O
secretário-geral do PCP declarou hoje que a atual solução política que
viabilizou o Governo socialista "será tanto mais duradoura quanto mais
respostas positivas se concretizarem" para trabalhadores e povo,
rejeitando aquilo que seria uma "amálgama" de quatro partidos.
Em
entrevista publicada hoje no órgão oficial comunista, "Avante!",
Jerónimo de Sousa elogia "o respeito" do PS, "sempre num quadro
bilateral", pela posição do PCP, apesar do questionamento por parte da
comunicação social sobre "por que é que os quatro partidos (PS, BE, PCP e
PEV) que permitiram a viabilidade desta solução política" não se juntaram.
"Pela
nossa parte, consideramos que essa amálgama não traria mais clarificação, mas
traria sim mais confusão. Nessas reuniões bilaterais mantemos as nossas
propostas, as nossas reservas e o nosso combate ao que consideramos
negativo", assegurou.
No
depoimento intitulado "O compromisso do PCP é com os trabalhadores e o
povo português" e cuja chamada de primeira página é "O PCP tem uma
proposta alternativa", o líder comunista sublinha que a postura do seu
partido "foi clara: não podíamos viabilizar ou inviabilizar uma coisa sem
a conhecer", referindo-se ao Orçamento do Estado para 2016 (OE2016).
"Quanto
à pergunta em concreto, o que dizemos é que a solução encontrada será tanto
mais duradoura quanto mais respostas positivas se concretizarem. Isto é que é o
fundamental e decidirá da durabilidade da solução política", afirmou,
sobre o horizonte temporal de quatro anos da atual legislatura.
Jerónimo
de Sousa diz ainda que "cada um não exigiu nunca que a outra parte
deixasse de defender o que defende e de ser o que é", em termos de
"independência", "identidade" e "convicção de que é
necessária uma política alternativa patriótica e de esquerda capaz de dar
respostas estruturantes aos grandes problemas nacionais".
"Quanto
ao PS, também não nos iludimos, sabemos que não se liberta desses
constrangimentos e dessas políticas e instrumentos da União Europeia. Há aqui
uma contradição por parte do PS. No que nos diz respeito, quando afirmamos que
somos um partido sério, o que estamos a afirmar é que não dizemos uma coisa nas
reuniões com o PS e outra coisa em termos públicos. É com este partido que o PS
dialoga e com quem procura a convergência possível, reconhecendo as diferenças
e as divergências", continuou.
O
secretário-geral do PCP, questionado sobre a "democracia avançada"
que consta do programa do partido, "como etapa da luta pelo socialismo e
pelo comunismo", define-a como parte do "processo de emancipação e de
libertação dos trabalhadores e dos povos", com "respostas mais
avançadas do que a própria Constituição da República", a fim de romper
"com a política de direita e as imposições do capital monopolista".
"Não
perdemos uma perspetiva de horizonte mais largo, a construção do socialismo e
do comunismo, num processo de transformação que resultará da luta do nosso
Partido mas fundamentalmente da luta do nosso povo", afirmou.
"O
ideal e o projeto" do PCP "comportam esse sonho milenar do ser humano
de se libertar da exploração de um homem por outro homem, um sonho que não
morre nem acaba", sublinhou Jerónimo de Sousa, "mesmo numa correlação
de forças tão desfavorável aos trabalhadores e aos povos, quando resistir é já
vencer".
"Temos
aquela confiança que nos vem da convicção de quem acredita no ser humano e no
seu anseio de liberdade e emancipação. E depois, estaremos de acordo que,
apesar de tudo, 'o mundo move-se'", disse, recordando os 95 anos de
história do PCP.
HPG
// ZO - Noticias Ao Minuto/Lusa
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