O
artista plástico Tashi Norbu deslocou-se a Macau para participar na iniciativa
ontem promovida pela Galeria Iao Hin no Largo do Lilau, mas acabou por ver a
sua entrada na RAEM proibida pelas autoridades locais. A ocorrência foi
divulgada pela galeria através de um comunicado onde se lê que o artista
“reconhece que pode ser considerado um pintor controverso em Pequim.” O PONTO
FINAL contactou a Polícia de Segurança Pública (PSP), que não confirmou, nem
desmentiu a recusa da entrada de Norbu no território.
A
entrada em Macau do artista de ascendência tibetana Tashi Norbu foi esta
fim-de-semana recusada pelas autoridades do território. Depois de ter exposto
há um ano na Galeria Iao Hin, o pintor preparava-se para regressar a Macau para
tomar parte na iniciativa ontem promovida pelos responsáveis da Iao Hon numa
mansão situada no Largo do Lilau e para ministrar posteriormente um workshop de
pintura para crianças.
Ao
artista plástico não foi dada qualquer explicação para a recusa da sua entrada
no território. Norbu reconhece porém, e de acordo com um comunicado, “que
pode ser considerado um pintor controverso em Pequim.”
O
pintor, de nacionalidade belga, era um dos convidados de honra da cerimónia de
inauguração da Galeria Amber Iao Hin, que decorreu ao início da noite de ontem:
“O meu plano era mostrar a minha arte, a minha linguagem e o meio que estudei
durante toda a minha vida”, explicou o artista, no sábado, depois de lhe ter
sido recusada a entrada no território. “É triste que tenha sido proibido de
estar presente e mostrar a minha arte e as minhas capacidades em Macau”,
sublinhou.
Em
2016, Tashu Norbu apresentou os seus trabalhos no âmbito da exposição “Tibete
Revelado” e a sua entrada no território já na altura se revelou conturbada,
revelou a galeria Iao Hin em comunicado. Na altura, Norbu terá sido interrogado
pelas autoridades tanto aquando da sua entrada, quanto da sua saída de Macau.
Contudo, o artista tibetano considerou que a sua exposição – que esteve patenta
ao público também na Galeria Iao Hin – teve “muito sucesso.”
“Pensámos
que poderia ser uma óptima oportunidade para mostrar o trabalho deste artista
talentoso ao público de Macau”, referiu o curador da Galeria Iao Hin, Simon
Lam, em comunicado. “Pessoalmente, estou muito desapontado com a atitude das
autoridades [de Macau] perante as artes, vendo-as como ameaça e banindo aquilo
que é nada mais do que performance de arte pura. Não é isto que Macau deveria
estar a fazer. A censura é, simplesmente, errada e, neste caso, esta situação
não pode ser justificada uma vez que a entrada de Tashi em Hong Kong, na semana
passada, foi permitida sem problemas”, acrescentou Lam.
No
trabalho artístico de Norbu cruzam-se influências ocidentais e orientais. A
pintura tradicional tibetana, associada ao budismo, marcou o início da sua
educação artística, que complementou com um curso de Artes Visuais na
Saint Lucas Academy of Visual Arts, na Bélgica. Nas suas obras, o artista
independente veicula os fundamentos das suas origens – o Tibete e o budismo –
combinando-os com as técnicas que adquiriu na Europa.
“Nenhuma
razão específica foi dada para a recusa da entrada em Macau, mas Norbu
reconheceu que pode ser considerado um pintor controverso em Pequim. Os quadros
do artista baseado na Holanda podem ser banidos na China [Continental] por
apresentarem monges tibetanos em chamas, cenas espirituais com Dalai Lama e
tibetanos exilados”, lê-se na nota de imprensa enviada às redacções pela
Galeria Iao Hin.
O
PONTO FINAL tentou obter esclarecimentos junto da Polícia de Segurança Pública
(PSP) sobre a alegada proibição da entrada do artista plástico em Macau. Um
porta-voz do organismo disse apenas que “a PSP não confirma a recusa da
entrada” no território. J.F.
Ponto Final - Fotografia: Cláudia Aranda
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