Martinho Júnior, Luanda
No
dia 24 de Fevereiro e 2017 a Embaixada de Cuba deu a conhecer elementos
precisos sobre o significado múltiplo dessa data no que diz respeito à memória
histórica da luta pela independência, pela soberania e pelo socialismo revolucionário
que anima a vida, nos termos salutares da manifesta vitalidade e autenticidade
crioula do povo cubano, medida pelos “barómetros” da inteligência
revolucionária, do internacionalismo, da solidariedade, da participação das
instituições e dos cidadãos e, acima de tudo, para os progressistas de todo o
mundo, transmitindo o exemplo digno, humilde e sábio da saga cubana, enquanto
inquestionável património ao dispor, como um livro aberto e pulsante, de toda a
humanidade.
No
dia 24 de Fevereiro ao comemorar as múltiplas memórias que a data nos impõe,
Cuba evoca muitos acontecimentos que reflectem essa heroica saga, que a coloca
como um farol iluminando toda a humanidade e por isso foi a bem escolhida data
para apresentar o seu programa de actividades para este ano, intrinsecamente
associada à história e às estórias comuns dos povos angolano e cubano,
nesta “trincheira firme da revolução em África” que apesar das
imensas e profundas alterações, para muitos Angola não deixou de continuar a
ser.
Entre
os acontecimentos possíveis lembrar a 24 de Fevereiro, está a data que marca o
início da emissão da “Rádio Rebelde” há 58 anos, na efervescência
plena da guerrilha revolucionária na Sierra Maestra, algo que toca a todos os
membros do MPLA, a todos os angolanos, até por que também houve uma similar,
o “Angola Combatente”, emitido durante a longa Luta de Libertação contra o
colonialismo a partir de Brazzaville.
O “Angola
Combatente” tinha um critério próximo, nos seus objectivos e conteúdos,
ao “Rádio Rebelde” emitido da Sierra Maestra, por exemplo: muitos dos
comunicados e muitas das suas mensagens emitidos pelas suas ondas em
Brazzaville, eram elaborados a partir do que era recebido das redes
clandestinas que estavam espalhadas dentro e fora do território nacional (no
exterior particularmente no Zaíre e mesmo na Zâmbia), motivadas em operações e
activismos de toda a ordem, traduzidos nas armas libertárias da guerra
psicológica de então!
De
entre os muitos membros do MPLA que clandestinamente conseguiam pelas mais
variadas vias, contacto com a direcção do MPLA, com o sistema de comunicações
do MPLA na guerrilha, estava a célula “Kipaka” que operava no
Lubango, no seio da qual se inscrevia o trabalho dum nosso camarada e
companheiro de luta já falecido, que dá pelo nome completo de Alberto José
Barros Antunes Baptista…
Também
era assim com a “Rádio Rebelde” nos tempos da Sierra Maestra, tal e
qual o era o “Angola Combatente” na primeira “Linha da
Frente” progressista e “informal” contra o bastião das trevas na
África Austral, a linha que se estendia em 1965 entre Brazzaville, as montanhas
a oeste do Lago Tanganika (onde passou a 1ª coluna do Che) e Dar es Salam…
Sabemos
hoje que nem um episódio como a Revolta Activa fez esmorecer o “Angola
Combatente” e, se não existe programa ou emissora hoje com uma vocação
voltada para reforço da ampla luta contra o subdesenvolvimento, sem deixar ao
mesmo tempo de cultivar ensino público, pedagogia e a memória histórica e
antropológica que advém das outras etapas de luta anterior levada a cabo pelo
Movimento de Libertação em África, nomeadamente pelo próprio MPLA, muitos
jornalistas em rádios e televisões dispersas, parece até que se têm inspirado
no património patriótico comum que era o “Angola Combatente”, que era não só
ouvido pelos guerrilheiros, militantes, simpatizantes e amigos do MPLA de
então, mas por muitos jovens progressistas da época que percebiam em Angola
quanto o Estado Novo era retrógrado, teimoso e impraticável em relação às
legítimas aspirações de todo o povo angolano, entre eles, eu próprio!
Sabemos
que independentemente das trajectórias, o MPLA reúne militântes sensibilidades,
algumas das quais ainda perdidas diáspora fora, cujo potencial merece ser muito
mais amplamente redescoberto para fazer face aos desafios no âmbito duma
democracia que sendo embrionariamente representativa, urge também tornar
participativa!
A
Associação Tchiweka de Documentação, “ATD”, está aí e, muito embora com
suas limitações, é um dos exemplos embrionários, meritosos e patrióticos que
tem aberto um caminho que pode e deve ser incentivado face aos desafios
contemporâneos e futuros.
Há
um imenso trabalho de mobilização patriótica, em especial em relação à
juventude angolana, que está por fazer e está claramente em aberto!
Sabemos
hoje que a passagem do Che pelo Congo não foi, nem é a “história dum
fracasso” e a prova somos nós mesmos, os patriotas angolanos com
consciência, criatividade, sede pela vida, sede pelo futuro e memória… por isso
é tão importante dar muito mais atenção à luz emanada pelo farol de Cuba, a mão
amiga que foi estendida a Angola nas horas mais difíceis e decisivas e não mais
nos abandonou, pelo muito que ainda com ela há que inspirar!
A
Luta Continua!
Venceremos!
A
consultar:
24
de Fevereiro em Cuba – http://martianos.ning.com/profiles/blogs/24-de-febrero-en-cuba-tanta-historia-jam-s-podr-ser-mancillada
“Rádio
Rebelde” ao vivo e para todo o mundo – http://www.radiorebelde.cu/audios-bajo-demanda/radio_rebelde_en_vivo.htm
Amostra-síntese
ilustrativa que aborda o valor, em termos de guerra psicológica,
do “Angola Combatente” –http://www.rtp.pt/play/p1954/e214440/cancoes-de-guerra
ATD
- http://www.buala.org/pt/autor/associacao-tchiweka-de-documentacao; https://sites.google.com/site/tchiweka/
Projecto
Trilhos da ATD – https://www.facebook.com/projectotrilhos/?fref=ts
Cuba
e a memória dos “grandes saltos libertários” em África – http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/02/angola-cuba-e-memoria-do-grande-salto.html
Os
heróis anónimos da pátria angolana – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/04/os-herois-anonimos-da-patria-angolana.html
Fotos:
Dia
24 de fevereiro de 2017 na Embaixada de Cuba (apresentação do programa de
actividades da Embaixada em Angola para o corrente ano); nessa apresentação,
sentados nas cadeiras alguns dos combatentes angolanos de Cangamba e Cuito
Cuanavale;
O
Comandante Che Guevara foi, com o Comandante Fidel de Castro, fundador da Rádio
Rebelde que começou na Sierra Maestra em Cuba há 58 anos;
O
Camarada José Eduardo dos Santos, que pertenceu às comunicações do MPLA durante
algum tempo na guerrilha era, enquanto tal,
um “municiador” do “Angola Combatente”;
O
Camarada Alexandre Moreira Bastos, “Sacha”, ladeado por outros camaradas
da ASPAR, era também membro das comunicações do MPLA durante a guerrilha e
outro “municiador” do “Angola Combatente”; conheceu bem o valor
das mensagens do Camarada “Kipaka”;
O
falecido Camarada Alberto José Barros Antunes Baptista, “Kipaka”, é um dos
muitos e muitos membros do MPLA que de dentro de Angola, alimentaram a direcção
em Brazzaville com a indispensável informação sobre o desenvolvimento da luta,
bem por dentro dos sistemas coloniais; o camarada “Kipaka” a partir
do Lubango e cobrindo a Frente Sul…
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