domingo, 26 de junho de 2016

ELEITORES ESPANHÓIS NÃO DERAM ORDENS PARA GOVERNAREM COM MAIORIAS




Quando cerca de 99% dos votos estão escrutinados as eleições em Espanha tiveram por resultado um pouco mais de deputados para o PP, menos para o PSOE, mais para Unidos Podemos, como principais partidos políticos no país vizinho. 

Para assegurarem a maioria no parlamento são necessários 176 deputados eleitos, número longe de qualquer das forças políticas referidas. Nem em coligação o PS e o Podemos conseguem obter o número mágico para uma maioria (176).

Como nas eleições anteriores, em Dezembro de 2015, os resultados eleitorais não trouxeram novidades substanciais. É de perspetivar que as dificuldades em formarem governo estável se mantenham.

Foi mais do mesmo, em Espanha. O que mudou foi o crescer do número de abstencionistas. (PG)

Eleições Espanha: PROJEÇÕES DÃO VITÓRIA AO PP, MAS SEM MAIORIA - ver RTVE em direto




O PP voltou a ganhar as eleições espanholas, mas sem maioria. O Podemos é a segunda força mais votada.

Na projeção divulgada pela televisão pública espanhola TVE, O PP, de Mariano Rajoy, consegue entre 117 e 121 lugares Parlamento (350 lugares).

Há seis meses, nas últimas eleições, os conservadores do PP conseguiram 123 lugares, o que não chegou para alcançar uma maioria absoluta (176 seriam necessários).

O Unidos Podemos surge nesta projeção na segunda posição garantindo entre 91 e 95 lugares ultrapassando os socialistas do PSOE, que asseguram entre 81 e 85 lugares no Parlamento.

O Ciudadanos fica na quarta posição como já tinha acontecido nas eleições de dezembro. A abstenção soma 49%, considerada a mais alta de sempre.

TSF / Reuters


AVOLUMAM-SE AS CONTRADIÇÕES GLOBAIS AO NÍVEL DAS OLIGARQUIAS FINANCEIRAS



Martinho Júnior, Luanda 

1 – Os processos correntes de globalização estão a assistir a um avolumar de contradições entre as mais poderosas oligarquias financeiras mundiais implicadas sobretudo na esteira do capitalismo neoliberal, o que pode desde logo acarretar num avolumar de tensões dentro do grupo restrito que compõe a aristocracia financeira mundial que tem como base essencial para os seus dispositivos de domínio nos Estados Unidos e no que resta de “atlanticidade” propiciada por um conjunto alargado de instrumentos que vão desde o agenciamento de Bruxelas à NATO.

Nesse sentido a cosmética do voto popular, é uma fórmula de manipulação decorrente por via da“representatividade democrática” (com todo o cínico rigor do termo) dos interesses dessas poderosas oligarquias que a partir de agora passaram de certo modo a divergir entre Bruxelas e Londres numa cada vez mais “austera” União Europeia, inconciliável em muitas tensões latentes, potenciais e evidentes, desde logo no que às finanças diz respeito.

A “city” não mais pretende perda de exercício de domínio, muito menos subjugação ao “diktat” de Bruxelas, sob encomenda alemã, francesa, ou outra.

2 – As emergências, sobretudo as emergências euro-asiáticas (Rússia – República Popular da China – União Indiana), ainda que seguindo trilhas diversas, saem a ganhar nesta longa luta entre as oligarquias financeiras que provocam as tensões internas à própria aristocracia financeira mundial, pois face a um BREXIT desta natureza, os Estados Unidos terão ainda mais dificuldade nos contenciosos “atlantistas”, inclusive nos contenciosos em curso no quadro da NATO!

A NATO está a emitir, desde as vantagens militares que a Rússia foi criando com a intervenção directa na luta contra o terrorismo na Síria em 2015, cada vez mais sinais de falta de coesão interna, tentando esconder esse fenómeno com a realização de cada vez mais exercícios militares a leste, junto das fronteiras com a Federação Russa cujos dispositivos avançados são de tal modo dissuasores, que “têm chegado para todo o tipo de encomendas” e já com vantagens geo estratégicas de tal ordem que, sem perda de coesão interna, estão a tirar partido evidente das contradições entre as oligarquias financeiras europeias e da erosão da aristocracia financeira mundial, conforme se reflecte na própria instrumentalização da NATO.

3 – Um novo capítulo está em aberto no actual momento europeu, que se pode considerar um momento de encruzilhada, tanto no âmbito do (des)concerto da “city”, como no (des)concerto de Bruxelas, como ainda no (des)concerto de Washington à mercê de erosão.

A incerteza e a imprevisibilidade passaram agora a fasquia a que nos havia já habituado Bruxelas em relação às primeiras grandes vítimas que são os povos europeus, uma incerteza e uma imprevisibilidade decorrente do crescimento exponencial das correntes nacionalistas e também de radicalismos de esquerda que têm muito mais a ver com as manipulações das “revoluções coloridas”, do que com a intrínseca vontade dos povos.

O peso dos “média de referência” potenciados para a ingerência, a manipulação e a subversão democrática, indexados aos interesses da aristocracia financeira mundial e às tensões que minam a instrumentalização das oligarquias financeiras europeias, continua sua saga de alienar a consciência crítica e a formulação da vontade dos povos em defesa dos seus próprios interesses, contaminando a esmagadora maioria das componentes vitais das sociedades europeias.

O campo aberto aos negócios na União Europeia acaba por sofrer com o BREXIT um novo estímulo que se contrapõe à lógica com sentido de vida e a espiral de contradições pode continuar a desfolhar o novo capítulo, tanto por dentro de entidades como o Reino Unido (“remember Scotland”), como de entidades como Espanha (Galiza, Catalunya, País Basco…), ou como mais um EXIT qualquer que agora, com este precedente, se torna mais possível que nunca…

No quadro da NATO, as tensões internas em torno por exemplo da Turquia indiciam erosão do Pacto, que se reflecte nas pertinentes insuficiências que se vão expondo por via dos exercícios militares e da contínua ambiguidade para fazer face ao terrorismo, uma das causas da imensa vaga migratória que, como um boomerang gigantesco atinge a União Europeia a ponto desse fenómeno contribuir para a consumação do BREXIT!

A aristocracia financeira mundial, assim como as oligarquias financeiras europeias têm amplas responsabilidades nas alianças com a Arábia Saudita e Qatar, ou seja amplas responsabilidades na monstruosidade da criação das redes terroristas que vão assolando directa ou indirectamente 4 dos 5 continentes, bem como amplas responsabilidades na decrepitude dos preços do petróleo e de várias outras matérias-primas, sujeitas ao determinismo dominante e só não mais sujeitas graças ao papel dos emergentes euro-asiáticos.

Os nacionalismos que crescerem num ambiente desta natureza, pode aumentar e não diminuir a“antropofagia” da aristocracia financeira mundial e das oligarquias a si agenciadas, como as oligarquias financeiras europeias em processo aberto de contradição.

A globalização no sentido do domínio de 1% sobre o resto da humanidade, está a potenciar ainda mais (des)concertos para o mundo, inclusive em relação ao respeito que a todo o transe é necessário buscar em relação à Mãe Terra!

4 – É nessa base que África e as suas elites, devem ganha maior consciência da proliferação dos factores tóxicos que a Europa está a expandir.

Para África é fundamental o reforço das políticas de paz antropológica e histórica como garantes do aumento de capacidades de luta contra o subdesenvolvimento e tendo em conta um sem número de questões fundamentais que vão desde a urgente necessidade de realizar obra infra estrutural e estrutural, numa perspectiva de sustentabilidade para o desenvolvimento e fugindo aos padrões do crescimento capitalista neoliberal.

Votada a uma ultra-periferia, África não pode mais iludir-se com os artifícios, ingerências e manipulações, algumas delas bárbaras, de que tem sido alvo e deve perceber tanto o que acontece no “pré carré”, como nas “primaveras árabes”, como nos sistemas clandestinos de financiamento do terrorismo ao estilo sobretudo do AQMI e do Boko Haram!

Continua a ser muito preocupante o papel sincronizado dos expedientes da NATO e do USAFRICOM, que agora com a toxidade europeia podem a voltar a ser estimulados no pior dos sentidos, sob os pretextos mais variados, que vão desde o bloqueio da migração via Mediterrâneo, até à “providencial necessidade de luta contra o terrorismo”…

Preservar os ganhos já alcançados em proveito da paz antropológica e histórica, em processos tão melindrosos como por exemplo o dos Grandes Lagos, recebeu contudo reforços como o do Egipto, com projectos de tal maneira sensíveis em relação à água interior do continente, que se pode considerar agora a existência de pujantes geoestratégias desta feita “do Cairo ao Cabo”!

Lançar as bases do renascimento africano é a única saída salutar para África e todos os seus povos e Angola tem jogado um papel muito importante na construção dos seus pilares, algo de que é proibido desaproveitar!

Davos asiático adverte para riscos económicos e geopolíticos da saída britânica da UE



Pequim, 26 jun (Lusa) - Académicos e empresários advertiram hoje para os riscos económicos e geopolíticos do 'Brexit' na abertura da edição de verão do Fórum de Davos, também conhecida por Davos asiático, a decorrer em Tianjin, na região norte da China.

A saída do Reino Unido da União Europeia (UE), processo conhecido como 'Brexit', e o novo papel no mundo do bloco europeu dominaram o primeiro dia deste evento lançado em 2007 e realizado, de forma alternada, nas cidades chinesas de Tianjin e Dalian.

O perito em geopolítica da Universidade de Nova Iorque e presidente da consultora Eurasia Group, Ian Bremmer, afirmou que o 'Brexit' é um "acontecimento geopolítico importante" equiparado aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos e à crise financeira de 2008 e 2009.

"Estamos a falar do declínio da aliança mais importante na ordem do pós-guerra, a relação transatlântica, que já estava antes do 'Brexit' no seu momento mais débil desde a Segunda Guerra Mundial", explicou Bremmer.

O especialista também considerou "razoavelmente provável" uma desintegração do Reino Unido, bem como uma redução da "marca global" da UE, dos seus valores comuns e da sua capacidade de integração.

O economista Nariel Roubini, também da Universidade de Nova Iorque e conhecido por ter antevisto a crise imobiliária nos Estados Unidos, rejeitou uma possível comparação entre o impacto do 'Brexit' e uma crise financeira global, reconhecendo no entanto que a situação criou um "choque" nos mercados.

"Não espero uma recessão global ou uma outra crise financeira global. Penso que o choque resultante do 'Brexit' é significativo, mas não tem o mesmo tamanho e magnitude daquele que tivemos em 2007, 2008 e 2009", argumentou Nariel Roubini.

O economista também afirmou que o abandono britânico do bloco europeu gera incerteza "económica, financeira, política e também geopolítica" e coloca um ponto de interrogação no futuro da UE.

"Poderá ser, não digo que isso irá acontecer, o começo da desintegração da UE ou da zona Euro", avisou Roubini.

Outro participante da reunião, o responsável pela gestão de investimentos para a Ásia-Pacífico do banco norte-americano JP Morgan, Michael Falcon, acredita que no decorrer desta semana irá registar-se um aumento da "volatilidade" e da "especulação".

Já o empresário estónio Taavet Hinrikus assegurou que o 'Brexit' torna a Europa "muito menos atrativa para os empreendedores".

O co-fundador da multinacional norte-americana de transporte privado urbano Uber, Travis Kalanick, foi dos poucos que relativizou os efeitos da saída britânica.

"É difícil vermos um impacto importante [do 'Brexit'] naquilo que fazemos todos os dias", disse Kalanick.

As discussões no Fórum Mundial Económico de verão vão continuar até terça-feira em Tianjin. Para segunda-feira é aguardado um discurso do primeiro-ministro chinês Li Keqiang.

Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair da UE, depois de o 'Brexit' (nome como ficou conhecida a saída britânica da União Europeia) ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a sua demissão, com efeitos em outubro.

SCA // NS

Macau como ponte entre China e lusofonia tem "toda a lógica" mas é pouco eficaz - especialistas



Macau, China, 26 jun (Lusa) - O primeiro Plano Quinquenal de Macau (2016-2020) afirma que o papel da cidade como ponte entre a China e a lusofonia, definido por Pequim em 2003, entrará numa "nova etapa", mas persistem dúvidas sobre a eficácia desta missão.

Especialistas ouvidos pela Lusa questionam o peso da intervenção de Macau, por exemplo, nas relações económicas mais importantes entre a China e os países da lusofonia.

"O Brasil nunca irá discutir a Macau os problemas da construção aeronáutica espacial, parece-me evidente. E Angola nunca virá a Macau discutir a exportação de petróleo", ilustra o economista José Isacc Duarte, residente em Macau.

Também Émilie Tran, investigadora da Universidade de São José (de Macau) e autora de um estudo sobre a importância dos seminários organizados pelo Fórum Macau como instrumento diplomático da China, alerta que, apesar de "muito ter acontecido" entre a China e os países lusófonos como grupo, "muito mais tem acontecido ao nível bilateral" com os grandes parceiros. É o caso do Brasil, "para quem o Fórum não é assim tão importante e que lida diretamente com Pequim", afirma.

Foi em 2003 que Pequim definiu Macau como plataforma entre a China e os países lusófonos e criou o Fórum Macau.

Também o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) se debruça sobre as relações com os países de língua portuguesa e irá criar este ano um "departamento específico" dedicado a este fim.

Por outro lado, foi criada recentemente a Comissão para o Desenvolvimento da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, presidida pelo chefe do Governo de Macau, cuja secretaria-geral está a cargo do IPIM.

Segundo o Plano Quinquenal, em consulta pública até esta semana, a comissão "tem como missão estudar e elaborar as medidas e as políticas necessárias à promoção da construção desta plataforma".

O IPIM salientou, numa resposta escrita à Lusa, que a comissão "vai conduzir investigação relacionada com a política da Plataforma e intensificar a formação e trocas culturais e comércio entre a China e os países de língua portuguesa, além de disponibilizar assistência e serviços de consultadoria às partes envolvidas em tradução/interpretação e noutras matérias relacionadas com língua, finanças, assuntos legais e gestão".

A comissão, defende o IPIM, vai permitir a Macau "utilizar plenamente as suas vantagens especiais, impulsionando o seu papel como plataforma e desenvolvendo uma forte colaboração entre a China e os países de língua portuguesa".

"O Fórum foi criado em 2003. Ao fim de 13 anos de atividade o chefe do Executivo cria uma comissão presidida por ele próprio para definir qual é a atividade a desenvolver. É preciso dizer mais", questiona José Isacc Duarte.

O economista considera que a ideia de Macau fazer esta intermediação "tem muito interesse e em potência tem toda a lógica", no entanto, "na prática", tem "dificuldade em ganhar tração".

"As relações da China com os países de língua portuguesa têm crescido, sim, mas não são tão centrais, digamos, como as com o G7 e outras organizações multilaterais", contextualiza, por seu turno, Émilie Tran.

Para a investigadora, o Fórum Macau tem conseguido "conquistar os corações" dos participantes dos países lusófonos através seus seminários, contribuindo para promover uma imagem positiva sobre a China, mas tal não significa que "já não haja dúvidas ou suspeitas sobre as verdadeiras intenções da China".

A agência Lusa contactou o Fórum Macau para a realização de uma entrevista, mas tal não foi possível.

As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa têm vindo a cair: em 2015, desceram 25,73%, atingindo 98,47 mil milhões de dólares, a primeira queda desde 2009. Os dados mais recentes deste ano apontam para uma queda de 23,03% no primeiro trimestre do ano, face ao período homólogo de 2015.

ISG // MP/VM

A MUDANÇA EDUCATIVA EM TIMOR-LESTE – XXVI ENCONTRO DA AULP - 29 junho em Díli



No XXVI Encontro da AULP deve discutir-se a deontologia pedagógica e a mudança educativa em Timor-Leste 

O professor é um dos maiores trunfos da escola e está presente em todos os discursos sobre educação. Independentemente das razões, sejam elas boas ou más, em contexto educacional fala-se sempre do professor.  

Estas constatações levam-nos à problemática da ética e da deontologia da função docente, e arrastam-nos para o questionamento sobre os conhecimentos e as competências destes profissionais da educação que são determinantes para o desenvolvimento e a dignificação da profissão.  

Em ambas as situações (ética e deontologia do professor; conhecimentos, competências e desenvolvimento profissional) estamos perante questões actuais da maior relevância porque para além do currículo da formação de professores ter múltiplas influências sociais, culturais, políticas e económicas, são notórias e preocupantes as divergências e contradições entre discursos e práticas.  

O Partido Socialista de Timor (PST), um partido político preocupado com as pessoas e com o seu desenvolvimento, gosta de discutir e analisar questões sobre educação. Assim, num momento em que se aproxima o XXVI Encontro da AULP – Associação das Universidades de Língua Portuguesa a realizar em Díli no final do corrente mês, na expectativa de estimular um pensamento crítico em torno da prática deontológica e da formação de professores em Timor-Leste para uma mudança educativa, decidi revisitar e adaptar um texto da minha autoria, escrito há sete anos, publicado no Jornal de Angola, e que também integra uma obra da minha autoria intitulada “Reflexões sobre Educação”. 

Irei partilhar alguns pensamentos mediante a inclusão de conteúdos e referências que possam ser suficientemente esclarecedores dessa finalidade, começando em primeiro lugar pela abordagem de aspectos específicos da ética e da deontologia dos professores. Em seguida, referir-me-ei a estudos internacionais que tratam a problemática inerente ao tipo de conhecimentos obrigatórios para quem deseja exercer a docência, bem como, às competências e ao desenvolvimento profissional desta classe profissional. Por último, em jeito de síntese, farei algumas recomendações aos professores em início de carreira.  

Para enriquecimento da exposição considerei fundamental uma breve revisão de literatura, tendo consultado obras de Reis Monteiro (professor da Universidade de Lisboa), Andy Hargreaves (professor em Administração Educacional no “Centre for Leadership Development do Ontário Institute for Studies in Education”), Carlos Garcia (professor da Universidade de Sevilha), Christopher Day (professor de Educação e Director-Coordenador do “Centre for Teachers and School Development na Universidade de Nottingham”), José Pacheco e Maria Flores (professores da Universidade do Minho) e Michael Fullan (professor da Faculdade de Educação da Universidade de Toronto). 

Como se depreendeu das minhas palavras introdutórias entendo que em qualquer profissão deve existir uma componente ética e deontológica. No campo da educação, como está em causa a pessoa humana, por força de razão, o professor tem que valorizar a dimensão axiológica (filosofia da ética e dos valores). Esta vertente relacionada com a
ética e a deontologia do professor foi objecto de um estudo muito interessante realizado por Monteiro (s.d.).  

Segundo este investigador em educação, o professor tem deveres profissionais «para com o educando», nomeadamente, «não abusar do poder e posição que lhe confere a sua função nem desviá-los dos seus fins (designadamente pela sua comercialização), ser incessantemente competente, respeitar a dignidade, liberdade e diferença (cultural, social e pessoal) de cada educando, sem discriminação alguma, tratando-o sempre como sujeito dos seus direitos e nunca como objecto a moldar à imagem e semelhança dos adultos e da sociedade, ou seja, o professor deve respeitar a privacidade de cada educando, e o seu direito ao silêncio, e guardar sigilo sobre informações confidenciais obtidas na sua relação com os educandos (numa base de confiança), excepto por razões profissionais ou imposição legal». 

Mas, também, permitir e estimular o exercício dos direitos do educando para «promover o desenvolvimento da sua autonomia e responsabilidade, respeitar o direito do educando ao erro (no seu aprender a ser, a conhecer e a fazer), confiar no educando e nas suas possibilidades de ser mais e melhor, ser imparcial, objectivo e aberto à diversidade e ao possível, não impor convicções e opiniões, antes reservar as suas posições mais pessoais, sempre que recomendável, e não ostentar emblemas de qualquer filiação ideológica ou crença, excepto quando for óbvio, notório ou público» (Monteiro, s.d.). 

Na mesma linha de raciocínio, defende o mesmo autor, o professor «deve ser justo, compreensivo e bondoso nos seus juízos e decisões, nomeadamente na avaliação do trabalho dos educandos e no julgamento e sanção das suas infracções disciplinares, não deve aceitar presentes individuais ou colectivos que possam ter como intenção tácita ou como efeito a obtenção de favorecimentos ou ser assim publicamente interpretados, e deve estar “sempre” do lado do educando, designadamente em situações de conflito de deveres e defender a escola pública como instituição democrática para satisfação do direito à educação». 

Os deveres profissionais do professor não se devem restringir aos educandos, devendo ser estendidos aos colegas. O autor já citado tem um pensamento, segundo o qual, qualquer professor deve respeitar as competências, opiniões e trabalho dos colegas e manifestar solidariedade com colegas vítimas de injustiça ou em caso de dificuldades. 

Por outro lado, em relação à profissão, como também preconiza Monteiro, o professor deve cultivar uma elevada concepção da profissão, dignificando a profissão durante e fora do seu exercício, e protegendo a profissão do seu exercício incompetente ou indigno para com a entidade profissional, mostrando competência, dedicação e cooperação crítica, sendo certo que esta postura desejável do professor deve fazer-se sentir também em relação aos pais e encarregados de educação, através da prestação de informações de vária índole, promovendo o diálogo e nunca ter um comportamento em relação às famílias de desautorização pública. 

No que diz respeito à formação de professores, e em concreto para reflectir sobre os tipos de conhecimento praticamente obrigatórios para que o professor cumpra as suas funções educativas com sucesso, decidi “inspirar-me” nas opiniões do autor espanhol (Garcia, 1999) e de dois portugueses (Pacheco e Flores, 1999) que, por sua vez, se basearam em outros autores, nomeadamente, nos estudos de Carlsen (1987), Shulman (1987), Ball (1989), Sockett (1989), Grossman (1990) e Reynolds (1991).  

Segundo estes investigadores, referências obrigatórias em contexto de educação, os tipos de conhecimento a destacar no âmbito da formação de professores devem incluir o «conhecimento psico-pedagógico», o «conhecimento do conteúdo», o «conhecimento didáctico do conteúdo» e o «conhecimento do contexto». 

O «conhecimento psico-pedagógico» relaciona-se com o processo de ensinoaprendizagem (técnicas didácticas, avaliação, etc.), com as teorias do desenvolvimento humano, com a história, sociologia e filosofia da educação, com normativos, etc.
  
O «conhecimento do conteúdo», como a própria expressão indica, é relativo aos conhecimentos, conceitos, definições, etc., mas também aos paradigmas de investigação em cada unidade curricular. O «conhecimento didáctico do conteúdo» faz a combinação entre o conhecimento da matéria a ensinar e o conhecimento pedagógico e didáctico de como a ensinar.  

Repare-se que este tipo de conhecimento (didáctico do conteúdo), principalmente para a investigação em educação assume importância crescente porque conduz-nos à análise e à reflexão em torno de questões como as crenças, atitudes, etc., muito valorizadas no nosso País, e que de certa forma pode ajudar a melhor compreender a tese de que os professores têm temas preferidos e outros de que não gostam de ensinar, uma problemática muito interessante que nos transportaria para o domínio do “currículo oculto” ou “currículo nulo” (aquilo que não se ensina) temáticas muito trabalhadas pelo pedagogo brasileiro Tadeu da Silva.  

Por último, e não menos importante, temos o «conhecimento do contexto» que nos remete para os aspectos ligados às características sociais e culturais da escola e do meio envolvente, nomeadamente conhecimentos sobre os alunos e respectivas famílias, uma preocupação que deve merecer a melhor atenção dos profissionais da educação timorenses devido ao facto de existirem muitas tradições seculares que devem ser mantidas e estudadas. 

Ora bem, os quatro tipos de conhecimento descritos são fundamentais para a competência profissional do professor, mas, até pela dinâmica de tudo o que nos rodeia, é bom não esquecer, há sempre que considerar outras dimensões importantes para que o nosso professor obtenha e desenvolva competências necessárias, à gestão de conflitos, à concepção, execução e avaliação do projecto educativo de escola, e ao diálogo com os chefes de suco / aldeias, pais e encarregados de educação, etc. 
 
Sobre a identificação de competências consideradas imprescindíveis ao exercício da actividade docente, Garcia (1999), baseado em estudos de Lynch (1989), autor que deve ser sempre citado no âmbito do debate sobre formação de professores, destaca algumas competências fundamentais para os professores que não resisto em compartilhar. Por um lado, defende a tese de que o professor «deve desenvolver a integridade intelectual na recolha, utilização e avaliação de uma variedade de evidências como base para o desenvolvimento de juízos». Por outra parte, destaca a importância do professor «desenvolver a competência visual, linguística, estética e imaginativa como base para o diálogo e o discurso em contexto de diversidade intercultural».

Os resultados dos estudos de Lynch são de importância extraordinária porque sugerem que o professor deve desenvolver a sua capacidade de análise política global e de competências práticas tais como a comunicação, resolução de problemas e solução de conflitos, como opina Garcia, para reforçar «o desenvolvimento de valores e atitudes clarificados e reflexivos e suas aplicações como critério para tomar decisões equilibradas e sensíveis». 

Nesta mesma linha de raciocínio do autor, um aspecto muito importante, corolário e exemplificativo do que já referi, passa pela necessidade do professor desenvolver a reflexividade crítica «em relação às imagens dos países considerados subdesenvolvidos e mostradas pelos meios de comunicação social, desenvolvendo competências de tomada de decisões colaborativas e participativas», e acrescento eu, em todas as questões análogas onde se justifica a análise e o pensamento crítico, com intervenção política e social. 

A discussão educacional que proponho nesta reflexão, estrategicamente, dá relevância à deontologia pedagógica e aos tipos de conhecimentos e competências a ter em conta na formação de professores, porquanto, para além de serem assuntos obviamente importantes para o bom exercício da função docente, na minha opinião, também é uma forma eficaz dos professores se “defenderem” das críticas das famílias e da sociedade em geral.  

É minha convicção, se atribuirmos relevância à deontologia pedagógica, as famílias e a sociedade em geral passarão a olhar para o professor como um profissional competente que valoriza a ética e a deontologia pedagógica, e que ao longo de toda a carreira tudo fazem para apostar na renovação e mudança dos seus conhecimentos, no desenvolvimento de competências, na inovação no âmbito do processo de ensinoaprendizagem, portanto, na prática da «reflexão na acção, pela e sobre a acção» (Fullan e Hargreaves, 2001). 
 
Todas estas considerações parecem-me pacíficas e aceitáveis, contudo, apesar de sabermos que em grande parte «o êxito do desenvolvimento da escola depende do êxito do desenvolvimento do professor» (Day, 2001), é bom que todos nós, em particular o Ministério da Educação timorense, tenha consciência de que só haverá uma mudança educativa num quadro de responsabilidade partilhada, onde se incluem professores, família, escola, sociedade em geral e governo. 

Na opinião do Partido Socialista de Timor, estas e outras questões afins, devem ser abordadas com seriedade e determinação pelos governantes do nosso País e pelos académicos timorenses que irão estar presentes no XXVI Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), a ter lugar no Centro de Convenções, no próximo dia 29 de Junho, em Díli.  

Díli, 25 de Junho de 2016. 

M. Azancot de Menezes (Secretário-Geral do PST)

Portugal. VEXAME E MORTE NO TRABALHO



Carvalho da Silva* – Jornal de Notícias, opinião

A vida de um ser humano não pode valer menos no trabalho do que fora dele: o direito à segurança, à proteção do corpo e integridade do indivíduo, à dignidade, à saúde e à vida não podem ficar à porta das empresas e serviços, privados ou públicos. Trata-se de direitos humanos no trabalho.

Através de órgãos de comunicação social como o JN, de posições públicas da CGTP-IN e de partidos políticos da Esquerda, bem como de intervenções de instituições, tomamos conhecimento da ocorrência de graves acidentes de trabalho nas últimas semanas, que causaram mortes e feridos graves, de situações de tratamento indigno de trabalhadores, do aumento de casos de assédio moral e de doenças profissionais.

Muitas notícias sobre os acidentes de trabalho são superficiais; raramente são feitos com sensibilidade os retratos sociais dos seres humanos atingidos, da sua identidade pessoal e familiar, das relações sociais e papéis que partilhavam na comunidade. Este "esconder" do que no plano humano é mais valioso aligeira a observação que se pode fazer sobre o problema.

Os acidentes de trabalho não são inevitabilidades. Ninguém ignora que há perigos no trabalho, mas se houvesse cumprimento de regras de segurança, formação adequada dos trabalhadores, políticas de prevenção de riscos profissionais, combate sério à precariedade e a longos horários de trabalho, travões na ganância desmedida de patrões e na constante ladainha de que a "competitividade" depende da redução dos custos de trabalho, muitas mortes e sinistrados se podiam evitar e as doenças profissionais seriam reduzidas com grandes vantagens, até económicas, para a sociedade. Políticas de exploração desenfreada e de empobrecimento só podem gerar mais riscos, mais situações de rutura e miséria.

Condições indignas de alojamento de trabalhadores, o não pagamento de salários contratuais, a catalogação de processos de despedimento como "rescisões amigáveis", são práticas geradoras de sofrimentos e vexames que não podem ter lugar num Estado de direito. O assédio moral - tema em oportuno debate público, designadamente em decorrência de iniciativa legislativa do BE e do lançamento de uma campanha da CGTP-IN - prolifera no mundo do trabalho português. Patrões e chefias que perpetram ou permitem práticas intimidatórias de desestabilização, de hostilidade e degradação de relações, que levam os trabalhadores a desistirem do seu emprego ou a subjugarem-se de forma humilhante, devem ser responsabilizados por assédio moral, verdadeira tortura psicológica e fonte de doenças diversas. O direito dos trabalhadores a exigirem o cumprimento geral dos seus direitos, o exercício do direito à gravidez, à maternidade e à paternidade são direitos inalienáveis.

O trabalho pode ser menos sofrimento, mais espaço de dignidade, de realização, e forte ancoradouro do desenvolvimento. Para isso é necessário: i) colocar na agenda política estes temas e sobre eles consciencializar a sociedade; ii) os governantes acabarem com os discursos de promoção dos baixos salários, da flexibilização e desregulação laborais; iii) responsabilizar as grandes empresas e grupos económicos, que espremem as pequenas e se escondem atrás de complexas cadeias de contratações e subcontratações; iv) combater com coerência as precariedades e as novas praças de jorna; v) garantir liberdade de organização aos trabalhadores, o exercício da atividade sindical e a efetividade da negociação coletiva; vi) assegurar serviços de saúde e segurança nos locais de trabalho, e articular a ação dos médicos e enfermeiros do trabalho com a de outras áreas da saúde; vii) tornar mais eficaz a ação inspetiva e de fiscalização; viii na comunicação social, abordar-se com mais profundidade e consciência social os problemas do trabalho, em particular os que tocam profundamente a dignidade, a integridade, a saúde e a vida.

A sociedade portuguesa não deve condescender perante estes vexames e atentados à dignidade e à vida de quem trabalha: por uma questão de valores e de justiça, mas também porque jamais seremos uma sociedade desenvolvida e moderna se não formos capazes de os combater com êxito.

*Investigador e professor universitário

Portugal. Convenção do BE. Se Bruxelas provocar Portugal haverá referendo, avisa o BE



O Bloco de Esquerda pode avançar com uma proposta de referendo se houver sanções de Bruxelas a Portugal.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse, este domingo, que se a Comissão Europeia avançar com sanções contra Portugal por défice excessivo o partido colocará na agenda um referendo em Portugal sobre a Europa.

"Portugal só pode responder recusando as sanções e anunciando que haverá um referendo nacional"

"Se tomar uma iniciativa gravíssima de provocar Portugal, a Comissão declara guerra a Portugal. Pior ainda, se aplicar sanção e usar para pressionar o Orçamento [do Estado] para 2017 com mais impostos, declara guerra a Portugal. E Portugal só pode responder recusando as sanções e anunciando que haverá um referendo nacional", advertiu a bloquista, que falava em Lisboa na sessão de encerramento da X Convenção do partido.

No próximo Conselho Europeu, reunião dos chefes de Estado e de Governo a decorrer esta semana em Bruxelas, o Governo português deve recusar as sanções "inéditas, inaceitáveis e provocatórias" com que a Comissão Europeia "ameaça Portugal", prosseguiu a coordenadora do bloco.

Presente na Convenção e depois de ter ouvido Catarina Martins a defender um referendo, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, disse que este não é "o tempo para referendos". "Não nos parece que seja tempo para referendos, é tempo para nós defendermos uma Europa capaz de responder aos problemas sentidos pelos povos europeus e esse é um objetivo também nosso", respondeu o governante. Segundo Pedro Nuno Santos, "as inquietações que o BE revela sobre a União Europeia" são partilhadas pelo Governo.

BE proporá ao Governo um aumento real das pensões

A coordenadora do Bloco de Esquerda anunciou ainda, no quadro das negociações do Orçamento do Estado para 2017, proporá ao Governo um aumento real das pensões e o descongelamento do indexante de apoios sociais.

Em relação ao Orçamento do Estado para 2017, Catarina Martins disse que já se encontram no acordo de viabilização do Governo socialista medidas como o aumento do salário mínimo nacional para 557 euros em janeiro próximo e a introdução de uma maior progressividade nos escalões do IRS.

A lista da moção A para a Mesa Nacional, encabeçada por Catarina Martins, teve 470 votos, conseguindo 64 dos 80 mandatos, enquanto a moção R elegeu nove membros e a lista B sete.

Em causa está a próxima liderança do partido, já que a coordenação da Comissão Política cabe normalmente à lista mais votada para a Mesa Nacional, órgão máximo entre convenções.

Jornal de Notícias – Na foto: A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins - Tiago Petinga / Lusa

Eleições Espanha. "A história não pode parar e fomos chamados a governar", diz líder do Podemos



Pablo Iglesias manifestou-se hoje confiante na vitória nas legislativas em Espanha e voltou a estender a mão ao PSOE para tirar do governo "Mariano Rajoy e as suas políticas".

Em declarações aos jornalistas depois de exercer o seu direito de voto no instituto Tirso de Molina, no bairro madrileno de Vallecas, Iglesias reiterou que se está a consolidar "uma nova transição" em Espanha e que esta noite as eleições vão colocar o país numa nova direção.

"Vamos ganhar, mas, em qualquer caso, mantenho a mão estendida ao Partido Socialista" Operário Espanhol (PSOE), afirmou o líder do Unidos Podemos, sublinhando que "ninguém quer" a realização de terceiras eleições.

O candidato do Unidos Podemos afirmou ainda que "o que convém" a Espanha é um governo de coligação entre o Unidos Podemos e o PSOE, que consiga "tirar Mariano Rajoy e as suas políticas da Moncloa", a sede do Governo espanhol. "A história não pode parar e fomos chamados a governar", afirmou.

Iglesias manifestou-se finalmente "muito tranquilo" em relação aos resultados que serão conhecidos esta noite, considerando que os eleitores "não acreditam no apelo ao medo", porque sabem que querem "um governo sério e responsável".

Desde as eleições de 20 de dezembro, os partidos políticos foram incapazes de chegar a acordo para assumir as responsabilidades governativas.

TSF - Na foto: Pablo Iglesias, líder do Unidos Podemos / Andrea Comas /Reuters

Las grabaciones al ministro del Interior y el 'brexit' cambian el ritmo de las elecciones generales



Las grabaciones difundidas por este diario rompieron el ritmo de la campaña del PP, con todos los partidos pidiendo el cese del ministro, al tiempo que los partidos nacionalistas, ERC y CDC, reorientaron su estrategia con mayor dureza contra el Gobierno.

MADRID.- La decisión adoptada por los británicos en referéndum el pasado jueves de salir de la UE, el llamado 'brexit', ha tapado el final de la campaña electoral para las generales que había venido marcada por el debate de los pactos postelectorales, la petición del 'voto útil' y, en la recta final, por las grabaciones del ministro del Interior, Jorge Fernández Díaz. El 'brexit' era una posibilidad real, pero sus consecuencias apenas se abordaron en estos quince días. Sin embargo, el resultado del referéndum en Reino Unido marcó el colofón de la campaña obligando a los partidos a reconducir sus mensajes en el último día..

Sin embargo, las grabaciones realizadas al ministro del Interior en su despacho en dos reuniones que mantuvo con el jefe de la Oficina antifraude catalana (Oac), Daniel de Alfonso, en las que hablaban sobre la investigación de casos de corrupción contra ERC y CDC, difundidas en exclusiva por Público, han sido el detonante que ha marcado los últimos pasos de la campaña del PP, con todos los partidos pidiendo el cese del ministro.

PP, a por la 'concentración' del voto

Desde el primer día de campaña, los conservadores se centraron en aglutinar el voto de centro derecha y en 'polarizar' la campaña presentándose como la "moderación" y el único muro de contención frente a la "radicalidad" de Podemos, conscientes de que aunque las encuestas les dan ganadores, la división del voto con Ciudadanos les perjudica y favorece al partido de Pablo Iglesias.

Por ello, en la última semana reforzaron este mensaje apelando continuamente a "concentrar" los apoyos pidiendo el "voto útil", sobre todo en 28 provincias en las que creen que los 633.000 votos que tuvo C's el 20D sólo sirvieron para que Podemos o el PSOE tuvieran más escaños.

Pero esta campaña de los conservadores se 'rompió' por la publicación, el pasado miércoles, de las grabaciones del ministro del Interior con el director de la Oac, ofrecidas en exclusiva por Público. El PP se vio obligado a dar explicaciones y contraatacó acusando a los rivales de "querer sacar tajada" con una "grabación ilegal", al tiempo que avisaba de que si se legitiman "métodos mafiosos" España va a un "Estado sin libertades".

En cuanto a los pactos postelectorales y frente a la posibilidad de un acuerdo entre Iglesias y Sánchez, que no descartan en Génova si el PSOE queda como segunda fuerza, Rajoy ha insistido en el "derecho a gobernar" de la lista más votada tratando de superar los "vetos" que se lo impidieron tras el 20D. Pero a la vez ha ofrecido la "gran coalición" al PSOE y a C's.

PSOE, reitera el 'no' al referéndum catalán tras el brexit

El PSOE salió a recuperar parte del voto que se fue a Podemos el 20D, pero sin plantear una campaña frontal contra la formación morada por la hegemonía de la izquierda, a pesar del empuje de ésta que han reflejado las encuestas y que situaban a los socialistas como tercera fuerza.

Pedro Sánchez, marcado por el debate 'a cuatro' --en el que los sondeos le daban como perdedor-- se vio obligado a defender el 'espacio' y las 'señas de identidad' de su partido, después de que Pablo Iglesias tratara de arrebatárselos arrogándose la herencia de la "socialdemocracia".

Sin embargo, en la última semana de campaña, Pedro Sánchez endureció los ataques a Iglesias a quien acusó de ser una "pseudoizquierda" por anteponer el derecho de autodeterminación y de "manosear" las ideologías. En la recta final y en respuesta al 'brexit', el candidato socialista rechazó de plano el referéndum en Catalunya y repartió culpas de lo ocurrido en Reino Unido entre la "derecha irresponsable" y el "populismo".

El objetivo de Sánchez es lograr más escaños que Iglesias para poder negociar con ventaja un acuerdo postelectoral. De hecho, el candidato socialista, sabedor de que sigue siendo la llave para poder llegar a un acuerdo de Gobierno, no ha querido desvelar con quién pactará a pesar de los reiterados intentos que ha hecho Iglesias. Lo que sí ha dejado claro es que no facilitará un gobierno del PP, ni que el candidato de Podemos sea presidente.

Podemos, a por la primacía en la izquierda

Podemos se lanzó desde el primer día a lograr la primacía en la izquierda, buscando el voto de los indecisos para conseguir aumentar el número de representantes en el Congreso y dar el 'sorpasso' al PSOE, apropiándose de las señas de identidad tradicionales de los socialistas.

El partido de Iglesias diseñó un singular lema electoral, "La sonrisa de un país", en un rompedor programa electoral en forma de catálogo del IKEA, en el que aparecen los candidatos en escenas de la vida cotidiana, como las que realiza la mayor parte de los ciudadanos en sus casas.

Iglesias ha ido compaginando el ninguneo al PSOE con el lanzamiento de mensajes que caían como pequeñas 'bombas' entre los socialistas, rompiendo su estrategia de campaña. La primera, la afirmación de que Podemos es una fuerza 'socialdemócrata' y después, sus consultas a Zapatero y los buenos consejos que le da.

Ciudadanos busca hacerse hueco y ser decisivo

El partido de Albert Rivera, consciente de que la estrategia de 'polarización' de PP y Podemos le perjudica, encaró esta campaña con el objetivo de hacerse un hueco y tratar de ser decisivo en la formación de Gobierno. En esa estrategia se enmarcan su visita a Venezuela y los duros ataques a Pablo Iglesias y a Mariano Rajoy.

Tras unas encuestas que le han ido otorgando tan sólo una ligera subida, el candidato de C's endureció su mensaje contra el presidente en funciones, a quién ya en el debate 'a cuatro' atacó con los SMS a Luis Bárcenas y los casos de corrupción en el PP. Además, pasó parte de la campaña poniendo en duda la "autoridad moral" de Rajoy para repetir. No obstante, ha defendido que la lista más votada forme gobierno, pero ya avisa que pondrá"muchas condiciones".

Público / Europapress

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*** Con la cooperación y la cortesía de Arya Alvarez / PG

ELECCIONES GENERALES2016 EN ESPAÑA: ADIÓS AL ABSOLUTISMO



Un simple cambio en el método de atribución de escaños habría evitado casi todas las mayorías absolutas de la democracia sin impedir la gobernabilidad ni cambiar la Constitución

Carles Castro, Barcelona – La Vanguardia

El poder corrompe y el poder absoluto corrompe absolutamente. Sin llegar tan lejos, las mayorías absolutas son en buena parte las responsables de muchos de los vicios que aquejan a la democracia española y que han dinamitado el bipartidismo. Sólo el desinterés de populares y socialistas en modificar un sistema electoral que les beneficia, junto a la dificultad constitucional que plantea cualquier rediseño de las circunscripciones, explican la pervivencia de un modelo que penaliza letalmente a los medianos y pequeños partidos de ámbito estatal. Sin embargo, una simple sustitución del actual sistema de cálculo y adjudicación de escaños que figura en la ley electoral por otro más proporcional, impediría las asfixiantes mayorías absolutas sin dificultar la gobernabilidad.

Concretamente, el empleo desde 1977 de los sistemas Hare o Sainte-Laguë, en lugar del actual D’Hondt, se habría traducido en escenarios muy favorables al multipartidismo y habría brindado opciones de pacto más variadas que la tradicional muleta de los nacionalistas catalanes y vascos (ver gráficos adjuntos). Sólo en los comicios del 82, cuando el PSOE obtuvo una cifra de votos abrumadora, el partido ganador habría sumado la mayoría absoluta del Congreso (más corta, eso sí), con independencia del sistema empleado.

En cambio, la aplicación de las fórmulas Hare o Sainte-Laguë a los resultados del pasado 20 de diciembre habría propiciado un escenario más favorable a la formación de Gobierno al deshacer el empate entre centro derecha (163 diputados) e izquierda (161) que arrojaron aquellos comicios. En concreto, PP (105-107) y Ciudadanos (50-51) se moverían en una horquilla de 155-158 escaños, frente a los 167-169 que reunirían el PSOE (86), Podemos (75-73) e IU (8). Eso sí, la izquierda habría necesitado la abstención de los nacionalistas en la investidura.

En un plano más retrospectivo, la aplicación de fórmulas más proporcionales a los resultados que se han registrado desde 1986 habría facilitado la supervivencia de partidos bisagra (como el CDS) y habría promovido una cultura del pacto que tanto se ha echado en falta en la última y breve legislatura. Por ejemplo, en los comicios de hace treinta años y, sobre todo, en los de 1989, el partido ganador (el PSOE) habría quedado lejos de la mayoría absoluta pero habría contado con varios socios que elegir: IU, el CDS o diversas combinaciones de partidos nacionalistas. En ambas citas, los centristas de Adolfo Suárez habrían duplicado prácticamente su cosecha de escaños y eso les hubiese brindado un papel decisivo (y su eventual supervivencia, en lo que habría supuesto una formidable reescritura de la historia reciente).

Finalmente, las dos últimas mayorías absolutas registradas en España –la de Aznar en el 2000 y la de Rajoy en el 2011– no se habrían producido con alguna de las dos mencionadas fórmulas de cálculo. Eso sí, los dos presidentes del PP habrían podido gobernar sin problemas y con una notable variedad de socios nacionalistas, incluido (en el caso del 2011) un partido de ámbito estatal: la casi extinta UPyD de Rosa Díez.

- Directo | La participación en las elecciones se sitúa en el 36,8% a las dos, casi idéntica al 20D - Más de 36,5 millones de personas están llamadas a votar en las elecciones generales del 26J.

*** Con la cooperación y la cortesía de Ángel Verdin / PG

ELEIÇÕES EM ESPANHA ESTÃO A DECORRER. SONDAGEM REFORÇA PARTIDO DE RAJOY



Sondagens em Espanha indicam que os eleitores espanhóis vão desfrutar de mais do mesmo quando pelas 21 horas de hoje se conhecerem os resultados eleitorais. 

À revelia da lei eleitoral um jornal da vizinha Andorra publica hoje um aumento de dois deputados para o partido de Rajoy – o que poderá contribuir para causar alguma diferença. Mesmo assim quase insignificante, se aos outros partidos mais votados não forem retirados deputados comparativamente às eleições anteriores. O aumento da abstenção pode ter uma última palavra se acaso ocorrer.

No jornal Público Sofia Lorena aborda a seu modo estas eleições espanholas. Mais prognósticos só no final do evento. Entretanto o PG vai procurar trazer aqui informação alternativa, tanto quanto possível. Quer de jornais espanhóis, quer de eleitores espanhóis amigos que se dispuseram a contribuir com informações e análises simples para o Página Global. Contamos que o prometido seja cumprido. (PG)

À segunda, vai dar novo empate que só as negociações vão desfazer

Seis meses depois, os espanhóis voltam a ser chamados a votar em legislativas. Os candidatos prometeram que é desta, mas ninguém explica como é que vai desbloquear um Congresso tão dividido como o que saiu das urnas em Dezembro.

Em teoria, os espanhóis podem continuar a votar a cada seis meses sem que o mapa político se altere de forma significativa. Na prática, ninguém acredita que isso seja possível. Não há duas sondagens iguais nem sondagens significativamente diferentes. Só que, em tempos de incerteza, qualquer pequena diferença chega. Não altera os resultados, mas muda as leituras que os partidos fazem deles e a margem que cada um terá nas inevitáveis negociações pós-eleitorais

Até ao início da última semana, a única dúvida era saber qual será a formação mais votada à esquerda. Quase na recta final, houve um escândalo de abuso de poder que beliscou o PP, obrigando Mariano Rajoy a interromper o “tom positivo” que o partido elegera como estratégia. Ainda houve tempo para o “Brexit” aterrar em cheio na campanha e o mesmo Rajoy o usar para apelar às emoções e insistir que representa o “voto útil” contra a ameaça do Podemos.

A campanha começou com os inquéritos a anteciparem um Congresso tão fragmentado como o que saiu das legislativas de Dezembro, ao mesmo tempo que os líderes partidários garantiam que os espanhóis não serão chamados a votar uma terceira vez, sem explicarem exactamente o que podem fazer para o evitar.

O que se sabe não chega para perceber o que vai acontecer nas próximas semanas. Sabe-se que o PP voltará a ser primeiro, mas que deverá ficar ainda mais longe da maioria. E sabe-se que o parceiro natural dos conservadores, a formação de centro-direita liberal Cidadãos, um dos dois partidos emergentes do novo panorama partidário, voltará a ficar aquém de um resultado que abra caminho a uma coligação natural.

Sem maiorias óbvias no horizonte, é da esquerda que podem vir as principais mudanças. A maior novidade é a aliança Unidos Podemos (que junta o partido de Pablo Iglesias, terceiro em Dezembro, à Esquerda Unida, de Alberto Gárzon) e a probabilidade de esta ultrapassar o PSOE, tornando-se na formação hegemónica da esquerda. Uma das sondagens (uma entre muitas, sublinhe-se) sugere até um cenário em que, em conjunto, os eleitos da esquerda sejam suficientes para alcançar o número mágico de 176 deputados, que garante a maioria no Congresso de 350.

A lógica e o haraquiri

O problema é a instabilidade de um sistema partidário que mal acabou de nascer, com quatro grandes formações a disputar um tabuleiro que até agora tinha dois protagonistas e muitos actores secundários mais pequenos. Numa nova realidade em que ninguém conhece as consequências de pactos que estão por experimentar, nenhum partido quer ser o primeiro a arriscar haraquiri.

Do ponto de vista das propostas e da vontade do seu eleitorado, seria lógico que o PSOE, de Pedro Sánchez, se aliasse a Iglesias para formar o “governo progressista” que o líder do Podemos tanto diz querer. Na prática, os socialistas desconfiam que o verdadeiro objectivo de Iglesias é a aniquilação total do PSOE.

Sánchez passou esta campanha a prometer que Rajoy e o PP não contam com ele para ficar no poder. Uma abstenção do PSOE para permitir à direita continuar a governar seria, disse, “um suicídio que levaria o PSOE a tornar-se irrelevante por muitos anos”. Mas entre o establishment socialista acredita-se que suicídio ainda maior seria um pacto com o Podemos.

O risco, para Sánchez, é ser afastado da liderança pelos membros do seu partido antes mesmo de conseguir sentar-se à mesa das negociações com Iglesias. Uma possibilidade que ganha ainda mais força caso se confirme o chamado “sorpasso”, a ultrapassagem do PSOE pela aliança Unidos Podemos em votos e mandatos.

“Confia em Pablo Iglesias?”, perguntou há dias a Sánchez um jornalista doPublico.es. “E você, fia-se nele?”, retorquiu o candidato. “Durante estes seis meses Iglesias demonstrou que não é um político que faça o que diga. Disse que usaria os seus votos em Dezembro para pôr ponto final em Mariano Rajoy e, no fim, o que fez foi bloquear a mudança”, explicou Sánchez.

Iglesias bem tentou convencer os socialistas que podem confiar nele. “Não te enganes, Pedro, eu não sou o adversário”, sussurrou ao líder do PSOE no único debate que opôs os candidatos dos quatro maiores partidos. Mas o líder do partido que nasceu dos Indignados para enterrar o bipartidarismo sabia que era tarefa impossível. Afinal, ainda nem os votos estavam todos contados, a 20 de Dezembro, e já Iglesias se lançava num ataque sem trégua contra os mesmos com que agora diz querer governar.

Uma crise perfeita

Recordando que o PSOE acabava de ter o pior resultado da sua história(com 22%, ficou menos de dois pontos percentuais à frente do Podemos, que teve 20,65), Iglesias ainda esfregou na cara de Sánchez que o derrotara em Madrid, onde ambos eram candidatos. Sabendo que as urnas já tinham fechado mas que a campanha continuava, o líder do Podemos portou-se como se estivesse a lançar mísseis ao PSOE, notaram então os comentadores.

A somar-se a todas as incógnitas, o “Brexit” que ninguém esperava ainda obrigou os candidatos a mudarem os discursos de encerramento e a explicar que União Europeia defendem, um tema que tinham ignorado olimpicamente (e que no debate a quatro mereceu menos de 30 segundos de tempo de antena).

Em teoria, nada impede que os espanhóis tenham de repetir eleições e que Espanha continue nesta campanha permanente. Isso nem sequer seria inédito: já por duas vezes houve três eleições gerais no país, em 1918 e em 1920. 

Em teoria, há muito para dizer e antecipar. Só que as teorias não chegam para interpretar o futuro quando o cenário é de crise perfeita – o modelo da Transição esgotou-se sem que um novo tenha podido consolidar-se (ou a crise como Gramsci a definiu, tempos em que o velho ainda não morreu e o novo não acabou de nasceu). Resta esperar, contar votos e ver como cada partido decide interpretar as intenções dos espanhóis.

Sofia Lorena - Público

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