Mário Motta, Lisboa
A
direita radical avança. O mesmo é dizer que a Europa e uma significativa parte
do mundo ruma ao fascismo. A responsabilidade de os eleitores optarem por votar
à direita é da esquerda. Tem sido a dita esquerda que sem imaginação e sem ideologia
adequada, sem prática que se diferencie grandemente da direita radical em imensos aspetos,
conduziu os eleitores à desilusão e a presenciar o espetáculo de corrupio no
passeio da corrupção, dos tachos e ordenados milionários para correlegionários, familiares e amigos. Os valores dos políticos de governos alegadamente de
esquerda são praticamente siameses dos de políticos da direita radical. Ou só
direita, ou extrema-direita, ou fascistas. O descrédito sobre os políticos
destas duas últimas décadas é enorme. Na Europa assim acontece. Os eleitores,
sem alternativas à esquerda voltam-se para o populismo. Populismo esse que em
muitos aspetos está à direita, principalmente nos partidos da direita europeia.
O que está a acontecer em França é disso exemplo.
Le
Pen quase venceu as eleições regionais com maioria. O dia de hoje termina
assim, com o sucesso da direita radical em França. Le Pen exulta. Nem ela
estava à espera de tamanho sucesso para a Frente Nacional. Entre outros encontramos
um partido socialista francês responsável. Francois Hollande é um péssimo
presidente, o seu governo é um péssimo governo. Muito mais péssimo ainda por
ser descaracterizado, sem ideologia que se adapte à realidade dos tempos
modernos. Dizem-se socialistas mas não o são. O PS francês é produto dos
mercados. É um acena cabeça com milhares de cabelos de concordância com os mais
à direita na Europa se esse for os vetores dos interesses dos mercados, e são. Hollande
é uma amálgama de gelatina com pudim flan, abana por todo o lado. Quem pode
afirmar com verdade que aquele dirigente é socialista? Ninguém. Porque não o é.
E se ele não é socialista torna-se evidente que o partido está refém de não
socialistas. Está refém de súcias de mandaretes dos mercados e das políticas de
direita que alastram por todo o mundo. E também na Europa, bastante.
Desta
“lição” que vem de França, assim como de uma grande parte dos países da União
Europeia, deveriam tocar as campainhas aos dirigentes dos partidos da suposta
esquerda europeia. Muitos deles estão a mais e filiados nos partidos errados,
se atentarmos nas declarações de princípios e estatutos vincadamente de esquerda. Nos
seus motivos de fundação e objetivos.
Em
Portugal temos o exemplo do PS – que agora está no governo. Quantos no PS são
realmente socialistas? O que é a esquerda para eles? O melhor é sorrirmos, para
não chorarmos. Existem no PS militantes deslocados que deveriam encontrar no
PSD ou no CDS o seu partido político, considerando as provas que já deram. Pior
ainda por não serem simples militantes mas sim dirigentes. Dirigentes esses que
posteriormente vão ser governantes, para além de deputados ou simplesmente
autarcas. É evidente que as suas políticas se desviam para a direita, por essa
ser a sua ideologia adquirida e natural. É evidente que causam confusão e desilusões aos eleitores. Dizem-se de esquerda mas governam à direita ou muito próximo
dela (chamem-lhe como quiserem). Só que é uma direita encapotada, falsa, que mente. Como falsa é também a esquerda. Uma confusão que baralha e desilude os eleitores.
No
Partido Socialista alguns desses deslocados estão agora mais visíveis, até para
os eleitores mais ingénuos ou distraídos. Foram alguns desses que vimos reagir ao impulso
ligeiramente à esquerda que António Costa deu ao partido e o caminho que
escolheu ao entender-se com partidos de esquerda. Mas a memória das pessoas é curta.
Também
no PSD acontece o mesmo. Passos Coelho é na realidade social-democrata? Governou
e disso não deu provas. Desculpa-o a situação de crise? Não. O seu
comportamento foi e é o de um medíocre “self made men” que rasa a vigarice
quando nela não penetra profundamente. O que Passos quer é “safar-se”. A si e
ao seu bando. De social-democrata nada tem. Como Portas, como Hollande, como
Cameron ou Merkel, como tantos outros, são obtusos servidores dos mercados que
ao juntarem-se estão a arrastar a Europa para a direita radical, a entregá-la
de bandeja aos fascistas que se acoitam nas esquinas mais densas e escuras de
uma democracia em colapso.
Por isso o futuro é negro e nazi-fascista, sob a capa de democracia
declarada que na realidade não o é nem será.
Não
se infira dos resultados em França, excelentes para a direita radical, como
assim acontece noutros países, que os eleitores são fascistas. Não. O que eles
não sabem é para onde se virar, em quem votar. Isso por razão simples: a desonestidade,
débito democrático e incompetência dos atuais dirigentes da alegada esquerda. Em
Portugal não há muitos fascistas (fascismo, que é no que isto vai acabar). Também
em França não há muitos fascistas. O que há é muitos maus governantes, maus
dirigentes, bons aldrabões, bons vigaristas, bons ladrões e bons corruptos. Na
Europa não há muitos fascistas… Mas vai haver, se a esquerda e todos os partidos realmente democráticos não arrepiarem caminho e não se souberem depurar das ilegalidades, imoralidades e erros cometidos.
Podemos vir a desaguar numa Europa novamente dominada pelo nazi-fascismo. É isso que querem?