No
“País Tropical”, no Brasil, polícias e outros racistas caçam negros e matam-nos como
querem sem terem de prestar contas à justiça. Para esses racistas assassinos a
impunidade é certa.
O que vai ser abordado a seguir é a imagem horrível do Brasil, casos que no dia-a-dia são acontecimento comum: andarem a assassinar pessoas só pelo seu tom de pele. Também pelo seu tom
de pele é fácil terem por prémio a impunidade.
Parece
que existe um pacto entre os assassinos executores e os superiores hierárquicos,
cúmplices consentâneos que reservam a impunidade para os os “caçadores”
(entenda-se criminosos) que incide sobre a caça a jovens
afrobrasileiros. Até parece que querem extinguir os negros no Brasil. Loucura,
desumanidade, racismo puro e duro que nem sequer envergonha os governos e
outras altas instâncias alcandoradas no setor da justiça.
Mais
um caso, entre tantos, que trazemos aqui ao PG em repescagem da revista Black Brasil. O que pode ler a seguir é motivo bastante para qualquer brasileiro se
envergonhar e exigir justiça, mas a maioria parece que nem está nessa, nessa
atitude. Caso para terem vergonha se não estivessem desprovidos desse e de
outros sentimentos comuns à humanidade.
Redação
PG / MM
PM
Mata Estudante Negro Com Tiro Nas Costas E Diz Que Disparo Foi Causado Por
Escorregão
“Não
tenho dúvida. Ele veio para matar meu filho”, disse Ivani, a mãe de Allan, 17
anos, encontrada pela reportagem à porta de sua casa, chorando
Imagens
da câmera de segurança instalada em uma casa do Jardim São João,periferia de
Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo), gravaram o momento da morte do
estudante Allan Vasileski, de 17 anos, atingido com um tiro de pistola .40
disparado por um policial militar. O caso aconteceu na última sexta-feira
(22/01).
O
responsável pelo tiro é o soldado Melquíades Nascimento Dias, de 37 anos.
Ao ser interrogado pela Polícia Civil, o militar afirmou que sua arma disparou
e acertou as costas de Allan quando ele corria atrás do adolescente e “caiu
bruscamente no chão, pois escorregou no piso molhado e acidentado” de uma
viela.
As
imagens mostram o momento em que Allan e um amigo, também adolescente, surgem
correndo pela rua Raul Guerra. Ao se aproximar de um carro Fiat Palio Weekend,
Allan tenta dizer algo para um homem que carrega uma criança, mas ele desaba no
chão e bate a parte de trás da cabeça.
Na
sequência, o soldado Nascimento, do 32º Batalhão da PM, surge nas imagens. Ele
está com sua arma em punho. Ao ver Allan desabar, o homem com a criança se
afasta e busca abrigo na frente do Palio. É quando o PM Nascimento chega até
Allan, o vira, puxa sua blusa e percebe o ferimento do tiro nas costas do jovem.
O
relógio da câmera marca 19h31 quando os primeiros moradores da rua Raul Guerra,
logo após o barulho do tiro da .40 do PM Nascimento, começam a cercar o militar
e imploram para que ele não deixe Allan morrer.
O
PM Nascimento, segundo moradores do Jardim São João ouvidos pela reportagem,
tentou, em um primeiro momento, dizer algo para incriminar Allan pela sua
morte, mas foi logo repreendido pelos vizinhos do jovem, que viram quando ele
apenas fugia da abordagem do militar.
Uma
mulher que tentou ajudar Allan foi afastada pelo PM Nascimento ao mesmo tempo
em que um menino, com uma camisa de time de futebol vermelha e também amigo do
estudante, entra em desespero e coloca as mãos na cabeça ao vê-lo agonizando.
Nesse momento, as imagens da câmera já não captam mais nenhum movimento de Allan.
Somente
às 19h33, o também policial militar Edwilson Moreira Andrade de Sousa, 35
anos, companheiro de patrulhamento do soldado Nascimento, aparece nas imagens.
É possível ver quando Nascimento se aproxima de Andrade e fala algo em seu
ouvido.
Trinta
segundos após chegar ao local onde Allan está caído, o PM Andrade volta para a
mesma viela onde estava antes e deixa Nascimento sozinho. É quando uma vizinha
do jovem se ajoelha perto de seu corpo e um morador começa a fazer imagens do
militar com um telefone celular. O PM diz que Allan foi o culpado pelo tiro,
mas logo os moradores o contestam.
De
acordo com a mãe de Allan, Ivani Regina Vasileski, o jovem que acompanhava
seu filho no momento da perseguição, e que também aparece nas imagens da câmera
de segurança, contou que o PM fazia mira na direção dos dois jovens enquanto os
perseguia.
PM
liberado
Depois
de ouvir as versões do PM Nascimento, de seu companheiro de patrulhamento e de
mais dois PMs — também do 32º Batalhão e que nem estavam no Jardim São João
quando Allan foi baleado —, o delegado Lourival Zacarias Noronha, da
Polícia Civil, resolveu libertar o militar, enquadrado por homicídio culposo
(sem intenção de matar).
Os
PMs Nascimento e Andrade disseram ter ido ao Jardim São João, no início da
noite de 22 de janeiro, após receberem denúncia de que um foragido da Justiça
estava no bairro. Ao avistarem o grupo de jovens que conversava com Allan, os
PMs tentaram abordá-los, mas o grupo se dispersou.
O
PM Andrade disse também que dois homens, cada um em uma motocicleta, foram
alcançados por ele no momento da abordagem ao grupo de jovens, mas que não
anotou nenhuma informação sobre ambos porque ouviu o barulho de tiro vindo da
direção para a qual o militar Nascimento tinha corrido e resolveu ajudá-lo.
O
rapaz que acompanhava Allan no momento em que o jovem correu do PM Nascimento
não foi encontrado para ser interrogado pela Polícia Civil.
Sem
explicar o motivo de sua conclusão, já que o PM Nascimento não afirmou em
nenhum momento que Allan tentou roubá-lo, o delegado Lourival Noronha fez a
seguinte afirmação no registro da morte do estudante: “Vale ressaltar também a
apresentação espontânea [do PM Nascimento]. A parte comunicou de pronto a
polícia acerca dos fatos, viabilizando o socorro ao agressor lesionado, comparecendo
e prestando as informações devidas nesta unidade policial, bem como exibindo
sua arma de fogo, utilizada no revide contra o roubador”.
A Secretaria
da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmim (PSDB), que tem à
frente Alexandre de Moraes, informou, por meio de nota oficial, que o PM
Nascimento está “recolhido disciplinarmente no 32º Batalhão”. Isso significa
que ele ficará cinco dias no batalhão onde trabalha, sem poder ir para casa.
Ainda
segundo a Segurança Pública, a Polícia Civil instaurou inquérito policial para
investigar a morte de Allan e a Corregedoria da PM (órgão fiscalizador)
acompanha o caso.
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