Paula
Santos – Expresso, opinião
Agravaram-se
as desigualdades salariais no nosso país. Aprofundou-se o fosso entre os poucos
com elevadíssimos salários e os muitos com salários baixos. Os 1% mais ricos
auferem um salário acima de cinco mil euros, os 1000 mais ricos recebem um
salário acima de 58 mil euros e os 100 mais ricos têm um salário superior a 175
mil euros.
A
realidade demonstra que a distribuição da riqueza criada é cada vez mais
injusta e desigual.
Os
elevados salários de gestores são uma afronta e um desrespeito para com os
trabalhadores. Por isso, a existência de normativos legais, como o Estatuto do
Gestor Público, que permite salários milionários para um número limitado de
pessoas é profundamente injusto.
É
inaceitável o salário previsto para os gestores públicos, que abrange os
gestores da Caixa Geral de Depósitos, como é inaceitável o facto de estarem
isentos de entregar as declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional.
Os gestores públicos devem estar sujeitos a deveres de transparência no
exercício das suas funções. Foi, neste sentido, que o PCP apresentou propostas
na Assembleia da República, por um lado para limitar os salários dos gestores
públicos ao salário do Primeiro-Ministro, por outro para reforçar os deveres de
transparência.
PSD
tem-se desdobrado em declarações públicas sobre os salários dos gestores da
Caixa Geral de Depósitos. O que pretendem é alterar um mau regime para outro
igualmente mau. O PSD não pretende intervir para que haja justiça na
determinação do montante dos salários dos gestores, mas sim repor a anterior
lei (da sua responsabilidade) em que o salário é a média do que auferiu nos
últimos três anos, o que conduz a montantes também muito elevados.
Se
o PSD estivesse verdadeiramente preocupado com os inaceitáveis salários dos
gestores públicos, tinha votado favoravelmente as propostas apresentadas pelo
PCP. Se tivessem aprovado as propostas do PCP, os problemas dos salários e da
transparência já estariam resolvidos. Mas o que fizeram? Votaram contra, conjuntamente
com o PS.
As
declarações do PSD não são sérias. O que verdadeiramente tencionam é
desestabilizar a Caixa Geral de Depósitos, para criar obstáculos ao banco
público e à sua recapitalização. E para isto não contam com o PCP. Não contam
com o PCP para fragilizar a Caixa Geral de Depósitos.
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