Rui Peralta,
Luanda
Angola tem os problemas próprios de um país que constrói a Democracia e reforça
as instituições democráticas, dia após dia. Formar os seus quadros, promover
redes de administração pública, divulgar os procedimentos constitucionais,
resolver graves problemas sociais, diversificar a economia, são tarefas e
desafios que o país tem de assumir com frontalidade.
É evidente que neste processo de (re) construção, de aprofundamento e reforço
das instituições democráticas, existem fragilidades (muitas destas provenientes
da falta de amadurecimento) e uma baixa eficácia institucional. Estas são
questões que só o tempo, acompanhado de um critério crítico e autocrítico de
avaliação inteligente dos contextos internos e externos, solucionará. São
processos dinâmicos que necessitam de constantes ajustamentos e perspicazes
reajustamentos.
Mas,
atenção! Muitos dos que denigrem as políticas nacionais e as decisões soberanas
são portadores de velhas mensagens paternalistas, de historietas do antanho,
ressabiados por uma mágoa saudosista, gente que se empanturra com verdades
feitas, criadas num mundo de fantasia constituído pela sua imagem reflectida no
espelho. Das suas bocas provém um discurso e uma prática que penetraram pela
porta das traseiras, no exacto momento em que o Povo Angolano correu com o
colonialismo pela porta da frente.
Angola
é um país que vive da importação de alimentos, de bens de construção, de
importação de especialistas, de importação de quase tudo. Temos, agora, um
problema (que geralmente sucede nas economias que vivem da entrada de
contentores, sem a correspondente saída dos mesmos): ficámos sem capacidade de
importação, devido á escassez de divisas, factor criado pela crise económica e
financeira que o país atravessa, em função da crise sistémica transversal á
economia-mundo.
É
certo que os três primeiros anos do Plano de Desenvolvimento Economico e Social
podem ser positivamente avaliados, com alguns bons resultados nos domínios da
organização e gestão das finanças públicas, no controlo e gestão da divida
pública, nas infra-estruturas e nalguns passos tímidos na gestão da politica
social. Mas ficou muito aquém dos objectivos preconizados, em particular no que
respeita ao aumento da produção e da produtividade, da optimização da gestão
das empresas públicas e do sector bancário nacional, nos incentivos ao empresariado
nacional e na selecção e enquadramento dos jovens recém-formados.
A
diminuição das receitas em divisas obriga a encontrar soluções eficazes para os
problemas sociais e económicos que acarreta. As medidas a tomar obrigam a uma
redefinição da estratégia para o desenvolvimento. Há que superar o
incumprimento das metas e mobilizar trabalhadores e empresários para o aumento
da produção e para a concretização das metas de diversificação da actividade
económica exportadora, de forma a aumentar as receitas em divisas e a produção
de bens de consumo de primeira necessidade.
Urge
combater a indisciplina nos locais de trabalho, a indisciplina na execução dos
orçamentos dos serviços da administração pública, os actos danosos exercidos
sobre o erário público, a cultura instalada do formalismo, a burocracia e a
corrupção. Estas medidas para serem executadas necessitam de sentido de
responsabilidade cívica e patriótica, de uma forte consciência e de um
esforçado conhecimento técnico-profissional. Urge inteligência, criatividade e
uma cultura de excelência. E, acima de tudo, um abnegado sentido de
continuidade da luta e de uma firme certeza na vitória, elevando a cultura da
Paz e os valores do Trabalho, em Liberdade.
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