domingo, 10 de abril de 2016

Cabo Verde. "Elevadíssima abstenção" é desafio para a classe política - PAICV



A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que saiu derrotado das legislativas, disse hoje que a "elevadíssima abstenção" nas eleições de março representa um desafio para toda a classe política.

O Conselho Nacional do PAICV está reunido este fim de semana, na capital cabo-verdiana, para analisar os resultados das eleições legislativas de 20 de março, que retiraram o partido do poder após 15 anos de maiorias absolutas.

O Movimento para a Democracia (MpD), desde 2001 na oposição, ganhou as eleições com maioria absoluta, conquistando 40 dos 72 lugares no parlamento.

No final do primeiro dia de reunião dos 92 conselheiros, Janira Hoppfer Almada disse aos jornalistas que a reflexão se centrou na votação conseguida pelo PAICV, mas também "na elevada, elevadíssima abstenção", que atingiu os 34,2%.

Para Janira Hoppfer Almada, o facto de 118 mil cabo-verdianos não terem votado "deve interpelar a classe política".

"Porque é que 118 mil cabo-verdianos não se reviram em nenhuma das propostas e se não identificaram com nenhum partido? É um grande desafio para a classe política", considerou.

Segundo a líder do PAICV, é preciso assumir esse desafio "para iniciar uma nova fase de maior proximidade e de grande diálogo com o eleitorado e com a sociedade" para haja menos abstenção e mais participação cívica.

"Para que todos se possam identificar com alguma proposta, alguma força política e, desta forma, poderem também, através do seu voto, ajudar na definição do futuro do país", enfatizou.

Sobre os resultados do PAICV nas legislativas de 20 de março, assinalou que, apesar da derrota, 86 mil cabo-verdianos acreditaram no projeto do partido e valorizaram as ideias que foram apresentadas.

No seu entender, é necessário, por isso, assumir a oposição com dignidade e responsabilidade.

"Enquanto líder do PAICV farei de tudo para que sejamos uma oposição construtiva, mas sobretudo uma oposição que coloque Cabo Verde em primeiro lugar", disse.

"Não pretendo liderar uma oposição que tenha por missão vetar as propostas da maioria. Queremos criar as condições para que todas as promessas ou compromissos sejam efetivamente realizados", acrescentou.

A responsável garantiu ainda que o PAICV estará no parlamento para fiscalizar o cumprimento dos compromissos assumidos pelo futuro primeiro-ministro, "alguns dos quais terão necessariamente que começar a respetiva implementação ainda no ano de 2016".

Sobre as causas da derrota nas eleições, admitiu que nestes "últimos cinco anos" o governo do PAICV "talvez não tenha conseguido satisfazer muitas expectativas dos cabo-verdianos", mas considerou que o partido está concentrado "na construção dos caminhos do futuro".

Ainda durante a reunião do fim de semana, os conselheiros nacionais do PAICV deverão analisar a organização das eleições autárquicas que deverão acontecer no segundo semestre de 2016.

CFF // ROC - Lusa

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