse já atingiu quase a fase crítica. No “braço-de-ferro” com o Presidente José Mário Vaz, o Primeiro-Ministro e igualmente líder do PAIGC, entrou numa “aliança de circunstância” com o presidente do Parlamento guineense, Cipriano Cassamá, em guerra aberta com a Presidência da República desde a retirada, por JOMAV, de motorizada e de uma parte de agentes de segurança enquanto efectuava o seu périplo pelo norte do país.

O incidente suscitou tensão e, de acordo com uma das fontes d’O Democrata, Cipriano Cassamá não conseguiu engolir a tamanha humilhação e queria reagir bruscamente. Terá sido acalmado por alguns diplomatas estrangeiros acreditados no país. Desde então, a sintonia entre Cipriano e Domingos Simões Pereira intensificou, embora tendo cada um a sua própria agenda, a médio prazo.

O casamento do Cipriano com a prematura é interpretado no Palácio presidencial como tentativa de fragilização do Presidente, político sem grande base no partido. O suporte do Braima Camará, rival do actual primeiro-ministro, é desde logo indispensável na estratégia do Presidente Jomav em contornar a influência do chefe do governo com quem as relações foram sempre tímidas e de muitas reticências. Aliás, em jeito de recordação, nas primárias realizadas pelo Comité Central do PAIGC, DSP tinha como candidato preferido, Mário Lopes da Rosa. A indigitação do Jomav só possível graças a combinação de apoios circunstanciais de Carlos Gomes Júnior (Cadog0) que viu a sua candidatura invalidada pela Comissão de Jurisdição por alegada falta de um registo criminal, e do Braima Camará. Durante a campanha eleitoral, embora concorrendo para cargos distintos, a sintonia entre JOMAV e DSP foi escassa, senão inexistente. Mas, a vontade popular obrigou os dois homens, com perfis opostos, a uma difícil coabitação.

O “tumulto” registado na última reunião do Conselho de Ministros, entre o próprio Primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira e o responsável pela pasta ministerial da Presidência do Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares, Baciro Dja, é mais um episódio na longa telenovela de impasse que tem vindo a abalar os titulares dos órgãos da soberania. Apesar de pertencerem a mesma família política, o desentendimento deixou de ser uma novidade.

Segundo alguns observadores atentos à vida política nacional, o actual clima de conflitos tem em parte a ver com as “feridas” do Congresso de Cacheu ganho por Domingos Simões Pereira face ao Braima Camará (Bâ Quecuto). As diferentes fases que se seguiram, nomeadamente as eleições, a constituição do elenco governamental (no qual a ala de Braima Camará não faz parte), a nomeação da equipa de conselheiros do Presidente da República, dominada por elementos pertencentes ao perímetro de Bâ Quecuto, foram sempre marcadas tensão e desconfiança. Segundo os nossos informadores, estas situações, associadas a défice de diálogo entre a Presidência e a Prematura, foram a acumulando e começaram a deixar sinais visíveis de choque. A exoneração inesperada de Botche Candé (pedra angular na estratégia de DSP) do Ministério da Administração contribuiu a deteriorar o clima de desconfiança entre o Chefe de Estado e líder do PAIGC.

Um autro elemento de polémica no eixo – Presidência e Primatura – tem sido o ministro Baciro Dja, tido no “entourage” do Primeiro-Ministro como menos fiel e acima de tudo um homem de confiança de JOMAV no governo. Segundo as nossas fontes, Dja não conseguiu esconder a sua preferência pelo pelouro dos Negócios Estrangeiros. Não queria a Presidência de Conselho de Ministros, mas nada podia fazer face à oposição do chefe do governo que preferiu Mário Lopes da Rosa.

“Outro foco de tensão tem a ver com os ataques do Presidente da República contra o governo em quase todos os discursos públicos”, informou uma fonte próximo do círculo da Primatura. De lado do Palácio, a impaciência é justificada como “arrogância e falta de consideração do Primeiro-Ministro em relação ao Presidente”. Sem confirmar a eventualidade da destituição por JOMAV do governo, a nossa fonte reconhece que a situação é de “impasse profundo”.

A actual situação de braço-de-ferro está aquecer as diferentes correntes do PAIGC, onde o Presidente da República está a tentar mudar relações de forças como ilustra bem a recente nomeação dos membros do Conselho de Estado, na sua maioria veteranos do partido em ruptura com DSP na sequência de alegado corte de subvenções a que eram pagos.

O Democrata soube que os veteranos estão divididos face a situação da divergência entre as figuras de Estado. A divisão dos próprios veteranos torna o partido impotente na resolução do problema e por pertencerem a diferentes sensibilidades dentro do partido.

JOMAV RETICENTE, PONDERA PLANOS EM CASO DA QUEDA DE DOMINGOS SIMÕES PEREIRA

O clima de tensão vivido no seio dos governantes leva o Chefe de Estado a pensar numa solução mais extrema, ou seja, a exoneração do executivo liderado por Domingos Simões Pereira. O Democrata soube que no momento o Presidente da República está a ponderar tácticas que possam garantir a sustentabilidade de um governo após a destituição de Simões Pereira. “O Presidente sabe muito bem que essa via tem riscos e consequências imprevisíveis. A tentativa do Presidente tem pouca probabilidade de ter o apoio da população guineense, muito sensível ao derrube de governos”, analisa uma fonte. E mais, permanece intacta a incerteza sobre a capacidade do Presidente em conseguir uma maioria sólida no Parlamento que possa viabilizar a governação. Seja qual for a pessoa indigitada dentro PAIGC para chefiar o governo, a tarefa é complicada na medida em que uma parte importante dos deputados libertadores está com o actual Primeiro-Ministro.

Outra equação desconhecida tem a ver com a posição do segundo maior partido da oposição, o Partido da Renovação Social (PRS, participante do actual executivo) na eventualidade da queda do governo. Um alto dirigente desta formação política disse ao jornal O Democrata que é “muito pouco provável que o partido aceite juntar-se a um governo no meio de uma crise política”. De acordo com a mesma fonte, o PRS não quer ser parte de “problema, mas de solução”. Sem pretender ser categórico, a nossa fonte afirmou que a eventualidade da queda do governo pode mergulhar o país numa crise política profunda.

Perante a impossibilidade de viabilidade de um novo governo, a nossa fonte interroga qual será a alternativa. Um governo de iniciativa presidencial? Dissolução do Parlamento e marcação de novas eleições e financiadas por quem? Da parte da comunidade internacional, os sinais são, de momento, muito escuros.

O Democrata (gb)

*JOMAV é José Mário Vaz, Presidente da República

ALERTA VERMELHO E PERIGO NA GUINÉ BISSAU




Poderá ou não existir teorias de complôt e conspiração contra Jomav? Poderá neste momento estar dentro de Bissau uma bomba que possa ser ativada a longa distãncia contra Jomav?

Afinal estamos novamente sobre um barril de pólvora ou não?

Porque razão o Progresso Nacional continua dizendo... Caso Jomav derrube o governo de Domingos Simões Pereira irá ser assassinado? O que será que o Progresso Nacional sabe sobre isso?

Poderão os Serviços de Informação do Estado estar na posse de alguma informação baseando-se nas ameaças do Progresso Nacional? Investiguem os elementos do Progresso Nacional. Afinal de contas já sabemos e conhecemos as suas caras? Sim ou não?


Cabo Verde. NADA É O QUE PARECE SER



Expresso das Ilhas (cv), editorial

Nestes meses pré-eleitorais Cabo Verde vive tempos peculiares. O Primeiro-ministro às vezes apresenta-se como o líder da sua agenda de transformação e esforça-se por mostrar os “ganhos” de quinze anos de governação. Quase em simultâneo põe-se na posição de crítico e fustiga, por exemplo, a administração pública, que ele próprio dirigiu durante os últimos quinze anos, como factor de atraso na criação de um bom ambiente de negócios. Ou apela ao sector privado para substituir o Estado nos investimentos para fazer crescer a economia oblívio da situação actual de enorme dificuldade na generalidade das empresas. 
Ou ainda queixa-se do elevado desemprego no país convidando a todos a encontrar solução para esse mal que assola o país. Na inauguração da nova linha da Frescomar, na segunda-feira, dia 15, ouviu-se mais uma reedição deste discurso de “Now you see me, now you don´t”. A discutir a partidarização da administração pública no Instituto da Ciências Jurídicas e a falar da regionalização no Paul, foi a mesma coisa. 

Nas democracias a questão da responsabilidade partidária é crucial para a legitimação do poder, para o exercício consciente do direito do voto e também para garantir a possibilidade de alternância. A todo o momento tem que se saber quem é governo, ou seja, quem ganhou pela sua visão e programa de futuro, quem tem um mandato pré-estabelecido para a pôr em prática e quem tem todos os recursos do Estado para a implementar. Do governo espera-se liderança designadamente na criação de condições para que todos tenham a possibilidade de realizar-se como cidadãos plenos e prosperar a nível pessoal, familiar e das colectividades que criam ou a que pertençam. Não se espera que simplesmente faça a “sua parte”, geometricamente varável segundo as suas conveniências, e se ponha em bico dos pés a acusar outros como o sector privado, as câmaras municipais, as famílias e os próprios jovens desempregados por não estarem a cumprir o seu. 

Ao longo do mandato e particularmente no fim do mandato as pessoas querem estar na posição de poder cobrar ou premiar conforme as espectativas criadas foram ou não atingidas. Certamente que não querem ser desviadas por actos de ilusionismo que não deixam ver o que realmente se conseguiu, quem foi o responsável e que saídas existem para os problemas do momento. O facto actual do Primeiro-Ministro não ser o líder do partido que suporta o governa abriu caminho para maiores ambiguidades em matéria de responsabilização política. Viu-se isso perfeitamente na questão do estatuto dos titulares de cargos políticos.

Para o cidadão eleitor, que assiste ao frenesim pré-eleitoral  que passa pela comunicação social particularmente na radio e na televisão em que é protagonista principal o PM  nas suas movimentações incessantes pelas ilhas em lançamentos de primeiras pedras, inaugurações, visitas, aberturas de fóruns  e sessões de auscultação, a situação é mais confusa. Fica-se por saber: está ou não em campanha. É ou não candidato e em que condição. É responsável ou é crítico das políticas dos últimos quinze anos. É pela continuidade das políticas ou é pela renovação como quer se apresentar a nova presidente do seu partido. 

Momentos eleitorais devem ser de clareza de posições. Os cidadãos são chamados para decidir qual a orientação a imprimir nos 5 anos seguintes. Precisam saber qual é a real situação do país, como poderá evoluir na actual conjuntura mundial, e que opções oferecem os agentes políticos para melhor confrontar os desafios do presente e do futuro próximo. Esta exigência da democracia é ainda maior quando o futuro está cheio de incertezas e as fragilidades do país são visíveis no crescimento raso, no elevado desemprego e na cada vez mais pesada dívida pública. O cenário de aprofundamento da crise na União Europeia, o principal parceiro económico de Cabo Verde, devido à possível saída da Grécia, e talvez não só, da zona euro ainda poderá tornar as coisas pior.

Momentos eleitorais são também de responsabilização. O foco da atenção deve estar nos partidos, nas soluções alternativas e nas propostas de governação que apresentam e não fixar-se no jogo de ambições pessoais que muitas vezes estão por trás das listas de deputados. Como bem disse o constitucionalista português Vital Moreira a propósito de de  candidaturas de cidadãos às legislativas: “Não faz sentido permitir a eleição individual de deputados que nas eleições seguintes já podem não ser candidatos e a quem ninguém pode exigir responsabilidades. Uma democracia parlamentar é uma democracia de responsabilidade partidária”. De facto, só aos partidos é que se pode posteriormente punir ou recompensar pelos actos da governação e pelas promessas cumpridas e não cumpridas. Para isso porém é de não admitir que façam da política a arte do ilusionismo e o terreno propício para exercício do cinismo e da hipocrisia. 

PORTUGAL E CABO VERDE REFORÇAM COOPERAÇÃO TÉCNICO-MILITAR




Portugal e Cabo Verde assinam sexta-feira um protocolo de cooperação técnico-militar que vai reforçar o acordo já existente, prevendo-se novas ações de formação e apoio à estrutura superior das Forças Armadas cabo-verdianas

Fonte da embaixada de Portugal na Cidade da Praia disse hoje à agência Lusa que o acordo, no âmbito do Programa Quadro de Cooperação Técnico-Militar, será rubricado durante a estada do ministro da Defesa português, José Pedro Aguiar-Branco, que efetua sexta-feira uma visita de 24 horas a Cabo Verde.

O protocolo, que, da parte cabo-verdiana, será assinado pelo ministro da Defesa, Rui Semedo, irá ser rubricado a bordo do navio-patrulha português "Figueira da Foz", que atracou domingo no porto da Cidade da Praia.

O apoio à Estrutura Superior das Forças Armadas de Cabo Verde envolve formação a fuzileiros, Polícia Militar e Guarda Costeira, acrescentou a fonte, notando que, a anteceder a assinatura, Aguiar-Branco terá uma reunião de trabalho com Rui Semedo para definir eventuais novos projetos na área da cooperação técnico-militar.

Ao fim da tarde, na residência do embaixador português na Cidade da Praia, Bernardo Lucena, o ministro da Defesa participa numa receção por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

A cooperação técnico-militar entre Portugal e Cabo Verde envolve variadas áreas, nomeadamente na formação de quadros e de oficiais, saúde militar, segurança marítima, com meios navais e aéreos, economia da defesa e a presença permanente de militares portugueses no Centro de Instrução Militar do Mindelo (ilha de São Vicente).

Delineado está também o enquadramento da participação das Forças Armadas de Cabo Verde em operações de manutenção de paz juntamente com Portugal.

Na qualidade de ministro da Defesa, Aguiar-Branco esteve várias vezes em Cabo Verde nos últimos anos - novembro de 2011 (13.ª reunião dos Ministros da Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)), a que se seguiu uma visita oficial de três dias, e dezembro de 2012, na Cimeira Portugal/Cabo Verde.

Na altura, o então ministro da Defesa cabo-verdiano, Jorge Tolentino, atual chefe da diplomacia de Cabo Verde, considerou que as Forças Armadas de Cabo Verde têm a "marca" da cooperação portuguesa.

Em outubro de 2010, como jurista e dirigente do Partido Social Democrata (PSD) português, Aguiar-Branco participou na Convenção sobre Justiça organizada pelo Movimento para a Democracia (MpD, oposição cabo-verdiana).

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. O OÓ E A POLÍTICA



Inês Cardoso – Jornal de Notícias, opinião

É um momento que dura breves segundos, mas suficiente para causar no mínimo um sorriso. "Façam um bom oó", diz candidamente o chefe de Estado aos jornalistas, para evitar perguntas aborrecidas sobre política interna. Foi na última semana e, mudando de geografia, também a diretora do FMI recorreu à infância para falar de coisas sérias. "Temos de recomeçar o diálogo, mas com adultos na sala", afirmou Christine Lagarde após mais uma ronda de negociações fracassadas sobre a crise grega. Espera-se que para a cimeira extraordinária de hoje todos tenham deixado o bibe em casa.

Não há posição mais cómoda do que pensar que o outro, o que pensa de maneira diferente, está sempre limitado por problemas de imaturidade. Infantilizar os eleitores é, aliás, uma estratégia comum perante resultados indesejados e uma tentação quando as sondagens não revelam o expectável. Como é possível que tantos portugueses admitam mais do mesmo, depois de anos de extrema dureza?, ouviu-se nos últimos dias questionar. E como pode explicar-se que sobre temas da maior importância, como a Segurança Social, os eleitores digam que não influenciam o sentido de voto?

As sondagens, já se sabe, falham com frequência. Há largos meses e muita campanha por correr até às legislativas e resta saber se passam, acima do folclore, ideias claras sobre o que se pode esperar de cada proposta. Mas há, muito para além do simplismo redutor das tendências de voto, sinais claros na sondagem publicada pelo JN de que os eleitores não são propriamente crianças.

Há, desde logo, um número expressivo de indecisos. Um em cada quatro inquiridos admite que não sabe em quem votar. Somemos a este indicador quantitativo outro qualitativo, com as palavras mais escolhidas para classificar os principais candidatos: "mentiroso", "incompetente" e "oportunista" são das que têm mais peso, com uma única exceção pelo meio ("bom").

Olhando para as entrelinhas das respostas, resulta claro que uma grande parte das pessoas está convencida de que não há, no panorama das propostas a votos, nada de diferente ou alternativo. A falta de confiança nos políticos é uma das mais evidentes leituras a fazer e deve envergonhar todos os que levam a vida pública a sério.

O eleitorado não anda, na verdade, a dormir. Falta é assistir a uma qualificação das propostas e dos protagonistas políticos que torne mais empolgante o momento da escolha. Que permita, depois da ida às urnas, uma noite de oó descansado.

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