O
Executivo angolano está empenhado em fazer com que a viragem mundial que se
regista actualmente proporcione ao país um retorno à execução de políticas
públicas sociais que permitam um sério incremento do emprego estável e do
bem-estar de um número cada vez maior de famílias angolanas, bem como uma forte
coesão e integração social.
A
garantia foi dada ontem, em Luanda, pela ministra da Cultura, Carolina
Cerqueira, durante o acto central do 56.º aniversário do Dia do Início da Luta
Armada de Libertação Nacional. Carolina Cerqueira, que discursava em
representação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, reconheceu
que isso só será possível com uma real diversificação da economia, um
encaminhamento de verbas para a dinamização da agricultura e uma séria aposta
da indústria. Lembrou que a agricultura e a indústria são dois sectores que
garantem empregos com maior estabilidade.
“Este é um dos grandes desafios e desideratos num futuro imediato”, disse a ministra, adiantando que será possível executar um tal programa depois das eleições gerais a terem lugar no segundo semestre deste ano.
Além da aposta na agricultura e na indústria, a ministra defendeu que se garanta o escoamento dos produtos do campo para as vilas e cidades, bem como o funcionamento de uma rede eficaz de transportes que atinja todo o país. Uma particular atenção, sublinhou, vai ser dada a Luanda, que alberga 27 por cento da população angolana.
Carolina Cerqueira referiu-se à actual conjunta mundial, marcada por uma crise económica e financeira. “Vivemos um momento de sacrifício que atingiu quase todos os países do mundo. Temos de perceber que hoje o mundo já não é o mesmo que era há cinco anos. O nosso país também não é o mesmo porque as famílias angolanas enfrentam momentos muito difíceis devido à diminuição da qualidade de vida que muito nos atinge nos últimos anos”, realçou.
Carolina Cerqueira disse que a crise veio provocar uma grande quebra no incremento das políticas públicas de inclusão social que vinham sendo executadas no país após o final da guerra, em 2002. “Os recursos diminuíram consideravelmente, de modo que temos que os racionalizar para não nos faltar o essencial e para que a economia angolana possa receber inputs para uma recuperação a breve trecho”, apelou.
Relativamente ao 4 de Fevereiro de 1961, a ministra da Cultura afirmou que a História de Angola está repleta de heróis que marcaram com as suas palavras, actos e até mesmo com o seu próprio sangue, uma postura digna de representantes do seu povo, que não concordava com a presença das autoridades coloniais e com a subalternização dos angolanos na sua própria terra.
“Rendemos homenagem a todos quantos resistiram ao poder colonial e a todos quantos lutaram, com armas na mão, para a libertação da Pátria Angolana”, sublinhou, e apelou à juventude para estudar a história do país e honrar os seus heróis, muitos dos quais ainda em vida.
O governador provincial de Luanda exortou a população a ter mais atenção em relação às questões de saúde pública para a rápida diminuição ou eliminação de doenças como a cólera ou a raiva. Higino Carneiro, que interveio no acto na qualidade de anfitrião, anunciou que a capital regista, mas de modo controlado, casos de cólera, com origem na província do Zaíre, o epicentro do surto.
Higino Carneiro disse igualmente serem preocupantes os índices de criminalidade e sinistralidade rodoviária em Luanda, apesar das acções no sentido da sua diminuição. Apelou à população a tomar medidas cautelares para se evitar que os mesmos ocorram.
O acto central do 56.º aniversário do Dia do Início da Luta Armada de Libertação Nacional contou com a presença de membros do Executivo, deputados a Assembleia Nacional, da Associação 4 de Fevereiro e de representantes de partidos com assento no Parlamento, além de outros convidados e população.
A 4 de Fevereiro de 1961, patriotas angolanos desencadearam um ataque à Cadeia de São Paulo e à Casa de Reclusão, em Luanda, dando início à Luta Armada de Libertação Nacional que culminou com a proclamação da Independência do país, a 11 de Novembro de 1975. Em todas as províncias do país foram realizados actos locais para assinalar a efeméride, que este ano decorreu sob o lema “Honremos os heróis de Fevereiro, construindo um futuro melhor”.
Aposta na educação
No Cunene, o vice-governador provincial para o Sector Político e Social, José Veyeleinge incentivou a juventude a apostar seriamente na formação académica e profissional, para contribuir no desenvolvimento do país. José Veyeleinge disse que a juventude deve cumprir de forma organizada a sua missão natural de força motriz do desenvolvimento político, económico e social de uma sociedade ou país.
“Os jovens têm a responsabilidade de assegurar o seu futuro, estudando, fazendo as melhores escolhas e tomando decisões acertadas”, defendeu o político, que criticou o imediatismo de alguns jovens como uma das vias escolhidas para alcançar os seus propósitos. A juventude, insistiu, deve apostar na construção de uma nova mentalidade e lembrou que a vida é feita de sacrifícios e trabalho. “Só assim é que se podem concretizar os sonhos”, disse.
Relativamente à efeméride, José do Nascimento Veyeleinge considerou que o 4 de Fevereiro de 1961 constitui um marco indelével na História da resistência contra o regime fascista colonial português para o alcance da Independência Nacional. A mesma opinião é partilhada pelo vice-governador do Namibe para a Área Técnica e Infra-estruturas, António Correia, que reconhece o 4 de Fevereiro como ponto de partida para que Angola e os angolanos chegassem ao patamar de igualdade de todas as nações e, consequente, para que a formação de quadros que o país hoje conta e as altas tecnologias pudessem ser desfrutadas.
Apontou ainda como benefícios da liberdade, a expansão do ensino em todas as comunidades do país, o desenvolvimento do desporto, da ciência e de outros sectores, bem como o nível de respeitabilidade que o país granjeia ao nível internacional. António Correia, que intervinha na cidade de Moçâmedes momentos depois de ter procedido à deposição de uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido, no quadro das comemorações do 4 de Fevereiro, defendeu que se deve sempre prestar uma singela homenagem aos heróis que deram início à luta armada de libertação nacional.
“Se não fosse o 4 de Fevereiro, não podíamos, eventualmente, chegar à Independência Nacional. É com o 4 de Fevereiro que chegamos ao progresso que registamos hoje, que nos trouxe ao patamar de igualdade de todas as nações”, realçou António Correia.
A vice-governadora provincial do Moxico para o Sector Político e Social apelou à população para que continue a acreditar no Executivo angolano, pois mantém-se firme no seu compromisso de proporcionar o bem-estar, apesar da crise económica e financeira internacional.
Adriana Bento, que discursava no município do Léua, disse que apesar das dificuldades financeiras, o Executivo continua a construir várias infra-estruturas.
Jornal
de Angola - Bernardino Manje e Elautério Silipuleni | Ondjiva, João Upale e
Manuel de Sousa | Moçâmedes
Foto:
Santos Pedro | Edições Novembro
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