Mário Motta, Lisboa
Hoje
o Página Global arrancou mais cedo. Nada mais agradável que chegar aqui e ver
que outro companheiro do coletivo está a dar “uma mão”. Carlos Tadeu avançou
pela calada da manhã e já facilitou o trabalho e a leitura aos mais madrugadores. Maravilha para os que vêm ao PG e também para quem tem de o sustentar. E
foi Carlos Tadeu que deixou a recomendação para o artigo que se segue com a
anotação “a publicar”. Publiquemos com um grande agradecimento àquele
companheiro. Artigo carimbado para o Bocas do Inferno. São só "bocas".
Se
o Departamento de Estado dos EUA não está incluído num qualquer anedotário,
devia. A notícia, da Lusa, que se segue, é mesmo para fazer chacota e avaliar a
hipocrisia do Departamento de Estado, do presidente dos EUA, da máquina
infernal daquele império do mal e da desgraça de tantos povos no mundo. Quando
elaboram e praticam alguma ação merecedora de elogios sabemos que quase sempre
traz água no bico e que é mera ilusão. Mais tarde é o que concluímos. Os EUA não
dão ponto sem nó relativamente aos males, às sevícias, aos roubos, aos assassínios
massivos que cometem pelo mundo inteiro.
Também
no próprio território dos EUA não acontece o melhor. Possuem largas dezenas de milhões
de carenciados, de excluídos, de sem-abrigo, de explorados, de pobres, de
prisioneiros, de assassinos nas polícias e outras forças da (des)ordem, de
espancados dentro e fora das prisões. A fronteira do desrespeito e do respeito
pelos Direitos Humanos é o que lhes convier, mesmo que para isso raptem,
torturem, prendam e assassinem noutros países. O império norte-americano tem
subido de escala em ações de desrespeito pela soberania de outros países, de
outros povos e, principalmente, do devido respeito pelos Direitos Humanos. Nos EUA, a
polícia racista que assassina negros é considerada em elevado número. Muitos desses
elementos policiais fazem parte de associações criminosas do tipo Ku klux klan…
E vem depois o Departamento de Estado do império norte-americano apontar em
relatório que os “maiores problemas de direitos humanos" em Portugal
continuaram a ser, em 2015, abusos por parte das forças de segurança, as
condições e sobrelotação das cadeias e a violência contra mulheres e crianças” –
refere a Lusa.
Podemos
dizer que este relatório do império veste nas medidas perfeitas vários e
conhecidos adágios portugueses, como, por exemplo: “És sujo e feio mas não tens
espelhos lá em casa”, “olha para o que digo mas não faças como faço”, e tantos
outros.
Na
verdade registam-se muito excessos nas polícias portuguesas. Tem que ver com as
más formações dos indivíduos e más formações que lhes são ministradas na PSP –
mas muito longe de serem tão maus polícias quanto os dos EUA. O problema na PSP
e noutras polícias estão intrinsecamente relacionados com os maus polícias que
vimos nos filmes, nas televisões. Os jovens ingressam na instituição PSP e
julgam-se nas séries policiais norte-americanas, julgam-se vedetas com poderes
transcendentais. Se não lhes põem cobro arrastam-se até muito mais velhos como polícias
indignos de vestirem aquela farda e de exibirem as suas insígnias. Para esses, todos ou quase todos os cidadãos são potenciais criminosos. Só não extravasam
os seus maus-fígados contra tudo e todos se não puderem. As chefias, as más
chefias, têm nisso bastante responsabilidade. As punições exemplares não
existem por via de más-chefias. É assim que se pode adulterar completamente uma
instituição. Está a acontecer. Facto. A verdade é que não precisamos em
Portugal das lições e apontamentos do Departamento de Estado dos EUA.
No
reverso da moeda acontece que a maioria dos elementos da PSP são dignos e
correspondem à segurança pública que representam e dá o seu nome à polícia. Assim
como a outras polícias em Portugal. São profissionais muitas vezes execrados
injustamente. São polícias que arriscam a vida perante a criminalidade
crescente nos guetos a que chamam bairros sociais para onde as câmaras municipais
os empurram e os encerram. Onde abunda o desemprego, a exclusão escolar, as
dificuldades económicas, a necessidade de roubar para ter alguma coisa que
sabem só assim a conseguem. A exclusão a todos os níveis abunda nesses guetos.
Até parece que as câmaras municipais e os governos querem mesmo fomentar a
criminalidade para assim sustentarem os advogados, as assistentes sociais, os
guardas profissionais, os juízes, as polícias e toda a panóplia que a
criminalidade é razão de sustentação. Quererá? Parece… E o que parece é, vezes
demais.
A
alienação nas escolas dos de tenra idade e de famílias carenciadas faz parte do
programa. Quanto mais os governos forem de direita pior. É de pequenino que se
torce o pepino e os pequeninos nos guetos e nas escolas dos guetos são formados
para a criminalidade só pelo simples facto de os encerrarem em bairros sociais
discriminatórios em vez de os colocarem a viverem em casas normalíssimas, em
locais normalíssimos, em escolas normalíssimas onde seja possível aprenderem a
ser cidadãos de plenos direitos de facto e não teoricamente.
Quanto
ao que aponta o Departamento de Estado norte-americano, esse coio imperial,
sobre maus-tratos a mulheres e crianças… É endémico e associado às dificuldades
económicas de imensas famílias. Um adágio define isso: “casa onde não há pão
todos ralham e todos têm razão”. E depois há a questão cultural. Que ofertas de
cultura são proporcionadas e encontradas nos bairros ditos sociais?
Como
nas polícias, nem tudo, nem todos, são maus profissionais. Também nos tais bairros
assim acontece. Há é a tendência para julgar e abominar a polícia como um todo
e igualmente os que têm de sobreviver nos ditos guetos. Na maioria dos casos
existe a boa cidadania, o bom profissionalismo policial. Felizmente, ainda. Mas tudo vai piorar, e muito, se
nada de contrário à situação atual for realizado.
As cadeias sobrelotadas. É efeito dos maus governantes que Portugal tem tido e do fomento da criminalidade que geram. Quando os políticos roubam ou usam de expedientes que vão dar no mesmo é a impunidade que os espera. Quando é a plebe que rouba uma lata de sardinhas... vai presa. Democracia? Igualdade de direitos, liberdades e oportunidades? Tenham vergonha, senhores políticos, governantes, deputados... e "amigos".
Ao
Departamento do império: tenham vergonha. Comprem um grande espelho e mirem-se
na realidade das vergonhas que devem assumir. Peçam desculpas ao mundo. Aos
povos que subjugam. (MM)
EUA
voltam a apontar más condições das cadeias e abusos policiais em Portugal
Os
Estados Unidos consideram que os "maiores problemas de direitos
humanos" em Portugal continuaram a ser, em 2015, abusos por parte das
forças de segurança, as condições e sobrelotação das cadeias e a violência
contra mulheres e crianças.
No
Relatório Anual de Direitos Humanos do Departamento de Estado norte-americano,
divulgado hoje, os EUA referem ainda o encarceramento de delinquentes juvenis
com adultos, o tempo que, na prática, tem a prisão preventiva em Portugal e o
facto de presos preventivos e condenados estarem juntos nas cadeias.
A
discriminação dos ciganos e o aumento do fosso salarial entre homens e mulheres
voltam também a ser apontados.
Sobre
as forças de segurança, o relatório diz que no ano passado houve de novo
"relatos credíveis" de uso "excessivo" da força pela
polícia e de tratamento desadequado e "outras formas de abuso" de
presos por parte de guardas prisionais.
A
este propósito, refere, porém, que a Inspeção-Geral da Administração Interna
(IGAI) investigou todas as queixas e puniu os agentes considerados culpados.
Em
relação às cadeias, o relatório insiste nas más condições de algumas delas e na
sobrelotação, sublinhando que funcionam, no global, a 113% da sua capacidade.
A
este propósito, destaca o caso da cadeia de Ponta Delgada, nos Açores, com uma
taxa de ocupação de 180%.
Referindo
os dez suicídios em cadeias entre janeiro e setembro, o relatório aponta não
haver notícia de melhorias introduzidas em prisões como a de Paços de Ferreira
ou Linhó depois de, em anos anteriores, terem sido denunciadas más condições
por organismos internacionais.
Ainda
assim, e também neste caso, o relatório ressalva que as autoridades portuguesas
investigaram as denúncias de condições desumanas nas cadeias e tornaram
públicos os resultados, não havendo também obstáculos a visitas por parte de
organizações de defesa dos direitos humanos.
Quanto
à prisão preventiva, considera que a sua "longa" duração
"continuou a ser um problema" no ano passado, quando 16% da população
prisional eram presos preventivos, o que representou uma diminuição em relação
a 2014.
"A
longa prisão preventiva deveu-se normalmente a longas investigações e procedimentos
legais, ineficiência judicial ou poucos recursos humanos", lê-se no
relatório.
Há
ainda referências a "muitos casos", que não especifica, em que a
Polícia Judiciária não informou detidos dos seus direitos de acesso a um
advogado ou de contactar com um familiar, por exemplo.
Também
a "violência contra as mulheres, incluindo a violência doméstica,
continuou a ser um problema", segundo o Departamento de Estado dos EUA,
referindo as 23 mortes avançadas por Organizações Não-Governamentais. O documento
destaca, no entanto, os mecanismos que têm sido criados pelas autoridades
portuguesas para "encorajar" a denúncia e proteger as vítimas.
Quanto
às crianças, os "992 crimes" contra menores de 18 anos registados
pela APAV em 2014 fazem do "abuso de crianças um problema" em
Portugal, no entender dos EUA, que referem ainda o caso dos ciganos, que
continuaram a ser alvo, por exemplo, de "assédio policial",
mantendo-se um problema de discriminação, apesar dos esforços das autoridades
em criar, por exemplo, projetos de mediação local entre comunidades e
mecanismos de integração.
MP
// JPS - Lusa
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