O
presidente do Banco da África Ocidental (BAO) considerou hoje que apesar de a
instabilidade política na Guiné-Bissau "estar a piorar", existe uma
economia "escandalosamente liberal" onde os investimentos e os
empresários são respeitados.
"São
duas características estruturais, a instabilidade política e a economia
escandalosamente liberal", disse Diogo Lacerda Machado em declarações em
Lisboa, à margem do ciclo de conferências 'África Lusófona, uma visão
prospetiva', que hoje debateu o tema 'Guiné-Bissau, mercado livre no contexto
da instabilidade política'.
"As
realidades parecem contraditórias, mas uma cria o contexto especial para a
outra; a instabilidade política parece menos boa agora porque há um quadro de
relativa incerteza a propósito do funcionamento das instituições
políticas", disse Diogo Lacerda.
Ainda
assim, acrescentou, "a Guiné-Bissau é uma economia que, por causa da
instabilidade política, desenvolveu uma economia absolutamente liberal onde as
coisas funcionam, o povo tem uma enorme tranquilidade e respeito pelos
investimentos, pelos empresários e pelas empresas".
Questionado
sobre a evolução da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO), Diogo Lacerda avançou que o aumento da integração económica e
monetária é o caminho mais provável.
"A
perspetiva, quando se olha para a CEDEAO ou para a União Económica e Monetária
do Oeste Africano (UEMOA), que integra oito dos 15 estados da CEDEAO, é, até em
função dos movimentos da Europa, haver uma lógica de maior integração regional
em que se veem movimentos como o de Cabo Verde, a desempenhar um papel mais
efetivo na CEDEAO, e isso não é um perigo para a Guiné-Bissau, é até uma
oportunidade para haver concertação que seja útil".
Comparando
com o projeto da União Europeia, Diogo Lacerda enunciou as diferenças,
concluindo que "a UEMOA é um bom projeto de arquitetura que teve bons
projetos de especialidade em termos de engenharia e funciona bem, enquanto, com
alguma dor de alma, a união económica e monetária europeia é um extraordinário
projeto de arquitetura política, mas se calhar há trabalhos de engenharia de
especialidade que não foram feitos e ainda estão por fazer".
Lusa
| Notícias ao Minuto
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