O
início de 2016 trouxe más notícias para a economia do ano anterior. O PIB
cresceu, afinal, muito abaixo do projectado e ficou a dever-se, principalmente,
ao aumento dos impostos. Desta vez, nem foi necessária a revisão em baixa do
FMI, os números foram publicados pelo INE, no seu relatório das Contas
Nacionais Trimestrais.
2015
vai registar um crescimento do PIB pouco acima do 1 por cento, no limite
inferior da projecção recentemente divulgada pelo Banco de Cabo Verde
[Relatório de Política Monetária de Dezembro de 2015] e muito longe da previsão
avançada em Outubro do ano passado pelo Fundo Monetário Internacional, 3,5 por
cento.
Esta
é uma das principais conclusões que se podem tirar da análise das Contas
Nacionais Trimestrais publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística no
início deste ano. Segundo o documento, depois do crescimento de 1 por cento no
primeiro trimestre de 2015, o segundo trimestre ficou-se pelos 0,1 por cento e
o terceiro chegou a 1,4. Falta saber o resultado do último trimestre para se
fazer a média de crescimento anual do PIB. E este é um aumento que ficará a
dever-se, essencialmente, ao crescimento dos impostos, uma vez que o Valor
Acrescentado Bruto deve crescer num valor inferior a 0,5 por cento.
Além
disso, o crescimento de 1.4 por cento em relação ao trimestre homólogo [ver
tabela] pode em grande medida ser atribuído ao efeito base, já que há um ano a
evolução fora negativa (- 0.7 por cento). Continua a assistir-se ao crescimento
do PIB inferior ao crescimento da população, o que vai originar a descida do
PIB per capita.
Afastada
fica também a onda de optimismo que varreu o país quando apareceu a projecção
do FMI para 2015. Apesar dos 3,5 por cento avançados pelo Fundo Monetário
Internacional já se terem repetido noutros anos, acabando sempre por ser
revistos em baixa. Desta vez, bastaram as contas do INE para reduzir estas
previsões. E há notícias mais pessimistas para 2016: segundo o mapa para o
crescimento da economia deste ano, divulgado pelo FMI, Cabo Verde será um dos
países abaixo dos 3 por cento (mais uma vez, longe das projecções do próprio
FMI em Outubro, que apontavam para os 3,7 por cento).
Cabo
Verde e Guiné-Bissau (onde é inclusive previsto um decréscimo da economia) são
os únicos países da CEDEAO a figurarem com um crescimento tão baixo. Senegal e
Gâmbia deverão crescer em taxas entre 3 e 4,9 por cento. Todos os outros
estados membro da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental deverão
crescer acima dos 5 por cento.
Produto
interno bruto
O Produto
Interno Bruto representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e
serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado
período.
O
PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia, e tem o objectivo
principal de medir a actividade económica de uma região. Na contagem
do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os
bens de consumo intermediários [utilizados no processo de produção para serem
transformados em bens finais].
Os
bens de consumo estão divididos em duradouros, semi-duradouros e não
duradouros. Os bens de consumo não duradouros são aqueles feitos para serem consumidos
imediatamente, como os alimentos. Os bens de consumo duradouros são aqueles que
podem ser utilizados várias vezes durante longos períodos, como um automóvel, e
os semi-duradouros são os que se desgastam com o tempo, como calçado, roupas,
etc.
Para
analisar o comportamento do PIB de um país é preciso diferenciar o PIB
nominal do PIB real.
PIB
nominal calcula os preços correntes, ou seja, no ano em que o produto foi
produzido e comercializado, o PIB real é calculado a preços constantes, onde é
escolhido um ano-base para eliminar o efeito da inflação.
O
PIB pode ser calculado a partir de três ópticas: despesa, oferta e
rendimento.
Na
óptica da despesa, o valor do PIB é calculado a partir das
despesas efectuadas pelos diversos agentes económicos em bens
e serviços para utilização final, e corresponderá à despesa interna,
que inclui a despesa das famílias e do Estado em bens de consumo e a despesa
das empresas em investimentos.
Na
óptica da oferta, o valor do PIB é calculado a partir do valor gerado em cada
uma das empresas que operam na economia.
Já
na óptica do rendimento, o valor do PIB é calculado a partir dos rendimentos de
factores produtivos distribuídos pelas empresas, ou seja, a soma dos
rendimentos do factor trabalho com os rendimentos de outros factores
produtivos.
*Com
quadro no original
Texto
originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 736 de 06
de Janeiro de 2016.
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