segunda-feira, 21 de março de 2016

Unicef estima que mais de 1,4 milhões de angolanos sofrem com mudanças climáticas



A Unicef estima que mais de 1,4 milhões de pessoas sofrem atualmente com os efeitos das mudanças climáticas em seis províncias do sul de Angola, justificando a inclusão do tema nas agendas de trabalho internacionais.

A posição é expressa pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância em comunicado enviado hoje à Lusa, em Luanda, a propósito do dia mundial da água, que se assinala terça-feira, e que motiva uma campanha nas redes sociais de alerta para os efeitos das mudanças climáticas e da falta de saneamento na qualidade da água consumida por milhões de pessoas em todo o mundo.

Entre os efeitos identificados pela Unicef em Angola e que carecem de análise e de medidas concretas estão as secas prolongadas, mas também as fortes chuvas que se fazem sentir no país, levando a organização e outros parceiros "a incluir o tema nas suas agendas de trabalho".

"Quando a água se torna escassa durante as secas, as populações recorrem a água de superfície que muitas vezes é insegura, colocando em risco a vida de muitas crianças e as suas famílias", recorda ainda a Unicef.

Igualmente sobre Angola, a organização das Nações Unidas sublinha a importância do investimento em curso, em parceria com a União Europeia, Banco Mundial e o Governo angolano, na construção em curso de um centro de formação profissional para o setor das Águas, em Onga Zanga, a 15 quilómetros de Catete, arredores de Luanda.

O centro deverá estar concluído em 2017 e permitirá formar os atuais e novos trabalhadores do setor, como forma de contribuir para sistemas de abastecimento de água potável e de tratamento das águas residuais "sustentado por técnicos devidamente qualificados e capazes de dar resposta as necessidades mais urgentes do país".

A Lusa noticiou em fevereiro passado que as secas em Angola afetaram desde 1981 mais de seis milhões de pessoas, segundo a atualização do plano de prevenção e redução do risco de desastres.

De acordo com o documento, entre 1981 e 2015 registaram-se 12 anos de cheias ou seca, esta última especialmente grave nos anos de 1989, com 1,9 milhões de pessoas afetadas, e de 2012, quando mais de 1,8 milhões de pessoas sofreram as consequências da falta de chuva, essencialmente no sul de Angola.

"Em termos de impacto dos desastres, o país continua a apresentar uma situação marcada pela ausência ou excesso de água, com secas e inundações que causam danos substanciais anualmente", lê-se no documento.

No período entre janeiro de 2013 e maio de 2014, a província do Bié sofreu especialmente o efeito das chuvas, com quase 15.000 famílias afetadas, logo seguida do Uíge, com perto de 14.000 famílias atingidas.

No plano inverso, Angola vive "com alguma regularidade" ciclos de seca nas províncias do Namibe, Cuanza Sul, Huíla, Cuando Cubango e Cunene, afetando as culturas de massango, massambala, milho e feijão.

"Esta situação leva a que as colheitas nestas áreas sejam negativas. Os pontos de água de escorrimentos superficiais não têm recebido quantidades suficientes de chuvas, antevendo-se uma grande escassez de água nos próximos anos", aponta a revisão do Plano Estratégico de Prevenção e Redução do Risco de Desastres em Angola.

PVJ//APN - Lusa

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