Paula
Santos – Expresso, opinião
últimos
tempos não têm faltado comentários e declarações, de políticos do PSD e CDS e
dos designados comentadores, acerca da ação, da posição e da intervenção do
PCP.
A
propósito das viagens pagas aos Secretários de Estado pela GALP, dizem que o
PCP se remeteu ao silêncio, quando na verdade, assumiu publicamente que essa
atitude era criticável e que o Primeiro-Ministro tinha de tirar ilações do
sucedido.
Sobre
o aumento dos salários dos administradores da Caixa Geral de Depósitos, o PCP
disse que era inaceitável, embora tenham insistido em referir que a posição
assumida tenha sido tímida! E o PCP disse mais, que “o processo de nomeação da
nova administração, como intolerável, que corresponde no essencial à reposição
do Bloco Central de interesses, com figuras oriundas ora do PS, ora do PSD e do
CDS”, que o Governo não contaria com o seu apoio para alterar a legislação no
sentido da flexibilização de critérios para os administradores públicos e disse
ainda que a questão de fundo é a recuperação da nossa soberania em matéria de
sistema bancário, mas sobre isto ninguém fala (a perda de soberania para o
Banco Central Europeu não parece ser um problema!).
E
por diversas vezes procuram insinuar que o PCP não coloca um conjunto de
problemas que persistem, em particular no Serviço Nacional de Saúde e na Escola
Pública. Nada mais falso e para o comprovar basta ver a intervenção do PCP nas
suas múltiplas dimensões. Propositadamente esquecem-se é de dizer que tiveram
enormes responsabilidades na degradação da prestação de cuidados de saúde e na
desqualificação da Escola Pública.
Não
deixa de ser curioso que quem faz estas afirmações, para além de não
corresponderem à verdade, são exatamente os mesmos que sempre procuraram
silenciar e desvalorizar as posições e as propostas do PCP.
Por
um lado, tais declarações e comentários têm uma natureza revanchista, porque
ainda não conseguiram aceitar, mesmo tendo passado quase um ano, que pela
intervenção do PCP (dando tradução institucional à vontade expressa pelo povo
nas eleições legislativas), PSD e CDS não são governo.
Por
outro lado demonstram a natureza das suas opções políticas e ideológicas. O
atual quadro político demonstrou que o povo português não estava condenado à
política de exploração e empobrecimento prosseguida por PSD e CDS e que a União
Europeia, tudo está a fazer para que seja retomada. Demonstrou que é possível
avançar com medidas, ainda que insuficientes e aquém das necessidades, de
reposição de direitos, rendimentos e salários. O que os deixa desorientados, nervosos
e até com ódio e raiva é o facto de se ter reposto o salário dos trabalhadores
da administração pública e aumentado o salário mínimo nacional, embora aquém do
que seria necessário, ou de se ter reposto as 35 horas na administração
pública.
Podem
ficar descansados. O PCP não alterou o seu projeto político nem o programa e as
propostas que apresentou aos trabalhadores e ao povo, não prescindimos dos
nossos princípios, nem da nossa ideologia e nem perdemos a nossa coerência. O
PCP foi muito claro neste processo: todas as medidas que vão ao encontro dos
interesses dos trabalhadores e das populações contam com o seu apoio, medidas
contrárias aos interesses dos trabalhadores e do povo não contam com o apoio do
PCP. O PCP tem plena consciência das limitações da atual fase política, mas não
se arrepende de ter sido determinante para evitar mais quatro anos de
empobrecimento e de retrocesso, nem de ter contribuído para a recuperação de
rendimentos e de direitos.
O
PCP está consciente de que não é possível ultrapassarmos as dificuldades que o
país e o povo atravessam, sem nos libertarmos dos condicionalismos e dos
constrangimentos impostos pela União Europeia e sem uma política que
efetivamente aposte na produção nacional e na criação de emprego. Para o crescimento
e desenvolvimento económico de que o país precisa é preciso investir nos
setores produtivos; aproveitar as nossas inúmeras riquezas e potencialidades;
desenvolver a agricultura, a pesca e a indústria; apoiar as micro, pequenas e
médias empresas; apostar num forte setor empresarial do Estado em setores
estratégicos da economia e criar emprego com direitos.
Neste
fim-de-semana, no comício da Festa do Avante, o Secretário-Geral do PCP,
Jerónimo de Sousa, afirmou que “Podem contar com o PCP na luta em defesa da
produção nacional. Uma política que decididamente promova e reforce o
investimento público orientado para o crescimento e emprego, com políticas que
defendam a agricultura, as pescas e a indústria. É preciso garantir o acesso ao
crédito e apoios públicos a milhares de micro, pequenas e médias empresas.” Mas
sobre este aspeto estruturante para a política patriótica e de esquerda que o
PCP propõe ao país e ao povo já não interessa e silenciam a posição e proposta
do PCP. Porquê? Porque contraria os interesses dos grandes grupos económicos e
financeiros.
Acrescentou
ainda que “Assim vamos continuar com a forte intervenção que a situação exige.
Iniciaremos neste mês de Setembro uma grande acção nacional pelo emprego, os
direitos, a produção e a soberania, pela alternativa patriótica e de esquerda.
Contacto, esclarecimento, mobilização dos trabalhadores e do povo, para dizer e
para ouvir. Com acções nas ruas, nas empresas, nos locais públicos, com a
realização de um ciclo de iniciativas sobre importantes matérias como o combate
à precariedade, a legislação laboral, os salários, as pensões e a Segurança
Social, o Serviço Nacional de Saúde, apoio às crianças e pais, por um
desenvolvimento equilibrado, a habitação, a política fiscal.”
Creio
que estamos conversados sobre silenciamentos!
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