quinta-feira, 9 de junho de 2016

GOOOOLO DO MEXIA!



Expresso Curto por Nicolau Santos. Cafeína da melhor. Já é boa tarde, o bom dia foi quando pela calada da manhã Nicolau escreveu e o Expresso publicou este Expresso Curto que lá mais para a frente (em baixo) vão poder ler. E o Nicolau começa assim: “Como não se vai falar de outra coisa senão de futebol durante um mês, pelo menos o escriba deve tentar ligar o futebol à realidade”. É verdade. Vai ser uma seca das maiores. Vai de cair e ficar a ver bolinhas – em vez de estrelinhas. Claro que queremos que a seleção de Portugal vença o Euro 2016. Caso assim não aconteça… Ao menos que faça boa figura. Merecemos. E os jogadores também. Até o “Querido Presidente”, Marcelo, para os amigos. E somos todos amigos… Não fomos? Ah! Esta expressão com passado talvez se deve aplicar quando Marcelo já estiver a cumprir o segundo mandato. Talvez antes. Nunca se sabe. Os políticos são volúveis… Adiante.

Nicolau aborda Mexia, dribla mas falha o golo. Mexia, aquele da EDP, o “panguiau” que limpa milhões como quem se coça cheio de sarna. Um sarnoso cheio de sorte. Ainda bem. Isso também é o que a seleção de futebol precisa neste Euro 2016.

Mexia era socialista. Era. Agora é multimilionário e vai morrer assim. Talvez até nem morra de vez. Talvez que de cada vez que esticar o pernil os chineses lhe administrem choques elétricos especiais e exclusivos que o ressuscitem. Com a sorte que ele anda até deve resultar. Os vindouros é que estão tramados: eletricidade muito mais cara na Europa e no mundo é em Portugal… para pagar as mordomias ao Mexia e aos outros Mexias. Eles mexem, não roubam. Pois.

O melhor é nem “mexer” mais nisto, na prosa. Vão ao Curto. Nicolau faz montanhas de abordagens que interessam. Formar e informar, de lacinho. Que giro!

Gosto. Só a vantagem de não ter de se fazer o nó da gravata. O Mexia não. Esse deve ter lá um mordomo, perito, a quem paga (mal) para lhe fazer os nós de gravata. Só nos nós cegos é que o Mexia é bom. Com o Mexia é sempre gooolo! Então e não vêem?!

Mário Motta / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Nicolau Santos – Expresso

A António Costa falta-lhe um Ricardo Quaresma. Mas ao SNS não

Bom-dia. Este é o seu Expresso Curto, em vésperas de um fim-de-semana prolongado, que será marcado pelo início do Europeu de Futebol em França, já a partir de amanhã.

Pois bem, como não se vai falar de outra coisa senão de futebol durante um mês, pelo menos o escriba deve tentar ligar o futebol à realidade, uma coisa que o presidente da EDP, António Mexia, já fez, ao dizer que o seu salário, de 1,5 milhões de euros brutos por ano ou 700 mil líquidos, “equivale ao de um defesa direito de um clube do meio da tabela”. Exageros ou generosidade do dr. Mexia, claro.

Ora ontem, olhando para o que se passava no relvado do Estádio da Luz, em que até aos 25 minutos aquilo não atava nem desatava, tudo um bocadinho pastoso, sem oportunidades de golo, quanto mais golos, uma pessoa com alguma imaginação poderia fazer uma comparação com a situação económica que se vive no país e com o Governo, onde há um capitão que parece o Ronaldo mas depois não parece existir mais ninguém capaz de brilhar.

Pois estava o escriba em tais meditabundices quando um tal de Ricardo Quaresma, que por acaso um dia quando se transferiu para o Barcelona foi apelidado de Harry Potter, saca de um cruzamento de trivela teleguiado para o interior da área e lá dentro, onde havia cinco eslovenos, surge a cabeça do capitão Ronaldo a cabecear um míssil para o fundo da baliza.

Ainda os eslovenos estavam a tentar perceber o que tinha falhado na sua organização defensiva, já o tal do Harry Potter entrava outra vez pelo lado esquerdo, dava uns nós e uns laços aos defesas que lhe apareceram pela frente, e zás, de um ângulo dificílimo fazia um chapéu ao guardião esloveno de se lhe tirar o chapéu e do estádio ir aos píncaros. E foi mesmo, porque não se veem obras de arte todos os dias. Como diz o Pedro Candeias, “Quaresma é quando este homem quiser”.

E pronto, voltam as comparações com a política. É que a partir dali, aquela equipa um bocadinho maçadora e sem rasgo que tinha estado em campo e que fora salva por dois rasgos individuais de dois rapazes brilhantes, passou a jogar como uma máquina, bola aqui, bola ali, centro, remate, golo, recuperação, passe, remate, golo, saíam uns entravam outros, e a máquina sempre a carburar na perfeição e até parecia que carburava melhor, mesmo após a saída do capitão Ronaldo ao intervalo, quando havia 3-0. Na segunda-parte, sem ele, os eslovenos foram passados a ferro e a seleção vai para França com o ego enfunado, a confiança ao nível dos Himalaias e 7-0 no bornal à Eslovénia. Como diz o Jornal de Notícias, “com Ronaldo e Quaresma é outra Estónia”.

Ora o que tem a seleção nacional, não tem o Governo. Tem uma estrela maior, o primeiro-ministro, mas depois falta-lhe o Ricardo ‘Harry Potter’ Quaresma que desbloqueie situações mais difíceis, quando tudo o resto não funciona. Ontem, lá veio o Banco de Portugal juntar-se ao coro das instituições internacionais que estão a rever as previsões para a economia portuguesa para este ano (agora aposta em 1,3% contra 1,8% do Governo) e alertar para a possibilidade de serem necessárias "medidas adicionais" para cumprir os objetivos orçamentais, bem como para a "perda de dinamismo" das reformas estruturais e para a "permanência de riscos" no setor financeiro. Mais: o banco central prevê mesmo a maior queda das exportações desde 2005. E quem teve de sair a terreiro? António Costa, claro, que afirmou que “há quem prefira previsões. Eu prefiro os factos”. Pois, mas isso é o que se diz quando as previsões dos outros começam a contradizer de forma sistemática as nossas próprias previsões. Já o ministro das Finanças, que se encontra em Nova Iorque a tentar convencer investidores a apostar em Portugal, afirmou com aquele ar sofrido que tem que não vê razões para alterar o quadro macroeconómico em que foi construído o Orçamento do Estado para este ano. Olhe quequando FMI, OCDE, Banco Mundial, Comissão Europeia e Banco de Portugal apontam num sentido e V.Exa. noutra é mesmo capaz de haver razões para mudar as previsões, dr. Centeno…

Ainda por cima, paira sobre o país a ameaça de sanções económicas por parte da União Europeia. O argumentário contra essa possibilidade será servido amanhã aos 27 embaixadores dos Estados membros da União Europeia acreditados em Lisboa, durante uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde estarão presentes o ministro desta pasta, Augusto Santos Silva, e o ministro das Finanças, Mário Centeno. A situação da economia e das finanças do país, em versão governamental, será o prato de resistência do encontro, que decorre da parte da tarde.

Curiosamente, também amanhã à mesma hora mas na Assembleia da República, os partidos com assento parlamentar tentarão votar uma resolução conjunta contra as sanções para mostrar a Bruxelas a união interna que existe sobre a matéria – embora PSD e CDS tenham apresentado o seu próprio projeto de resolução e a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tenha vindo explicar em 3 minutos que o défice de 2015 só derrapou devido à questão do Banif.

Voltando ao futebol e à vida: no Serviço Nacional de Saúde não temos um mas vários Ronaldos e Ricardos Quaresma. O que se passou com o nascimento de uma criança, cuja mãe tinha morrido há 15 semanas, é “uma grande vitória da vida” e “um feito inédito e extraordinário” da medicina em Portugal. A Christiana Martins explica quais as seis razões que determinaram este milagre.Os portugueses bem podem orgulhar-se do “seu” Serviço Nacional de Saúde, indiscutivelmente um dos grandes marcos distintivos do regime que nasceu em 25 de Abril de 1974.

E mais este: no dia 6 de fevereiro de 2015, o então ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou o acordo de financiamento para a utilização pelo SNS de dois medicamentos para a hepatite C. Pois bem: a taxa de sucesso da medicação é de 95%. Tendo em conta os tratamentos já iniciados, poderão estar curados em breve 7300 pessoas. Estão inscritas 13.000 pessoas e a felicidade dos que dizem “estou curado” é indescritível. Mais outro feito do “nosso” Serviço Nacional de Saúde.

OUTRAS NOTÍCIAS

Nos últimos quatro anos, entre 2012 e 2015, a construtora Mota-Engil foi seis vezes à América Latina em missões chefiadas por Paulo Portas, na altura ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros do Governo PSD/CDS que integrava. Bom, e qual é o problema? Nenhum, claro – a não ser que Portas vai agora trabalhar para a construtora como consultor estratégico para a América Latina.

Portugal é o quinto país mais pacífico do mundo, segundo o Global Peace Index (GPI), um relatório internacional elaborado pelo Institute for Economics and Peace, uma organização sem fins lucrativos. À frente de Portugal este ano ficaram apenas a Islândia, Dinamarca, Áustria e Nova Zelândia.

O Presidente da República promulgou o diploma que reintroduz o horário de 35 horas na Função Pública, mas adverte que pode enviá-lo para o Tribunal Constitucionalse houver aumento de despesa. Como é óbvio, vai haver. Resta saber se o Governo terá possibilidade de compensar esse aumento com cortes noutras despesas.

José Maria Ricciardi considera que a melhor solução para o Novo Banco é, em vez de vendê-lo, capitalizá-lo através de um aumento de capital. A Haitong, banco que lidera, já tem potenciais investidores interessados neste modelo.

Mas se houver milhões para a banca, o rating do país fica em causa. Moody's, Standard & Poor's, Fitch e DBRS são unânimes: se a dívida aumentar, o "rating" de Portugal fica sob pressão. Este é o principal risco de uma injecção de capital na CGD, além da credibilidade nacional que fica em causa. Já o sector da banca fica a ganhar.

Os olhos estão postos no Reino Unido e no referendo marcado para dia 23 sobre a continuidade ou não do país na União Europeia, mas um estudo de opinião realizado pelo Pew Research Center mostrauma queda acentuada da popularidade da UE na generalidade dos Estados-membros. A Grécia mantém-se como o país mais descontente, mas foi em França e Espanha que o eurocepticismo mais terreno ganhou nos últimos anos.

Os mercados accionistas norte-americanos estão em alta, com o índice Standard & Poor’s 500 cada vez mais perto de estabelecer um novo recorde. A impulsionar os índices tem estado a crescente convicção de que a Fed não subirá os juros durante mais algum tempo devido ao crescimento moderado no país.

Dorothy Rodham nasceu a 4 de junho de 1919 nos Estados Unidos, precisamente no dia em que o Senado norte-americano votou favoravelmente a 19.ª emenda à Constituição dos Estados Unidos. As mulheres passavam dessa forma a ter direito de voto e, 95 anos mais tarde, a filha de Dorothy faria história. Hillary Rodham Clinton tornou-se ontem a primeira mulher a ser escolhida para ser candidata à presidência dos Estados Unidos, no caso pelos democratas. Vai ter como opositor o multimilionário excêntrico e exuberante Donald Trump, que também reclama marco histórico ao sublinhar que nunca, nas primárias, uma candidatura republicana conseguiu tantos votos.

Moçambique entrou em incumprimento. O ministro das Finanças do país, Adriano Maleaine, revelou que a Gestora de Activos de Moçambique (MAM na sigla inglesa) falhou o prazo de 23 de Maio para o pagamento dos juros relativos a um empréstimo de 535 milhões de dólares – mais de 471 milhões de euros. A MAM e a Proindicus, outra empresa pública, têm empréstimos que ascendem a 1,6 mil milhões de dólares – mais de 1,4 mil milhões de euros. As autoridades moçambicanas não comunicaram aos investidores essa dívida quando, em Abril, converteram outro empréstimo da Ematum, uma empresa pública.

Hoje, em Dresden, na Alemanha, começa mais um encontro dopolémico e secreto Grupo de Bilderberg. Durão Barroso, que substituiu Francisco Pinto Balsemão no Comité Diretor da organização, convidou a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o presidente executivo da Galp, Carlos Gomes da Silva – um perfil de opções diferentes das que Balsemão fazia.

Em Israel, um atentado perpetrado por dois palestinianos fez pelo menos quatro mortos e 13 feridos numa popular zona comercial em Telavive, defronte do Ministério da Defesa e do Estado-Maior do Exército de Israel. Os dois atacantes foram detidos.

O presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, vai abandonar o cargo e será nomeado representante do país no Fundo Monetário Internacional (FMI).

FRASES

“Vivemos hoje em Portugal uma das situações mais terríveis e perturbadoras da humanidade: a lenta gestação de uma catástrofe. No futuro, quando olharem para o nosso tempo, as pessoas terão muita dificuldade em entender a apatia nacional que conduziu ao colapso de 2017-2018”. João César das Neves, economista, Diário de Notícias

“Se um dia António Mota, o gestor que consolidou o império do pai, contasse a verdadeira história da relação entre a Mota-Engil e o poder político, muito ficaríamos a saber sobre o país”. Armando Esteves Pereira, jornalista, Jornal de Negócios

“É estranho (e é até pena) que quando Paulo Portas dá por acabada a sua carreira política nós não nos lembremos de nada que o político Paulo Portas tenha feito”. Rui Tavares, comentador e analista político, Público

"Ter primárias muito competitivas foi algo de muito saudável para o Partido Democrata. Penso que Bernie Sanders trouxe uma enorme energia e novas ideias. E impulsionou o partido e desafiou-o. Creio que fez de Hillary uma melhor candidata". Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, durante uma entrevista com o comediante Jimmy Fallon.

“Ao contrário de Trump, Hillary não é uma novidade política nem tem propensão para o disparate, muito apreciado nestes tempos”.Bernardo Pires de Lima, colunista, Diário de Notícias

“As coisas estão bem, mas vamos com calminha”. Fernando Santos, selecionador nacional, depois de Portugal ganhar ontem à Estónia por 7-0 no Estádio da Luz

O QUE COMPREI NA FEIRA DO LIVRO ATÉ AGORA. E O QUE ANDO A OUVIR

Feira do Livro sem chuva não é Feira do Livro. E eu não passo sem ir nem que seja apenas umas horas de um dia à Feira do Livro. Desta vez, apanhei uma aberta à hora do almoço e, sob um sol inclemente, por entre hordas de criancinhas de inúmeras escolas, consegui numa primeira investida trazer para casa dois títulos do incontornável escritor brasileiro, já Prémio Camões, Ruben Fonseca (“Amálgama” – Prémio Jabuti 2014 e “Histórias Curtas”; um clássico de Aleksandr Soljenitsin, Prémio Nobel da Literatura, “Um dia na vida de Ivan Denissovitch”, denúncia do que se passava nos Goulags do estalinismo; “Corpos Divinos”, de Guillermo Cabrera Infante, as suas memórias da revolução cubana, oscilando entre os sonhos utópicos e as decepções; um outro clássico da literatura, “e os hipopótamos cozeram nos seus tanques”, de William S. Burroughs & Jack Kerouac, dois ícones da “Beat Generation” norte-americana; finalmente, porque fiquei completamente fascinado pela trilogia Millennium, de Stieg Larsson, comprei “A rapariga apanhada na teia de aranha”, de David Lagercrantz, que procura dar continuidade à saga de Larsson, prematuramente desaparecido. E ainda ganhei de presente um livro de poesia, “Estórias das Coisas”, de José-Alberto Marques. Depois digo o que penso de tudo isto.

Quanto a música, estou completamente apaixonado por Stacey Kent e pelos dois CD’s dela que tenho: “The changing lights” e “Breakfast on the morning trains”. Kent canta maravilhosamente bem, pelo menos em três línguas: inglês, francês e português do Brasil. Vai de “What a wonderful world” a “One note samba”, que é como quem diz “Samba de uma nota só”, passando por várias versões jazzísticas de clássicos. Não hesite: vale a pena descobrir Stacey Kent.

E pronto, está servido mais um Expresso Curto. Amanhã não há porque é feriado nacional e um homem também se cansa, mesmo que não vá com a seleção para terras de França. Mas na segunda cá estaremos de novo para o servir. Até lá, tenha um excelente fim-de-semana.

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