Hong
Kong, China, 14 jun (Lusa) -- Um dos cinco livreiros de Hong Kong que
desapareceu misteriosamente no ano passado, Lam Wing-kee, regressou hoje à
antiga colónia britânica e pediu à polícia para deixar cair a investigação
relativa ao seu caso.
Lam
Wing-kee é um dos cinco livreiros que publicaram obras críticas de Pequim e
desapareceram no final do ano passado.
Mais
tarde, ficou a saber-se que todos eles, ligados à livraria Causeway Bay,
estavam detidos na China e que quatro dos cinco -- incluindo Lam -- eram alvo
de uma investigação oficial sobre a importação de livros proibidos a partir de
Hong Kong.
Lam
Wing-kee é o quarto livreiro que volta a Hong Kong. Os outros três voltaram
pouco tempo depois a cruzar a fronteira rumo à China.
O
livreiro Lam Wing-kee encontrou-se com a polícia na manhã de hoje e, à
semelhança dos colegas, pediu o arquivamento do seu caso de desaparecimento e
afirmou não precisar de qualquer tipo de assistência por parte da polícia ou do
Governo de Hong Kong.
As
autoridades da antiga colónia britânica indicaram que vão continuar a
investigar o caso dos livreiros.
Entre
outubro e dezembro do ano passado, cinco funcionários ligados à editora Mighty
Current e à livraria Causeway Bay Books -- que publicava e vendia livros
críticos de Pequim, -- desapareceram em circunstâncias misteriosas.
Gui
Minhai, naturalizado sueco, desapareceu em Pattaya (Tailândia) em outubro. Lam
Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por desapareceram no mesmo mês quando se
encontravam no interior da China. Lee Bo, com passaporte britânico,
desapareceu, em dezembro, em Hong Kong.
Todos
reaparecerem semanas mais tarde na China, sob tutela das autoridades chinesas,
e surgiram na televisão estatal a assumir crimes, em confissões que familiares,
amigos e associações de defesa dos direitos humanos suspeitam terem sido feitas
sob coação, ou a afirmar estar voluntariamente a colaborar com investigações
policiais na China.
As
autoridades chinesas acusam os livreiros de estarem envolvidos num caso de
comércio de livros proibidos na China, uma atividade que alegadamente
realizaram sob ordens de Gui Minhai, considerado o cérebro da operação.
Há
dias, a filha de Gui Minhai pediu ajuda às autoridades norte-americanas para
pôr termo à detenção "não oficial e ilegal" do seu pai, num apelo feito
perante a Comissão Executiva do Congresso sobre a China.
Angela
Gui disse à comissão que lhe foi negado acesso consular ou representação legal
e que oito meses depois ainda não sabe onde o pai está, como está a ser tratado
ou qual é a sua situação legal.
Os
misteriosos desaparecimentos despertaram em Hong Kong o receio de que as
autoridades chinesas tenham recorrido a agentes clandestinos para deter os
livreiros, o que constituiria uma violação do princípio "um país, dois
sistemas", ao abrigo do qual Macau e Hong Kong, que são regiões da China
com administração especial, gozam de ampla autonomia.
DM
(FV/FPA) // VM
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