Pedro
Tadeu*, opinião
Tenho
a certeza: Donald Trump é um perigo para a humanidade e deve ser combatido com
obstinação. Tenho outra certeza: a forma como Donald Trump é combatido reforça
mais, no curto prazo, o apoio popular que o levou à Casa Branca.
Vejamos
a lista de problemas que Trump prometeu, aos americanos, resolver: o
desemprego, a imigração, a criminalidade, o terrorismo, o islamismo radical, a
deslocalização de capitais e trabalho, os acordos comerciais da globalização
que prejudicam os Estados Unidos, o enfraquecimento económico face à China, a
falta de grandes investimentos em infraestruturas, a captura do Obamacare pelas
companhias de seguros, a corrupção da classe política em Washington, a falta de
poder do povo, a abertura de fronteiras a inimigos e a criminosos, a falta de
um muro na fronteira com o México, o inútil intervencionismo militar em países
estrangeiros, o desinvestimento no reforço da defesa do território
norte-americano. Isto é: "colocar a América primeiro", diz ele.
Quantos
norte-americanos, mesmo entre os que não votaram nele, se reveem nesta lista?
Este diagnóstico até já foi feito: os americanos acham que estão inseguros, os
americanos acham que estão a ser explorados pelos países estrangeiros, os
americanos acham que estão a perder a liderança no mundo, os americanos acham
que os políticos do sistema são corruptos, os americanos acham que têm
imigrantes a mais, os americanos partilham a lista de preocupações de Trump e
identificam-se com ela. Isto dá uma tremenda força política ao, agora,
"líder do mundo livre".
Enquanto
esta visão do planeta e do país for prevalecente nos Estados Unidos - e ela,
por si só, na sua dimensão completa, implica a sobreposição de sentimentos de
racismo, xenofobia, nacionalismo, imperialismo e populismo - é pouco provável
que Trump enfraqueça.
O
novo presidente dos Estados Unidos está disposto a tomar medidas desumanas,
como a utilização da tortura ou a proibição (ainda temporária) de entrada no
país de quaisquer pessoas vindas de sete países muçulmanos. Aqui uma parte,
menor, dos americanos que se reconhecem na lista de promessas de Trump repudia
os seus processos e demarca-se. Porém, outra parte da população, pelo
contrário, reforça o seu apoio por ver no líder do país alguém que é capaz de
fazer o que é preciso para concluir o trabalho a que se propôs, em contraste
com a ineficácia dos governantes tradicionais, atados pelos nós do
politicamente correto.
Com
Trump a parecer decidido a cumprir, custe o que custar, as promessas que fez
bem pode a imprensa publicar "factos alternativos" para caluniar o
homem, como o de estar nas mãos de Putin por causa de uma prostituta russa, que
não será por aí que ele enfraquece - pelo contrário, esse tipo de notícias
reforça a credibilidade da tese da conspiração mediática "liberal"
contra o presidente e, consequentemente, a simpatia popular.
A
luta contra Trump vai ser longa e muito difícil porque quem o apoia acha,
convictamente, que tem a razão do seu lado e enquanto o tom do combate for
primordialmente emocional, hiperbólico e tremendista, essa
"racionalidade" não é posta em causa, pelo contrário, aparenta
solidez e espalha-se, como um cancro, por mais gente e por mais países, onde
novos "Trumps" aproveitarão as metástases. A luta contra Trump e
contra tudo o que, por detrás dele, se prepara para capturar o poder no mundo
exige, como todas as grandes guerras, estratégia, paciência, serenidade,
firmeza, mobilização e tempo. Enquanto for a golpes de contrainformação e a
discursos políticos inconsequentes não vai a lado algum.
*
Diário de Notícias
REAÇÃO DE LEITORA AO ARTIGO DE OPINIÃO DE PEDRO TADEU – em comentários DN
Os
EUA têm uma taxa de desemprego de 4% é quase inexistente , morrem mais pessoas
por ataques com armas de fogo que Trump defende que de atentados terroristas ,
não me parece que as razões que invoca no artigo sejam aquelas pelas quais
Trump ganhou as eleições.
Quem elegeu Trump foi sobretudo a América ignorante e profunda , sem instrução que se sente ameaçada pelos imigrantes qualificados e bem mais educados que eles próprios, nas grandes cidades educadas e informadas ganhou Clinton , e continua a ser a ignorância que o suporta.
Em todo o mundo políticos , artistas, empresários , cientistas , advogados de todas as cores políticas já vieram repudiar Trump e tudo o que ele representa.
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