domingo, 9 de julho de 2017

GUINÉ-BISSAU: O PAÍS ONDE NENHUM PRESIDENTE TERMINOU O MANDATO



Em 43 anos de independência a Guiné-Bissau já conheceu 11 presidentes da república, sendo 3 deles assassinados quando ainda ocupavam o cargo. As forças armadas guineenses foram sempre o elemento desestabilizador e os assassinos dos presidentes durante o desempenho no cargo.

As contas e resumos são da autoria de Raquel Loureiro, em Deutsche Welle, as fotos complementam os resumos no original. Resumos que trazemos aqui ao PG sem as fotografias. mas que podem ver AQUI.

Enquanto uma elite militar se impunha, até com ações de assassínios, o povo guineense sofria. Nos últimos anos as forças armadas guineenses não mostram sinais visíveis de se intrometerem na política, pelo menos com golpes de estado, mas em sua substituição, existem atualmente, e desde os últimos anos de presidência de José Mário Vaz, fortes divergências que mantém o sofrimento dos guineenses sustentado. Prevalece a miséria enquanto uns quantos das elites política, militar, económica, etc., saqueia o que pertence de pleno direito ao povo guineense. 

A contatação de inutilidade da intervenção da comunidade internacional para a contribuição da estabilidade no país cai sempre por terra e quando atinge níveis astronómicos dessa mesma inutilidade todos acabam por desistir e abandonar à sua má sorte e às suas más elites o povo guineense. 

Este não era o objetivo dos que desafiaram e enfrentaram o colonialismo português durante cerca de 14 anos. Luís Cabral, o fundador da luta de libertação do colonialismo, fundador do PAIGC, estará há anos e certamente neste momento às voltas na sua tumba e a perguntar onde estão as pessoas, os militares e políticos de bem na Guiné-Bissau. (PG)

43 ANOS, 11 PRESIDENTES DA REPÚBLICA (3 ASSASSINADOS), MUITOS GOLPES DE ESTADO

Luís de Almeida Cabral (1973-1980)
Luís de Almeida Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também o primeiro Presidente da Guiné-Bissau - em 1973/4. Luís Cabral ocupou o cargo até 1980, data em que foi deposto por um golpe de Estado militar. O antigo contabilista faleceu, em 2009, vítima de doença prolongada.

João Bernardo Vieira (1980/1994/2005)
Mais conhecido por “Nino” Vieira, este é o político que mais anos soma no poder da Guiné-Bissau. Filiado no PAIGC desde os 21 anos, João Bernardo Vieira tornou-se primeiro-ministro em 1978, tendo sido com este cargo que derrubou, através de um golpe de Estado, em 1980, o governo de Cabral. "Nino" ganhou as eleições no país em 1994 e, posteriormente, em 2005. Foi assassinado quatro anos mais tarde.

Carmen Pereira (1984)
Em 1984, altura em que ocupava a presidência da Assembleia Nacional Popular, Carmen Pereira assumiu o "comando" da Guiné-Bissau, no entanto, apenas por três dias. Carmen Pereira, que foi a primeira e única mulher na presidência deste país, foi ainda ministra de Estado para os Assuntos Sociais (1990/1) e Vice-Primeira-Ministra da Guiné-Bissau até 1992. Faleceu em junho de 2016.

Ansumane Mané (1999)
Nascido na Gâmbia, Ansumane Mané foi quem iniciou o levantamento militar que viria a resultar, em maio de 1999, na demissão de João Bernardo Vieira como Presidente da República. Ansumane Mané foi assassinado um ano depois.

Kumba Ialá (2000)
Kumba Ialá chega, em 2000, à presidência da Guiné-Bissau depois de nas eleições de 1994 ter sido derrotado por João Bernardo Vieira. O fundador do Partido para a Renovação Social (PRS) tomou posse a 17 de fevereiro, no entanto, também não conseguiu levar o seu mandato até ao fim, tendo sido levado a cabo no país, a 14 de setembro de 2003, mais um golpe militar. Faleceu em 2014.

Veríssimo Seabra (2003)
O responsável pela queda do governo de Kumba Ialá foi o general Veríssimo Correia Seabra, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Filiado no PAIGC desde os 16 anos, Correia Seabra acusou Ialá de abuso de poder, prisões arbitrárias e fraude eleitoral no período de recenseamento. O general Veríssimo Correia Seabra viria a ser assassinado em outubro de 2004.

Henrique Rosa (2003)
Seguiu-se o governo civil provisório comandado por Henrique Rosa que vigorou de 28 de setembro de 2003 até 1 de outubro de 2005. O empresário, nascido em 1946, conduziu o país até às eleições presidenciais de 2005 que deram, mais uma vez, a vitória a “Nino” Vieira. O guineense faleceu, em 2013, aos 66 anos, no Hospital de São João, no Porto.

Raimundo Pereira (2009/2012)
A 2 de março de 2009, dia da morte de Nino Vieira, o exército declarou Raimundo Pereira como Presidente da Assembleia Nacional do Povo da Guiné-Bissau. Raimundo Pereira viria a assumir de novo a presidência interina da Guiné-Bissau, a 9 de janeiro de 2012, aquando da morte de Malam Bacai Sanhá.

Malam Bacai Sanhá (1999/2009)
Em julho de 2009, Bacai Sanhá foi eleito presidente da Guiné Bissau pelo PAIGC. No entanto, a saúde viria a passar-lhe uma rasteira, tendo falecido, em Paris, no inicio do ano de 2012. Depois de dirigir a Assembleia Nacional de 1994 a 1998, Bacai Sanhá ocupou também o cargo de Presidente interino do seu país de maio de 1999 a fevereiro de 2000.

Manuel Serifo Nhamadjo (2012)
Militante do PAIGC desde 1975, Serifo Nhamadjo assumiu o cargo de Presidente de transição a 11 de maio de 2012, depois do golpe de Estado levado a cabo a 12 de abril de 2012. Este período de transição terminou com as eleições de 2014, que foram vencidas por José Mário Vaz. A posse de “Jomav” como Presidente marcou o regresso do país à ordem constitucional no dia 26 de junho de 2014.
Autoria: Raquel Loureiro

José Mário Vaz - atual PR
Desde 23 de Junho de 2014 é presidente da Guiné-Bissau. Um presidente truculento que é bastante contestado nas disposições inconstitucionais que alegadamente a oposição contesta. Demitiu um governo eleito que não era de seu agrado e colocou no seu lugar um governo de iniciativa presidencial que não colhe apoio das forças políticas eleitas e representadas na Assembleia Nacional Popular. Subsiste a instabilidade. Fala-se presentemente (2017) em eleições presidenciais antecipadas. Talvez até eleições-gerais que incluem presidenciais e legislativas.

Página Global com Deutsche Welle

Sem comentários:

Mais lidas da semana