Hoje,
não tenho moral para preencher esta coluna. Me desculpem. Admito a condição de
cobarde!
William
Tonet*
Mas
gostaria, se tivesse de ser, como a maioria dos políticos da oposição, eternos
submissos e cúmplices, das “borradas” opressoras do regime actual, que
desgoverna o país, covarde!
Talvez
a dicotomia entre as duas palavras, enquanto substantivos comuns ou adjectivos
não seja muita, melhor, não é nenhuma, salvo de covarde, aparentemente, ser
mais chique, devido a origem francesa: couard.
OS
POLÍTICOS SÃO COBARDES! OS DE PODER COVARDES!
Os
da oposição, de Angola, neste momento, não se distinguem daqueles que têm
enveredado por uma política de DITADURA, pese a “constituição jessiana”,
textualizar o termo democracia, que, na prática, não passa disso mesmo, um
sofisma, ou como diria o político português, Almeida Santos, um pedaço de
papel, referindo-se aos Acordos de Alvor. Um vazio. Um nada, quanto a sua
aplicabilidade, na vida do cidadão.
Daí
a cobardia.
O
país caminha para uma crise de dimensões imprevisíveis, com o desemprego a
aumentar, todos os dias, com o fecho de fábricas e serviços, devido a falta de
divisas, no sistema bancário, para as operações de aquisição de material e bens
de reposição, minguando os stocks, reduz o emprego e a porta da rua, para o
empregado, com uma Lei Geral de Trabalho, do tipo colonial, é a opção fácil.
E
o que faz a oposição e os patriotas?
ACOBARDAM-SE!
Pese
a crise, o país, assiste à fuga contínua de capital, liderada pela clique do
poder, num montante semanal, a rondar os cerca de 380 milhões de dólares…
E
a oposição e os patriotas, o que fazem?
ACOBARDAM-SE!
Assiste-se
ao aumento vertiginoso do custo de vida, com a subida das propinas escolares,
aumento do preço dos livros, das batas e uniformes, dos principais produtos
alimentares, do combustível, para os geradores (maioria das casas não tem
energia eléctrica da rede), e viaturas…
E
o que faz a oposição e os patriotas?
ACOBARDAM-SE!
Mais
grave, com a actual política discriminatória do sistema bancário, o regime
lançou um sério recado aos filhos da classe intermédia e pobre: analfabetismo
geral. O alto custo das propinas nas universidades públicas e privadas, quando
os salários dos trabalhadores, estão baixos, obrigarão a uma tomada de opção
dos encarregados de educação; ou a comida ou o estudo, logicamente prevalecerá
a primeira.
Os
que mantém os filhos no exterior, com a dificuldade no envio de remessas
financeiras mensais, só uma opção lhes restará o regresso dos filhos, ficando a
formação blindada aos filhos dos ricos e do poder…
E
o que faz a oposição e os patriotas?
ACOBARDAM-SE!
Estando
a justiça partidarizada e a Polícia instrumentalizada, fecha-se o pacote de uma
urdida cabala, provocatória contra o povo e, na ausência de políticos ousados,
comprometidos verdadeiramente, com as liberdades, a democracia e o sofrimento
do povo, o poder poderá cair na rua, mais dia menos dia, com consequências
imprevisíveis, face ao volume de balas nos arsenais do regime, sedentas de
sangue inocente…
E
o que faz a oposição e os patriotas?
ACOBARDAM-SE!
As
tropas policiais, de fiscalização e militares continuam a roubar e a assassinar
os ambulantes, diariamente, bem como as zungueiras, violentando-as na sua
acção, que visa, contornar o desemprego dos maridos e filhos, bem como a fome
que invade a maioria dos lares. Os jovens são presos injustamente, por quererem
combater o analfabetismo, quanto a ditadura…
E
o que faz a oposição e os patriotas?
ACOBARDAM-SE!
Políticos
e intelectuais, como Isaías Samakuva, Abel Chivukuvuku, Ngola Kabangu,
Sidiangani Mbimbi, Eduardo Kuangana, Filomeno Vieira Lopes, Marcolino Moco,
Lopo do Nascimento e outros, ao invés de lerem os sinais dos tempos, abraçando
políticas de contestação parlamentar e de rua, denunciando as arbitrariedades
do regime, fecham-se nos casulos, acreditando que sozinhos, cada um com a sua
piroga, conseguirá virar o submarino 40, da ditadura e corrupção. Deles os
eleitores, não esperam a contínua frustração, face a uma política de veludo,
mas um projecto de cidadania nacional, capaz de unir o comprometimento e sonho
dos cidadãos, através de uma CDM – COLIGAÇÃO DEMOCRÁTICA DE MUDANÇA-, cujo
símbolo, seria um coração, significando o amor, pelo povo, amor pela liberdade,
amor pela independência, amor pela terra, amor pela justiça, amor pela
igualdade, amor pela democracia, enfim, AMOR POR ANGOLA, que uniria todos, com
os recursos de cada partido, de cada ONG, de cada democrata, de cada cidadão
discriminado.
Uma
coligação cidadã, capaz de resgatar a esperança popular dos angolanos.
Não
conseguindo vislumbrar um cenário, que não seja de guerra, onde mais
derramamento de sangue inocente, será eminente, eu me considero COBARDE!
*Folha 8, em Aqui Falo Eu
1 comentário:
Aleluia! Finalmente WT concluiu que o problema não reside apenas no submarino40.
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