terça-feira, 5 de abril de 2016

COMBATE AO TERROR, FRACASSO ANUNCIADO



Em resposta a atentados na Europa, Ocidente tornou-se menos livre e tolerante; mais brutal e xenófobo. É exatamente o que os fundamentalistas desejavam

Roberto Savio – Outras Palavras - Tradução: Inês Castilho

O massacre de Bruxelas causou uma reação a curto prazo que não considera uma projeção mais estratégica. Todo o debate é agora sobre segurança, reforço policial, novas estratégias militares, como se o terrorismo pudesse ser resolvido simplesmente como uma questão de ordem pública.

Seria também necessário adotar um enfoque mais global e integral, e aceitar que estamos diante de um problema que deve ser abordado por vários ângulos. Isso faz com que este artigo enfrente o costumeiro problema da falta de espaço, para uma análise mais profunda. Vou pedir, portanto, ao leitor que abra os links de alguns artigos anteriores, para assim contar com mais informação sobre questões impossíveis de tratar adequadamente no presente artigo.

1) Falta de debate político. Vemos as lideranças políticas europeias mobilizando-se, depois de cada evento, somente com alguma declaração retórica sobre a solidariedade e o horror, mas sem esforço nenhum para construir uma resposta comum e singular. É supreendente ver que as autoridades francesas e belgas nem sequer tratam de vincular as ações dos terroristas com sua vida anterior e seus antecedentes, quando é realmente necessário fazer uma análise sociológica e cultural, além de adotar medidas meramente policiais. Ainda que isso seja importante, não é relevante para o debate político (ver link).

2) Não se faz nenhum esforço para explicar que o terrorismo islâmico é, antes de mais nada, uma batalha interna do mundo muçulmano, empregada na Europa somente por conveniência. O ramo sunita é o principal do Islã, com 88% dos muçulmanos. Mas não foi descoberto nenhum terrorista que não fosse praticante do wahabismo, ou ramo salafista dos sunitas, originário da Arábia Saudita, de onde foi ativamente exportado pela família real Al-Saud.

Riad construiu mais de 1.600 mesquitas e dotou-as de pessoal e imans salafistas, gastando anualmente mais de 80 milhões de dólares para apoiar seu ramo sunita. Para os salafistas, várias outras correntes do Islã são consideradas infieis, como os Sufi e os Yazidis. Os xiitas são o principal inimigo. A maioria dos xiitas vive no Irã, o principal inimigo da Arábia Saudita. Esses dois países lutam entre si através das guerras subsidiárias ou guerras por procuração, desde a Síria até o Iemên, com um número de vítimas milhares de vezes superior ao de todas as vítimas dos atentados na Europa. Qualificar todo o Islã de promotor do terrorismo é, portanto, um erro dramático. (Veja o link)

3) Até que seja controlada pela Rússia e pelos Estados Unidos, a disputa entre a Arábia Saudita e o Irã continuará em todo lugar, ou até que a Arábia Saudita entre numa crise grave. Seu nível de gastos atual não será, em breve, compatível com o preço do petróleo. O Fundo Monetário Internacional já avisou Riad que, a menos que reduza seus gastos, irá à falência em 10 anos. Até agora, a Arábia Saudita tem sido apoiada por todo o Ocidente, em especial pelos Estados Unidos, por sua importância como principal exportador de petróleo.

O painel de especialistas da ONU no Iêmen documentou violação das leis de guerra em 119 voos de combate da coalizão [liderada pela Arábia Saudita, que invadiu o país]. A informação é da Human Rights Watch, que pede, junto com a Anistia Internacional e outras organizações, um embargo sobre a venda de armas a Riad. Mas a Arábia Saudita é o segundo maior importador de armas do mundo.

De qualquer modo, é muito pouco provável que a Arábia Saudita e seus aliados, emires e xeques dos países do Golfo, possam assumir a liderança do mundo sunita, porque eles são seguidores do ramo intolerante do Islã e, a longo prazo, não parecem capazes de competir com um Irã muito maior e mais desenvolvido. Mas, no momento, todo o mundo tem feito vistas grossas às responsabilidades da Arábia Saudita na difusão do salafismo.

4) O salafismo nos leva ao ISIS, que assumiu essa tendência do Islã como religião oficial, inclusive radicalizando-a ainda mais. Sem dúvida, existe um consenso crescente de que o Estado Islâmico está usando a religião como meio para o recrutamento, reunindo todos aqueles que se sentem frustrados com o secularismo e a modernização. O ISIS, como entidade tangível, poderia ser derrotado por duas brigadas mecanizadas em poucas semanas, segundo especialistas militares.

Mas isso seria dissolvê-lo entre as 600 mil pessoas que vivem em seu território, resultando num excelente apoio a sua teoria: a de que os muçulmanos estão sempre sujeitos aos cruzados cristãos, que instalaram reis e emires em seus tronos e manipularam o mundo árabe com eficácia, segundo seus interesses.

Os cruzados nunca aceitarão o poder de uma autêntica entidade árabe, e continuarão a controlar o mundo árabe por meio de seus marionetes. Essa visão e o chamamento à guerra santa contra os invasores e governos árabes continuarão depois da morte do ISIS como entidade territorial, porque tocam um ponto sensível em todo o mundo árabe, já que se baseiam em fatos históricos. Ou seja, o chamamento do ISIS sobreviverá ao Califado. (Veja o link)

5) A reação da Europa foi não intervir seriamente contra o ISIS, mas dar apoio às facções na guerra da Síria. Sua responsabilidade na onda de refugiados que fogem da Síria e da Líbia são claras, mas sem consequências. (Veja este link)  Além de adotar uma decisão totalmente ilegal sobre como tratar os refugiados, a Europa entrou num pacto de Fausto com a Turquia, país que fez vistas grossas ao ISIS e se posiciona claramente contra os princípios da democracia professados pela Europa. O Alto Comissariado das Nações Unidas e o Médicos sem Fronteiras retiraram-se da Grécia, declarando que o plano é ilegal.

Claro que isso não passa desapercebido no mundo árabe, e faz aumentar o abismo em relação ao Ocidente. Na retórica dos países da direita radical da Europa (Polônia, Hungria, Eslováquia) e dos partidos mais à direita, os refugiados converteram-se em portadores do terrorismo na Europa. A Europa sequer foi capaz de aplicar medidas óbvias de coordenação em matéria de terrorismo, devido ao zelo crescente dos governos. Não há nenhuma estratégia sobre essa questão, além da retórica, que é muito útil à estratégia do ISIS.

6) A direita radical e os partidos xenófobos são, portanto, aliados de fato do ISIS. É evidente que, sem uma estratégia de sensibilização e informação, a discriminação contra os árabes aumentará, e essa é exatamente a esperança do ISIS, que pede aos muçulmanos que vivem na Europa para decidir: ou se integram ao Ocidente e se convertem em apóstatas, ou auxiliam o grupo, atacando em todos os lugares.

7) Nenhum terrorista veio do mundo árabe. Todos os implicados até agora são europeus, nascidos e criados na Europa. Todos eram pequenos delinquentes e marginais. Nem todos eram muçulmanos praticantes, mas convertidos, doutrinados na prisão ou através das redes sociais. Eram, de fato, niilistas que encontraram no ISIS dignidade e a possibilidade de escapar de uma vida sem trabalho e sem futuro. A Europa destinou 6 bilhões de euros para impedir a entrada de refugiados, depois de aplicar mais de 7 bilhões em gastos militares no Oriente Médio. Se esse dinheiro tivesse sido investido nos guetos dos árabes que vivem na Bélgica, França e Grã Bretanha, provavelmente as condições para que o terrorismo se expandisse teriam sido drasticamente reduzidas.

8) É fato que, sem imigrantes, a Europa não terá viabilidade para competir em nível internacional e manter a estabilidade social. (Veja olink) A população ativa está em declínio desde 2010. A Alemanha necessita de 800 mil pessoas. Em 2060, haverá 50 milhões de pessoas a menos na Europa e o sistema previdenciário, com uma população muito mais idosa, vai entrar em colapso.

Atualmente, a expectativa de vida é de 80 anos para o homem e 85,7 para as mulheres. Em 2060 será de 91 para o homem e 94,3 para a mulher. A idade de 82% dos refugiados sírios é inferior a 34 anos, e um estudo do ministério do Interior da Áustria revelou que eles têm, em média, nível educacional superior ao do cidadão austríaco. Por isso, o cidadão europeu deve ver os imigrantes como um recurso e um apoio. Nenhuma campanha de sensibilização sobre este tema está em marcha, porque politicamente não seria bem vista.

9) A tendência é a contrária. Os partidos xenófobos cresceram em todas as últimas eleições e pedem a expulsão dos imigrantes, como Donald Trump está fazendo nos Estados Unidos. Isso, além de ser impossível, é também um erro político trágico. A animosidade contra os muçulmanos, sem nenhum esforço para compreender a complexa realidade, vai favorecer o terrorismo e radicalizar os imigrantes que vêm para a Europa trabalhar e viver com dignidade.

10) A conclusão final é que estamos caindo na armadilha de um choque de civilizações, em que defendemos uma Europa cristã contra um mundo muçulmano hostil. Este é o pior erro possível. Cai muito bem para a retórica do ISIS, já que qualquer choque requer polarização. O aumento do medo e da insegurança ajuda os partidos de direita radical e xenófobos a se apoderar da Europa.

A polarização nunca foi útil para a democracia e a tolerância. Um grupo de no máximo 50 mil militantes, num universo de 1,5 bilhões de muçulmanos, é capaz de mudar nossa vida, reduzir nossa privacidade e as liberdades individuais, e aumentar o militarismo e a vigilância.

Se não conseguirmos escapar da armadilha do choque de civilizações, a Europa vai mudar profundamente, porque o fenômeno do terrorismo permanecerá durante uma ou duas gerações. Foram necessários quase dois séculos para a Europa se desfazer das guerras de religião. Na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), numa população total de 79 milhões de pessoas, morreram oito milhões, em sua maioria civis.

Será que a história nos ajudará a enfrentar o presente?

MUNDOS PARALELOS



Paula Ferreira* - Jornal de Notícias, opinião

Estranho Mundo este que trata milhares de refugiados - homens, mulheres, crianças - como portadores da peste, os encurrala junto a fronteiras de arame farpado e os manda de volta para a guerra de onde fugiram. Uma realidade trágica a coabitar com esquemas de fraude fiscal, branqueamento de capitais, legitimados pelas grandes empresas de advogados que atuam à escala planetária.

São uma espécie de tremor de terra, como se ninguém ou quase ninguém tivesse escapado, as informações conhecidas nas últimas horas. Uma investigação de um grupo de jornalistas fez emergir um verdadeiro polvo com tentáculos em múltiplos países. Difícil encontrar, parece, entre os senhores de muito dinheiro, quem não tente ludibriar o Estado. Mais: representantes máximos de alguns estados, assegura a investigação, estão alegadamente envolvidos neste escândalo sem precedentes.

O que se soube agora deve fazer pensar. Sobretudo os cidadãos. Não tardaram vozes oficiais, vindas um pouco de todo lado, a lamentar e dizer que vão investigar. Mas já ouvimos isso tantas vezes. Demasiadas vezes para que consigamos acreditar na bondade dos lamentos. Contudo, se nada acontece, algo de muito grave está, de facto, a minar o explosivo Mundo em que vivemos.

No escândalo conhecido como "Panama Papers" estão lá (quase) todos. Artistas, jogadores de futebol, traficantes de armas e droga, referenciados em listas negras internacionais. Também políticos: chefes de Estado, atuais e ex-primeiros-ministros e alguns dos seus familiares. E este subgrupo é, talvez, o que provoca a grande náusea. Enquanto se entretém a escolher a offshore que melhor esconde os seus proveitos ilícitos, o povo perece à míngua, em muitas situações, do mais básico.

As campainhas soaram. As palavras ditas ontem por muitos dirigentes políticos terão de ter consequências. E a primeira, para além de todas as investigações sobre o crime a que estamos a assistir, será pôr termo aos paraísos fiscais. Depositar dinheiro em offshore, refira-se, não é por si só sinónimo de vigarice. Mas quem o faz tem, com certeza , o propósito de esconder algo.

A Mossack Fonseca é apenas uma entre muitas empresas de advocacia ao serviço na próspera área. E isso deve também fazer-nos pensar. Se uma só empresa provoca tal terramoto, o que será se, um dia, toda a verdade vier à superfície?

O "Panama Papers" mostra outra coisa importante para a manutenção da democracia, da sociedade livre: o jornalismo cumpre o seu papel, quando vai além da voragem da espuma dos dias.

*Editora-executiva-adjunta

Portugal. BLOCO QUER OBRIGAR POLÍTICOS A DECLARAR BENS QUE TENHAM USUFRUTO



O Bloco de Esquerda quer obrigar os políticos e os titulares de altos cargos públicos a declararem não só a riqueza de que sejam formalmente proprietários, mas também aquela que detenham o seu usufruto.

Esta medida consta de um dos dois diplomas que o Bloco de Esquerda hoje apresentou para reforçar a transparência da vida política, no qual também se prevê a criação de uma Entidade de Transparência dos Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos, assim como aplicação de uma inibição até cinco anos do exercício de cargos políticos em situação de prática de crime de responsabilidade política.

O segundo diploma, também apresentado em conferência de imprensa pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, retoma a tentativa de punição do enriquecimento injustificado - um projeto que o dirigente bloquista procurou deixar garantias de cumprimento de todos os preceitos constitucionais, ao contrário daqueles que foram aprovados na legislatura anterior pela então maioria PSD/CDS-PP sobre enriquecimento ilícito e que chumbaram no Tribunal Constitucional.

Na conferência de imprensa, Pedro Filipe Soares disse não ter objeções face à iniciativa do PS de criar uma comissão eventual na Assembleia da República para que se proceda com tempo a uma reforma global ao nível das leis que regulam o exercício de lugares políticos e altos cargos públicos, mas defendeu que nesta sessão legislativa deverá já ser aprovada legislação que reforce a transparência e aperte o regime de impedimentos e de incompatibilidades.

Entre outras propostas, no projeto do Bloco de Esquerda prevê-se que a fiscalização e sancionamento sobre incumprimentos das normas de exercício aplicáveis a titulares de cargos políticos e altos cargos públicos passe a competir ao Tribunal Constitucional.

Para o efeito, o Tribunal Constitucional será coadjuvado pela Entidade de Transparência dos Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos - organismo que terá uma dedicação exclusiva às questões do controlo da riqueza e das incompatibilidades no exercício de funções públicas.

Ao nível do reforço da transparência, Pedro Filipe Soares defendeu a necessidade de a declaração de riqueza obrigatória dever incluir "não apenas os bens de que o titular de cargo político ou alto cargo público seja proprietário, mas também aqueles de que seja possuidor ou detentor, devendo tal situação ser justificada" - uma norma que o líder parlamentar do Bloco de Esquerda rejeitou visar particularmente uma das controvérsias mais em foco num dos casos mais mediáticos em curso na justiça portuguesa.

No entanto, segundo Pedro Filipe Soares, é uma situação tipo o caso em que um político "tem direito ao usufruto de um bem, acima dos seus rendimentos, mas sem qualquer relação com as propriedades que tem".

"Pelo nosso diploma, isso seria motivo para a Entidade da Transparência indicar ao Ministério Público que deverá agir, pelo menos para exigir explicações", declarou o presidente do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.

Nos regimes de impedimentos e incompatibilidades, o Bloco de Esquerda propõe também "a proibição" do exercício de algumas atividades e profissões após a cessação de funções políticas ou de altos cargos públicos, acreditando que por esta via se "previne uma indesejável promiscuidade entre o universo público e interesses privados.

Ainda no projeto do Bloco de Esquerda sobre transparência prevê-se a "introdução expressa da sanção de inibição do exercício de cargos políticos, ou altos cargos públicos, por um a cinco anos, a todos aqueles que sejam condenados pela prática dos crimes previstos no regime jurídico dos crimes de responsabilidade de titular de cargo político".

Já em relação ao enriquecimento injustificado, Pedro Filipe Soares apontou como exemplo a resposta a casos em que um político, ou titular de alto cargo público, vive num imóvel de luxo, mas cujo proprietário se desconhece, ou o proprietário é mesmo uma entidade sediada num paraíso fiscal.

O Bloco de Esquerda define como enriquecimento injustificado "toda a situação em que se verifique um desvio de valor igual ou superior a 20 por cento entre os rendimentos declarados e os incrementos patrimoniais do contribuinte, sempre que o valor do rendimento for superior a 25 mil euros".

Na fiscalização e investigação, tal como o PS, o Bloco de Esquerda dá um papel central à Autoridade Tributária.

Porém, ao contrário do PS, que propõe a perda para o Estado de 80 por cento do património injustificado, o Bloco de Esquerda quer que essa fatia seja "tributado autonomamente a uma taxa de cem por cento", ou seja, na sua totalidade.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. Bloco marca debate parlamentar de atualidade sobre prejuízos dos paraísos fiscais



O Bloco de Esquerda anunciou hoje a marcação para quarta-feira, no parlamento, de um debate de atualidade sobre as consequências dos paraísos fiscais, durante o qual, no plano nacional, insistirá no fim da praça financeira da Madeira.

Esta posição foi anunciada em conferência de imprensa pelo líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, que caraterizou a divulgação pública do recente caso resultante da operação "Papéis do Panamá" como mais uma demonstração do "gangsterismo" financeiro a nível mundial.

"Somos frontalmente contra os 'offshore', incluindo o nosso, e temos a obrigação de evoluir muito mais na legislação, mesmo nacionalmente, em relação àquilo que internacionalmente existe. Particularmente nas instâncias europeias, há uma pressão internacional que podemos e devemos fazer para acabar com os 'offshore', mas podemos e devemos encerrar a praça financeira da Madeira - é uma escolha nossa", declarou Pedro Filipe Soares.

Segundo o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Portugal deve adotar legislação para obrigar que se defina o último beneficiário e para obrigar ao registo das transferências financeiras para paraísos fiscais.

"O debate de quarta-feira não será legislativo, mas o Bloco de Esquerda chamará a atenção para a necessidade de não se lavar as mãos como Pilatos face a este problema, porque a pior posição possível é aquela que nos diz que Portugal é um país pequeno e, por isso, toda a decisão é feita lá fora", apontou.

Para Pedro Filipe Soares, pelo contrário, Portugal "tem uma 'offshore' a operar e, embora não seja tão perniciosa como outras, tem também muitos dos problemas que outras têm".

"Há dados que indicam a existência de empresas todas sediadas na mesma caixa postal num edifício da Madeira, o que prova bem como aquilo serve para fuga de impostos. E há indícios de organização em cascata de empresas para fugir a todas as responsabilidades", alegou ainda o líder da bancada bloquista.

A posição do Bloco de Esquerda surge na sequência da maior investigação jornalística da história, divulgada na noite de domingo, envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.

A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas "offshore" em mais de 200 países e territórios.

A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em "offshores" e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.

O semanário Expresso e o canal de televisão TVI estão a participar nesta investigação em Portugal.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. MINISTÉRIO PÚBLICO ESTÁ A ANALISAR DOCUMENTOS DO PANAMÁ



O Ministério Público está a analisar os elementos divulgados pela investigação internacional "Panama Papers" e se daí resultarem factos que configurem crime, não deixará de abrir inquérito.

"O Ministério Público está a acompanhar a situação, recolhendo elementos e procedendo à respetiva análise. Se desses elementos resultarem factos suscetíveis de integrarem a prática de crimes, o Ministério Público, como sempre, não deixará de agir em conformidade", informou a Procuradoria-Geral da República (PGR).

A maior investigação jornalística da história, divulgada na noite de domingo, envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.

A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas 'offshore', em mais de 200 países e territórios.

A partir dos Papéis do Panamá ("Panama Papers", em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em "offshores" e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.

O semanário "Expresso" e o canal de televisão TVI estão a participar nesta investigação em Portugal.

Jornal de Notícias

O PANAMÁ É O MUNDO DENTRO DO MUNDO



Mariana Mortágua – Jornal de Notícias, opinião

Foi preciso uma enorme fuga de informação e uma notável investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação para expor um outro mundo ao Mundo. É muito mais que uma exceção à regra. O mundo offshore é um sistema paralelo, construído à vista de todos, com o único propósito: a fuga.

A fuga partiu de uma poderosa firma de advogados - Mossack Fonseca - sediada no Panamá. Em tempos idos, também o Grupo Espírito Santo usou a sua filial ES Bank Panama para ocultar operações financeiras. Pois bem, os documentos mostram centenas de milhares de operações criadas por centenas de escritórios de advogados e vários bancos bem conhecidos para servir milhares de clientes, entre eles a oligarquia russa, o presidente da China, o jogador Messi, e pelo menos 29 multimilionários da revista "Forbes". Estão juntos por um interesse comum.

Messi quer fugir aos impostos, há bancos - como o BES - que querem fugir ao regulador, traficantes que querem fugir à lei, políticos que querem ocultar pagamentos de corrupção. Todos querem fugir, e todos querem sigilo absoluto. É disso mesmo que vive esta complexa teia, que não começa nem acaba no Panamá. Conforme o grau de beneficio fiscal, proteção e descrição que se procura, poder-se--á escolher entre Bahamas, a Suíça, o Luxemburgo ou mesmo a Madeira.

É um sistema paralelo "legal" em que se oferece a possibilidade de fugir aos impostos ou branquear capitais. Este sistema não só lava o dinheiro do Mundo, como permite que, em nome da "competitividade fiscal", as regras nos outros países vão mudando, ficando cada vez menos apertadas, cada vez mais facilitadoras.

Ao mundo dos offshore só acedem os mais ricos. Para os outros, os que trabalham e ganham o salário mínimo, ou o médio, fica o peso de uma administração tributária implacável, e a responsabilidade de, com os seus impostos, financiar os estados.

Só resta esperar que o choque do Panamá faça aprovar as propostas que o Bloco já tantas vezes apresentou para limitar o acesso a este sistema paralelo. Se assim não for, saberemos que não passa, mais uma vez, da mesma hipocrisia que alimenta os offshore de quem ninguém gosta, mas que ninguém quer eliminar.

OS “PANAMÁS” DE TODO O MUNDO E TAMBÉM DE PORTUGAL



Os do meu tempo também usaram panamá, principalmente para nos protegermos do sol. Era um chapéu. Os dos tempos atuais usam o Panamá, principalmente para protegerem o produto dos seus roubos.

Quer saber tudo o que hoje pode ler nos jornais, revistas, e etc.? Pois chegou ao sítio certo. Vamos procurar na imprensa portuguesa as “novidades” sobre os Documentos do Panamá, a que alguns órgãos de comunicação social chamam “Panamá Papers”. Estes anglicismos é que estão na moda. A geração atual adora falar e escrever em inglês e estão-se borrifando para defender o português, a nossa língua materna. Sim, são rapazolas e "parigas" muito letrados, até andaram nas universidades e tudo. Alguns foram lá de vez em quando, mas são doutores. E é assim que se safam. Serem assimilados e irem atrás das ondas que os mostrem serem rastejantes é o que está a dar. Devem ter vergonha de ser portugueses. Só pode. Ou então são cabeças meio para o baralhado com corpos portadores de colunas vertebrais amovíveis para que mais facilmente rastejem. Fruta da época.

Mas vamos lá ao Panamá, chapéu enorme de proteção dos grandes criminosos da globalidade e da humanidade. (MM / PG)

No Expresso:


Fundo que comprou a PT Portugal – dona da Meo –, recorreu a serviços de uma sociedade financeira panamiana entre 2008 e 2010. Altice garante que relação ocorreu “em condições perfeitamente legais”



O que são os Panama Papers? A que ritmo vai ser divulgada a investigação? Por que motivo é que os artigos saem a conta-gotas? Afinal, o que é que acaba de acontecer ao mundo? O Expresso também contribui com a sua própria investigação, pelas ramificações que relacionam Portugal. Temos nomes de pessoas portuguesas envolvidas em casos suspeitos, que estamos a analisar e investigar e que a seu tempo serão revelados. Não se trata de gerir informação, mas de poder confirmá-la, estudá-la, aprofundá-la, discernir entre o que é lícito e o que é duvidoso. No próximo sábado, no semanário, poderá ler os primeiros resultados desta nossa investigação.

E mais:

E pronto. Por agora este é o manancial de fio a pavio constante no Expresso. Podemos partir para outros jornais que incluam outras facetas da questão mas quase apostamos que vai ser demasiado repetitivo. Por esse motivo iremos cuidar de apresentar contenção.

Público


São legais, usados para planeamento fiscal, mas também como giratória para branquear capitais e ocultar identidades. O seu nome está colado a uma nuvem de fumo. O que são os paraísos fiscais e para que servem os offshore?

E ainda:

Passemos ao derradeiro jornal que selecionamos para lhe servir o fartum deste prato do dia, da semana e, provavelmente, do mês – que quase apostamos vai dar em nada mas irá vender muitos jornais.

Portugueses do Panamá

Do Jornal de Notícias selecionamos somente o que contém sobre os portugueses envolvidos neste enorme cambalacho dos que são ricos e gananciosos e querem sempre fugir a impostos. Querem e conseguem- Pagar impostos é coisa para os que trabalham e para os pobres. A função dos marmanjos do antigo e do novo riquismo é não cumprir a lei, nem as suas obrigações. Indubitavelmente são criminosos e impunes, a maior parte das vezes com a proteção dos políticos que compram e que também têm a ambição de ser muito ricos. E conseguem. Alguns, demasiados, conseguem.

Leia no Jornal de Notícias o que lá vai sobre portugueses do Panamá.



PG com jornais

A MÁFIA? QUEM FOI QUE FALOU EM MÁFIA?



Bom dia. Expresso Curto para quem consegue ler entre-linhas e usar a massa encefálica. Exercício matinal que trazemos há tempos do Expresso para o PG quase todas as manhãs. Nas últimas 5 ou 6 manhãs não aconteceu por não termos publicado uma única linha neste que é o seu PG online, últimamente incerto por motivos internos.

Nestes dias passados e ainda hoje o tema são os Documentos do Panamá. Falam, falam, revelam, revelam. chinfrineira, chinfrineira... Nada que já não se soubesse. Novidade? Alguns nomes. Pouco mais. Sabemos há mais de um século que a Suíça é abrigo de grandes ladrões. Os seus bancos são assim como as casas dos gangues criminosos que furtam, furtam, roubam, roubam e têm por prémio a impunidade. Depois há aqueles que querem fugir aos impostos nos países onde os devem pagar. Outro roubo. A Suíça foi quem deu o pontapé de saída para abrigar criminosos. A Suiça e a sua falta de transparência financeira. E é na Europa, a Suíça.

Políticos, governantes, grandes empresários, grandes multinacionais, jogadores de futebol, barões da droga, de arte roubada que carrega milhões em notas verdes... A Máfia Global em ação. E que eles fazem o que fazem já sabemos há tanto tempo. E agora a chinfrineira. Querem resolver o assunto? Não querem. Se quisessem já o tinham resolvido. Ele resolve-se na ONU por ser um crime global. Mas qual quê. Os políticos são as muletas e os veículos desses criminosos, os políticos são os criminosos. Os esconderijos dos mafiosos estão mais ou menos identificados (ver mapa) e percebemos que acontecem por imensos países de todo o mundo. É um problema para resolver na ONU com as componentes necessárias das entidades mundiais adstritas aos crimes económicos e à economia na generalidade. Acontece que os EUA são os donos da ONU. Maiores ladrões que eles não existe.

Bom dia. Acompanhe a novela panamiana mas pense por si e tenha presente que no Panamá acontece somente a gota de água do imenso oceano que é a pirataria mafiosa que representa os 1% dos mais ricos do mundo. Não se esqueça que os governos estão comprados e rendidos a esses. Afinal os políticos, certos políticos, em que você vota são tão criminosos quanto os que usam aqueles paraísos fiscais onde refundem o produto dos roubos. Tudo vai ficar na mesma apesar do trabalho notável dos jornalistas que levantaram um pouco da ponta do véu de crimes económicos. Quem pode, pode. Se quiser substitua o "p" por um "f". A máfia em questão anda a poder-nos de toda a maneira e feitio. E assim vai continuar. Em Portugal também. E você vota neles e até os defende, armado em otário... ou otária.

E então não é que o Passos Coelho se mantém líder do partido neoliberal PSD, reeleito no congresso do passado fim-de-semana. E a Maria Luís Albuquerque eleita para vice do Passos, e deputada, e destacada sujeita contratada por uma gestora britânica, como dizem: "A ex-ministra das Finanças vai tornar-se diretora não-executiva de uma financeira de Londres, a Arrow Global. A mesma empresa que tem como clientes o Santander, o Banif, o BCP, entre outros." A máfia? Quem é que falou em máfia? A senhora até é deputada, além de vice-presidente do PSD e sabe-se lá o que mais. A máfia? Quem foi que falou em máfia?

PG / MM

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Cristina Peres – Expresso

Eu conheço uma pessoa que conhece uma pessoa que conhece uma pessoa…

Roubo o título ao início do texto em que Pedro Santos Guerreiro explica o que são os Panama Papers, essa avalanche de documentos que contam como o mundo é subterraneamente comandado a partir de empresas offshore. Leiaaqui como avança esta trama, que começou a ser revelada no domingo passado e que parte da mais gigantesca fuga de informações até agora. A origem é a Mossack Fonseca, uma firma de advogados panamiana cujos documentos foram há um ano entregues ao jornal de Munique Süddeutsche Zeitung. Ninguém sabe quem é a fonte que entregou 2.6 terabytes de informações - um total de 11,5 milhões documentos. O Expresso e a TVI, em Portugal, e cerca de 300 jornalistas das 106 publicações que constituem o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI) estão há todos estes meses a analisar os documentos. São estes investigadores que ditam o ritmo a que as informações serão reveladas, o que depende do avanço das “histórias” que vão lançando com base nos documentos. A Mossack era conhecida por criar empresas financeiras offshore e o interesse destes documentos consiste na revelação de quem são e eram os seus clientes. Veja aqui uma introdução esclarecedora em vídeo. O jornal i chama-lhe hoje em manchete: A Lavandaria do Panamá, novo filme de Pedro Almodovar com Putin da Rússia, Assad da Síria, José Botelho de Angola, Sigmundur da Islândia, Jackie Chan de Hong Kong, Messi de Barcelona, Pilar de Bourbon de Espanha, Poroshenko da Ucrânia, Mohammed VI de Marrocos e 34 portugueses como atores secundários.

O Expresso, como os outros meios de comunicação envolvidos na investigação, tem acesso a esta base de dados com informação encriptada. “O Expresso envolveu-se na análise dos documentos desde o verão do ano passado e até este domingo ninguém soube” de nada, contou o diretor à SIC. Todos os jornais da rede podem publicar uma série de artigos que vão sendo libertados sujeitos a critérios jornalísticos e editoriais que inclui não revelar nomes de pessoas envolvidas descontextualizados. “O nome de Vladimir Putin nunca está citado nos documentos da Mossack Fonseca, chegou-se a ele por investigação jornalística”, esclareceu Pedro Santos Guerreiro. O Guardian tem opinião sobre isso. Leia aqui outra opinião no Público.

O material cobre um período de quase 40 anos, de 1977 até dezembro de 2015. Mostra como é que empresas com sede em paraísos fiscais estavam alegadamente a ser usadas para suposta lavagem de dinheiro, negócios de armas e de droga e evasão fiscal.

Há portugueses citados entre os nomes revelados. A investigação já tem um ano, mas está no início.

O horror da cena internacional das fraudes fiscais tem um nome: Wolfgang Schäuble. Os Panama Papers serviram que nem luva ao pedido insistente do homem das finanças dos democratas-cristãos alemães em Berlim: mais controlo fiscal. Com as revelações dos Panama Papers, esta é a oportunidade para a reentrada em força na agenda política da luta contra a evasão fiscal insistentemente exigida pela Alemanha na Europa e agora seguida, na Alemanha, pelo SPD, Verdes e A Esquerda. Que o Governo federal se colocasse na vanguarda da luta contra a evasão fiscal ao fim de 24 horas do início da revelação dos milhões de documentos expostos não é de espantar. E isto apesar de haver vários nomes alemães envolvidos nas revelações do diário Süddeutsche Zeitung com o CIJI.

É fácil prever que vão rolar cabeças e a primeira poderá ser a do primeiro-ministro islandês, Sigmundur David Gunnlaugsson. A pressão popular foi imediata e 124 mil pessoas (em 300 mil habitantes) assinaram uma petição para que o chefe de Governo se demita. O Kremlin chama aos Panama Papers “Putinfobia” e nega. Petro Poroshenko, o Presidente da Ucrânia, está igualmente em perigo de ser destituído. E não irá ficar por aqui. Há dezenas de chefes de Estado envolvidos, mais de 200 mil empresas offshore com ramificações e 500 bancos ter criado milhares de empresas, a maior parte delas na Europa.

As redes sociais fervilham de entusiasmo e desconfiança perante o desfecho do escândalo. Há quem agradeça aos jornalistas sublinhando o risco que correm, há quem denuncie a ausência de empresas e de personalidades norte-americanas nas listas reveladas, como é o caso do dailypakistan.com.pk. Leia aqui a opinião do diretor do Expresso. E leia aqui para o que que serve a democracia segundo Henrique Monteiro. Já agora, confira aqui a reação da Mossack Fonseca.

OUTRAS NOTÍCIAS

Os primeiros migrantes foram ontem deportados da Grécia para a Turquia, segundo o acordo entre a União Europeia e a Turquia. Os 202 migrantes eram na sua maioria paquistaneses e partiram Lesbos e Kios, já tendo chegado a Dikili, no oeste da Turquia.

Há três dias que crescem de tom os confrontos entre a Arménia e o Azerbaijão sobre a região disputada de Nagorno-Karabach. Um conflito revisitado que pode escalar para uma guerra de larga escala.

O vice-presidente queniano, William Ruto, está a partir de agora à espera da decisão de Haia: vai ou não ser condenado por crimes contra a humanidade, perseguição e deportação alegadamente cometidos na sequência das eleições de 2007, onde morreram 1.200 pessoas. O caso no TPI tem conhecido revezes. Será desta?

Dilma Rousseff está na barra e a sua defesa chama “golpe” ao pedido de destituição da Presidente. Veja aqui como tratam o caso o DN, o Estadão e não perca 2:39 de humor dos Porta dos Fundos:Delação.

Depois dos ataques de Bruxelas, já se reiniciaram os voos a partir do aeroporto de Zaventem. Nada é como dantes, e na tenda gigante só entra quem tem voo marcado e prova na mão.

Banif, audição do Governador do Banco de Portugal. A Isabel Vicente e o João Silvestre explicam como é que o Orçamento de 2014 já tinha €1.500 mil milhões para resolução do Banif.

FRASES

“Acreditar em direitos dos presos na situação em que me encontro foi uma manifesta ingenuidade”, Luaty Beirão, Público

“Estou inibido de escrever, pois sei que a qualquer altura se baixa uma ordem para virem virar tudo de cangalhas e levam-me todos os papéis”, idem, ibidem

“A saúde é um domínio em que eu penso que é fácil chegar a um consenso nacional”, Marcelo Rebelo de Sousa, Jornal i a propósito do pacto de saúde nacional

“A ganância dos super-ricos está ligada à falta de consciência no setor financeiro. Ambos prejudicam a confiança no Estado de direito”, Sigmar Gabriel, vice-chanceler e ministro alemão da Economia citado pelo Negócios

“‘Impeachment’ seria um erro histórico”, José Eduardo Cardozo, ministro da Advocacia Geral da União e defensor da Presidente Dilma Rousseff nessa categoria, citado pelo DN

O QUE ANDO A LER

Em contra-ciclo, o aniversário ou Tarde, Adília Lopescomemorado, no sábado passado, pela Companhia Nacional de Bailado ao final do dia no Teatro Camões levou-me a eleger um poema para lhe dedicar (tal como o fizeram os outros convidados). Escolhi“Portugal Futuro”, de Ruy Belo, do livro de 1973 “País possível” (Assírio e Alvim, edição de 2016, prefácio de Nuno Júdice). Fiquei desde então a lê-lo e a relê-lo, incluindo nessa repetição a memória do fantástico espetáculo que o Teatro da Cornucópia levou à cena a partir do texto “A Margem da Alegria” em 1996. Se não viu ou não se lembra, deixo-lhe aqui a referência da gravação pelas melhores vozes dos melhores atores: António Fonseca, Luís Lima Barreto, Luís Miguel Cintra, Luísa Cruz, Manuela de Freitas, Márcia Breia e a voz gravada de Rui Cintra… Lembro-me de ter escrito no Expresso um texto encantado sobre o espetáculo cujo título era “Quase Nada”. Luís Miguel Cintra escrevia no programa “Este espetáculo não é bem um espetáculo. Chamem-lhe antes celebração”. Foi há 20 anos e a verdade é que então como agora, é preciso saber muito para fazer tão pouco e deixar Ruy Belo intacto. Acrescentando-lhe “só” a atualidade da voz e do corpo dos atores. Portugal Futuro: O portugal futuro é um país/ aonde o puro pássaro é possível/ e sobre o leito negro do asfalto da estrada/ as profundas crianças desenharão a giz/ esse peixe da infância que vem na enxurrada/ e me parece que se chama sável/ Mas desenhem elas o que desenharem/ é essa a forma do meu país/ e chamem elas o que lhe chamarem/ portugal será e lá serei feliz/ Poderá ser pequeno como este/ ter a oeste o mar e a espanha a leste/ tudo nele será novo desde os ramos à raiz/ À sombra dos plátanos as crianças dançarão/ e na avenida que houver à beira-mar/ pode o tempo mudar será verão/ Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz/ mas isso era o passado e podia ser duro/ edificar sobre ele o portugal futuro.

E por hoje é tudo. A revelação segue dentro de momentos no Expresso Online. Às 18h faz-se o balanço do dia no Expresso Diário. Fique atento, fique ligado, o momento é para isso.

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