A
polícia da província chinesa de Guangdong confirmou pela primeira vez que três
livreiros de Hong Kong, desaparecidos desde outubro, estão sob sua custódia e a
ser investigados na China continental, escreve hoje o South China Morning Post.
Segundo
o jornal, as autoridades de Guangdong disseram ainda à polícia de Hong Kong que
o dono da livraria Causeway Bay Books, Lee Bo, que também esteve desaparecido e
se encontra igualmente na China, não se quis encontrar com a polícia da antiga
colónia britânica.
São
cinco os livreiros de Hong Kong desaparecidos desde outubro, todos eles ligados
à Causeway Bay Books, conhecida por vender livros críticos do regime chinês.
Um
deles, Gui Minhai, surgiu em janeiro na televisão estatal chinesa a afirmar que
se entregou às autoridades por um crime que alegadamente cometeu há 12 anos. O
Departamento de Segurança Pública de Guangdong disse na quinta-feira que os
seus três colegas, que desapareceram em viagens a Shenzhen e Dongguan, são
suspeitos de envolvimento no mesmo caso e em "atividades ilegais na China
continental".
Dos
cinco desaparecidos, apenas Lee Bo e Gui Minhai tinham dado sinal de vida até
agora.
Esta
foi a primeira vez que a polícia de Guangdong confirmou que Lui Por, Cheung
Chi-ping e Lam Wing-kee estavam sob a sua custódia na China.
"Medidas
criminais obrigatórias foram-lhes aplicadas e estão sob investigação",
escreveu a polícia de Guangdong numa carta dirigida aos seus homólogos de Hong
Kong, uma região chinesa, mas com administração especial, tal como acontece com
Macau.
Na
noite de quinta-feira, a polícia da antiga colónia britânica disse ter escrito
novamente às autoridades da província vizinha pedindo ajuda no caso de Lui,
Cheung e Lam, e solicitando que passassem a mensagem a Lee de que continua a
querer encontrar-se com ele o mais rapidamente possível.
Hoje,
o chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, afirmou que as autoridades vão
continuar a investigar o que aconteceu aos livreiros, agora que foi confirmado
que os cinco estão na China, segundo a RTHK.
O
investigador da Amnistia Internacional, William Nee, disse à RTHK que o Governo
de Pequim tem de ser pressionado para divulgar mais informação sobre estes
homens, incluindo onde estão detidos e que acusações enfrentam.
Segundo
o South China Morning Post, é improvável que este desenvolvimento contribua
para a reduzir a especulação de que os livreiros foram sequestrados e levados
para a China continental por agentes que atuaram além das suas fronteiras e
jurisdição, violando o princípio "um país, dois sistemas", ao abrigo
do qual as políticas socialistas da China não se aplicam em Hong Kong e Macau,
que gozam de ampla autonomia.
Dos
cinco livreiros, Gui, que também tem nacionalidade sueca, foi o que desapareceu
há mais tempo, quando se encontrava de férias na Tailândia, tendo reaparecido
em janeiro na televisão chinesa, num vídeo em que afirma que fugia há 12 anos à
justiça da China, que o condenou por ter causado a morte de uma mulher ao
conduzir embriagado em 2004.
Familiares
e amigos duvidam da veracidade da confissão.
Lee
Bo, o sócio maioritário da Causeway Bay Books, foi visto pela última vez em
Chai Wan, Hong Kong, a 30 de dezembro. Não há qualquer registo de que Lee tenha
deixado Hong Kong e o próprio terá dito, recentemente, que se deslocou
voluntariamente à China para participar numa investigação.
ISG
// MP - Lusa
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