A
Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido da oposição em
Moçambique, denunciou hoje o rapto do seu delegado distrital de Gondola,
Manica, centro do país, por um grupo armado à civil.
Em
declarações à Lusa, Sofrimento Matequenha, delegado político provincial da
Renamo em Manica, contou que um grupo de homens introduziu-se na noite de
quarta-feira na casa do delegado distrital de Gondola e raptou-o, mantendo-se
desaparecido.
"Os
homens entraram na sala e encontraram-no a assistir televisão às 21:00 de
quarta-feira, raptando-o. Mas o delegado resistiu e foi imobilizado com um tiro
no pé. Quando o filho tentou acudi-lo, também foi atingido no braço",
explicou Sofrimento Matequenha, acrescentando que a situação provocou o pânico
entre os vizinhos.
Denunciado
o caso à polícia, segundo Sofrimento Matequenha, esta só viria a estar presente
no local na manhã de hoje para trabalhos de perícia.
A
porta-voz do comando provincial da polícia de Manica, Elcídia Filipe, disse à
Lusa que a polícia esta a trabalhar para apurar as circunstâncias e esclarecer
o rapto.
Este
é o segundo caso de rapto de membros da Renamo em Gondola em menos de duas
semanas, tendo o primeiro ocorrido no cruzamento de Inchope, quando um jovem
foi levado e mais tarde devolvido com sinais de tortura.
No
entanto, também a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) tem denunciado
casos de raptos dos seus membros e outros incidentes, imputando-os ao maior
partido de oposição.
Na
quarta-feira, a Rádio Moçambique avançou que supostos homens armados da Renamo
atacaram membros da Frelimo no distrito de Maringué, província de Sofala, onde
o partido da oposição mantém uma base militar, e um deles ficou em estado
grave.
"Homens
armados da Renamo em Maringué queimaram as casas de cidadãos que são membros da
Frelimo, balearam pessoas inocentes", disse o primeiro secretário da
Frelimo na província de Sofala, centro do país.
Contactado
hoje pela Lusa, o porta-voz da Renamo, António Muchanga afirmou que houve
apenas uma casa queimada em Maringué e afastou responsabilidades do seu
partido.
Segundo
Muchanga, tratava-se de um homem que alegadamente recrutava jovens para se
apresentarem como desertores da Renamo e que não terá dividido o dinheiro com as
respetivas famílias.
Foram
as famílias desses jovens, acusou, que queimaram a casa, em retaliação.
Na
sexta-feira, a Polícia da República de Moçambique (PRM) acusou a Renamo de ter
atacado o povoado de Saute, na província de Gaza, sul do país, tendo matado um
motorista de trator.
A
polícia moçambicana afirmou também estar em posse de provas implicando a Renamo
em alegados recentes ataques a posições das forças de defesa e segurança,
apesar de não ter realizado nenhuma detenção e de o partido de oposição negar o
seu envolvimento.
As
denúncias de incidentes dos dois lados da crise política em Moçambique têm
vindo a aumentar nas últimas semanas, com o agravamento da instabilidade no
país.
Moçambique
vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do
país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
No
dia 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado
por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, província de Sofala,
centro de Moçambique e o seu guarda-costas morreu no local, num caso que
continua por esclarecer.
A
Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e
da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há
vários meses.
O
Presidente moçambicano tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com
o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a
conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição
para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição e
que só negociará depois de tomar o poder no centro e norte do país.
AYAC/HB
(EYAC) // EL - Lusa
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